Logan
Tempos antes Desgraçados!!! Como isso foi acontecer? Estávamos indo para casa tranquilamente, depois de uma reunião com os membros do conselho, até que fomos surpreendidos por um comboio que já chegou atirando. Meu pai e irmão estavam no carro à minha frente, enquanto eu e outros três seguíamos atrás. Antes deles, havia outro veículo com guardas que nos protegeriam, mas parece que a nossa tática não funcionou. Estávamos presos em uma ponte vazia, tarde da noite, sendo alvejados como se fôssemos sacos de merda. Eu sabia quem era o responsável por isso: Joseph Gonçalves, nosso inimigo declarado. Ele queria nos derrubar, a todo custo, para poder ter a cidade toda para si. Olhei ao redor, em meio ao caos. Só as luzes dos postes estavam acesas. Busquei pelo meu irmão, que estava escondido atrás de um dos carros, atirando contra os inimigos, assim como os nossos homens, que tentavam nos proteger. Eu, com uma pistola na mão, preparava-me para correr para o automóvel da frente, querendo saber como estava o meu pai. A porta, do lado em que ele estava sentado, estava aberta, e isso era um alerta, pois ele não tinha saído. Por mais que os carros fossem à prova de balas, poderiam tê-lo atingido pela janela meio aberta. Acreditando que o melhor seria eu seguir pelo lado oposto, corri até lá e constatei o pior. — PAI!!! — Olhei para o seu peito e o vi todo ensanguentado. Um pânico passou pelas minhas veias, mas o som da sua voz me trouxe de volta à realidade. — Logan, saia daqui — ele ordenou, quase sem forças. — Saia! Olhei para os lados e para trás e vi Elijah, que se protegia atrás do carro enquanto atirava contra um inimigo não muito distante dali. — Vamos. — Ignorei a sua ordem. Por sorte, ele já estava no banco do carona, onde levou os tiros. Apenas o ajustei no lugar para fechar a porta. — Garoto idiota — ele murmurou. — Me deixe e se salve. — O senhor sabe que isso não vai acontecer. — Então, vai morrer. — Pelo menos não terei sido um covarde traidor. Apesar de ser quem era, eu era fiel à minha família e amigos. Nunca deixaria que um deles morresse em minha frente sem que eu pudesse fazer algo para evitar. Meu pai não era o melhor do mundo, entretanto, tinha o meu sangue, e eu não iria deixá-lo morrer ali. Por isso, fechei a porta blindada, dei a volta no veículo e fui para o lado do motorista. Antes de partir dali, olhei para o meu irmão, que parecia estar confortável. Quem estava do outro lado do confronto estava perdendo as forças. Liguei o motor e saí disparado para um lugar onde eu sabia que receberia ajuda. Olhei pelo para-brisas e vi meu pai desacordado. Seu sangue se acumulava no banco. Dirigi o mais rápido que pude pelas ruas de Nova Iorque. No meio do caminho, encontrei alguns carros de polícia, que se deslocavam para o local do confronto, e rezei para que Elijah estivesse com tudo sob controle e já tivesse saído de lá. Embates entre gangues aconteciam a todo momento. Os postos policiais estavam fervorosos, e eu, como filho do chefe de um dos cartéis de drogas mais ativos e perigosos da cidade, evitava tais conflitos. Todavia, parecia que os nossos inimigos, esperando nos prejudicar, tentavam, a todo custo, nos puxar para dentro do caos, alertando as autoridades. Como se eles já não estivessem na nossa cola. *** Já fazia, no mínimo, três horas que meu pai tinha entrado no bloco cirúrgico, desacordado, e eu não tinha informação alguma. Aquele lugar era financiado pelo nosso grupo, e o meu pai era um velho amigo do chefe dali, então eles não fizeram muitas perguntas sobre o ocorrido. Meu nervosismo aumentava a cada segundo. Quando chegamos ao local, ele estava desacordado e tinha perdido muito sangue. Ao olhar para o meu corpo e roupas, eu conseguia ver os vestígios daquela noite, que, para mim, foi uma tortura. O hospital era pequeno se comparado aos de prestígio na cidade de NY. Contudo, era discrição que nós esperávamos, por isso aquele era o melhor lugar para procurarmos atendimento. Ali, não precisávamos ter uma boa justificativa legal ao entrar para uma consulta ou na emergência. Eu estava nervoso, andando de um lado a outro, pensando no que tinha acontecido. Lembrei-me, ao fechar os olhos, do momento em que fomos abordados. Eles foram certeiros; dois carros na frente e um atrás. O primeiro veículo da nossa frota foi alvejado e tombou, e, em seguida, eles foram para o segundo, onde estavam o meu pai e o meu irmão. Os desgraçados sabiam o que estavam fazendo e pareciam saber até quem estava em cada carro. Eu não descartava a possibilidade de haver um traidor próximo a nós, e se esse fosse o caso, eu o mataria. — Vai acabar fazendo um buraco no chão se continuar assim. Olhei para o meu irmão, que não estava tão preocupado quanto eu, pensando em agarrar a sua garganta e o enforcar. A sala de espera não era muito grande e havia outras pessoas ali, mas ninguém nos conhecia. Elijah era o meu irmão mais novo e mais rebelde e brincalhão. Diferente de mim, que fui criado para substituir o nosso pai, ele não recebia a atenção devida dele, por isso se sentia excluído. Os dois viviam em um embate, mas eu esperava que, pelo menos naquele momento, com papai naquele estado, Elijah se preocupasse com ele. — Me admira você estar tão calmo. — Não é que eu não esteja preocupado — justificou-se. — Eu só não vou gastar energia como você. Cerrei os olhos, sem paciência para ouvir suas bobagens. — Saiba que se o pai morrer, eu que irei assumir o seu lugar, e a primeira coisa que vou fazer será acabar com você. Debochado, ele riu, encostando-se no sofá. — Acho engraçada a sua ameaça, sendo que você é a pessoa que mais zela pela família, e faria o mesmo por mim. Revirei os olhos, sabendo que era verdade. Contudo, ele estava precisando de uma lição. — Já você não moveria nem uma palha por mim — reclamei. Olhei no relógio e vi que já tinha passado muito tempo. — Isso é uma mentira — ele protestou. — Sabe que te amo, irmão. E apesar de o papai ser duro e um pouco distante de mim, também me sinto mal por ele e não quero perdê-lo. — Não é o que está parecendo. Voltei a prestar atenção no ambiente. Enfermeiras e outros médicos passavam, e nada de notícias. Eu estava a ponto de invadir a ala cirúrgica. — Você é um idiota — Elijah disparou. — Sabe que sou leal à família e que, se fosse o caso, eu mesmo trocaria de lugar com você. — Então, por que esse desprezo pelo papai? Bem... Não era como se eu não soubesse. Elijah e nosso pai nunca foram respeitosos um com o outro. Meu irmão sempre foi rebelde, e papai não gostava, por isso era tão rigoroso com ele, esperando que ele tomasse jeito. — Logan, eu respeito a posição dele como nosso líder, já como pai... — Não dá para se esquecer disso por pelo menos um segundo? — Olhei para o meu irmão, que, com uma cara de poucos amigos, encostou-se no estofado. — Você é o preferido, ele sempre deixou claro. Comigo, as coisas sempre foram diferentes. — O seu rancor pelo nosso pai era sem precedência. — Mas não vamos entrar nesse assunto. Quando vi o médico, corri até ele, em busca de informações. — E, então... Ele está bem? Aquele homem já havia salvado nossas vidas algumas vezes. Ele era um grande amigo do meu pai e a única pessoa a quem poderíamos recorrer naquela situação. — Logan, o seu pai chegou aqui com muitos politraumas. As balas... Bem, eu as tirei... — Vi que ele estava relutante, por isso me aproximei dele ainda mais. — Menos uma. — Como assim? — Encarei-o, perplexo. Ele respirou fundo e respondeu: — Tem uma bala alojada no peito. — Eu arregalei os olhos e os meus sentidos ficaram em alerta, esperando pelo pior. — Ela atingiu uma artéria. Fiz o que pude, o que estava ao meu alcance, mas... — Está dizendo que ele vai morrer? A tensão estava no ar. Até Elijah se aproximou de nós. — Não sou cardiologista. Fiz o que pude para parar a hemorragia, contudo, não posso ir além sem arriscar a vida dele. — Então, é isso? — Alterei-me, furioso. Minha voz ecoou pela sala, fazendo com que todos que estavam ali, que não eram muitos, prestassem atenção em nós. — Está desistindo dele? Não há outro médico neste hospital que possa fazer esse trabalho? — Logan, estou dizendo que precisamos de um cardiologista de confiança. O cardiologista que temos não quer se envolver. Além do mais, ele está no Texas; não daria tempo, mesmo se concordasse em fazer a cirurgia — pontuou. — Se eu abrir o peito do seu pai, ele vai acabar morrendo. Desgraçado! Isso só pode ser brincadeira. O que eu vou fazer agora?AvaAgoraSim, eu estava morrendo de medo. Havia acabado de ser levada por homens fortemente armados, criminosos que não tinham piedade de ninguém. Eu nunca tinha passado por isso em toda a minha vida. Já tinha feito muitas loucuras, devo admitir, contudo, aquela era uma situação digna de um filme de Hollywood.Eu havia terminado de sair de um plantão duplo, minha cabeça estava cheia e tudo o que eu mais queria era tomar um banho e dormir. Entretanto, fui abordada, no meio do caminho até a minha casa, por um homem que tinha um olhar frio e um sorriso sexy.Eu acreditava que estava alucinando, que era uma fantasia minha pensar no meu sequestrador. Porém, essa era eu: a mulher doida que adorava um homem bruto como ele.Já tinha passado por muitos relacionamentos nos quais perdi o interesse e acabei achando que o melhor para mim seria ficar solteira para sempre. Mas parecia que o “sempre” estava prestes a acabar.O que, realmente, aqueles homens queriam de mim? Dinheiro? Bem, eu tinh
LoganAquela mulher era louca, com certeza. Como ela pôde falar comigo daquele jeito?Ava Steven era uma ótima cirurgiã. Eu nunca levaria até ali uma pessoa que não fosse excelente em sua função, pois se tratava da vida do meu pai. Mas eu jamais apostaria que ela era assim... provocativa.Nenhuma mulher me tratou assim antes. A maioria tinha medo de mim, e as que me conheciam, tentavam me seduzir para se deitar comigo. Porém, Ava... Ela não teve medo de mim. Ela disse aquelas palavras, mesmo depois de eu ter falado que poderia matá-la.E o pior, isso me excitou de um jeito que eu não conseguia explicar. Ela me provocou e me olhou nos olhos, mesmo eu segurando em seu pescoço com força. Eu poderia acabar com a sua vida antes mesmo de ela piscar os olhos, contudo, a mulher não abaixou a cabeça.Mas eu tinha que me lembrar de que ela era apenas uma forma que achei de salvar o meu pai. Depois disso, iria matá-la, mesmo que tivesse prometido que ela sairia dali viva, caso ele sobrevives
AvaAo acordar, senti que mal conseguiria ficar de pé.Não era como se eu estivesse em um hotel qualquer, eu tinha sido levada quando saía do trabalho. Um bruto me sequestrou para que eu salvasse a vida do seu pai.Como poderia ficar calma com tudo isso?O pior era que eu temia que tudo desse errado.Orgulho-me quando penso que, ao entrar na sala de cirurgia, eu deixava todos os meus problemas do lado de fora e fazia o meu trabalho com maestria. Contudo, daquela vez era caso de vida ou morte. E não estou falando apenas do meu paciente.Não nego que eu estava com medo. Aquele homem teve sangue frio para me sequestrar; por que não teria para me matar?Claro que sim. E olha que eu nem conhecia o desgraçado.Naquele momento, eu estava batendo os pés no chão enquanto pensava em tudo que estava acontecendo. Como tudo isso irá terminar?Será que Logan realmente vai cumprir com o que prometeu e me libertar?Bem, eu esperava que sim.Então, ouvi passos vindo para o quarto, o som da
PovAva estava muito furiosa. Ela se limpava na pia, em frente à sala onde seu paciente já a aguardava, e não conseguia tirar Logan da cabeça.Aquele homem não tinha escrúpulos nem gentileza. Como pôde tratá-la assim?Ela rezava para que aquilo acabasse logo, para que pudesse voltar para a sua casa e esquecer tudo que tinha acontecido.— Devo confessar que nunca passei por nada disso antes. — Ava estava nervosa. Sua mente atordoada lhe pedia calma para que ela não matasse o homem que estava deitado na sala cirúrgica. Ela lavava as mãos na sala adjacente, assim como fazia sempre antes de operar. Contudo, daquela vez, as coisas não eram tão simples. — Nunca fui sequestrada antes para realizar uma cirurgia.O médico ao seu lado, o mesmo que havia discutido com Logan minutos antes, estava se preparando para a auxiliar. Ele lavava as mãos com tanta força, que quase se machucava. Ava fazia o mesmo, mas não percebia.A mulher encarava fixamente o homem que estava desacordado.— Eu deve
Ava— Devo admitir que você é impressionante — a voz de Logan entrou pelos meus ouvidos, causando um grande estrago.Eu estava de costas para ele, retirando todos os meus aparatos que usava para o procedimento. Foi quando me virei, assustada, e senti como se o meu coração fosse parar.Ele estava se aproximando de mim, com um meio-sorriso no rosto, mas o olhar... O olhar me deixou apavorada pela primeira vez.As palavras do doutor me torturavam e eu não conseguia me concentrar na realidade. Bem... Quando peguei aquele bisturi, tudo foi apagado, mas ali, quando eu já estava sem ele, sentia-me vulnerável.— Você fica bem com essas roupas.Desviei meus olhos dos dele, que me fuzilavam. Eu não sabia ser eu mesma na sua frente, sabendo do que ele era capaz. Apesar de ser corajosa, não poderia passar do ponto. Logan não ameaçaria apenas a minha vida, mas também a da minha família, e com isso, eu não brincava.— Bem... — Pigarreei, esperando não gaguejar. — O procedimento foi um sucesso
LoganEu estava mais aliviado. Tinha passado as últimas duas horas assistindo ao meu pai ser aberto e costurado. Eu já havia visto homens sangrando até a morte, de diversas formas possíveis, e eu mesmo já havia dado cabo de vários. Mas, como era o meu pai deitado naquela maca, sendo aberto, com risco de morte, as coisas eram diferentes.Eu sabia que tinha sangue frio. Fui criado para isso. Meu pai me criou para ser o melhor assassino e líder da cidade. Porém, naquele momento, fraquejei, assim como em diversas situações antes dessa. Minha cabeça estava cheia. Óbvio que, depois de duas horas e de tudo ter dado certo, ele ainda corria o risco de não acordar ou de sofrer um infarto. Mas, pelo menos, não estava mais sangrando até a morte, e seu coração estava costurado. Eu esperava que tudo desse certo dessa vez.Entretanto, o meu problema não acabava por aí.Além de eu ter observado todo o procedimento, meus olhos não saíam daquela mulher. Ela estava me enlouquecendo. Eu nunca tinha
Ava— Por que me trouxe até aqui?Eu não fazia ideia do que aquele homem queria comigo. Fiz tudo que ele tinha me pedido, mas, naquele momento, eu me via em um lugar suspeito, vazio, longe de tudo, em frente a uma mesa para duas pessoas. Logan estava sério e silencioso. Não parava de me encarar, com aquele olhar perigoso que me deixava com o coração na mão.— Fiz o que me pediu. Já não posso voltar para a minha vida?— Como seria a sua vida depois disso?Franzi o cenho. Pensei e... Realmente, seria estranho e difícil de esquecer tudo que aconteceu. — Voltarei à minha rotina. Trabalho. Casa. Logan, ainda com a mesma expressão, cruzou as pernas e cruzou os dedos em frente ao corpo. — Tudo que aconteceu aqui, ficaria em segredo? — Levantou uma das sobrancelhas. — Esqueceria? Ou iria correr até a delegacia e dizer tudo que fez?Eu estava encolhida na cadeira. Pensei na resposta. Minha mente vagou, e as imagens das últimas horas que passei ali, com Logan e seu bando, voltaram e
AvaQuando passei pela porta do meu apartamento e a fechei, senti o peso de tudo que tinha acontecido cair sobre as minhas costas. As lágrimas, que eu havia impedido de cair por todo aquele tempo, simplesmente, saíram escorrendo pelo meu rosto.O desespero me destruía, forçando-me a quase deitar no chão. Eu ainda achava que tudo aquilo tinha sido um pesadelo.Em tão pouco tempo, minha vida inteira mudou completamente, e tudo por causa de uma pessoa. Ele sempre teve a intenção de acabar com a minha vida. Vi isso em seu rosto e no sorriso perverso de quem não tinha nenhum sentimento por nada.Eu apostava que Logan já havia matado muitas pessoas e que ainda iria matar. Eu não fazia ideia de quem era o seu inimigo, mas ele quase matou o seu pai.Estava desesperada, pois a única solução para a minha sobrevivência e a sobrevivência da minha família era eu me casar com ele. Como vou fazer isso?Eu ainda não fazia ideia do porquê ele escolheu isso, se, claramente, odiava quando eu o de