A mulher dona de uns olhos verdes-claro, sua pele branca como a neve e cabelos loiros em um tom puxado para o dourado me olhava com um leve sorriso em seu rosto. Suas mãos em frente ao corpo com tamanha elegância como se fosse a rainha da Inglaterra. Nos olhava com atenção.
A nossa relação entre a gente era ótima quando vim morar definitivamente aqui com os meus pais, mas as coisas mudaram depois que decidi devolver todo o dinheiro que sua família pagou pelos meus estudos na faculdade. Não sei se ela levou como ingratidão o que fiz, mas não me sentia bem pelo dinheiro gasto. Meus pais sempre pagaram a escola para mim, o valor não se comparava ao da faculdade, mas deram um jeito.
Aceitei o dinheiro naquela época, mas devolvi antes mesmo de me formar. Tinha um objetivo que era dar o melhor para os meus pais e estudei, colocava tudo em prática e graças a Deus tendo sucesso nos meus trabalhos.
— Olá, Senhora…
— Ah, Hailey. — Levou a mão ao ar com um leve gesto. — Não comece com as formalidades. É de casa.
Suas últimas palavras não foram muito agradáveis e podia perceber no seu olhar, não sei se foi impressão minha. Sorri em resposta, minha mãe me abraçou de lado. Sarah é um pouco mais baixa que eu.
— Hailey acabou de chegar. — Sarah sorri novamente me olhando, antes de voltar a olhar para Débora.
— É bom vê-la, Hailey. — Seu olhar desceu pelo meu corpo, analisando minhas roupas. — Se ouvir bem… — Olhou em meus olhos. — Pretendem ir para algum lugar hoje?
Sarah dá um sorriso bobo, balançando a cabeça em um gesto de negação.
— Minha menina que chegou bem agitada e está dizendo coisa com coisa…
— Não estou dizendo coisa com coisa. — Interrompi minha mãe. — Acredito que já chegou a hora dos meus pais terem um lugar só para eles e aproveitar as belezas desse mundo.
Débora nada falou, mas as minhas palavras de algum modo mexeram com ela. Não sei se era algo bom ou ruim, Débora mudou bastante comigo. Em passos rápidos gritando pelo nome da minha mãe, Audrey apareceu. Seus olhos se arregalaram ao me ver, muito parecida com a mulher mais velha há alguns metros de distância. Audrey tem olhos verdes, seu cabelo é um tom de castanho-claro, uma mistura com os cabelos negros de seu pai. Ela é uma pessoa muito fofa e divertida, mas sem deixar o lado sério e observadora de seu pai.
— Hailey! — Gritou e correu em minha direção.
Débora levou a mão ao ouvido e fez uma careta pelo grito da filha. Audrey é muito agitada e muita das vezes difícil de acompanhar. Retribuir o abraço, sentia sua falta. Quando fui embora de Nova York tinha dezoito anos, Audrey tinha treze anos e Julian vinte anos. Beijei o seu rosto quando desfizemos o abraço, ela sempre foi a nossa menininha que insistia em brincar conosco e não deixávamos já que era muito mais nova.
— Você chegou! — Ele abriu um sorriso de felicidade ao me ver, mas logo esse sorriso desapareceu. — Por que não me avisou antes? Queria ter ido te buscar.
Estiquei meus braços no ar com um sorriso em um pedido de desculpas.
— Surpresa. — Agitei as mãos no ar.
Audrey estreitou os seus olhos em minha direção.
— Vou te perdoar dessa vez. — Falou.
Débora pigarreia depois que Audrey e eu nos abraçamos novamente, olhamos para ela.
— Continuando a nossa conversa de antes. — Lançou um olhar severo para sua filha que não se incomodou com o olhar da mãe. — Hailey sua mãe não comentou nada sobre viagens, ou sobre ir embora daqui.
— Como assim? — Audrey se afastou um pouco olhando para minha mãe e depois para mim. — Então esse era o seu plano? Voltar e tirar a dona Sarah de mim?
Seu tom era de brincadeira, mas sei como Audrey é apegada a minha mãe. Não tivemos muito contato nesses últimos anos, pouco que falava ela era sempre muito gentil. Audrey é um amor de pessoa, aquelas que dá vontade de colocar em pote e proteger do mundo. E esse era um dos motivos para escolher ficar quieta, não queria falar alguma coisa e acaba sendo rude com a Audrey. Provavelmente não entenderia os meus motivos e não quero magoá-la. Sarah notou isso e resolveu falar por mim.
— Vamos deixar essa conversa de lado, minhas meninas. — Sarah ficou entre nós duas, segurando nossas mãos e nos guiou para a sala de jantar. — Fiz aquele bolo de baunilha com recheio de morango. Sei que vão gostar.
Audrey deu alguns pulinhos, porque esse era o bolo preferido dela. Não gosto de morango, eu como, mas não é a minha fruta preferida. Notei o olhar de Débora conforme passamos por ela, a mesma não fez questão de ir conosco comer o bolo. Audrey começou a contar como está sendo bom trabalhar na empresa de seus pais, donos de uma das maiores transportadoras. A família Fagan mantém essa empresa há 100 anos.
Era bom ver o entusiasmo dela. Trabalhando ao lado do gerente executivo que logo assumiria esse lugar, a mulher de vinte anos que está do meu lado não me surpreendeu com suas conquistas. Tem pais bem rígidos, mas tendo certeza que Audrey mostrou para seus pais que consegue ajudar seu irmão nos negócios da família.
— Julian deve se tornar CEO antes do Natal. — Se aproximou de mim como se fosse contar um segredo. — Ouvir a conversa do meu pai com alguns acionistas, mas não conta para ninguém.
Fingi que tinha um zíper em minha boca e fiz sinal de que estava fechando, ela riu. E continuamos conversando, minha mãe pediu licença e voltou para seu trabalho. Nesse final de semana a família Fagan teria um jantar aqui. Sarah poderia fugir por enquanto de mim, mas não iria escapar.
— Ai meu Deus! — Audrey diz olhando para a tela do seu celular. — Desculpa, Hailey, mas preciso ir. — Nos levantamos. — Esqueci completamente do compromisso que tinha.
— Ei, tudo bem. — Dou mais um abraço nela. — Mas tarde nos falamos.
Audrey não prestava mais atenção em mim e se apressou, saindo correndo sem olhar para trás. Parecia muito preocupada com o seu compromisso que acabou esquecendo. Pensei em procurar a minha mãe ou até mesmo meu pai e colocar as minhas ideias em ação. Sarah não apareceu muito confiante em minhas palavras. Decidir ir pelo caminho mais longo, quem sabe não encontrava com o Sr. Fagan e ele pudesse me ajudar a convencer os meus pais.
Não demorei muito para encontrar um dos donos da casa, mas não era esse Sr. Fagan que estava procurando. Na entrada da sala de frente para a entrada principal da casa, pude ver Julian descendo as escadas. Sua testa levemente franzida parecia estar pensando em algo. Seja lá o que estivesse pensando, não parecia ser uma coisa boa. Encostei no batente da porta observando ele em silêncio.Julian está usando smoking que deixou sua pele com mais destaque, seu cabelo está com os fios bem alinhados para trás deixando seu cabelo castanho bem escuro do que o normal. O olhar sério em seu rosto era bem diferente do jovem de anos atrás que vi pela última vez, Julian está duas vezes maior do que me lembro. Era um homem que gostava de academia e imagino que não seja diferente hoje em dia, seus olhos são da mesma tonalidade que os meus. Seus traços do seu rosto são bem marcantes, mostrando os anos vividos. Aos vinte e sete anos, Julian continua um homem lindo.Levando a mão no bolso de trás da calça,
Julian FaganO estresse aumentou assim que passei pela porta do escritório. Esse dia está uma montanha-russa e a cada muito estou ficando mais atrasado. Apesar de estar com a Hailey estava pouco me importando, vi ali uma oportunidade de mudar meus planos desse dia. Minha mãe já andava de um lado para o outro com o seu jeito possesso de ser. Fiquei tentado em ir atrás da Hailey, a conversa seria melhor do que a conversa que aconteceria entre essas quatro paredes. Hailey, a porta voltou. De porta não tem nada. Sorri, mas não durou muito. Débora me olhava em busca de respostas.— Posso saber o que você estava fazendo? — Ela não espera uma resposta minha. — Já imaginou se a Charlotte visse você daquele jeito com a Hailey?!Passei a mão pela nuca sentindo a tensão do músculo naquele lugar. Vou até o sofá mais próximo e me sentei vendo que a conversa seria longa, Charlotte é uma mulher legal e estou começando a ficar com raiva dela devido à minha mãe. Essa insistência está acontecendo há al
Hailey Conway— Mãe…— Eu não quero sair daqui, Hailey Conway. — Sarah, o tom cortante me fez olhá-la surpresa.Nunca havia aumentado seu tom de voz comigo ou rude, mas só assim para poder ter sua atenção. Depois que Débora chamou Julian, sabia que não seria uma boa ficar ali. Não quero ser e nem saber sobre os problemas dessa família. Encontrando com a minha mãe na cozinha, tentei convencê-la mais uma vez sobre irmos embora daqui.Sarah suspirou e abaixou a cabeça, ela não conseguia nem me olhar nos olhos. — Não te mandei para longe de mim durante esses anos para quando voltasse a gente simplesmente mudasse o que foi construído durante anos. — Limpou a sua mão no pano de prato. — Meu amor, quero que você seja feliz e realize todos os seus sonhos. Não precisa se preocupar com dois velhos, seu pai e eu sabemos nos cuidar muito bem.Senti a minha garganta seca e meus olhos arder, essa sensação que tenho tido durante anos e agora vindo com mais força. Sempre acreditei que meus pais não
Não era uma ou duas, subi rapidamente em cima da minha cadeira em puro desespero. Em uma tentativa de controlar meus gritos, via várias baratas sair do corredor, tomando conta do pequeno restaurante. Ok, esse lugar é pior do que imaginei que seria. Julian estava certo em não querer vir. Segurei o encosto da cadeira tentando me equilibrar e não cair.— Mata! Mata! — Gritava para Julian.— Não acredito que estou em um lugar imundo como esse por sua causa, Hailey! — Julian desviava das baratas. — Só queria almoçar em paz…— Julian para de brigar comigo! — Aquelas baratas pareciam não ter fim.Elas não podem voar! Todos em grupos, funcionários correndo para todo canto em uma tentativa de matar as baratas. O lugar estava em caos. Um dos motivos para ter escolhido esse restaurante é que por fora era um ambiente rústico e bonito, mesmo sendo um bar no meio da estrada. Tinha uma beleza, mas por dentro… Levamos mais tempo do que o necessário para encontrar esse lugar e aqui estou eu no meio de
Julian me surpreendeu ao escolher um restaurante na cidade vizinha, levamos um tempo a mais para chegar por ter escolhido um caminho mais longo e a volta não seria tão agradável pela distância que estamos. Sei que ele tomou essa decisão porque falei que não queria ser vista com ele por motivos óbvios, Julian não se importaria com isso, mas parece se importar com o que falo. O ambiente é claro que não me surpreendeu em nada. Um restaurante francês perdido em Nova York, gosto de descrever o lugar desse jeito.Em tons pastéis e muito bem limpo comparado ao restaurante que saímos minutos atrás. Nada de barata! Os lustres muito decorativos, o ambiente fazia você se sentir tranquilo para ter uma boa refeição. Vasos com belas flores em cada canto do restaurante, um lugar perfeito.Em silêncio deixo que Julian puxasse a cadeira para que eu pudesse sentar, um ato de cavalheirismo que essa família carrega é forte demais. Um ponto positivo que não nego. Sr. e a Sra. Fagan tinha cuidado muito ent
Julian FarganDeslizei os dedos pelo queixo sem conseguir parar de imaginar a boca da Hailey na minha. Horas e mais horas ao lado daquela mulher e não consegue um beijo? Ok, na bochecha não vale. Não somos mais crianças e levando em consideração que fui eu que…— Olá, Julian. — A voz fria preenche o cômodo. — É bom ver que o meu filho está bem.Respirei fundo e ao me virar, coloquei as mãos na minha cintura já imaginando a conversa empolgante que terei com meu pai. Fagner Fagan em um perfeito terno sob medida, deixou o copo com o líquido marrom sobre a mesa. Seu olhar tão frio quanto a sua voz e eu tão acostumado desde criança. Seu cabelo tão escuro quanto a escuridão penteado perfeitamente para trás sem um fio sequer fora do lugar. Fagner olhava em meus olhos e o seu silêncio quer intencional não me incomodava nem um pouco. Era como se eu fosse vacinado contra o meu próprio pai.— Acredito que você tenha tido um compromisso muito importante. — Se
Julian Fargan— Julian? Ei, Julian… — Charlotte envolveu seu braço no meu. — Estou falando com você, bobo.Charlotte riu apertando meu braço contra o seu corpo. Sorri, um pouco sem graça por estar tão aérea a nossa conversa. Depois do nosso jantar, que foi muito bom como sempre, conversamos sobre a vida, trabalho e viagens Charlotte recebeu uma ligação da amiga pedindo que ela fosse até a sua casa porque não estava se sentindo muito bem. Como busquei a Charlotte em casa, ela não estava com seu carro e não foi problema trazê-la em Midtown East.— Desculpe, Char. Alguns trabalhos da empresa que ocupa a minha cabeça. — Menti. Olhei para o prédio à nossa frente.Estamos no prédio 432 Park Avenue. Um dos prédios mais luxuosos, localizado no Upper East Side perto da minha casa. — Você precisa descansar. — Charlotte levou sua mão ao meu rosto fazendo olhá-la. — Logo será CEO da FagTransport. É certo, você é o melhor para esse cargo.Coloco minha mão por cima da sua mão que está no meu rosto
Julian Fagan— Apostaria uma grana bem alta pelos seus pensamentos nesse exato momento. — A curiosidade de Jared me fez sorrir.Brinco com a caneta entre os meus dedos batendo a mesma contra a mesa em uma batida acompanhando a música do The Weeknd em minha cabeça. A música starboy surgiu aleatoriamente em minha mente depois de Jared chamar minha atenção pela quarta vez em menos de uma hora.— Pode apostar, meu amigo. — Rodei com a cadeira e olhei para Jared. — E pode ter certeza que vai errar.Jared Campos é um amigo de infância, um dos poucos que mantive a amizade tão próxima. Dono de uma barba bem preenchida e olhos em um tom castanho escuro, Jared tem a pele bronzeada. Seu país de origem é o Brasil e, sempre que tiver uma oportunidade, retornará ao seu país para desfrutar das maravilhas que lá existem.Um sorriso sacana surge em seus lábios, Jared apoia seus braços na mesa me olhando atento.— Oh, rapaz. Posso não ter conhecimento do nome da bela, mas tenho plena convicção de que h