AMÉLIAEu cheguei à comunidade com um nó apertado na garganta, os olhos ainda inchados de tanto chorar. O peso da discussão com minha mãe e Agenor ainda estava fresco em minha mente, uma ferida aberta que doía profundamente. Ao virar a esquina, esbarrei em Pesadelo, acompanhado por um homem que eu já tinha visto algumas vezes na comunidade, sempre ao lado dele. Uma mulher que eu nunca tinha visto antes também estava lá. Pesadelo deixou ela de lado rapidamente quando seus olhos encontraram os meus, percebendo imediatamente a aflição em meu rosto.Eu podia sentir meu coração batendo mais rápido ao vê-lo tão perto de outra mulher, e uma onda de ciúmes e desconforto me invadiu.Quem era ela?Ela era uma mulher esbelta e alta, com cabelos longos e pretos que caíam em ondas até o meio de suas costas. Os seus olhos escuros eram intensos, adornados por cílios longos e curvos, consequência do alojamento que ela tinha. A mulher também tinha lábios cheios e vermelhos, que pareciam sempre pront
[AUTORA]Pesadelo sentiu a mão de Larissa segurando o seu braço, tentando impedir ele de seguir Amélia. Ele se soltou com um movimento brusco, seu semblante endurecido pela frustração e pelo turbilhão de emoções que Amélia despertava nele.— Solta, Larissa. — Sua voz saiu áspera. Ele respirou fundo, tentando controlar a raiva.— Quem é aquela sem sal, Pesadelo?— Não te interessa! — falou alto. — Nunca mais ache que pode ter qualquer tipo de liberdade comigo, caralho! Que porra é essa de "amor", tá ficando maluca? Se enxerga!Larissa recuou, surpresa com a explosão de Pesadelo.— Você tá assim por causa dela? A gente é fixo, eu sou a tua...Pesadelo endureceu seu olhar.— Você não é caralho nenhum, entendeu? E vê se aprende a cuidar mais da tua vida, ou posso fazer você rodar, sua vagabunda. — ameaçou.— Calma aí, cara. — Maicon tentou acalmar ele.Larissa tinha estragado tudo!— Vou dar uma passada na casa da Liliana, Maicon. — avisou Arthur e Maicon apenas assentiu. Ele sabia que aq
AMÉLIA— O que você quer, Arthur? — Meu coração batia descompassado enquanto sussurrava as palavras, tentando manter minha voz firme, mas falhando miseravelmente.— Precisamos conversar. — Ele disse, seus olhos implorando por uma chance de se explicar. — Larissa não significa nada para mim. Nós não temos nada.Eu ergui a mão, interrompendo-o antes que ele pudesse continuar. Senti meu coração bater mais rápido, mas mantive minha expressão firme.— Arthur, você não precisa me explicar nada. — Minhas palavras saíram mais frias do que eu pretendia, mas eram necessárias. — Nós não temos nenhum tipo de relação, e nem vamos ter. Somos muito diferentes. — Cortei suas palavras com firmeza, sentindo um nó na garganta ao encará-lo nos olhos.A expressão dele mudou, endurecendo enquanto ele se aproximava mais.— Você não entende, Amélia. — A voz de Arthur saiu rouca, quase desesperada, enquanto dava um passo à frente, os olhos brilhando com uma intensidade que me assustou. — Você precisa me dar u
AMÉLIADisquei o número de casa, cada toque aumentando a minha ansiedade. Minha mãe atendeu após alguns segundos, e a sua voz carregava uma mistura de preocupação e expectativa.— Oi, mãe... — comecei, tentando encontrar as palavras certas. — Preciso te contar uma coisa.Houve um breve silêncio do outro lado, antes de ela responder com cautela: — O que aconteceu, Amélia? Você está bem?Respirei fundo para me acalmar antes de continuar. — Eu decidi passar alguns dias na casa de uma amiga da igreja, a Liliana. Preciso de um tempo para pensar, para me acalmar.Ela ficou em silêncio por um momento, e então a sua voz soou firme e preocupada:— Você vai ficar onde, Amélia? Isso não é seguro para você, você sabe como o mundo de hoje é perigoso.— Eu sei, mãe... — respondi, tentando explicar. — Mas eu preciso disso. Eu sou uma adulta agora e tenho o direito de tomar minhas próprias decisões.Ela suspirou pesadamente do outro lado da linha.— Amélia, você precisa voltar para casa. Agenor e e
AMÉLIAA luz do sol da manhã passava pelas cortinas da pequena cozinha de Liliana, criando padrões suaves de luz no chão de azulejos. Sentadas à mesa, Liliana e eu tomávamos café da manhã.— Como dormiu, Amélia? — Liliana perguntou com um sorriso afetuoso, enquanto mexia sua xícara de café com leite.Aconchegada na cadeira, agradeci com um aceno de cabeça, sentindo o calor reconfortante da bebida nas minhas mãos trêmulas. A noite anterior ainda pairava sobre mim, as palavras da minha mãe ecoando em meus pensamentos.Por que Agenor tinha que aparecer na nossa vida e estragar tudo?— Melhor do que em casa, com certeza. — Respondi, tentando soar leve, apesar do peso em meu coração. — Faz muitos anos que não durmo uma noite completa, sem acordar. — confessei.Apesar da porta do meu quarto estar sempre fechada com chave, eu não confiava. Agenor poderia muito bem ter uma cópia da chave sem que eu soubesse ou sei lá. Pensamentos como esse me faziam acordar com um pequeno susto, e então eu n
AMÉLIADisquei o número de casa, cada toque aumentando a minha ansiedade. Minha mãe atendeu após alguns segundos, e a sua voz carregava uma mistura de preocupação e expectativa.— Oi, mãe... — comecei, tentando encontrar as palavras certas. — Preciso te contar uma coisa.Houve um breve silêncio do outro lado, antes de ela responder com cautela:— O que aconteceu, Amélia? Você está bem?Respirei fundo para me acalmar antes de continuar.— Eu decidi passar alguns dias na casa de uma amiga da igreja, a Liliana. Preciso de um tempo para pensar, para me acalmar.Ela ficou em silêncio por um momento, e então a sua voz soou firme e preocupada:— Você vai ficar onde, Amélia? Isso não é seguro para você, você sabe como o mundo de hoje é perigoso.— Eu sei, mãe... — respondi, tentando explicar. — Mas eu preciso disso. Eu sou uma adulta agora e tenho o direito de tomar minhas próprias decisões.Ela suspirou pesadamente do outro lado da linha.— Amélia, você precisa voltar para casa. Agenor e eu.
AMÉLIAA luz do sol da manhã passava pelas cortinas da pequena cozinha de Liliana, criando padrões suaves de luz no chão de azulejos.Sentadas à mesa, Liliana e eu tomávamos café da manhã.— Como dormiu, Amélia? — Liliana perguntou com um sorriso afetuoso, enquanto mexia sua xícara de café com leite.Aconchegada na cadeira, agradeci com um aceno de cabeça, sentindo o calor reconfortante da bebida nas minhas mãos trêmulas. A noite anterior ainda pairava sobre mim, as palavras da minha mãe ecoando em meus pensamentos.Por que Agenor tinha que aparecer na nossa vida e estragar tudo?— Melhor do que em casa, com certeza. — Respondi, tentando soar leve, apesar do peso em meu coração. — Faz muitos anos que não durmo uma noite completa, sem acordar. — confessei.Apesar da porta do meu quarto estar sempre fechada com chave, eu não confiava. Agenor poderia muito bem ter uma cópia da chave sem que eu soubesse ou sei lá. Pensamentos como esse me faziam acordar com um pequeno susto, e então eu nã
AMÉLIAPesadelo segurou meu braço com firmeza, mas não com força excessiva, como se temesse que eu escapasse a qualquer momento.Eu puxei suavemente meu braço, olhando diretamente nos olhos dele, uma mistura de determinação e um leve temor refletindo nos meus próprios olhos.— Pesadelo, por favor. Eu não quero problemas. Me deixa em paz. — minha voz vacilou um pouco, nervosa, enquanto tentava transmitir minha firmeza.Ele respirou fundo, soltando um suspiro pesado. Seus olhos escuros buscavam desesperadamente os meus.— Só uma conversa. Eu preciso que você escute o que eu tenho para falar. — sua voz era baixa, carregada de emoção contida.Fiquei em silêncio por um momento, meu coração batendo descompassado. Apesar dos meus receios, algo no olhar de Pesadelo me fez hesitar.— Pesadelo...— Não me chama assim. Me chama só de Arthur, como antes. — ordenou, sua voz soando um pouco ríspida.Olhei para ele, um misto de confusão e hesitação em meus olhos.Pesadelo era como todos o conheciam,