Otávio, devido ao cansaço pelas horas de preleção e pela estrada escura na qual seguia de volta para casa ainda de madrugada. Acompanhado pela esposa e a filha de apenas cinco anos, dormiu ao volante. E perdeu a direção e capotou o carro na alta estrada, ao dormir no volante por alguns segundos, saindo da estrada e caindo ribanceira abaixo. No grave acidente veio a óbito pai e filha, somente Sophia escapa com vida e é resgatada por outros motoristas que passavam pelo local e levada a um hospital próximo dali, porém inconsciente. Ao despertar do coma de dois dias estava alheia ao que teria acontecido com o esposo e a pequena Luciana. Familiares de Otávio e amigos próximos ao casal se fizeram presentes para confortá-la tão logo ficaram cientes do acidente, polícia pôde localizá-los pelos documentos pessoais das vítimas e agenda telefônica dos celulares.
Mantiveram segredo sobre a real situação por vários dias, apesar das constantes indagações dela sobre o estado de saúde da filha e do esposo, tudo no propósito de evitar um choque que comprometesse mais ainda sua debilidade física. Pois encontrava-se bastante enfermo, devido sérios ferimentos causados pelo acidente. Mas seria impossível manter sigilo sobre a verdade dos fatos por muito tempo, pois era notória a ausência deles e ela passou a indagar a razão daquele mistério todo.
Insistia em saber se seus familiares estavam bem ou teriam ficado seriamente feridos após o acidente. E sem mais desculpas foram obrigados a revelar a verdade sobre o ocorrido. E isso a abalou profundamente, era mais uma grande perda em sua vida. Mas, sempre forte como uma rocha diante das inúmeras provas pelas quais o destino decidia lhe submeter, depois de dias amargurada decidiu reerguer a cabeça e seguir em frente, trocando a tristeza por esperança.
Não admitia que tal tragédia lhe impedisse de caminhar em direção ao futuro como uma vencedora. Visitava constantemente os túmulos onde jazia os restos mortais dos maiores amores de sua vida, o homem mais amoroso que teve a chance de conhecer e amar. Com quem partilhou sonhos e alcançou muitas conquistas, entre elas a filha Luciana, fruto daquele relacionamento. Colocava flores ali, rosas vermelhas, como uma forma de declarar para sempre seu amor. Ambos foram sepultados em sua cidade natal, onde retomou a rotina de antes no convívio religioso e trabalhando no novo restaurante.
Desde a infância nunca soube de fato como era ser completamente realizada emocionalmente até conhecer Otávio, com quem havia se casado e se tornado mãe. Porém, coube ao cruel destino, mais uma vez, intrometer-se na sua história e desmantelar tudo. Agora, além de órfão era viúva, sozinha no mundo. A igreja da qual fazia parte era um tipo de irmandade, companheiros e sempre presente, mas jamais poderiam substituir uma verdadeira família.
A linda e jovem senhora agora estava novamente livre para viver novos amores, mas, decididamente escolheu permanecer sozinha em respeito ao luto prestado ao falecido esposo. Que pretendia ser por tempo indeterminado. Surgiram muitos pretendentes, bons partidos, entretanto nenhum que sequer fossem merecedores de seu triste coração, tão pouco ocupar o lugar de Otávio em sua solitária vida. Além disso, não se tratava apenas de ter perdido tragicamente o esposo e a filha naquele acidente fatal.
Mas, também, por ter deixado enterrado junto com eles qualquer chance de voltar a amar quem quer que fosse, até a si mesma. O tempo passou depressa e sem que percebesse completava o primeiro ano desde sua viuvez. E ali estava no único cemitério público da cidade, colocando novas rosas vermelhas sobre o túmulo daqueles que partiram sem que ela tivesse a chance de se despedir. Suas constantes visitas eram observadas de longe por Rodrigo. Um homem igualmente solitário, cuja trajetória de vida era em tudo semelhante ao que ela vivenciou num passado não muito distante.
Ele morava a poucos meses na cidade, mas era ciente dos boatos sobre o que aquela mulher passou. Principalmente após perder toda a família e ter se tornado solitária e alheia a uma nova oportunidade de ser feliz. Pensava e se aproximar, tentar despertar sua atenção, iniciar uma conversa e conquistar sua amizade, porém, percebia não ser uma tarefa fácil.
O olhar apagado, frio e distante daquela viúva deixava claro sua apatia por qualquer um que ousasse querer entrar no seu mundo particular e lhe impedir de permanecer presa aos seus devaneios. As recordações dos bons momentos vividos ao lado da família que construiu ao lado de Otávio era a única razão de ainda permanecer viva, sentia que se perdesse esse foco seria o seu fim. Olhava incansavelmente para trás, pois era no passado onde encontrava motivos para seguir em frente. Vivia acorrentada às lembranças e escravizada no trabalho, as duas formas de não encontrar tempo para chorar terrível sua perda, não havia espaço para mais nada, nem para viver um novo amor.
O bom de tudo era que aquela situação se resumia numa larga experiência. Tinha amadurecido bastante e se libertado das antigas amarras do pecado de sodomia, o homossexualismo havia deixado de fazer parte de sua existência, era uma nova criatura. Acreditando que ela permanecesse igual como no passado, pessoas do mesmo sexo com quem se envolveu antes de se converter ao cristianismo e casar-se, a procuraram. Mas ouviram de seus lábios duras palavras de repreensão.
A antiga Sophia deixou de existir juntamente com seus atos abomináveis de sodomia. Agora, como uma nova mulher e com seus antigos defeitos corrigidos, repudiava qualquer tipo de relacionamento que manchasse suas vestes espirituais. Que fosse abominável diante dos olhos do Deus que escolheu servir. No final de cada dia de trabalho se reunia com as irmãs na igreja para adorar o Criador e fugir da rotina.
Mas, ao retornar para casa via-se outra vez admirando com seu olhar apagado a moldura pendurada numa das quatro paredes azuis de seu quarto, de onde era possível voltar no tempo. E assim reviver, mesmo que fantasiando, tudo de bom que ficou para trás. A solidão era a única companhia permitida, pois permanecia em silêncio sem incomodá-la durante suas lembranças. Não queria ser atropelada enquanto andava por entre as encruzilhadas de suas boas recordações. Ninguém por perto para iniciar uma conversa, para dar qualquer atenção.
Ou que lhe obrigasse a ter que dar atenção e se desligar daquilo que somente seus pensamentos lhe permitiam ver, ouvir e sentir. Vivia perdida nas suas próprias imaginações, longe da realidade e apática ao que acontecia ao redor, ela morreu no dia daquele acidente junto com Otávio e Luciana. Apesar de seu corpo ter escapado ileso parecia ter se sucumbido. Era como se tivesse sido partido juntamente com os outros mortos.
Naquela mesma noite de domingo um novo membro foi apresentado à igreja, que passaria a fazer parte daquela comunidade evangélica. E contribuir com seus conhecimentos para a edificação de todos. O presidente compareceu pessoalmente para anuncia-lo, e relatou seu perfil em poucas palavras: "Desejo saudar a todos os nossos irmãos em Cristo. E, também, deixar claro minha intensa satisfação em vos apresentar o mais novo membro desta igreja. Que irá ser de grande valia na edificação do corpo do Senhor neste templo. Um homem digno, correto e de um conhecimento profundo das Sagradas Escrituras, como um mestre e doutor na teologia, é assim que posso definir o ilustre pastor Rodrigo Farias.
Sua trajetória no campo missionário tornou-se notório como fundador de diversos campos. Abrindo novas frentes de trabalho evangelísticos tanto no Brasil como no exterior. Foi a este homem dado a difícil missão de fundar a primeira igreja evangélica pentecostal em países onde até então o evangelho não havia chegado. Nem a salvação por meio do sacrifício feito através da cruz, pelo Filho de Deus, era conhecido.
E, hoje, tenho a honra de anunciar sua estadia conosco, desejando que todos possam igualmente se congratular com essa alegria. E recebe-lo como mais um herdeiro do reino. Para que juntos possamos seguir em frente, anunciando as Boas Novas e ganhando mais almas para Cristo, libertando-as do cárcere de satanás" Depois da apresentação e da calorosa recepção da igreja, o novo pastor dirige-se aos presentes e apresenta um sermão breve sobre uma parte das Escrituras.
Diretamente voltada a esperança dada pelo Senhor aos tristes e oprimidos, deixando claro que tudo contribui para o fim daqueles que o amam e guardam seus propósitos. Até mesmo as tragédias que em muitos casos caem sobre os fiéis. Aquela mensagem foi incrivelmente edificante. Despertou em Sophia o desejo de continuar frequentando regularmente os cultos para aprender mais com o novo pastor, que também assumiu o Departamento da Escola Bíblica Dominical.
E explicava com afinco a respeito da misericórdia do Altíssimo e sua pouco compreendida forma de nos amar. Aquela mensagem trouxe nova esperança a uma mulher que tinha perdido muito de sua fé na providência divina e a culpava por tantos infortúnios ocorridos em seu triste caminhar. Ao sair daquele maravilhoso culto naquela manhã de domingo, Sophia fez questão de ir ter com o recém-chegado pastor e lhe parabenizou pelas sábias palavras ditas na ministração.
Palavras que lhe despertaram maior confiança em Deus e paciência para aceitar suas decisões. E lhe deram forças para compreender que ele sabia o que fazer quanto ao futuro de cada um de seus filhos. Na mesma ocasião irmã Júlia, uma das ilustres líderes do grupo de senhoras da congregação aproveitou para dirigir-se ao obreiro e convidá-lo para participar de um almoço em sua residência, o que foi aceito:
— Obviamente que aceito seu convite, minha irmã, sendo um homem solteiro e sem uma esposa esperando-me em casa com uma refeição decente é o melhor que poderia me acontecer.
— Venha conosco, irmã Sophia, sua companhia muito nos alegraria
— Desculpe, minha irmã, mas tenho ainda muitos afazeres em casa
— Deixe disso minha irmã, afinal, o que uma mulher solteira e sem filhos como você teria tanto para fazer num domingo lindo como este que a impediria de ficar conosco por algumas horas? Venha, vamos todos nos reunir como uma verdadeira família que somos.
Foi de fato inevitável aceitar o convite, mas de imediato percebeu o verdadeiro interesse por trás daquele gesto aparentemente delicado de Júlia. Todos na pequena cidade eram conhecedores da tragédia que se abateu sobre sua vida e era de se esperar que quisessem o seu bem e procurariam tomar medidas extremas para ajudá-la a recomeçar, como incentivá-la a uma aproximação de Rodrigo, pois ambos eram sozinhos e solitários.
Mas, o plano precipitado das irmãs não daria certo, porque não podiam força-la a unir-se com um estranho com quem nada tinha a ver em afinidades. O almoço transcorreu naturalmente, em seguida despediram-se e o pastor insistiu em acompanha-la até sua residência. Mas nada do que conversaram naquela ocasião a persuadiu em mudar de ideia quanto a sua decisão de permanecer sozinha.
Ela seguia rua à fora, pensativa, usando um vestido longo que cobria todo o seu lindo corpo, cujas curvas não se desfizeram pela gravidez de Juliana, como acontece com a maioria das mulheres ao se tornarem mães. Havia ali uma obra em construção e alguns homens trabalhavam no feriado para adiantar a entrega, ao passar em frente descuidou-se e sem perceber quase é atingida por fragmentos de concretos que foram lançados casualmente na rua.
Ao ouvir o barulho dos escombros caindo e vendo-a desapercebida, um dos trabalhadores a puxou violentamente, lançando-a alguns passos distante de onde estaria e sem dúvida isso a livrou de ser atingida em cheio, porém, ainda assim sofreu algumas escoriações leves. Ele mesmo, contando com a ajuda de populares a levaram ao centro médico para avaliar seu estado físico e emocional. Decorrente do imenso susto sofrido. Sophia ficou impressionada com a atitude heroica de Pedro.
O pedreiro que a salvou de ser esmagada por uma parte daquela laje solta. Era um homem com porte físico avantajado, alto e com extrema beleza interior. Apesar do tipo de trabalho grosseiro que fazia demonstrou uma gentileza encantadora e preocupava-se com seu bem-estar. Olhou de relance para sua mão esquerda e não viu aliança que provasse ser ele casado ou comprometido. Então respirou aliviada e teve esperança de que pudessem se reencontrar num futuro bem próximo, num dia menos tumultuado e se conhecerem melhor.
Não era seu tipo ficar flertando com desconhecidos. Afinal, até aquele instante ainda permanecia decidida sequer pensar em viver um novo relacionamento. Inexplicavelmente ficou profundamente impressionada com aquele homem, era algo confuso e sem fundamento, mas aconteceu de repente. Não conseguia evitar de pensar nele e sentir vontades de voltar a vê-lo. Porém, ao conversar com outras mulheres da vizinhança soube que ele era casado e entristeceu ao perceber que seria impossível uma aproximação maior entre eles, apesar da forte atração que ambos demonstraram sentir um pelo outro.
Decidida, seguiu em sua caminhada sozinha e convivendo na comunhão junto a igreja cristã com quem se uniu ainda mais, depois do acidente fatal que resultou na morte de sua família. Não foi possível qualquer forma de relacionamento com o novo pastor, como muitos imaginaram que acontecesse, ele não despertou nela qualquer interesse, além da admiração por ser ele um excelente pregador do evangelho. Seus dois novos restaurantes voltaram a funcionar com toda pompa.
Passava todo seu tempo na administração dos mesmos e, nas horas vagas, no templo. Porém, chegou um momento decisivo, em que percebeu precisar de alguém para ajudá-la naquele árduo ofício. Foi então que decidiu colocar um anúncio nos jornais da capital a procura de um Chef de cozinha para atuar a seu lado.
E de imediato recebeu vários currículos, mas apenas um lhe chamou a atenção. O nome da candidata era Vera Lúcia, trazia incluso várias recomendações de pessoas importantes, que se diziam admiradores dos dotes culinários da mesma. Segundo a informação recebida, ela teria sido aprovada em grandes restaurantes da capital. Na realidade, tudo não passava de recomendações feitas pelas pessoas que tentavam reintegrar Vera Lúcia na sociedade, a elogiavam com o objetivo de poder ajudá-la a ser aprovada no novo emprego, e de fato deu certo. Mas, sua história não era um conto de fadas, seu caminho trilhado até ali foi trágico e cheio de muita dor, decepção e crimes. Ela era naquele momentouma mulher triste e desiludida no amor, encontrava-se solitária no escuro de seu quarto, escondendo-se do mundo lá fora e evitando quem se divertia com rumores a seu respeito. Durante toda sua juventude viveu muitos casos, porém nunca havia entregado seu coração a ninguém, agora sofria o desprez
No quarto pintado de branco, onde as recordações de Luís lhe eram visíveis e a incomodavam, fez algumas mudanças. Tudo para ver se assim espantava a assombração da saudade que a torturavam a todo instante que ali se encontrava. Mesmo assim de nada adiantou mudar a cor das paredes, os móveis e trocar os lençóis da cama, até mesmo passar a usar perfumes diferentes. Parecia que o cheiro dele estava presente em sua pele e não havia como parar de respira-lo e sentir o seu sabor gostoso. Ao deitar-se para dormir, imaginava todos os momentos maravilhosos que conviveram juntos naquele lugar e das sacanagens praticadas naquela cama. Sob a luz que lhes permitia ver cada detalhe de sua nudez e ao lembrar claramente das loucuras que fizeram ela se excitava e a masturbação era a única solução. Uma mulher que antes abusava dos homens que rastejavam a seus pés agora buscava prazer com as próprias mãos. Claro que se ela quisesse teria dezenas de candidatos disponíveis para
Vera Lúcia logo percebeu o cinismo da moça que agora na fase adulta parecia mais linda do que antes, sem falar que estava gostosa a contento. Luís não perdeu tempo e passou um raio x nos seios ainda durinhos da bela mulher e quase vitrificou o olhar na bunda carnuda que um dia enfiou seu cacete até bater no saco e ficou extremamente excitado. Ela seguiu pelo corredor do shopping e ao caminhar olhava para trás, como se o chamasse para um encontro numa das dependências do lugar. E ele, compreendendo o chamado cuidou em criar situações que lhe permitisse escapar por um tempo de Vera, por mais curto que fosse, para pelo menos dar o número de seu celular para aquela de quem nunca conseguiu esquecer. Mesmo sendo ela a responsável por toda a lama moral que um dia foi lançada sobre ele, a culpada pelo amargo sofrimento e a vergonha que viveu, nem por tudo isso foi capaz de esquecê-la ou apagar suas lembranças. E ela sabia disso ao ponto de se insinuar novam
Passaram meses e os encontros dos dois infiéis aconteciam sempre pelas madrugadas, quando a vizinhança se recolhia e Vera dormia a base de sonífero colocado propositadamente por seu maridonum copo de suco durante o jantar. Devido beber tanto esta droga a mulher andava apresentando um sério quadro de problemas, entre eles a sonolência constante. O casal já não fazia mais sexo como antes, somente quando ele bem entendia que fizessem. Era na amante que ele buscava constantemente sua realização sexual, praticando todo tipo de sodomia e atos do mais baixo nível, tudo em nome do prazer. O ruim da sodomia é que ela vicia quem dela faz uso e se torna constante em suas vidas. Quanto mais se pratica, mais se quer fazer, e cada vez pior. E este mal dominou Márcia que quanto mais inclinada moralmente, mais sentia a necessidade de se prostituir e cometer todas as promiscuidades que pudessem estar ao seu alcance. Chegou uma época em que apenas a sodomia feita
Voltou a viver em liberdade e teve o apoio necessário para conseguir de imediato um emprego num dos mais importantes restaurantes da cidade, onde passou a atuar como Chef de cozinha, conquistando rapidamente uma imensa clientela e a admiração de sua patroa, Sophia, com quem criou um forte vínculo, tornando-se uma grande confidente e amiga. Quando se conheceram, estavam tentando recomeçar suas vidas depois de fracassarem inúmeras vezes no amor, eram duas derrotadas no plano sentimental. Tanto uma como a outra haviam tentado encontrar a felicidade até mesmo ao lado de pessoas do mesmo sexo, mas deu em nada. E após revelarem este segredo uma para a outra se identificaram como almas gêmeas. Sophia havia abandonado a homossexualidade e dedicou-se a religião, Vera um dia viveu um relacionamento desse tipo, ao lado de outra mulher, mas abandonou ao casar-se com Luís Guilherme, no entanto tudo resultou em vergonha e humilhação. Parecia que restava apenas uma forte amizade para ser v
Seu nome era Sophia, nasceu numa cidade miserável do Nordeste, filha de uma mãe que ganhava a vida na prostituição e um pai que se matava no boteco da esquina, bebendo cachaça com uma turma de alcoólatras iguais a ele. Seus dois irmãos mais velhos não queriam nada na vida, apenas fumar maconha e fazer assaltos na vizinhança. Já tinham sido ameaçados de morte diversas vezes, porém nenhum dos que os ameaçaram foram machos o suficiente para executar o prometido. Desde cedo aprendeu a não pensar no amor e na paixão, sua mãe dizia que isso era sentimento de gente fraca, quem se apaixonava só fazia tolices e servia de otário para os outros. Solta pelas ruas, fazia amizades com todo tipo de gente, mas sabia diferenciar os bons dos maus e dessa forma nunca deixou que o pior lhe acontecesse. Às vezes dormia no velho barraco feito de barro pisado com pedras. Coberto com palhas de palmeiras, em outras ocasiões pelas casas da vizinhança ou até mesmo pelos bancos das praças.<
Aconteceu que aos poucos. Sofia passou a implicar com o namoro da amiga, dizendo que o rapaz não era o homemideal para ela e isso foi, lentamente, enfraquecendo a relação dos dois e por fim separaram-se. Ambas sozinhas e carentes, começaram a ter desejos uma pela outra, o que antes já era o propósito de Sophia. Que mesmo sem entender direito os próprios sentimentos, desejava ardentemente a melhor amiga. Mas, temia revelar a ela o que estava sentindo, sequer podia imaginar que a parceira sentisse o mesmo todas as vezes que dormiam abraçadas. Virou rotina esse negócio de uma ir passar a noite na casa da outra, chegavam tarde da faculdade e iam direto para o quarto, o pai de Luzia passou a desconfiar que havia algo errado, antes parecia ser somente uma grande amizade, mas agora se complicou com esse negócio de ficarem sem um namorado e dormindo juntas na mesma cama, como se fossem um casal normal, mas a mãe defendia a feminilidade da filha: — Me admiro
A situação inverteu e agora era Luzia que sentia queimar dentro dela o ardor do ciúme, além da vergonha de ser desmascarada diante de das provas que não deixavam qualquer dúvida quanto a suas ações infames contra a companheira, que se dedicou tanto para preservar o relacionamento oriundo de uma amizade sincera, mas que terminava ali, naquele exato momento, e de forma constrangedora. Ao ouvir de Sophia que tinha passado a noite no mesmo local onde ela a vários meses encontrava-se com o amante e que teria sido ao lado de um amigo, quase morre de raiva. Desejou descobrir de quem se tratava para tomar satisfações, pois o canalha estaria saindo com sua mulher. Eram casadas, as coisas não poderiam simplesmente acontecer assim. Era de fato verdade o que ela analisava, mas teria antes que refletir nas atitudes que tomou contra sua companheira até poucos meses atrás, quando ela rastejava como um pobre diabo. Desejosa de pelo menos uma migalha de atenção e era tratada como uma i