Bianca Collins
— Eles devem estar do outro lado, Angelina. — Digo para minha parceira e irmã.
Olhávamos a movimentação em um velho hangar aeronáutico, de longe camufladas no meio da neve que caia sem parar, avistávamos que a inteligência da SISU estava certa, eles estavam vendendo armas, faltava apenas saber quem eram eles.
Minha irmã é a oficial superior nessa missão, ela decide se arrastar no meio da neve e tentar fazer um melhor reconhecimento, não tínhamos ordens de interferir nas negociações, apenas deveríamos investigar quem são os responsáveis pela venda e a compra desse carregamento.
Nossa missão era apenas reconhecimento, mas se depender de Angelina, ela vai acabar entregando o carregamento para o nosso comando, um diretor da SISU que não me passa tanta confiança assim. Com a visão noturna monitoro os principais alvos que poderiam ver a minha irmã se aproximando deles se prestassem um pouco mais de atenção.
Por mais que sejamos altamente treinadas desde a infância quando fomos recrutadas em um orfanato da Sicília. Estou em pânico que algo aconteça a minha única parente, sei que não devemos demonstrar qualquer tipo de emoção em uma missão. Mas minha irmã é meu ponto fraco, sem ela desmorono e estaria sem chão.
— Angel, alvo se aproximando pela sua esquerda. — Digo em meu comunicador.
Sinto uma aflição ao notar que um homem em um casaco pesado de frio estava a menos de cinquenta metros de minha irmã.
“Se esconda”
Ouço o comunicador ficando no mudo, mantenho os olhos atentos a cena que se desenrolava a dada distância, minha irmã coberta com um pouco de neve atrás de um pequeno arbusto, observo o homem abrir o zíper e mirar no arbusto para mijar, saco a minha pistola e o silenciador, miro em sua cabeça caso seja necessário proteger a minha irmã.
Minha respiração se acelera observando enquanto ele olhava com desconfiança para o monte de neve que cobria o corpo de minha irmã, respiro fundo quando a atenção daquele homem muda e ele olha na direção oposta. Surge outro idiota do hangar e se aproxima.
Não consigo ouvir o que eles estavam falando, mas relaxo ao perceber que ele começavam a se afastar.
Deito a cabeça na neve e respiro aliviada, minha irmã estava segura.
Mas o som oco, me assusta e vejo a fumaça saindo do cano da pistola, observo o corpo inerte no meio da neve, a raiva e o desespero começam a me assolar, sinto o desejo ardente de ir até onde estavam e matar cada um por matarem a minha irmã.
Não posso deixar a dor de ver Angel sem vida tumultuar a minha mente, preciso sair daqui antes que seja pega e morta, tenho que levar as informações para nossos superiores. Pelo binóculo via que eles estava olhando para todos os lados procurando mais alguém, por sorte eles não olharam em minha direção.
Pela movimentação deles e direção ao hangar deveriam estar saindo dali, não consigo ter uma visão boa do assassino de Angel, mas tenho certeza que o encontrarei e o matarei sem piedade.
— Te prometo Angel. — Digo olhando para o seu corpo sem vida no meio da poça de sangue que manchava a neve.
Era apenas mais uma missão para a Sisu, mas ao retornar para a Escócia, onde fica um pequeno anexo da verdadeira identidade da SISU e me apresentar aos nossos superiores, houve divergências nas informações que coletamos e o que eles haviam criptografado. Houve desconfiança e muitos questionamentos sobre as motivações de minha irmã se aproximar dos alvos. Já que aquela não era a nossa missão.
— Precisa se apresentar em Moscou, senhor Saveli exigiu a sua presença. — Meu superior diz me olhando com desdém.
Via no olhar de cada um deles dentro daquela sala de interrogatório que não acreditavam em nada do que havia dito. Então o pensamento que Angel sempre externou veio em minha mente enquanto entregava as minhas credenciais.
“Serviremos apenas até quando formos convenientes a eles, depois seremos descartadas como lixo que precisa ser destruído”
Recordo e entrego a minha pistola para o superior que tinha ar de deboche, o que me deixou ainda mais intrigada com tudo aquilo.
Sabia que assim que colocasse meus pés para fora daquele prédio seria um alvo. Que me caçaram por ter me aproximado de algo que não deveria, a sensação que tenho é que meus superiores sabiam muito bem o que estava acontecendo na Rússia naquela noite.
E para a minha tristeza, minha irmã quis mostrar o porquê ela era muito competente e sempre era a escolhida para as várias missões que fazia. Angela queria entregar bons resultados para o comando, infelizmente ela perdeu a sua vida com isso.
Sair daquele prédio foi praticamente um prelúdio do que seria a minha vida se não colocasse em prática tudo o que aprendi com eles nos vinte anos que vivo nos muros da SISU sendo treinada para ser uma arma mortal.
Assim que escapo de um atropelamento, deixo o nome Bianca Collins para trás, com a ajuda de um amigo que ajudei algum tempo e me tornei Laura Miller, uma mulher desempregada fugindo de um ex-companheiro violento.
Foram várias tentativas de me matar e por destreza e sagacidade consegui escapar de todos os que me perseguiram.
“Laura consegui uma informação para você!”
Um dos meus informantes mais confiável ligou para o telefone descartável que tinha.
— Diga! — Falo olhando para a paisagem em Bruxelas.
A neve caia salpicando o chão deixando um ar romântico pela cidade.
“Encontrei uma informação sobre um possível comprador daquela noite”
Ele diz e me afasto da janela para prestar atenção ao que ele falava.
“Verona, Itália, peguei apenas isso, mas acho que seja o Don daquela região que estava lá naquela noite”
— Obrigado Jon, fico te devendo essa!
O telefone é desligado tão rápido quanto jogo o que estava em minha mão no chão e o destruo para evitar que seja encontrada. Tenho uma ideia em mente, chegou a hora de enfrentar aqueles que estavam no hangar naquela noite.
Não sei ainda, do que me aproximei, mas descobrirei e vigarei a morte de minha irmã.
Laura Miller— Sinto muito, você não tem qualificação para nenhuma de nossas vagas. — A recrutadora diz com meu curriculum em suas mãos.Mais uma vez não consigo um emprego sequer para me aproximar. Estou começando a ficar frustrada por não conseguir o que desejo.Assim que consegui sair da Escócia fui perseguida por vários lugares, precisei trocar de nome e vida. Estava começando a ficar sem muitas opções, o dinheiro que tinha ainda comigo já estava acabando e se não conseguisse nada logo, precisaria a recorrer a meios que não desejava.Não quero ser uma mercenária, mesmo que deseje o coração daquele filha da puta com o casaco azul. Engulo a irritação pela negativa da mulher a minha frente, com o desejo de enfiar a minha mão em sua cara e deixar claro o quão sou capacitada para trabalhar no que for que ela tiver separado para aquela seleção.Continuo irritada com os pensamentos circulando a cada treino que precisei suportar, para vir uma mulherzinha e me dizer que me falta capacitaçã
Laura MillerAssim que fico sozinha com o pequeno traquina, me sinto perdida naquela cozinha enorme, não faço ideia do que fazer para ele e nem onde posso encontrar algo para preparar. O menino olha para mim esperando que resolva fazer algo para lanchar.Respiro fundo tentando ser prática no que posso fazer para ele, acho que parecia aos olhos dele, como se fosse uma mulher idiota. Meus olhos se fixam no menino que deve estar nesse momento se duvidando se deveria ter mesmo me trago para sua casa.Afasto da mesa e começo a vascular o que há na geladeira, já havia visto uma cesta com pães sobre o balcão, talvez na geladeira haja algo para colocar entre os pães e um pouco de suco. Graças a Deus estou com sorte e havia queijo e presunto, arrumo um sanduíche para Vittorio e coloco um copo de suco a sua frente.— Acha que precisa de mim aqui ou posso ir conversar com seu pai? — Pergunto receosa.Esse menino já aprontou tanto com todas as babás, por que ele não aprontava alguma coisa comigo?
Vittorio RomanoPosso ser apenas uma criança, mas ser filho de meu pai, é triste…Não suporto ter que passar por tudo o que tenho que ver.Sei que ele me ama e que apenas está me treinando para não acontecer comigo o que aconteceu com a minha mãe. Tem quase dois anos que a nossa outra casa foi invadida por homens maus, por pouco não me machucaram, mas a minha mãe não teve a mesma sorte.Meu tio Enrico me protegeu como pôde e por pouco ele também não se foi. Por isso hoje moramos na cidade e não mais na fazenda de uvas. Amo aquele lugar e faço de tudo para que papá nos leve de volta.Estar longe de nossa casa de campo estar começando a me fazer perder as lembranças de minha mãe, já que essa casa ela esteve poucas vezes.Ver todas as minhas babás querendo se exibir para o meu pai é algo que não suporto. Elas estão sempre me maltratando pelas costas de meu pai e tio, já tentei falar com eles, mas como nunca prestam atenção em mim, acabei me especializando em colocá-las para correr.E com
Laura Miller Assim que saímos do escritório, Enrico me leva para conhecer a mansão, minha intenção era poder limpar a bagunça que provavelmente Vittorio deve ter deixado para trás. — Não precisa, as empregadas vão cuidar disso! — Ele exclama e me leva para o andar de cima. A mansão tinha uma configuração estranha, as escadas levavam para dois corredores distintos, no topo da escada espero por Enrico para me guiar pelo caminho certo. — A esquerda são o meu quarto e o de Steffano, ao lado direito está o de Vittorio, o seu é o quarto ao lado do dele. — Diz e olho na direção onde devo seguir. Meus sentidos estão todos em alerta, já que imagino que eles sejam os rivais da família Giorgio, uma máfia antiga. Pelo que pesquisei antes de vir até aqui, sei que eles estão lutando pelo poder de comandar o crime em Verona e adjacências. Sei que uma das duas famílias estão envolvidos com a morte de Angelina, preciso descobrir qual delas foi a responsável por aperta o gatilho e retirar a vida
Steffano RomanoLaura é uma linda mulher, o choque que recebi assim que passei pelas portas da cozinha e a vi em pé com Vittorio a sua frente com entusiasmo, chamou minha atenção. Não apenas por ela ser uma linda negra de cabelos afros, lábios cheios e um rosto afilado.Mas, porque meu filho estava realmente tranquilo ali com ela e isso é algo que faz algum tempo que não víamos. Vittorio vem causando traquinagem desde que comecei a contratar babás para ele e agora sei o motivo dele relutar tanto.Jamais colocaria outra mulher dentro de minha casa sem que agradasse ao meu filho, afinal ele é o que mais precisa de carinho e atenção. E realmente ele está certo, várias das mulheres que passaram por nossa casa tentaram alguma coisa ou comigo, ou com Enrico.Mas para o azar delas, nos satisfazemos no bordel que mantenho. Nada melhor que lavar dinheiro em um puteiro e o meu só perde para o Moulin Rouge. Deixamos meu filho na escola e percebo o quanto ele parece empolgado com Laura, acho que
Laura MillerSaio do escritório de Steffano com o cartão pesando quase dez quilos. A sensação de que ele esteja fazendo isso apenas para me sentir agradecida e vá para a cama com ele com mais facilidade.Mas ele não me conhece e quando me conhecer provavelmente será quando tirarei sangue dele, por tirar de mim uma parte do meu coração, a melhor parte de mim.Olho para a secretária que me lança um sorriso de pena, talvez por achar que não darei conta do pequeno menino que me abraçou e beijou em um momento que estava tão feliz que nem deve ter se tocado com o gesto que fez.Vittorio é um menininho lindo, seus olhos claros serão um charme e tanto nele quando alcançar a idade para suas conquistas e sabendo como funciona a vida de seu pai ele provavelmente terá que casar com uma mulher sem ser por amor, apenas para unificar e aumentar.— O motorista a aguarda no subsolo! — A secretária diz com o mesmo sorriso.Retribuo o sorriso e caminho em direção ao elevador que havia acabado de se abri
Steffano Romano Ir para casa deveria ser tranquilo, mas para piorar ainda mais a minha irritação depois daquela foda, descubro que Laura desceu do carro e foi até a escola de Vittorio sem segurança. Isso jamais deveria ter acontecido, não me importa que algo tenha acontecido e a hora da saída dele estava se aproximando. Preciso que Laura esteja em segurança e nem sei porque preciso tanto disso. Entro na garagem e já via Tommaso e os outros dois seguranças ali em prontidão, eles sabiam que a vida deles estavam por um fio, deixaram que meu filho e a sua bendita babá corressem algum perigo. Sai do carro feito um raio, Enrico corre e tenta me segurar, mas me esquivei dele que já havia percebido minha irritação, apenas não conseguia dizer a ele e nem explicar a mim mesmo porque toda essa irritação, afinal quantas vezes as babás se atrasaram para buscar o meu filho na escola. — Senhor, desculpa, mas a senhorita foi saindo do car… — O acerto no meio da cara. Estava furioso, não fui pie
Laura MillerSinto um certo remorso ao olhar para Tommaso e o ver tão machucado como ele estava. No fundo, sinto raiva do idiota que nem sequer se preocupou com o fato do único filho se sentir esquecido!Me questionei isso desde que entrei na cozinha e vi o pobre homem todo machucado. Para meu desgosto, olho para Steffano Romano que entra na cozinha e vejo o quanto estava alcoolizado, provavelmente deve ter bebido muito mais que suporta.Se não fosse toda a investigação que preciso fazer, com certeza tiraria uma casquinha desse pedaço de mal caminho. Sinto um pulsar dentro de mim que implora que ele arranque a minha roupa e me foda forte como imagino que ele deva fazer.O homem é bonito e sabe muito bem usar o charme dele até mesmo quando não percebe, ele estava com a camisa para fora da calça o que me deixou cheia de ideias. Já que hoje pela manhã aquela calça de alfaiataria deixou muito o que pensar.Deixo todos lá e subo para a sala de cinema que fica no final do corredor. Entro no