Ao abrir a porta do meu antigo quarto, fiz uma prece silenciosa para que não me recordasse de coisas ruins. Quis não sentir o cheiro de Joe como na última vez, quis não sentir medo de alguma forma, e quis encontrar um pouco de tranquilidade como eu encontrava quando morava na mansão e corria para o meu quarto a fim de me refugiar de alguma coisa.Eu tinha boas lembranças para me recordar, se quisesse pensar em todas as vezes em que Scott esteve ali comigo, já seria um bom início.Me sentei no colchão macio assim que acendi a luz e adentrei o cômodo com um certo receio. Deixei meus dedos percorrem a colcha macia e avaliei cada cantinho com lentidão.Era um bom lugar, uma boa casa, e foi também o meu lar por muitos anos. Marisa me deu tudo que eu poderia querer e um pouco mais, ela e Paul nunca foram pais ruins, mas eu sim fui uma filha difícil e rebelde após um tempo.Não podia deixar passar os boatos quando surgiram. Você não pode aceitar tranquilamente uma informação como a que m
— Acho que eu seria bem melhor para você do que o Scott foi. Acho que eu jamais te deixaria ir embora, porque eu sim não suportaria te perder, eu sim lutaria por você com tudo o que eu tivesse, fazendo o possível e até o impossível pra ficarmos juntos — sussurrou e umedeceu os lábios sem tirar os olhos dos meus.Engoli em seco levando minhas mãos ao seu peito a fim de empurrá-lo.— Você não fez nada disso, Corey, e não foi por falta de chance. Você escolheu não ter sequer a minha amizade e o relacionamento que criamos com os anos, então por que acha que lutaria por mim se a situação fosse diferente? Por que acha que me amaria sendo que não conseguiu me amar de verdade nem sendo o meu melhor amigo?Ele mordeu o lábio inferior e quando fez menção de atacar meus lábios, juntei toda a força em mim e o empurrei, mas ele se desgrudou do meu corpo fácil demais, me fazendo questionar minha própria força, e então vi o que de fato fez Corey se afastar tão abruptamente. Jason. O moreno pegou o
Quando cheguei e bati na porta do meu irmão mais novo, recebi permissão para adentrar o cômodo com um "entra" gritado lá de dentro. Buck estava sentado na cadeira da escrivaninha enquanto anotava alguma coisa em um caderno, seus livros todos espalhados pela cama e o quarto bem típico de um universitário com vida corrida.— Achei que não ia arrumar um tempo para mim — resmungou, deixando que um sorriso satisfeito estampasse os lábios.Dei de ombros, caminhando devagar até ele.— Não precisa chorar, meu bebezinho. Estou aqui para te cuidar — brinquei, depositando um beijo em sua testa. — Caramba, seu quarto parece menor do que me lembro. Não quis mudar para o meu por quê?Buck girou a cadeira e me olhou de baixo, as íris iguais às de Scott brilhando em minha direção.— Tá brincando? A mamãe jamais deixaria que desfizesse o seu quarto.Soltei um riso nasalado, isso era realmente um fato.— Bom, meu apartamento também não é nada grande comparado a essa casa. Não gosto de lugares muito es
→ Alguns anos antes.Noites estreladas sempre me pareciam ser alertas de coisas intensas. As pessoas costumavam falar sobre a chuva, sobre noites de tempestades serem as piores, mas eu gostava delas, gostava dos trovões, dos relâmpagos, e das gotas torrenciais caindo desenfreadas. Então, não era uma noite super agradável para mim, não só pelo fato de estar um clima ameno, como também por eu estar sozinha e trancada no meu quarto.Corey estava dando uma festa particular na casa da piscina, com poucos amigos e algumas garotas, nada muito bagunçado. Scott tinha saído para resolver algo com relação à Hayans, papai e mamãe foram viajar, de novo, e Jason eu não tinha visto o dia todo, devia estar socado em seu quarto fumando maconha ou então estava em algum prostíbulo fazendo tudo o que não deveria.Ultimamente ele estava estranho, mais problemático e seu temperamento tinha piorado uns mil níveis, era quase impossível o encontrar sóbrio e quando isso acontecia, ou estava brigando com Cor
Joe estava com sua moto, apesar de eu saber que não tinha permissão legal para pilotar. Já havia saído com ele diversas vezes naquela belezinha vermelha, então não recusei o capacete que me foi direcionado, nem ponderei em subir na garupa.Foi questão de vinte minutos para chegarmos à casa não muito grande dos Fosters, sentindo frio pelo vento forte que se chocava com meu corpo e pela alta velocidade.Quando parei de frente para a residência e tirei com capacete, avaliei atentamente o quanto ali parecia um lugar simples para a mãe do jovem morar, visto que estávamos falando de uma das mulheres mais peruas que eu já havia colocado meus olhos. Ela era extravagante, vivia muitíssimo bem arrumada e sempre falando em alto e bom som que tinha isso e aquilo, então achei que morassem em um lugar grandioso. Contudo, isso nem era do meu real interesse.— Essa é só uma das nossas casas — falou como se pudesse ler meus pensamentos.Olhei de relance para Joe, não muito surpresa em saber que ali
— Você é virgem, Chloe? — perguntou com uma admiração surreal.Engoli em seco e apoiei as mãos no colchão para pegar impulso e me levantar, contudo, as mãos dele foram para meus ombros e me mantiveram ali, não permitindo que eu saísse.Por um momento pensei em todos os golpes que poderia usar para sair dali, e no fim não consegui executar nenhum porque meu corpo parecia ter sido congelado por uma coisa terrivelmente banal, medo.Eu estava com medo, mas não era medo do que ele poderia fazer, e sim medo de cometer um erro, mais uma vez.E se eu fizesse alguma coisa e acabasse como acabei na ilha, agindo de forma hábil para acabar com algo que eu sequer queria que tivesse mesmo um fim, de um modo que até mesmo desacreditei que conseguiria? E se eu acabasse machucando Joe sem nem mesmo querer machucar de verdade?— Me deixa sair daqui, Joe. Preciso de ar! — pedi com a voz falha.Ele tocou meu cabelo que tinha o coque bagunçado por eu ter usado capacete e então mais uma vez pegou no meu q
→ Alguns anos antes.Tudo passou em minha frente como um borrão.Eu não conseguia raciocinar e não sabia como deveria agir diante a situação que se desenrolava em minha frente, mas fui capaz de parar Corey e seus atos, fui capaz de evitar que mais coisas ruins acontecessem. Bom, naquele momento, claro.Não queria que estivesse agindo daquela forma, não queria que fizesse tudo sem pensar nas consequências, mas ele foi fazendo e quando dei por mim a situação era caótica.Sua ordem foi clara, eu deveria ligar para Paul e após isso teria que pegar o carro de Corey e dirigir até a mansão, me trancar no meu quarto e não sair de lá até que ele chegasse.Havia muitas coisas que eu sabia sobre Corey, e uma delas é que sabia distinguir quando ele falava coisas das quais poderia voltar atrás, e quando falava coisas das quais jamais voltaria atrás.Ele estava decidido e não seria a minha súplica que mudaria sua decisão ou suas ordens. Não havia outra forma, seus olhos me confessaram isso. Não
Acordei assustada e comecei a bater em quem quer que estivesse perto de mim. Corey, que estava de cócoras, se afastou minimamente e então pude raciocinar melhor e perceber que havia cochilado no chão do quarto após chorar até minha cabeça doer. Agora o que piorava toda a dor era o sol que já deixava tudo mais claro, o cômodo e a visão, e mesmo assim sentia minha mente nublada por memórias vívidas e recentes.O jovem me avaliou com tristeza, sua roupa toda limpa assim como sua pele. O cabelo molhado e o cheiro de sabonete denunciando que havia acabado de sair de um banho, diferente de mim que ainda estava com a mesma roupa, com as mesmas digitais em meu corpo, e com um liquído vermelho que foi parar em mim sem eu realmente me lembrar de como. O liquído espesso que corria dentro das veias de Joe Foster agora também estava impregnado no meu rosto, eu o sentia ali por alguma razão, mesmo sem entender.Um aperto no peito se fez assim que as lembranças me atingiram mais uma vez, me enco