Hailey Conway
— Mãe…
— Eu não quero sair daqui, Hailey Conway. — Sarah, o tom cortante me fez olhá-la surpresa.
Nunca havia aumentado seu tom de voz comigo ou rude, mas só assim para poder ter sua atenção. Depois que Débora chamou Julian, sabia que não seria uma boa ficar ali. Não quero ser e nem saber sobre os problemas dessa família. Encontrando com a minha mãe na cozinha, tentei convencê-la mais uma vez sobre irmos embora daqui.
Sarah suspirou e abaixou a cabeça, ela não conseguia nem me olhar nos olhos.
— Não te mandei para longe de mim durante esses anos para quando voltasse a gente simplesmente mudasse o que foi construído durante anos. — Limpou a sua mão no pano de prato. — Meu amor, quero que você seja feliz e realize todos os seus sonhos. Não precisa se preocupar com dois velhos, seu pai e eu sabemos nos cuidar muito bem.
Senti a minha garganta seca e meus olhos arder, essa sensação que tenho tido durante anos e agora vindo com mais força. Sempre acreditei que meus pais não saiam daqui, porque ganham bem, mas não bem o suficiente para se manter em outro lugar. Não ganhava bem suficiente para cuidar da filha e por esse motivo foi preciso ir morar com a minha avó durante alguns anos. Até que se filiaram com a família Fagan e aos 10 anos pude vir morar com os meus pais.
— Mãe, podemos ter um lugar só nosso…
— Hailey estamos em casa…
Sarah tentou pegar em minha mão e me afastei, assustando-a.
— Não! Essa casa não é sua e muito menos do papai. — Falei mais alto do que pretendia e recebi um olhar me repreendendo. — Essa casa é dos Fagan, mãe. Tudo aqui pertence a eles… — Olhei em seus olhos. — Julian e Audrey são filhos deles e não seus.
Javan foi o primeiro a começar a trabalhar aqui, depois que nasci Sarah conseguiu um emprego aqui com a ajuda do meu pai. Ela se apegou com Julian e depois a Audrey, eles tiveram mais de minha mãe do que eu mesma. Sou sua filha, sua única filha.
— Não fale besteira, menina. — Sarah evitou o meu olhar e começou a mexer em suas panelas novamente. — Você precisa sair e distrair a cabeça um pouco. — Ela tentou desesperadamente mudar de assunto. Sarah sabe quanto isso me magoa e sempre foge. — Ah, você comentou sobre ter falado com Julian… hum, não fique tão próxima, querida.
Revirei os olhos e andei pela cozinha, mexendo os meus braços em uma tentativa de pensar em qualquer coisa, menos no passado.
— E por quê? — Perguntei mais por educação, não me importava com a resposta.
— Julian vai casar. — Parei e olhei para ela. — Ele vai casar com a Charlotte, ela se tornou uma mulher bem ciumenta.
Ela sempre foi! Como se eu estivesse recebendo uma grande desilusão, voltei para o passado tão rapidamente quando tentava sair. Charlotte Napier é uma bruxa que me aterrorizava, sempre fazendo de tudo para não andar com seu grupo. Para ela, eu era filha da empregada e não tinha o porquê de andar com pessoas ricas como ela. O meu momento de paz era quando Julian estava por perto e não deixava ninguém me desmerecer, ninguém falava quando estava por perto. Julian fazia questão de me manter ao seu lado.
— Somos amigos…
— Algumas amizades, deve haver limites quando tem um casamento em jogo. — Sarah falou como se tivesse gravado essas palavras. — O amor é diferente.
Débora. Débora me quer longe do Julian.
— Assim como o amor de uma mãe pelos filhos dos outros? — Alfinetei e sem esconder a raiva e a mágoa que sentia. — Obrigada por me abandonar mais uma vez.
— Hailey? Ei, Hailey…
Sair daquela cozinha sem olhar para trás.
[...]
— Não acredito que estou nesse bar com você, Julian. — Minha paciência estava ultrapassando o limite.
O garçom, com a roupa levemente suja e eu estou sendo educada em dizer “levemente”, colocou nossas bebidas na mesa e saiu com seu rosto mal-humorado. Gostaria de gritar para ele e dizer que se não estava feliz com o emprego deveria ir embora.
— foi você que escolheu esse mundo para almoçarmos. — Julian olha o lugar com nojo e precisei chutar o pé dele por debaixo da mesa. — O que foi? É a verdade.
Suas roupas não combinam nada com o lugar, escolhi um bar simples no canto da estrada. Não é um ambiente que ele está acostumado e Julian não esconde isso, ele não é um homem seboso, mas também não esconde que quer do bom e do melhor. Julian passou a mão pelos seus fios castanhos e abaixou o seu tom de voz, sabia que chutaria ele novamente se falasse alto novamente. Já havíamos recebido alguns olhares desagradáveis com a sua fala de antes.
— Poderia ter escolhido um lugar melhor…
— Não quero ser vista com você. — Rebati.
Ele me olhou ofendido. Passei a mão pelo meu rosto, sabendo que falei mais alto do que pensei.
— Como assim você não quer ser vista comigo? — Seus olhos de tom castanhos claros me olharam indignados. — Toda mulher em sã consciência quer ser vista ao meu lado.
Revirei os olhos, empurrando minha cadeira para trás, dando espaço para que eu pudesse cruzar as minhas pernas. Peguei em meu copo bebendo aquele líquido que descia amargoso pela minha garganta. Esse vinho está péssimo.
— Minha mãe me ensinou que não sou todo mundo. — olhei para ele. — Julian, você vai casar com a Charlotte.
Mencionar o nome da mulher fez parecer que deixou irritado, Julian teve em vista relaxar em sua cadeira, antes de dizer alguma coisa. Parecia não ter intenção alguma de beber seu uísque.
— Não vou me casar com ninguém. — Falou ao meu olhar, fez uma careta. — Pare de beber isso, Hailey. Aposto que misturaram em água para render e estão vendendo.
Olhei para o meu copo e coloquei de volta em cima da mesa. O lugar não era tão precário como ele fazia aparecer, mas não duvidava haverem colocado água nesse. Julian suspirou.
— Vamos embora…
Julian é interrompido pelos gritos. As pessoas começaram a levantar de repente, algumas subiam em cima de suas cadeiras e outras corriam em direção à saída. Julian levantou fazendo sinal com a mão para eu fazer o mesmo, mas não fiz. Debrucei contra minha cadeira e olhei para o chão.
— Meu Deus. — Sussurrei com uma careta se formando em meu rosto. — São… baratas?!
Não era uma ou duas, subi rapidamente em cima da minha cadeira em puro desespero. Em uma tentativa de controlar meus gritos, via várias baratas sair do corredor, tomando conta do pequeno restaurante. Ok, esse lugar é pior do que imaginei que seria. Julian estava certo em não querer vir. Segurei o encosto da cadeira tentando me equilibrar e não cair.— Mata! Mata! — Gritava para Julian.— Não acredito que estou em um lugar imundo como esse por sua causa, Hailey! — Julian desviava das baratas. — Só queria almoçar em paz…— Julian para de brigar comigo! — Aquelas baratas pareciam não ter fim.Elas não podem voar! Todos em grupos, funcionários correndo para todo canto em uma tentativa de matar as baratas. O lugar estava em caos. Um dos motivos para ter escolhido esse restaurante é que por fora era um ambiente rústico e bonito, mesmo sendo um bar no meio da estrada. Tinha uma beleza, mas por dentro… Levamos mais tempo do que o necessário para encontrar esse lugar e aqui estou eu no meio de
Julian me surpreendeu ao escolher um restaurante na cidade vizinha, levamos um tempo a mais para chegar por ter escolhido um caminho mais longo e a volta não seria tão agradável pela distância que estamos. Sei que ele tomou essa decisão porque falei que não queria ser vista com ele por motivos óbvios, Julian não se importaria com isso, mas parece se importar com o que falo. O ambiente é claro que não me surpreendeu em nada. Um restaurante francês perdido em Nova York, gosto de descrever o lugar desse jeito.Em tons pastéis e muito bem limpo comparado ao restaurante que saímos minutos atrás. Nada de barata! Os lustres muito decorativos, o ambiente fazia você se sentir tranquilo para ter uma boa refeição. Vasos com belas flores em cada canto do restaurante, um lugar perfeito.Em silêncio deixo que Julian puxasse a cadeira para que eu pudesse sentar, um ato de cavalheirismo que essa família carrega é forte demais. Um ponto positivo que não nego. Sr. e a Sra. Fagan tinha cuidado muito ent
Julian FarganDeslizei os dedos pelo queixo sem conseguir parar de imaginar a boca da Hailey na minha. Horas e mais horas ao lado daquela mulher e não consegue um beijo? Ok, na bochecha não vale. Não somos mais crianças e levando em consideração que fui eu que…— Olá, Julian. — A voz fria preenche o cômodo. — É bom ver que o meu filho está bem.Respirei fundo e ao me virar, coloquei as mãos na minha cintura já imaginando a conversa empolgante que terei com meu pai. Fagner Fagan em um perfeito terno sob medida, deixou o copo com o líquido marrom sobre a mesa. Seu olhar tão frio quanto a sua voz e eu tão acostumado desde criança. Seu cabelo tão escuro quanto a escuridão penteado perfeitamente para trás sem um fio sequer fora do lugar. Fagner olhava em meus olhos e o seu silêncio quer intencional não me incomodava nem um pouco. Era como se eu fosse vacinado contra o meu próprio pai.— Acredito que você tenha tido um compromisso muito importante. — Se
Julian Fargan— Julian? Ei, Julian… — Charlotte envolveu seu braço no meu. — Estou falando com você, bobo.Charlotte riu apertando meu braço contra o seu corpo. Sorri, um pouco sem graça por estar tão aérea a nossa conversa. Depois do nosso jantar, que foi muito bom como sempre, conversamos sobre a vida, trabalho e viagens Charlotte recebeu uma ligação da amiga pedindo que ela fosse até a sua casa porque não estava se sentindo muito bem. Como busquei a Charlotte em casa, ela não estava com seu carro e não foi problema trazê-la em Midtown East.— Desculpe, Char. Alguns trabalhos da empresa que ocupa a minha cabeça. — Menti. Olhei para o prédio à nossa frente.Estamos no prédio 432 Park Avenue. Um dos prédios mais luxuosos, localizado no Upper East Side perto da minha casa. — Você precisa descansar. — Charlotte levou sua mão ao meu rosto fazendo olhá-la. — Logo será CEO da FagTransport. É certo, você é o melhor para esse cargo.Coloco minha mão por cima da sua mão que está no meu rosto
Julian Fagan— Apostaria uma grana bem alta pelos seus pensamentos nesse exato momento. — A curiosidade de Jared me fez sorrir.Brinco com a caneta entre os meus dedos batendo a mesma contra a mesa em uma batida acompanhando a música do The Weeknd em minha cabeça. A música starboy surgiu aleatoriamente em minha mente depois de Jared chamar minha atenção pela quarta vez em menos de uma hora.— Pode apostar, meu amigo. — Rodei com a cadeira e olhei para Jared. — E pode ter certeza que vai errar.Jared Campos é um amigo de infância, um dos poucos que mantive a amizade tão próxima. Dono de uma barba bem preenchida e olhos em um tom castanho escuro, Jared tem a pele bronzeada. Seu país de origem é o Brasil e, sempre que tiver uma oportunidade, retornará ao seu país para desfrutar das maravilhas que lá existem.Um sorriso sacana surge em seus lábios, Jared apoia seus braços na mesa me olhando atento.— Oh, rapaz. Posso não ter conhecimento do nome da bela, mas tenho plena convicção de que h
Julian Fagan— Agora está explicado, porque de você não ter parecido no almoço…— Não me lembre desse dia Jared. — Ergo minha mão a fim de afastar essa lembrança desagradável. — Não bastava ter que ouvir o grande senhor Fagan e ter que jantar naquele dia com Charlotte, precisei ouvir por horas a esposa dele também.Minha mãe fez questão de me procurar no outro dia, sem ao menos deixar que me arrumasse para tomar o café da manhã. Débora bateu repetidamente em minha porta, querendo falar comigo. Precisei ouvir sobre minhas responsabilidades como membro dessa família e como foi deselegante não ter participado do almoço.Não importava o motivo de não ter ido, tinha uma responsabilidade e não cumpri.— Imagino essa conversa com a Sra. Fagan. — Jared riu. — E também posso imaginar os problemas que estão por vir.Estamos a caminho da sala de reunião, parei no corredor fazendo com que Jared fizesse o mesmo.— Não vejo confusão alguma. — Dou um sorriso singelo. — Sou o mais comportado dessa fa
Hailey Conway— Como eu estou? — Audrey saiu do provador vestindo um lindo vestido azul. Seu cabelo está preso em um rabo de cavalo e a maquiagem mesmo para o dia está marcando seus traços. — Gostei do caimento dele no meu corpo.Realmente havia ficado lindo. O tom de azul é claro e refletia bem contra sua pele, a parte justa ia até a cintura e o resto do vestido acompanhava os leves movimentos que ela fazia de um lado para o outro.— Está perfeito, Audrey. — Sorri para ela. — Sinceramente me pergunto qual roupa não fica bem em você.Audrey revirou os seus olhos claros e riu.— Várias peças! Eu só escolho as certas e que combinam com a ocasião. — Ela dá uns pulinhos. — Vou me trocar.Passamos às duas horas seguintes indo de loja em loja no shopping. Estava precisando de algumas roupas e nada melhor que está na companhia da Audrey, além de entender de moda faz com que esse momento seja legal. Audrey é completamente diferente da mãe nesse requisito, Débora gosta da elegância e esfrega n
Hailey Conway — Pare de me chamar assim. — Olhei para os lados para ter certeza que ninguém nos ouvia. — E também pare de me chamar de porta. Seu rosto se alegrou mais uma vez. Julian fez questão de me ligar ontem, sei que ele teria uma facilidade grande para conseguir meu número, mas não teria razão alguma para me ligar. E mesmo assim o fez. — Realmente é difícil chamá-la de porta hoje em dia. — Julian desceu com seu olhar pelo meu corpo sem questão alguma de esconder. Segurei minha taça com mais força, o que ele está fazendo?! — Julian… — Hailey, querida. — Débora, em um perfeito conjunto branco de alta costura, ficar ao lado de Julian, sorrindo amigavelment