Não demorei muito para encontrar um dos donos da casa, mas não era esse Sr. Fagan que estava procurando. Na entrada da sala de frente para a entrada principal da casa, pude ver Julian descendo as escadas. Sua testa levemente franzida parecia estar pensando em algo. Seja lá o que estivesse pensando, não parecia ser uma coisa boa. Encostei no batente da porta observando ele em silêncio.
Julian está usando smoking que deixou sua pele com mais destaque, seu cabelo está com os fios bem alinhados para trás deixando seu cabelo castanho bem escuro do que o normal. O olhar sério em seu rosto era bem diferente do jovem de anos atrás que vi pela última vez, Julian está duas vezes maior do que me lembro. Era um homem que gostava de academia e imagino que não seja diferente hoje em dia, seus olhos são da mesma tonalidade que os meus. Seus traços do seu rosto são bem marcantes, mostrando os anos vividos. Aos vinte e sete anos, Julian continua um homem lindo.
Levando a mão no bolso de trás da calça, Julian para e faz uma careta, soltando um xingamento baixo. Ao se virar para subir as escadas novamente, ele me viu. Arqueou a sobrancelha em uma tentativa de me reconhecer.
— Hailey? — Perguntou em meio a incerteza.
Me afastei do batente da porta caminhando em sua direção.
— Estou tão diferente assim?
Um sorriso frouxo surgiu em seus lábios. Julian colocou as suas mãos no bolso da frente da calça, passando a língua preguiçosamente pelos lábios.
— Não me leve a mal, mas agora você tem peitos. — Meu sorriso sumiu e o dele aumentou.
Minha blusa não tem um decote exagerado, é uma peça bem desenhada na área dos seios e que sem o meu silicone não ficaria tão bonita nessa blusa.
— Precisei de alguns ml de silicone, mas é claro que não passaria despercebido por você. — Brinquei.
Julian não disfarça ao olhar para meus seios. O ar de preocupação que tinha antes de me ver parecia ter sumido.
— Quantos ml? — Perguntou curioso.
A conversa era tão natural entre nós, como sempre. Fiquei pensando como seria encontrar Julian depois de tantos anos e fico feliz de ver a naturalidade se manter entre nós. Olhei para os meus seios conferindo aquela perfeita obra de arte. Tem que confessar que paguei por eles antes de devolver o dinheiro para o Sr. Fagan.
— 250ml em cada. — Respondi.
Ele balançou a cabeça, concordou e me olhou.
— Ficou bem natural. Meus parabéns, minha porta não é mais uma porta. — Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios, descendo o seu olhar pelo meu corpo. — Conheço uma rata de academia quando vejo uma.
Julian perturbou a minha vida durante a adolescência por não ser uma mulher com os dotes bem preenchidos. Muito pelo contrário, eu era reta igual uma porta, o que me salvava era a bunda. Pelo menos tinha uma bunda bonitinha e com a academia meu corpo ganhou uma forma que me agrada muito. Ele gostava de me ver irritada e fazia com sucesso sempre quando me chamava de porta. Horas depois de ser motivo do meu estresse ele vinha com as suas palavras mesmo dizendo que não importava que eu fosse reta, ele me amaria do mesmo jeito.
— Tive uma grande influência quanto a isso. — Dou de ombros.
Acompanhei Julian pelas redes sociais. Nos seguimos mutuamente, mas não conversamos a anos. Ficamos alguns segundos sem dizer nada um ao outro, um filme passou pela minha cabeça. Não sei se podia considerar Julian meu melhor amigo no tempo que morei aqui, sei que foi um ótimo amigo. Nunca me deixou de lado mesmo que seus amigos não gostassem de mim, conversamos sobre tudo e Julian sempre estava disposto a me ouvir. Talvez fosse meu melhor amigo naquela época, mas nunca poderia considerar ele um irmão.
Julian sorriu e negou com a cabeça querendo afastar algum pensamento. Está tão lindo nessa roupa, um homem sexy e sério na minha frente e agora com os sorrisos que faz seu rosto iluminar, ficava difícil de não reparar. Ele foi o primeiro a tomar alguma atitude e me puxou para um abraço, o lugar que sempre me senti segura quando éramos mais novos. Seus toques continuavam firmes, seja em um simples aperto de mão, Julian era uma pessoa segura de si e demonstrava sempre.
— Hailey me diz que você não é virgem, por favor. — Sua voz foi de súplica.
Tentei me soltar e Julian me abraçou com mais força, rindo de mim. Sentia meu rosto queimar de vergonha e irritação. Não acredito que ele me perguntou isso, Julian vem vivendo o passado mais do que eu.
— Me solta, Julian! — Tentei bater nele, mas a filha da mãe travou meu braço. Apoiei meu queixo em seu peito para poder olhá-lo. — Julian…
— Posso saber o que está acontecendo aqui?!
Me soltei do Julian, rapidamente ficando ao seu lado. Débora não está com uma cara nada boa e olhava para Julian querendo uma explicação, minha existência ali parecia ser insignificante. Me senti incomodada, Julian, por outro lado, endireitou seu corpo e deu um passo à frente.
— Estava dando as boas-vindas a nossa querida Hailey. — Julian estendeu a mão para mim e fiquei tentada a não segurá-la. Débora está muito irritada e não quero que pense que esteja acontecendo algo que não existe.
Suspirei e segurei em sua mão. Julian me pegou de surpresa quando beijou minha mão e piscou para mim.
— Julian… — Débora precisou respirar fundo para controlar seu tom de voz. — Venha comigo. Agora!
Débora segue em direção ao escritório que tem na casa, sem pensar duas vezes sigo na direção contrária e mesmo escutando Julian me chamar apressei meus passos para sair dali. Não sei o que está acontecendo com essa família e não quero fazer parte dessa briga. Julian fez aquilo para provocar sua mãe, ele sempre levou a vida de um jeito mais leve ao contrário dos seus pais. Porém, seus pais não podiam reclamar do seu jeito responsável e leal que Julian é.
Nem tudo são flores e Julian tem o lado ruim dessa família.
Julian FaganO estresse aumentou assim que passei pela porta do escritório. Esse dia está uma montanha-russa e a cada muito estou ficando mais atrasado. Apesar de estar com a Hailey estava pouco me importando, vi ali uma oportunidade de mudar meus planos desse dia. Minha mãe já andava de um lado para o outro com o seu jeito possesso de ser. Fiquei tentado em ir atrás da Hailey, a conversa seria melhor do que a conversa que aconteceria entre essas quatro paredes. Hailey, a porta voltou. De porta não tem nada. Sorri, mas não durou muito. Débora me olhava em busca de respostas.— Posso saber o que você estava fazendo? — Ela não espera uma resposta minha. — Já imaginou se a Charlotte visse você daquele jeito com a Hailey?!Passei a mão pela nuca sentindo a tensão do músculo naquele lugar. Vou até o sofá mais próximo e me sentei vendo que a conversa seria longa, Charlotte é uma mulher legal e estou começando a ficar com raiva dela devido à minha mãe. Essa insistência está acontecendo há al
Hailey Conway— Mãe…— Eu não quero sair daqui, Hailey Conway. — Sarah, o tom cortante me fez olhá-la surpresa.Nunca havia aumentado seu tom de voz comigo ou rude, mas só assim para poder ter sua atenção. Depois que Débora chamou Julian, sabia que não seria uma boa ficar ali. Não quero ser e nem saber sobre os problemas dessa família. Encontrando com a minha mãe na cozinha, tentei convencê-la mais uma vez sobre irmos embora daqui.Sarah suspirou e abaixou a cabeça, ela não conseguia nem me olhar nos olhos. — Não te mandei para longe de mim durante esses anos para quando voltasse a gente simplesmente mudasse o que foi construído durante anos. — Limpou a sua mão no pano de prato. — Meu amor, quero que você seja feliz e realize todos os seus sonhos. Não precisa se preocupar com dois velhos, seu pai e eu sabemos nos cuidar muito bem.Senti a minha garganta seca e meus olhos arder, essa sensação que tenho tido durante anos e agora vindo com mais força. Sempre acreditei que meus pais não
Não era uma ou duas, subi rapidamente em cima da minha cadeira em puro desespero. Em uma tentativa de controlar meus gritos, via várias baratas sair do corredor, tomando conta do pequeno restaurante. Ok, esse lugar é pior do que imaginei que seria. Julian estava certo em não querer vir. Segurei o encosto da cadeira tentando me equilibrar e não cair.— Mata! Mata! — Gritava para Julian.— Não acredito que estou em um lugar imundo como esse por sua causa, Hailey! — Julian desviava das baratas. — Só queria almoçar em paz…— Julian para de brigar comigo! — Aquelas baratas pareciam não ter fim.Elas não podem voar! Todos em grupos, funcionários correndo para todo canto em uma tentativa de matar as baratas. O lugar estava em caos. Um dos motivos para ter escolhido esse restaurante é que por fora era um ambiente rústico e bonito, mesmo sendo um bar no meio da estrada. Tinha uma beleza, mas por dentro… Levamos mais tempo do que o necessário para encontrar esse lugar e aqui estou eu no meio de
Julian me surpreendeu ao escolher um restaurante na cidade vizinha, levamos um tempo a mais para chegar por ter escolhido um caminho mais longo e a volta não seria tão agradável pela distância que estamos. Sei que ele tomou essa decisão porque falei que não queria ser vista com ele por motivos óbvios, Julian não se importaria com isso, mas parece se importar com o que falo. O ambiente é claro que não me surpreendeu em nada. Um restaurante francês perdido em Nova York, gosto de descrever o lugar desse jeito.Em tons pastéis e muito bem limpo comparado ao restaurante que saímos minutos atrás. Nada de barata! Os lustres muito decorativos, o ambiente fazia você se sentir tranquilo para ter uma boa refeição. Vasos com belas flores em cada canto do restaurante, um lugar perfeito.Em silêncio deixo que Julian puxasse a cadeira para que eu pudesse sentar, um ato de cavalheirismo que essa família carrega é forte demais. Um ponto positivo que não nego. Sr. e a Sra. Fagan tinha cuidado muito ent
Julian FarganDeslizei os dedos pelo queixo sem conseguir parar de imaginar a boca da Hailey na minha. Horas e mais horas ao lado daquela mulher e não consegue um beijo? Ok, na bochecha não vale. Não somos mais crianças e levando em consideração que fui eu que…— Olá, Julian. — A voz fria preenche o cômodo. — É bom ver que o meu filho está bem.Respirei fundo e ao me virar, coloquei as mãos na minha cintura já imaginando a conversa empolgante que terei com meu pai. Fagner Fagan em um perfeito terno sob medida, deixou o copo com o líquido marrom sobre a mesa. Seu olhar tão frio quanto a sua voz e eu tão acostumado desde criança. Seu cabelo tão escuro quanto a escuridão penteado perfeitamente para trás sem um fio sequer fora do lugar. Fagner olhava em meus olhos e o seu silêncio quer intencional não me incomodava nem um pouco. Era como se eu fosse vacinado contra o meu próprio pai.— Acredito que você tenha tido um compromisso muito importante. — Se
Julian Fargan— Julian? Ei, Julian… — Charlotte envolveu seu braço no meu. — Estou falando com você, bobo.Charlotte riu apertando meu braço contra o seu corpo. Sorri, um pouco sem graça por estar tão aérea a nossa conversa. Depois do nosso jantar, que foi muito bom como sempre, conversamos sobre a vida, trabalho e viagens Charlotte recebeu uma ligação da amiga pedindo que ela fosse até a sua casa porque não estava se sentindo muito bem. Como busquei a Charlotte em casa, ela não estava com seu carro e não foi problema trazê-la em Midtown East.— Desculpe, Char. Alguns trabalhos da empresa que ocupa a minha cabeça. — Menti. Olhei para o prédio à nossa frente.Estamos no prédio 432 Park Avenue. Um dos prédios mais luxuosos, localizado no Upper East Side perto da minha casa. — Você precisa descansar. — Charlotte levou sua mão ao meu rosto fazendo olhá-la. — Logo será CEO da FagTransport. É certo, você é o melhor para esse cargo.Coloco minha mão por cima da sua mão que está no meu rosto
Julian Fagan— Apostaria uma grana bem alta pelos seus pensamentos nesse exato momento. — A curiosidade de Jared me fez sorrir.Brinco com a caneta entre os meus dedos batendo a mesma contra a mesa em uma batida acompanhando a música do The Weeknd em minha cabeça. A música starboy surgiu aleatoriamente em minha mente depois de Jared chamar minha atenção pela quarta vez em menos de uma hora.— Pode apostar, meu amigo. — Rodei com a cadeira e olhei para Jared. — E pode ter certeza que vai errar.Jared Campos é um amigo de infância, um dos poucos que mantive a amizade tão próxima. Dono de uma barba bem preenchida e olhos em um tom castanho escuro, Jared tem a pele bronzeada. Seu país de origem é o Brasil e, sempre que tiver uma oportunidade, retornará ao seu país para desfrutar das maravilhas que lá existem.Um sorriso sacana surge em seus lábios, Jared apoia seus braços na mesa me olhando atento.— Oh, rapaz. Posso não ter conhecimento do nome da bela, mas tenho plena convicção de que h
Julian Fagan— Agora está explicado, porque de você não ter parecido no almoço…— Não me lembre desse dia Jared. — Ergo minha mão a fim de afastar essa lembrança desagradável. — Não bastava ter que ouvir o grande senhor Fagan e ter que jantar naquele dia com Charlotte, precisei ouvir por horas a esposa dele também.Minha mãe fez questão de me procurar no outro dia, sem ao menos deixar que me arrumasse para tomar o café da manhã. Débora bateu repetidamente em minha porta, querendo falar comigo. Precisei ouvir sobre minhas responsabilidades como membro dessa família e como foi deselegante não ter participado do almoço.Não importava o motivo de não ter ido, tinha uma responsabilidade e não cumpri.— Imagino essa conversa com a Sra. Fagan. — Jared riu. — E também posso imaginar os problemas que estão por vir.Estamos a caminho da sala de reunião, parei no corredor fazendo com que Jared fizesse o mesmo.— Não vejo confusão alguma. — Dou um sorriso singelo. — Sou o mais comportado dessa fa