Extasiada de emoção, começo a me preparar para o meu grande dia, que aliás, iniciou muito bem. Pedro coloca um terno finíssimo, sapatos elegantes e eu o acompanho no padrão.— Espere! — Ele fala quando começo a colocar os acessórios.— Não gosta desse? — Pergunto sem jeito devolvendo a peça para a caixinha de veludo na penteadeira.— Este é lindo, mas minha mãe te mandou este em homenagem a este grande dia, meu pai dei-lhe de presente quando ela abriu sua primeira loja. — Pedro anuncia exibindo um porta jóias aveludado.As peças em minha frente são extremamente lindas, ornadas em ouro branco e pedras azuis, designer único, além do preço que deve ser absurdo, o valor sentimental torna esse kit ainda mais especial.— Não posso aceitar, olha isso, são lindas! — Digo realmente admirada — E caras, não posso!— Já tivemos essa conversa, mamãe não vai aceitar uma desfeita dessas com bons olhos! — Ele fala me puxando com delicadeza para perto dele e virando-me para por o cordão em meu pescoço
Minha visão esta turva, em um estalar de dedos o mundo se encolheu ao desespero que sinto. Grito em alto, aflita e desorientada, o timbre faz com que o Lucas levante a cabeça assustado.Nunca senti tanto ódio dele como nesse momento, tudo o que ele me fez no passado não se compara a dor de ver o Pedro envolto a uma poça de sangue.Em um lapso de coragem, corro até a arma que está caída próximo ao Pedro, fixo meu olhar no Lucas com ódio nos olhos, um filme corre em meus pensamentos, relembro o quanto ele me infernizou todos esses anos.Ao ver que não estou brincando, Lucas se levanta e começa a dar passos para trás sem tirar sua atenção de mim, aponto a arma em sua direção decidida a acabar de uma vez por todas com todo esse sofrimento.— Thamires, não faça isso meu amor! — Pedro fala com dificuldade.Perco o foco no Lucas e volto toda a minha atenção para o Pedro que está tentando se levantar.— Fica quietinho você não pode se mexer. — Aconselho desesperada — Vou ligar para a emerg
Não penso duas vezes em descer pelas escadas, em meu peito o coração até erra as batidas de tanto pavor que estou sentindo, ainda que o ambiente seja climatizado, meu corpo transpira incessante.Tavares corre ao meu lado, ele não percebeu o que esta acontecendo, mas certamente está confinado no meu instinto.— Thamires! — Ele grita enquanto desce os degraus correndo.— Não tenho temp de explicar agora, só me acompanha! — Grito de volta, desço o mais rápido que consigo.Chegamos, a porta do elevador está aberta, as pessoas estão entrando e tento ver onde estão, mas não consigo, fracasso novamente.Com o corpo desacelerado, os nervos começam a tremer e uma fraqueza toma conta de todo o meu corpo me fazendo soar frio.— Deus, não tira de mim a única coisa boa da minha vida! — Suplico em voz alta com lágrimas descendo pelo rostoTento mover-me, correr em alguma direção ou mesmo falar algo, mas permaneço estática, com o olhar perdido no nada e a mente turva."Reage Thamires!” Grito interna
O tempo era de lua de mel, amor, paixão e muita alegria, mas transformou-se em dor, sofrimento, medo, angústia e traumas, incrível como mesmo após morto o Lucas ainda conseguiu atormentar-me.Oito meses de terapias, não só Lara mim como para o Pedro e as crianças, foram tantas as sequelas, além do físico, o emocional também foi dilacerado pela maldade.Meses que se tornaram infindáveis, praticamente moramos na clínica, não o bastante ainda vieram os problemas judiciais, um tempo difícil para todos.Por muitas vezes fraquejei, quis desistir de mim, desistir de tudo, da vida! Eu sou uma abençoada por Deus, meu marido ainda que debilitado me deu todo apoio que precisei, não só ele como tod sua família.O fardo é grande, mas aos poucos me recuperei, saber que o preço da minha liberdade foi a morte do Lucas deixou-me mal, contudo adaptei-me e aceitei, se alguém devia morrer para o outro viver, que fosse ele.Não era assim que eu desejava o futuro Lara o pai dos meus filhos, não era assim
Os dias se tornaram leves, estamos voltando a rotina de antes, já não tenho medo de sair na rua e as crianças transitam normalmente na escola.Os planos seria retomar o trabalho normal, mas Pedro decidiu que merecemos uma segunda lua de mel para "recomeçar do jeito certo" — Sem destinos internacionais, pelo amor de Deus! — Suplico abraçando-o.— Que tal Foz do Iguaçu? — Ele sugere e me dá um "beijo de esquimó".— Perfeito! E quando vamos? — Pergunto olhando-o nos olhos.Como ele é a imprevisão em pessoa, marcamos a viagem para a manhã do dia seguinte, cinco dias de passeio para revigorar energia e realinhar nossas almas.O roteiro é incrível, passeamos por vários pontos turísticos e posso garantir que as trilhas só não me mataram porque estou em uma fase bem atlética da minha vida.Entre um perrengue de turista e outro, Pedro ria dos meus desarranjos, nos jantares me trata como uma verdadeira princesa e na cama me surpreende cada vez mais.Tal qual nossa primeira viagem, aproveitamo
Pedro pega o telefone na minha mão e relê o conteúdo da mensagem em voz alta para ter certeza do que estamos lendo.— Oi! Gostosa, tá de boa? Aqui é o seu safadinho querendo gozar! — Pedro fala e olha-me confuso. — Que isso Thamires? — Ele pergunta e eu olho perplexa.— Não faço ideia! Eu nunca vi esse número e nem dei liberdade para que alguém fale assim comigo. — Explico-me já entrando em pânico.Por uma fração de segundo esqueci que o Pedro é completamente diferente do Lucas, mas logo ele me abraçou beijando meu cabelo.Levantamos voo e eu não consegui descansar absolutamente nada, minha mente ficou girando em torno daquela mensagem infeliz, esse número é novo poucas pessoas o tem, onde pegaram? Qual a finalidade disso? Quem mandou? Quem está por trás disso? Abano esses pensamentos e me concentro no presente.Desembarcamos e seguimos direto para casa, estamos morrendo de saudades das crianças, ela também devem estar ansiosas com o nosso retorno.Em casa corremos para um grande abra
Terminamos de jantar e eu coloco as crianças para dormir, corro até o escritório onde o Pedro já está me aguardando, suspiro ao vê-lo sentado com o PC aberto.— E então, o que há de tão misterioso que você saiu daquela forma? — Pergunto me juntando a ele de fronte a tela.— Fui falar com o Tavares, ele tem um amigo que cruza os dados para chegar a origem da chamada, ele ficou de passar as coordenadas por volta das 21:00h. — Pedro explica e eu fico ainda mais ansiosa.— Ele vai ligar? — Pergunto ainda confusa.— Não, ele vai compartilhar a tela comigo e então poderemos ver a origem desses contatos. — Ele explica e eu concentro-me.— Ótimo! — Afirmo e Pedro coloca-me sentada no seu colo.Olho o horário no canto inferior da tela e ainda falta algum tempo até o horário marcado, estou muito ansiosa e preciso canalizar essa energia antes que ela comece a fazer-me mal.Brinco num rebolado nas pernas do Pedro que corresponde colocando as mãos na minha cintura e encaixando-me no seu colo de fo
Entro em estado de choque, Pedro está transtornado e profere ameaças ao vento, ele nem sequer notou que estou acordada observando o que está se passando, as lágrimas molham o meu rosto e eu fico em posição fetal por alguns minutos.— Meu amor, você está acordada? Te assustei? — Pedro pergunta após alguns minutos — Perdoa-me! — Ele diz me puxando para o seu colo.Balanço a cabeça em silêncio e aconchego-me nos seus braços, por mais que eu tente não consigo falar nada. Ficamos assim até que eu finalmente acalmo e podemos conversar.— Está tudo bem, já passou! — Afirmo me ajeitando para dormir novamente.— Você está bem mesmo? Eu não quis assustar-te, eu sei que você não tem culpa, mas esse povo está ultrapassando limites e eu não tenho sangue de barata. — Ele explica com carinho.Por sorte o sono abraça-me de tal forma que nem vejo o restante da noite passar, descemos eu e o Pedro para tomar café, crianças já estão a mesa prontas para irem para a escola.— Querida, vou atender uma ligaç