Capítulo 5

Hailey Conway

— Mãe…

— Eu não quero sair daqui, Hailey Conway. — Sarah, o tom cortante me fez olhá-la surpresa.

Nunca havia aumentado seu tom de voz comigo ou rude, mas só assim para poder ter sua atenção. Depois que Débora chamou Julian, sabia que não seria uma boa ficar ali. Não quero ser e nem saber sobre os problemas dessa família. Encontrando com a minha mãe na cozinha, tentei convencê-la mais uma vez sobre irmos embora daqui.

Sarah suspirou e abaixou a cabeça, ela não conseguia nem me olhar nos olhos.

 — Não te mandei para longe de mim durante esses anos para quando voltasse a gente simplesmente mudasse o que foi construído durante anos. — Limpou a sua mão no pano de prato. — Meu amor, quero que você seja feliz e realize todos os seus sonhos. Não precisa se preocupar com dois velhos, seu pai e eu sabemos nos cuidar muito bem.

Senti a minha garganta seca e meus olhos arder, essa sensação que tenho tido durante anos e agora vindo com mais força. Sempre acreditei que meus pais não saiam daqui, porque ganham bem, mas não bem o suficiente para se manter em outro lugar. Não ganhava bem suficiente para cuidar da filha e por esse motivo foi preciso ir morar com a minha avó durante alguns anos. Até que se filiaram com a família Fagan e aos 10 anos pude vir morar com os meus pais.

— Mãe, podemos ter um lugar só nosso…

— Hailey estamos em casa…

Sarah tentou pegar em minha mão e me afastei, assustando-a.

— Não! Essa casa não é sua e muito menos do papai. — Falei mais alto do que pretendia e recebi um olhar me repreendendo. — Essa casa é dos Fagan, mãe. Tudo aqui pertence a eles… — Olhei em seus olhos. — Julian e Audrey são filhos deles e não seus.

Javan foi o primeiro a começar a trabalhar aqui, depois que nasci Sarah conseguiu um emprego aqui com a ajuda do meu pai. Ela se apegou com Julian e depois a Audrey, eles tiveram mais de minha mãe do que eu mesma. Sou sua filha, sua única filha.

— Não fale besteira, menina. — Sarah evitou o meu olhar e começou a mexer em suas panelas novamente. — Você precisa sair e distrair a cabeça um pouco. — Ela tentou desesperadamente mudar de assunto. Sarah sabe quanto isso me magoa e sempre foge. — Ah, você comentou sobre ter falado com Julian… hum, não fique tão próxima, querida.

Revirei os olhos e andei pela cozinha, mexendo os meus braços em uma tentativa de pensar em qualquer coisa, menos no passado.

— E por quê? — Perguntei mais por educação, não me importava com a resposta.

— Julian vai casar. — Parei e olhei para ela. — Ele vai casar com a Charlotte, ela se tornou uma mulher bem ciumenta.

Ela sempre foi! Como se eu estivesse recebendo uma grande desilusão, voltei para o passado tão rapidamente quando tentava sair. Charlotte Napier é uma bruxa que me aterrorizava, sempre fazendo de tudo para não andar com seu grupo. Para ela, eu era filha da empregada e não tinha o porquê de andar com pessoas ricas como ela. O meu momento de paz era quando Julian estava por perto e não deixava ninguém me desmerecer, ninguém falava quando estava por perto. Julian fazia questão de me manter ao seu lado.

— Somos amigos…

— Algumas amizades, deve haver limites quando tem um casamento em jogo. — Sarah falou como se tivesse gravado essas palavras. — O amor é diferente.

Débora. Débora me quer longe do Julian.

— Assim como o amor de uma mãe pelos filhos dos outros? — Alfinetei e sem esconder a raiva e a mágoa que sentia. — Obrigada por me abandonar mais uma vez.

— Hailey? Ei, Hailey…

Sair daquela cozinha sem olhar para trás.

[...]

— Não acredito que estou nesse bar com você, Julian. — Minha paciência estava ultrapassando o limite. 

O garçom, com a roupa levemente suja e eu estou sendo educada em dizer “levemente”, colocou nossas bebidas na mesa e saiu com seu rosto mal-humorado. Gostaria de gritar para ele e dizer que se não estava feliz com o emprego deveria ir embora.

— foi você que escolheu esse mundo para almoçarmos. — Julian olha o lugar com nojo e precisei chutar o pé dele por debaixo da mesa. — O que foi? É a verdade.

Suas roupas não combinam nada com o lugar, escolhi um bar simples no canto da estrada. Não é um ambiente que ele está acostumado e Julian não esconde isso, ele não é um homem seboso, mas também não esconde que quer do bom e do melhor. Julian passou a mão pelos seus fios castanhos e abaixou o seu tom de voz, sabia que chutaria ele novamente se falasse alto novamente. Já havíamos recebido alguns olhares desagradáveis com a sua fala de antes.

— Poderia ter escolhido um lugar melhor…

— Não quero ser vista com você. — Rebati.

Ele me olhou ofendido. Passei a mão pelo meu rosto, sabendo que falei mais alto do que pensei.

— Como assim você não quer ser vista comigo? — Seus olhos de tom castanhos claros me olharam indignados. — Toda mulher em sã consciência quer ser vista ao meu lado.

Revirei os olhos, empurrando minha cadeira para trás, dando espaço para que eu pudesse cruzar as minhas pernas. Peguei em meu copo bebendo aquele líquido que descia amargoso pela minha garganta. Esse vinho está péssimo.

— Minha mãe me ensinou que não sou todo mundo. — olhei para ele. — Julian, você vai casar com a Charlotte.

Mencionar o nome da mulher fez parecer que deixou irritado, Julian teve em vista relaxar em sua cadeira, antes de dizer alguma coisa. Parecia não ter intenção alguma de beber seu uísque.

— Não vou me casar com ninguém. — Falou ao meu olhar, fez uma careta. — Pare de beber isso, Hailey. Aposto que misturaram em água para render e estão vendendo.

Olhei para o meu copo e coloquei de volta em cima da mesa. O lugar não era tão precário como ele fazia aparecer, mas não duvidava haverem colocado água nesse. Julian suspirou.

— Vamos embora…

Julian é interrompido pelos gritos. As pessoas começaram a levantar de repente, algumas subiam em cima de suas cadeiras e outras corriam em direção à saída. Julian levantou fazendo sinal com a mão para eu fazer o mesmo, mas não fiz. Debrucei contra minha cadeira e olhei para o chão.

— Meu Deus. — Sussurrei com uma careta se formando em meu rosto. — São… baratas?!

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