Capítulo 3

Não demorei muito para encontrar um dos donos da casa, mas não era esse Sr. Fagan que estava procurando. Na entrada da sala de frente para a entrada principal da casa, pude ver Julian descendo as escadas. Sua testa levemente franzida parecia estar pensando em algo. Seja lá o que estivesse pensando, não parecia ser uma coisa boa. Encostei no batente da porta observando ele em silêncio.

Julian está usando smoking que deixou sua pele com mais destaque, seu cabelo está com os fios bem alinhados para trás deixando seu cabelo castanho bem escuro do que o normal. O olhar sério em seu rosto era bem diferente do jovem de anos atrás que vi pela última vez, Julian está duas vezes maior do que me lembro. Era um homem que gostava de academia e imagino que não seja diferente hoje em dia, seus olhos são da mesma tonalidade que os meus. Seus traços do seu rosto são bem marcantes, mostrando os anos vividos. Aos vinte e sete anos, Julian continua um homem lindo.

Levando a mão no bolso de trás da calça, Julian para e faz uma careta, soltando um xingamento baixo. Ao se virar para subir as escadas novamente, ele me viu. Arqueou a sobrancelha em uma tentativa de me reconhecer.

— Hailey? — Perguntou em meio a incerteza.

Me afastei do batente da porta caminhando em sua direção.

— Estou tão diferente assim?

Um sorriso frouxo surgiu em seus lábios. Julian colocou as suas mãos no bolso da frente da calça, passando a língua preguiçosamente pelos lábios.

— Não me leve a mal, mas agora você tem peitos. — Meu sorriso sumiu e o dele aumentou.

Minha blusa não tem um decote exagerado, é uma peça bem desenhada na área dos seios e que sem o meu silicone não ficaria tão bonita nessa blusa.

— Precisei de alguns ml de silicone, mas é claro que não passaria despercebido por você. — Brinquei.

Julian não disfarça ao olhar para meus seios. O ar de preocupação que tinha antes de me ver parecia ter sumido.

— Quantos ml? — Perguntou curioso.

A conversa era tão natural entre nós, como sempre. Fiquei pensando como seria encontrar Julian depois de tantos anos e fico feliz de ver a naturalidade se manter entre nós. Olhei para os meus seios conferindo aquela perfeita obra de arte. Tem que confessar que paguei por eles antes de devolver o dinheiro para o Sr. Fagan. 

— 250ml em cada. — Respondi.

Ele balançou a cabeça, concordou e me olhou.

— Ficou bem natural. Meus parabéns, minha porta não é mais uma porta. — Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios, descendo o seu olhar pelo meu corpo. — Conheço uma rata de academia quando vejo uma.

Julian perturbou a minha vida durante a adolescência por não ser uma mulher com os dotes bem preenchidos. Muito pelo contrário, eu era reta igual uma porta, o que me salvava era a bunda. Pelo menos tinha uma bunda bonitinha e com a academia meu corpo ganhou uma forma que me agrada muito. Ele gostava de me ver irritada e fazia com sucesso sempre quando me chamava de porta. Horas depois de ser motivo do meu estresse ele vinha com as suas palavras mesmo dizendo que não importava que eu fosse reta, ele me amaria do mesmo jeito.

— Tive uma grande influência quanto a isso. — Dou de ombros.

Acompanhei Julian pelas redes sociais. Nos seguimos mutuamente, mas não conversamos a anos. Ficamos alguns segundos sem dizer nada um ao outro, um filme passou pela minha cabeça. Não sei se podia considerar Julian meu melhor amigo no tempo que morei aqui, sei que foi um ótimo amigo. Nunca me deixou de lado mesmo que seus amigos não gostassem de mim, conversamos sobre tudo e Julian sempre estava disposto a me ouvir. Talvez fosse meu melhor amigo naquela época, mas nunca poderia considerar ele um irmão.

Julian sorriu e negou com a cabeça querendo afastar algum pensamento. Está tão lindo nessa roupa, um homem sexy e sério na minha frente e agora com os sorrisos que faz seu rosto iluminar, ficava difícil de não reparar. Ele foi o primeiro a tomar alguma atitude e me puxou para um abraço, o lugar que sempre me senti segura quando éramos mais novos. Seus toques continuavam firmes, seja em um simples aperto de mão, Julian era uma pessoa segura de si e demonstrava sempre.

— Hailey me diz que você não é virgem, por favor. — Sua voz foi de súplica.

Tentei me soltar e Julian me abraçou com mais força, rindo de mim. Sentia meu rosto queimar de vergonha e irritação. Não acredito que ele me perguntou isso, Julian vem vivendo o passado mais do que eu.

— Me solta, Julian! — Tentei bater nele, mas a filha da mãe travou meu braço. Apoiei meu queixo em seu peito para poder olhá-lo. — Julian…

— Posso saber o que está acontecendo aqui?!

Me soltei do Julian, rapidamente ficando ao seu lado. Débora não está com uma cara nada boa e olhava para Julian querendo uma explicação, minha existência ali parecia ser insignificante. Me senti incomodada, Julian, por outro lado, endireitou seu corpo e deu um passo à frente.

— Estava dando as boas-vindas a nossa querida Hailey. — Julian estendeu a mão para mim e fiquei tentada a não segurá-la. Débora está muito irritada e não quero que pense que esteja acontecendo algo que não existe.

Suspirei e segurei em sua mão. Julian me pegou de surpresa quando beijou minha mão e piscou para mim.

— Julian… — Débora precisou respirar fundo para controlar seu tom de voz. — Venha comigo. Agora!

Débora segue em direção ao escritório que tem na casa, sem pensar duas vezes sigo na direção contrária e mesmo escutando Julian me chamar apressei meus passos para sair dali. Não sei o que está acontecendo com essa família e não quero fazer parte dessa briga. Julian fez aquilo para provocar sua mãe, ele sempre levou a vida de um jeito mais leve ao contrário dos seus pais. Porém, seus pais não podiam reclamar do seu jeito responsável e leal que Julian é.

Nem tudo são flores e Julian tem o lado ruim dessa família.

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