Julian Fagan
O estresse aumentou assim que passei pela porta do escritório. Esse dia está uma montanha-russa e a cada muito estou ficando mais atrasado. Apesar de estar com a Hailey estava pouco me importando, vi ali uma oportunidade de mudar meus planos desse dia. Minha mãe já andava de um lado para o outro com o seu jeito possesso de ser. Fiquei tentado em ir atrás da Hailey, a conversa seria melhor do que a conversa que aconteceria entre essas quatro paredes. Hailey, a porta voltou. De porta não tem nada. Sorri, mas não durou muito. Débora me olhava em busca de respostas.
— Posso saber o que você estava fazendo? — Ela não espera uma resposta minha. — Já imaginou se a Charlotte visse você daquele jeito com a Hailey?!
Passei a mão pela nuca sentindo a tensão do músculo naquele lugar. Vou até o sofá mais próximo e me sentei vendo que a conversa seria longa, Charlotte é uma mulher legal e estou começando a ficar com raiva dela devido à minha mãe. Essa insistência está acontecendo há alguns meses e Débora sabe ser chata quando quer alguma coisa. Esse é um dos escritórios particular dos meus pais, o espaço não é tão grande, mas com espaço suficiente para acomodar dois sofá e uma mesa média. Entramos aqui pouquíssimas vezes, sempre com autorização dos meus pais.
Era difícil de esquecer na época de criança, quando Hailey, Audrey e eu procurávamos formas de entrar aqui. Fomos pegos todas às vezes, Audrey começava a chorar em uma tentativa de amolecer o coração de nosso pai. Minha irmã se perdia no próprio plano e nosso pai a convivência de fazer outras coisas, mas com a nossa mãe era diferente éramos obrigados a limpar uma parte da casa depois dela sujar de propósito. Hoje em dia vejo que minha mãe pegava bem leve com conosco comparada ao meu pai que faz para conseguir o que quer. Hailey aceitava tudo de uma boa, cada escolha tem suas consequências e ela levava a ponta da letra. Meus pensamentos foram novamente para Hailey, essa mulher está muito mais linda do que a última vez que a vi.
— Talvez pensaria que sou solteiro e posso fazer o que tenho que entender? — arrumei o terno em meu corpo, relaxando naquele sofá. — Qual é mãe? Por que insiste tanto que me case com Charlotte? Não estamos precisando de dinheiro, sei muito bem como anda o nosso financeiro. — A preocupação tomou conta e endireitei o meu corpo. — A família dela está precisando de dinheiro?
Dizer aquelas palavras em voz alta era motivo de fazer rir, mas estava preocupada com a família Napier. Eles lideram uma empresa fornecedora de tecidos, peças muito luxuosas e caras. Também é uma das empresas antigas no mercado, difícil acreditar que estejam falindo. Charlotte é um dos amigos mais antigos que tenho, nós crescemos juntos e tenho um carinho enorme por ela. O que precisar estarei disposto a ajudar, mas não precisamos nos casar por isso. Débora respirou fundo dando a volta em sua mesa e seus olhos claros tão sérios que me obriguei a me levantar e retribuir o mesmo olhar.
— A questão aqui não é sobre dinheiro… Engano meu é sim. É fazer com que tenhamos mais e formamos aliança…
— Não estamos na era medieval, mamãe. — Debochei.
Débora se irrita e b**e suas mãos com força contra a mesa, todos podiam vê-la com uma mulher pequena e protegida pelo meu pai. Mas quem pensa isso está muito enganado, ambos têm o mesmo temperamento e ambiciosos sem limite. Minha mãe, por outro lado, consegue esconder esse seu lado com mais facilidade. Fagner Fagan é um tipo de pessoa que não gosta de ouvir um não, e é bem autoritário, deixando visível a todos que dará um jeito de ter. É um homem grande que assusta os pequenos, quem é esperto ficará fora do seu caminho apenas com as palavras ditas por ele. Mas há aqueles que gostam de testar a força do Sr. Fagan.
— Cuidamos da nossa família, lembra? E sua forma de contribuir nesse momento é se casando com a Charlotte Napier. — As pontas dos seus dedos chegaram a ficar brancas contra a mesa. — Ou a Audrey…
Inclinei meu corpo levemente para frente, colocando as minhas mãos sobre a mesa e ficando na mesma posição que a mulher da minha frente. Fiz questão de ficar olho a olho com ela, Débora é mais baixa do que eu.
— Você não vai querer ir por esse caminho, Sra. Fagan. — Minha voz saiu ameaçadoramente baixa. — É minha mãe, mas o meu amor pela minha irmã é amor.
Um sorriso se formou nos lábios de Débora. A reação que queria dela, continuei com a seriedade em meu rosto, demonstrando que estava pronto para atacar qualquer um que falasse da minha irmã. Sei lidar com essa família, mas Audrey não precisa perder seu brilho entrando nas armações de nossos pais. Minha irmã não irá se corromper e ser controlada pelos nossos pais, garantirei. E Débora sabe disso, apenas menciona Audrey acreditando que mantém o controle usando a minha irmã mais nova. Mal sabe a minha mãe que sou tão pior quanto ela e apenas a deixei pensar que tem controle de alguma coisa. Sou um Fagan, não perdemos por nada e muito menos para alguém da família.
— Irá jantar com a Charlotte hoje. — Avisou, Débora estava com o humor melhor agora. — Espero ter boas notícias amanhã.
Arrumei o terno em meu corpo, abotoando alguns botões.
— Tenho um compromisso agora. — Fui até ela beijando sua testa. — Se cuida, mamãe.
Sorri para a mulher mais velha e sai do seu escritório. O sorriso não existia mais. Conversa desnecessária a que tivemos, já estava atrasado para um almoço com uns clientes antigos de meu pai. Não estou nenhum pouco animado em ir ainda mais o porquê Sr. Napier estará lá. Se ouvir o nome da Charlotte mais uma vez, é capaz que eu vá pessoalmente até ela e coloque em um caixote, e envio para algum lugar bem longe daqui. É difícil manter o bom humor nessa família, mas a espera para me tornar o CEO da empresa FagTransport vem acabando e estou pronto para assumir esse lugar por direito.
Sai de casa a caminho do meu carro em que estava preparado para minha saída, abrir a porta do carro e antes de entrar vi Hailey. Ela está a alguns metros de distância e ainda não havia me visto. Parecia irritada e chutou o ar, comprovando o que imaginava. Fechei a porta do carro e fui até ela, colocando as mãos no bolso.
— Hailey? — O que estava a perturbando? Ela me olhou e automaticamente dei um passo para trás. — Tudo bem?
A raiva parecia valar dela, o que está acontecendo com as mulheres dessa casa? Ela mordeu o lábio inferior, olhando para a casa, antes de voltar a me olhar.
— Fica longe de mim! — Sussurrou entre os dentes.
Arqueei uma sobrancelha não entendendo o jeito que estava me tratando, recentemente estávamos muito bem e agora pareço ser a pior pessoa do mundo.
— Por que está com raiva de mim? — Me aproximei e foi a vez de Hailey se afastar. — Hailey…
— Você vai casar com a vaca da Charlotte! — Acusou. Hailey passou a mão pelo cabelo, eu fiquei em silêncio na espera que se acalmasse. E percebendo que não iria sair dali, Hailey respirou fundo procurando se acalmar. — Não quero problemas e muito menos problemas com seus pais. Sabemos bem como gostam de resolver as coisas.
Senti a temperatura do meu corpo fria drasticamente, lembrando do passado. Mexi meus ombros me sentindo desconfortável, olhei o relógio em meu pulso vendo que estou mais de meia hora atrasado para o almoço com aqueles seres desagradáveis. Olhei para Hailey e sorri.
— Vamos almoçar. — Hailey faz uma careta pronta para negar. Me apressei em dar uma cartada final. — Não estou chamando, estou afirmando. Caso contrário, espalharei uma foto sua antes e depois de você ter colocado silicone, posso garantir que todo mundo terá acesso. — Inclinei minha cabeça para o lado, mantendo o sorriso em meu rosto. — Ah, com uma edição maravilhosa que não irá beneficiar a sua imagem.
Hailey Conway— Mãe…— Eu não quero sair daqui, Hailey Conway. — Sarah, o tom cortante me fez olhá-la surpresa.Nunca havia aumentado seu tom de voz comigo ou rude, mas só assim para poder ter sua atenção. Depois que Débora chamou Julian, sabia que não seria uma boa ficar ali. Não quero ser e nem saber sobre os problemas dessa família. Encontrando com a minha mãe na cozinha, tentei convencê-la mais uma vez sobre irmos embora daqui.Sarah suspirou e abaixou a cabeça, ela não conseguia nem me olhar nos olhos. — Não te mandei para longe de mim durante esses anos para quando voltasse a gente simplesmente mudasse o que foi construído durante anos. — Limpou a sua mão no pano de prato. — Meu amor, quero que você seja feliz e realize todos os seus sonhos. Não precisa se preocupar com dois velhos, seu pai e eu sabemos nos cuidar muito bem.Senti a minha garganta seca e meus olhos arder, essa sensação que tenho tido durante anos e agora vindo com mais força. Sempre acreditei que meus pais não
Não era uma ou duas, subi rapidamente em cima da minha cadeira em puro desespero. Em uma tentativa de controlar meus gritos, via várias baratas sair do corredor, tomando conta do pequeno restaurante. Ok, esse lugar é pior do que imaginei que seria. Julian estava certo em não querer vir. Segurei o encosto da cadeira tentando me equilibrar e não cair.— Mata! Mata! — Gritava para Julian.— Não acredito que estou em um lugar imundo como esse por sua causa, Hailey! — Julian desviava das baratas. — Só queria almoçar em paz…— Julian para de brigar comigo! — Aquelas baratas pareciam não ter fim.Elas não podem voar! Todos em grupos, funcionários correndo para todo canto em uma tentativa de matar as baratas. O lugar estava em caos. Um dos motivos para ter escolhido esse restaurante é que por fora era um ambiente rústico e bonito, mesmo sendo um bar no meio da estrada. Tinha uma beleza, mas por dentro… Levamos mais tempo do que o necessário para encontrar esse lugar e aqui estou eu no meio de
Julian me surpreendeu ao escolher um restaurante na cidade vizinha, levamos um tempo a mais para chegar por ter escolhido um caminho mais longo e a volta não seria tão agradável pela distância que estamos. Sei que ele tomou essa decisão porque falei que não queria ser vista com ele por motivos óbvios, Julian não se importaria com isso, mas parece se importar com o que falo. O ambiente é claro que não me surpreendeu em nada. Um restaurante francês perdido em Nova York, gosto de descrever o lugar desse jeito.Em tons pastéis e muito bem limpo comparado ao restaurante que saímos minutos atrás. Nada de barata! Os lustres muito decorativos, o ambiente fazia você se sentir tranquilo para ter uma boa refeição. Vasos com belas flores em cada canto do restaurante, um lugar perfeito.Em silêncio deixo que Julian puxasse a cadeira para que eu pudesse sentar, um ato de cavalheirismo que essa família carrega é forte demais. Um ponto positivo que não nego. Sr. e a Sra. Fagan tinha cuidado muito ent
Julian FarganDeslizei os dedos pelo queixo sem conseguir parar de imaginar a boca da Hailey na minha. Horas e mais horas ao lado daquela mulher e não consegue um beijo? Ok, na bochecha não vale. Não somos mais crianças e levando em consideração que fui eu que…— Olá, Julian. — A voz fria preenche o cômodo. — É bom ver que o meu filho está bem.Respirei fundo e ao me virar, coloquei as mãos na minha cintura já imaginando a conversa empolgante que terei com meu pai. Fagner Fagan em um perfeito terno sob medida, deixou o copo com o líquido marrom sobre a mesa. Seu olhar tão frio quanto a sua voz e eu tão acostumado desde criança. Seu cabelo tão escuro quanto a escuridão penteado perfeitamente para trás sem um fio sequer fora do lugar. Fagner olhava em meus olhos e o seu silêncio quer intencional não me incomodava nem um pouco. Era como se eu fosse vacinado contra o meu próprio pai.— Acredito que você tenha tido um compromisso muito importante. — Se
Julian Fargan— Julian? Ei, Julian… — Charlotte envolveu seu braço no meu. — Estou falando com você, bobo.Charlotte riu apertando meu braço contra o seu corpo. Sorri, um pouco sem graça por estar tão aérea a nossa conversa. Depois do nosso jantar, que foi muito bom como sempre, conversamos sobre a vida, trabalho e viagens Charlotte recebeu uma ligação da amiga pedindo que ela fosse até a sua casa porque não estava se sentindo muito bem. Como busquei a Charlotte em casa, ela não estava com seu carro e não foi problema trazê-la em Midtown East.— Desculpe, Char. Alguns trabalhos da empresa que ocupa a minha cabeça. — Menti. Olhei para o prédio à nossa frente.Estamos no prédio 432 Park Avenue. Um dos prédios mais luxuosos, localizado no Upper East Side perto da minha casa. — Você precisa descansar. — Charlotte levou sua mão ao meu rosto fazendo olhá-la. — Logo será CEO da FagTransport. É certo, você é o melhor para esse cargo.Coloco minha mão por cima da sua mão que está no meu rosto
Julian Fagan— Apostaria uma grana bem alta pelos seus pensamentos nesse exato momento. — A curiosidade de Jared me fez sorrir.Brinco com a caneta entre os meus dedos batendo a mesma contra a mesa em uma batida acompanhando a música do The Weeknd em minha cabeça. A música starboy surgiu aleatoriamente em minha mente depois de Jared chamar minha atenção pela quarta vez em menos de uma hora.— Pode apostar, meu amigo. — Rodei com a cadeira e olhei para Jared. — E pode ter certeza que vai errar.Jared Campos é um amigo de infância, um dos poucos que mantive a amizade tão próxima. Dono de uma barba bem preenchida e olhos em um tom castanho escuro, Jared tem a pele bronzeada. Seu país de origem é o Brasil e, sempre que tiver uma oportunidade, retornará ao seu país para desfrutar das maravilhas que lá existem.Um sorriso sacana surge em seus lábios, Jared apoia seus braços na mesa me olhando atento.— Oh, rapaz. Posso não ter conhecimento do nome da bela, mas tenho plena convicção de que h
Julian Fagan— Agora está explicado, porque de você não ter parecido no almoço…— Não me lembre desse dia Jared. — Ergo minha mão a fim de afastar essa lembrança desagradável. — Não bastava ter que ouvir o grande senhor Fagan e ter que jantar naquele dia com Charlotte, precisei ouvir por horas a esposa dele também.Minha mãe fez questão de me procurar no outro dia, sem ao menos deixar que me arrumasse para tomar o café da manhã. Débora bateu repetidamente em minha porta, querendo falar comigo. Precisei ouvir sobre minhas responsabilidades como membro dessa família e como foi deselegante não ter participado do almoço.Não importava o motivo de não ter ido, tinha uma responsabilidade e não cumpri.— Imagino essa conversa com a Sra. Fagan. — Jared riu. — E também posso imaginar os problemas que estão por vir.Estamos a caminho da sala de reunião, parei no corredor fazendo com que Jared fizesse o mesmo.— Não vejo confusão alguma. — Dou um sorriso singelo. — Sou o mais comportado dessa fa
Hailey Conway— Como eu estou? — Audrey saiu do provador vestindo um lindo vestido azul. Seu cabelo está preso em um rabo de cavalo e a maquiagem mesmo para o dia está marcando seus traços. — Gostei do caimento dele no meu corpo.Realmente havia ficado lindo. O tom de azul é claro e refletia bem contra sua pele, a parte justa ia até a cintura e o resto do vestido acompanhava os leves movimentos que ela fazia de um lado para o outro.— Está perfeito, Audrey. — Sorri para ela. — Sinceramente me pergunto qual roupa não fica bem em você.Audrey revirou os seus olhos claros e riu.— Várias peças! Eu só escolho as certas e que combinam com a ocasião. — Ela dá uns pulinhos. — Vou me trocar.Passamos às duas horas seguintes indo de loja em loja no shopping. Estava precisando de algumas roupas e nada melhor que está na companhia da Audrey, além de entender de moda faz com que esse momento seja legal. Audrey é completamente diferente da mãe nesse requisito, Débora gosta da elegância e esfrega n