Capítulo 4

Julian Fagan

O estresse aumentou assim que passei pela porta do escritório. Esse dia está uma montanha-russa e a cada muito estou ficando mais atrasado. Apesar de estar com a Hailey estava pouco me importando, vi ali uma oportunidade de mudar meus planos desse dia. Minha mãe já andava de um lado para o outro com o seu jeito possesso de ser. Fiquei tentado em ir atrás da Hailey, a conversa seria melhor do que a conversa que aconteceria entre essas quatro paredes. Hailey, a porta voltou. De porta não tem nada. Sorri, mas não durou muito. Débora me olhava em busca de respostas.

— Posso saber o que você estava fazendo? — Ela não espera uma resposta minha. — Já imaginou se a Charlotte visse você daquele jeito com a Hailey?!

Passei a mão pela nuca sentindo a tensão do músculo naquele lugar. Vou até o sofá mais próximo e me sentei vendo que a conversa seria longa, Charlotte é uma mulher legal e estou começando a ficar com raiva dela devido à minha mãe. Essa insistência está acontecendo há alguns meses e Débora sabe ser chata quando quer alguma coisa. Esse é um dos escritórios particular dos meus pais, o espaço não é tão grande, mas com espaço suficiente para acomodar dois sofá e uma mesa média. Entramos aqui pouquíssimas vezes, sempre com autorização dos meus pais.

Era difícil de esquecer na época de criança, quando Hailey, Audrey e eu procurávamos formas de entrar aqui. Fomos pegos todas às vezes, Audrey começava a chorar em uma tentativa de amolecer o coração de nosso pai. Minha irmã se perdia no próprio plano e nosso pai a convivência de fazer outras coisas, mas com a nossa mãe era diferente éramos obrigados a limpar uma parte da casa depois dela sujar de propósito. Hoje em dia vejo que minha mãe pegava bem leve com conosco comparada ao meu pai que faz para conseguir o que quer. Hailey aceitava tudo de uma boa, cada escolha tem suas consequências e ela levava a ponta da letra. Meus pensamentos foram novamente para Hailey, essa mulher está muito mais linda do que a última vez que a vi.

— Talvez pensaria que sou solteiro e posso fazer o que tenho que entender? — arrumei o terno em meu corpo, relaxando naquele sofá. — Qual é mãe? Por que insiste tanto que me case com Charlotte? Não estamos precisando de dinheiro, sei muito bem como anda o nosso financeiro. — A preocupação tomou conta e endireitei o meu corpo. — A família dela está precisando de dinheiro?

Dizer aquelas palavras em voz alta era motivo de fazer rir, mas estava preocupada com a família Napier. Eles lideram uma empresa fornecedora de tecidos, peças muito luxuosas e caras. Também é uma das empresas antigas no mercado, difícil acreditar que estejam falindo. Charlotte é um dos amigos mais antigos que tenho, nós crescemos juntos e tenho um carinho enorme por ela. O que precisar estarei disposto a ajudar, mas não precisamos nos casar por isso. Débora respirou fundo dando a volta em sua mesa e seus olhos claros tão sérios que me obriguei a me levantar e retribuir o mesmo olhar.

— A questão aqui não é sobre dinheiro… Engano meu é sim. É fazer com que tenhamos mais e formamos aliança…

— Não estamos na era medieval, mamãe. — Debochei.

Débora se irrita e b**e suas mãos com força contra a mesa, todos podiam vê-la com uma mulher pequena e protegida pelo meu pai. Mas quem pensa isso está muito enganado, ambos têm o mesmo temperamento e ambiciosos sem limite. Minha mãe, por outro lado, consegue esconder esse seu lado com mais facilidade. Fagner Fagan é um tipo de pessoa que não gosta de ouvir um não, e é bem autoritário, deixando visível a todos que dará um jeito de ter. É um homem grande que assusta os pequenos, quem é esperto ficará fora do seu caminho apenas com as palavras ditas por ele. Mas há aqueles que gostam de testar a força do Sr. Fagan.

— Cuidamos da nossa família, lembra? E sua forma de contribuir nesse momento é se casando com a Charlotte Napier. — As pontas dos seus dedos chegaram a ficar brancas contra a mesa. — Ou a Audrey…

Inclinei meu corpo levemente para frente, colocando as minhas mãos sobre a mesa e ficando na mesma posição que a mulher da minha frente. Fiz questão de ficar olho a olho com ela, Débora é mais baixa do que eu.

— Você não vai querer ir por esse caminho, Sra. Fagan. — Minha voz saiu ameaçadoramente baixa. — É minha mãe, mas o meu amor pela minha irmã é amor.

Um sorriso se formou nos lábios de Débora. A reação que queria dela, continuei com a seriedade em meu rosto, demonstrando que estava pronto para atacar qualquer um que falasse da minha irmã. Sei lidar com essa família, mas Audrey não precisa perder seu brilho entrando nas armações de nossos pais. Minha irmã não irá se corromper e ser controlada pelos nossos pais, garantirei. E Débora sabe disso, apenas menciona Audrey acreditando que mantém o controle usando a minha irmã mais nova. Mal sabe a minha mãe que sou tão pior quanto ela e apenas a deixei pensar que tem controle de alguma coisa. Sou um Fagan, não perdemos por nada e muito menos para alguém da família.

— Irá jantar com a Charlotte hoje. — Avisou, Débora estava com o humor melhor agora. — Espero ter boas notícias amanhã.

Arrumei o terno em meu corpo, abotoando alguns botões.

— Tenho um compromisso agora. — Fui até ela beijando sua testa. — Se cuida, mamãe.

Sorri para a mulher mais velha e sai do seu escritório. O sorriso não existia mais. Conversa desnecessária a que tivemos, já estava atrasado para um almoço com uns clientes antigos de meu pai. Não estou nenhum pouco animado em ir ainda mais o porquê Sr. Napier estará lá. Se ouvir o nome da Charlotte mais uma vez, é capaz que eu vá pessoalmente até ela e coloque em um caixote, e envio para algum lugar bem longe daqui. É difícil manter o bom humor nessa família, mas a espera para me tornar o CEO da empresa FagTransport vem acabando e estou pronto para assumir esse lugar por direito. 

Sai de casa a caminho do meu carro em que estava preparado para minha saída, abrir a porta do carro e antes de entrar vi Hailey. Ela está a alguns metros de distância e ainda não havia me visto. Parecia irritada e chutou o ar, comprovando o que imaginava. Fechei a porta do carro e fui até ela, colocando as mãos no bolso.

— Hailey? — O que estava a perturbando? Ela me olhou e automaticamente dei um passo para trás. — Tudo bem?

A raiva parecia valar dela, o que está acontecendo com as mulheres dessa casa? Ela mordeu o lábio inferior, olhando para a casa, antes de voltar a me olhar.

— Fica longe de mim! — Sussurrou entre os dentes.

Arqueei uma sobrancelha não entendendo o jeito que estava me tratando, recentemente estávamos muito bem e agora pareço ser a pior pessoa do mundo.

— Por que está com raiva de mim? — Me aproximei e foi a vez de Hailey se afastar. — Hailey…

— Você vai casar com a vaca da Charlotte! — Acusou. Hailey passou a mão pelo cabelo, eu fiquei em silêncio na espera que se acalmasse. E percebendo que não iria sair dali, Hailey respirou fundo procurando se acalmar. — Não quero problemas e muito menos problemas com seus pais. Sabemos bem como gostam de resolver as coisas.

Senti a temperatura do meu corpo fria drasticamente, lembrando do passado. Mexi meus ombros me sentindo desconfortável, olhei o relógio em meu pulso vendo que estou mais de meia hora atrasado para o almoço com aqueles seres desagradáveis. Olhei para Hailey e sorri.

— Vamos almoçar. — Hailey faz uma careta pronta para negar. Me apressei em dar uma cartada final. — Não estou chamando, estou afirmando. Caso contrário, espalharei uma foto sua antes e depois de você ter colocado silicone, posso garantir que todo mundo terá acesso. — Inclinei minha cabeça para o lado, mantendo o sorriso em meu rosto. — Ah, com uma edição maravilhosa que não irá beneficiar a sua imagem.

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