A manhã estava quente e silenciosa na fazenda. Apenas ouvia-se som das ferramentas nos campos e os mugidos dos animais que sempre despertavam primeiro o pequeno Adriano. Adrian observava Rafael de longe, guiando um grupo de gado em direção ao estábulo. O homem parecia ser eficiente como havia dito na entrevista de trabalho, mas algo em sua postura incomodava Adrian. Desde que ele chegara, havia uma hesitação nos olhos de Rafael que não combinava com a confiança de um trabalhador experiente.Victória apareceu ao lado de Adrian, trazendo Adriano no colo e beijando o marido.— Ainda não confio nele, amor. Ele é bom demais para ser verdade. — disse ela, enquanto ajeitava o chapéu para proteger o filho do sol.Adrian suspirou, olhando fixamente para Rafael ao longe.— Eu também tenho minhas dúvidas princesa, mas precisamos de ajuda. Não podemos cuidar de tudo sozinhos. — Ele virou para Victória, o olhar firme. — Mas fique de olho nele. Se ele fizer algo fora do normal, quero saber imediat
Victória Alexia, uma jovem determinada, viu sua vida desmoronar após a perda de sua avó Lizarda, sua única família e companhia no modesto subúrbio de São Paulo. Enquanto trabalhava como manicure para sobreviver, nutria um sonho distante: ser uma bailarina renomada e espalhar sua arte pelo mundo. As lembranças dolorosas da partida da avó pareciam prendê-la um passado sombrio, marcado por tragédias. Seu pai, um traficante, faleceu em um assalto violento, e a mãe, Lea, tirou a própria vida quando Victória era apenas uma criança de dez anos. Mesmo diante de tanto sofrimento, a jovem tinha a esperança de um futuro mais brilhante através de sua paixão pela dança. Naquela tarde, Victória reuniu as últimas peças de roupa que restavam na casa de sua avó e decidiu doá-las, deixando para trás as lembranças que elas traziam de volta. Determinada a buscar novas oportunidades, seguiu para o centro da cidade para distribuir currículos. No caminho, sempre fazia uma parada em frente à mesma academia,
Dois meses passaram...Qa'id al-Havat estava diante de um dilema, manter uma de suas escravas sexuais vivas, era brincar com o perigo... Ele precisava se desfazer dela o mais rápido possível e seus comparsas o cobravam uma atitude dia a noite, como poderia dormir em paz? Estava arriscando muito a cada dia que ela respirasse nessa terra.As areias do tempo iam contra seu destino, Victória despertou naquela segunda-feira... Estava cansada de buscar uma saída para seu sofrimento e nunca aceitaria ser amante de um homem como aquele... Lutaria com as armas que conseguisse, para ter sua vida de volta.Victória estava cansada de implorar, sabia que suas palavras não faziam diferença para Qa'id al-Havat. Passou a fingir aceitar sua vida aprisionada, buscando conseguir regalias dele. Quando Qa'id veio pela manhã, seu olhar parecia perdido, observando-a de forma diferente.— Sei que meu tempo acaba aqui, não compreendo tudo que o senhor e seus homens dizem... Mas eu sempre soube que não me deix
Adrian, herdeiro de uma grande fortuna, é reconhecido como o solteiro mais desejado do país. Apesar de sua coragem, ele se vê diante do momento crucial de assumir as finanças da família. No entanto, seu espírito aventureiro o impede de aceitar essa responsabilidade imediata. Movido por uma ânsia insaciável por novas experiências, ele adia seu papel nos negócios familiares em busca de mulheres e emoções intensas.Num momento de tensão durante uma discussão com seu pai sobre seu futuro, Adrian é surpreendido por uma bela jovem que parece angustiada e fala de forma desconexa, demonstrando preocupação. Sua presença enigmática interrompe a atmosfera carregada da conversa, despertando a curiosidade e ele desliga a ligação, enfurecendo ainda mais seu pai... Ao fazê-lo desligar a ligação.— Eu sei que o senhor não pode me entender, leve-me daqui! Por favor... — pedia ela, entre palavras quase incompreensíveis por sua dicção apavorada.Ajoelhou-se diante dele, Adrian ficou constrangido e a seg
Apesar de desejar a presença de Victória, Adrian jantou e adormeceu após aquele dia exaustivo. A forma que aquele mistério tomava o pensamento dele o deixava inquieto, jamais experimentara esse sentimento.Ele tem um grande amigo, jovem de família abastada como ele, mas Ahmed sempre foi o mais centrado e já tinha esposa e dois filhos. Adrian queria compartilhar o encontro com aquela mulher e precisava dizer isso para alguém de confiança e que poderia ajudá-lo a ponderar a situação. Decidiu fazer uma chamada de vídeo para ele na manhã do dia seguinte.— Salam Aleikum. Como você está?— Wa Aleikum Salam. Estou bem, obrigado. — respondeu Ahmed.— Pensei que não atenderia minha ligação assim tão cedo!— As crianças não me deixariam dormir até mais tarde, já está em Ajman?Relutante, Adrian respondeu:— Não! E meu pai já deve estar sabendo disso, me procurando em todas as mansões do país!— Foge do casamento como se fosse o final da sua vida. Amigo, você não sabe que está morto até ter a s
Enquanto isso, os homens de confiança de Qa'id al-Havat seguiam buscando informações sobre o paradeiro dela. Ele precisava acompanhar a procura, mentiu para a família, enquanto seguia perdendo o sono de medo do que aconteceria se Victória chegasse a falar sobre ele. Naquele lugar onde quase todas as mulheres se cobriam com burcas e véus, seria como encontrar uma agulha no palheiro.Enquanto isso, Victória ouvia atentamente as orientações:— Adrian gosta de comida bem temperada, nunca tente inventar e siga as receitas!Dagmar permitiu que ela fizesse o jantar, simpatizou com a moça apesar de todos saberem pouco ao seu respeito. Ter alguém para dividir as tarefas domésticas era obviamente melhor do que fazer tudo sozinha... Como sua primeira missão, Victória preparou um risoto de cogumelos que era um dos pratos preferidos de Adrian.Após o preparo, ela subiu as escadas para tomar um banho e descansar... Ao entrar em seu quarto constatou aquelas sacolas sobre sua cama, sentou-se ao lado
Amanhece, Victória sente que a obrigatoriedade de cumprir sua palavra ao acompanhar Adrian aquela festa a incomodava. Temia ser vista e não poderia suportar ser transportada de volta ao seu cativeiro, queria a proteção desse jovem e apenas por isso se negava a recusar o pedido. Despertou bem cedo, abriu o guarda-roupa e pegou o vestido que pretendia usar na festa daquela noite. Era o modelo mais bonito entre os que Adrian a havia presenteado, apesar das circunstâncias algo dentro dela ansiava aquele momento. Talvez para se conhecerem melhor. — Deus não permita que aquele homem cruel me encontre! — Rogou Victória, colocando o vestido delicadamente sobre a cama. Dagmar bateu na porta, imediatamente ela abriu. — Já preparei o café da manhã. — Disse ela, sorrindo ao constatar que a moça já estava ansiosa para o anoitecer. — Eu apenas estava verificando se o vestido precisa de algum ajuste! — Adrian pediu que você se arrume adequadamente hoje. Já que vai acompanhá-lo em uma noitada de
Adrian e Victória seguiram de volta para casa, antes de chegarem, ele telefonou para Ahmed e avisou que não regressaria para a boate naquela noite. A jovem não entendia o que havia sido dito em árabe na ligação, mas sabia que havia estragado o encontro entre amigos. — Deixe-me em casa e volte para lá! — Ahmed pode aproveitar essa noite sozinho. A esposa dele telefonou também e ele deve estar indo para casa. — respondeu Adrian. — Faz muito tempo que o conhece? — Sua pergunta tem a ver com o motivo dessa fuga desesperada da boate Alexia? Vocês se conhecem? — ele freou bruscamente em um sinal vermelho. — Não, eu não o conheço. — respondeu ela, secando com leves batidas a maquiagem borrada pela chuva. — Então por que saiu correndo dessa forma? — Ele se parece com alguém que me fez mal no passado, foi apenas isso! Quando eu o encontrar novamente, pedirei desculpas. — Não se trata do que ele pensou, estou tentando te ajudar desde o primeiro momento... — Então continue a me ajudar