Ava
Ao acordar, senti que mal conseguiria ficar de pé. Não era como se eu estivesse em um hotel qualquer, eu tinha sido levada quando saía do trabalho. Um bruto me sequestrou para que eu salvasse a vida do seu pai. Como poderia ficar calma com tudo isso? O pior era que eu temia que tudo desse errado. Orgulho-me quando penso que, ao entrar na sala de cirurgia, eu deixava todos os meus problemas do lado de fora e fazia o meu trabalho com maestria. Contudo, daquela vez era caso de vida ou morte. E não estou falando apenas do meu paciente. Não nego que eu estava com medo. Aquele homem teve sangue frio para me sequestrar; por que não teria para me matar? Claro que sim. E olha que eu nem conhecia o desgraçado. Naquele momento, eu estava batendo os pés no chão enquanto pensava em tudo que estava acontecendo. Como tudo isso irá terminar? Será que Logan realmente vai cumprir com o que prometeu e me libertar? Bem, eu esperava que sim. Então, ouvi passos vindo para o quarto, o som da chave na maçaneta e a porta se abrindo. Meu coração foi à boca. Olhei para ele, que estava tão lindo quanto na noite anterior, e senti que falhou uma batida no meu peito. Não posso negar que Logan era um desgraçado, mas também lindo e sexy. Como eu poderia me manter firme, tendo uma tentação dessa bem ao meu lado? — Pronta para irmos? — Ele me olhou dos pés à cabeça. Era difícil não me sentir atraída por esse bandido. Como eu podia sentir isso? — Quer a minha resposta sincera? — Semicerrei os olhos. — Estou ansiosa para sair daqui, me ver livre de você, então, vamos logo com isso. Logan, parado no meio do enorme quarto, observou-me. Ele não parecia ofendido dessa vez, entretanto, não deixou de me dar um olhar apavorante. Eu ainda não sabia como podia falar tudo isso na cara desse criminoso. — Sabe, florzinha... — Ele deu passos em minha direção. No mesmo instante, senti meu sangue gelar. Lembrei-me bem da força que ele usou no meu pescoço, na noite passada, mas nem isso me fez criar juízo. — Se estivéssemos em outra situação... — Me mataria antes que eu abrisse a boca? — antecipei. Ele sorriu. Um belo sorriso. — Eu usaria essa sua língua para outra coisa. — Fiquei surpresa e quase arregalei os olhos. Contudo, ele saberia que me atingiu, e não foi da pior forma. Acredito que era realmente o que eu estava pensando. — Todas as vezes que você abre essa sua boca... — A cada palavra dele, seu corpo ficava mais próximo do meu. Dei passos para trás, tentando evitar isso, porém logo senti a cama batendo em minha perna e acabei me sentando sem querer. Logan usou essa situação para ficar bem perto de mim, e eu fiquei hipnotizada, ainda mais quando o desgraçado pegou em meus cabelos e exerceu uma enorme força, puxando-os, só que não o bastante para me causar dor ou me fazer levantar. Na verdade, ele me queria naquela posição: eu o olhando de baixo. — Sinto uma imensa vontade de calá-la. Sinto vontade de pôr meu pau nela e a fazer engoli-lo até você perder o ar. — Isso nunca vai acontecer — falei quase em um sussurro. O que o fez rir ainda mais. — Não está em uma posição que seja favorável, doutora. — Acredite, posso arrancar seu pau apenas com meus dentes. Um misto de raiva e desejo me confundia. Não posso negar que me senti excitada ao ouvir aquelas palavras saindo da sua boca. E o pior era que ele sabia disso. — Eu sei que sim, mas não faria isso. — Dessa vez, ele me puxou para que eu me levantasse e ficasse ainda mais perto do seu rosto. Então continuou, sussurrando: — Aposto que deseja que isso aconteça. Acredito também que está molhada, pensando nessa possibilidade e imaginando como seria se eu te fodesse aqui e agora. — Foi a primeira vez que Logan conseguiu me calar. Não consegui raciocinar direito depois do que ele falou, e o idiota adorou me ver assim. Em seguida, soltou-me e me mostrou uma fita vermelha. Eu estava perdida em meus pensamentos. — Seda, para não machucar suas belas mãos. Sem insistência, apenas estendi os braços para que ele me prendesse. Prestei atenção em cada coisa: nas mãos grossas e cheias de veias expostas, nos pelos grossos, no perfume que ele estava usando e até na camisa com alguns botões abertos. Nada disso, Ava. Reprima. Apenas esqueça esse idiota. Ele não presta. Ele te sequestrou. Espera! Ele me sequestrou. As pessoas estavam atrás de mim. — Um momento — chamei a sua atenção. — Sei que você pode não estar preocupado com isso, mas... eu tenho uma vida lá fora. Tem pessoas à minha procura, e aposto que chamaram a polícia. — E daí? Logan não parecia preocupado. — Como assim “e daí”? Eu tenho família. As pessoas podem ligar para mim, podem ir à minha casa. Tenho trabalho, sabia? — Não me importo com nada disso. Tudo o que quero é que salve o meu pai. — Certo. E depois, você me deixará ir? — Era a minha esperança. Logan não respondeu, deixando-me ansiosa. Na verdade, ele pegou uma fita preta e colocou na minha boca. — É incrível como uma coisa tão simples pode solucionar um grande problema. — Eu não precisava da minha língua para dizer o quanto estava com raiva dele. — Fique tranquila. Vamos sair daqui e você fará o seu trabalho. Depois disso, não vai mais ter que se preocupar comigo. De fato, isso me agradava. *** Depois que Logan colocou uma espécie de capuz preto na minha cabeça, eu só conseguia ouvir e sentir as coisas. Não queria manter mentalmente aquele trajeto. Depois que resolvesse isso, nunca mais pensaria em nada daquilo nem naquele homem. Ouvi vozes depois que ele, praticamente, arrastou-me para fora do carro. Passávamos por corredores e eu sentia as pessoas passando por nós, mas era óbvio que ninguém nos pararia. Então, ele abriu uma porta e entramos. Havia alguém lá. Logan arrancou o capuz da minha cabeça, bagunçando os meus cabelos, e logo os meus olhos vasculharam o lugar. Era uma sala de hospital e tinha um médico em minha frente. — Você enlouqueceu? — o homem de meia-idade indagou, quase desesperado. Óbvio, eu estava sequestrada. — Sabe quem é essa mulher? Logan não se importava com o desespero do senhor calvo. Ele me olhou e sorriu. — Doutora Steven, cardiologista. Era o que queria, não era? — Eu disse que precisávamos de um cirurgião cardiologista, não para você sequestrar uma. Bem... Pensei que esse daí, com certeza, não fazia parte do bando, ou era um colaborador deles. Pelo desespero, ele sabia da gravidade das coisas. — O que queria que eu fizesse? Pedisse “por favor”? — o tom rude deixou o homem calvo assustado. — Ela está aqui e aceitou fazer a cirurgia. Não é, doutora? Balancei a cabeça, confirmando. Ainda não podia falar porque a fita preta estava na minha boca, e minhas mãos estavam presas. — Logan, seu pai está entre a vida e a morte — explicou o médico, que suava. — Quando as pessoas começarem a sentir a falta dela... — Cuidarei disso, doutor. Agora, ajude a florzinha com o procedimento. — Sendo assim, ele arrancou a fita da minha boca e me libertou. Doeu quando a puxou de uma vez só. — Tenho certeza de que dará conta. — Por que é tão bruto? — perguntei. — Não sabe ser delicado com as pessoas. — Ah, é, doutor... — Ele me encarou enquanto tirava a fita dos meus pulsos. — Ela tem a língua solta. Deve preparar os seus ouvidos. O sangue que corria em minhas veias estava fervendo. Eu não podia acreditar que existia alguém tão mal-educado assim. Mas, também, o que esperar de um criminoso?PovAva estava muito furiosa. Ela se limpava na pia, em frente à sala onde seu paciente já a aguardava, e não conseguia tirar Logan da cabeça.Aquele homem não tinha escrúpulos nem gentileza. Como pôde tratá-la assim?Ela rezava para que aquilo acabasse logo, para que pudesse voltar para a sua casa e esquecer tudo que tinha acontecido.— Devo confessar que nunca passei por nada disso antes. — Ava estava nervosa. Sua mente atordoada lhe pedia calma para que ela não matasse o homem que estava deitado na sala cirúrgica. Ela lavava as mãos na sala adjacente, assim como fazia sempre antes de operar. Contudo, daquela vez, as coisas não eram tão simples. — Nunca fui sequestrada antes para realizar uma cirurgia.O médico ao seu lado, o mesmo que havia discutido com Logan minutos antes, estava se preparando para a auxiliar. Ele lavava as mãos com tanta força, que quase se machucava. Ava fazia o mesmo, mas não percebia.A mulher encarava fixamente o homem que estava desacordado.— Eu deve
Ava— Devo admitir que você é impressionante — a voz de Logan entrou pelos meus ouvidos, causando um grande estrago.Eu estava de costas para ele, retirando todos os meus aparatos que usava para o procedimento. Foi quando me virei, assustada, e senti como se o meu coração fosse parar.Ele estava se aproximando de mim, com um meio-sorriso no rosto, mas o olhar... O olhar me deixou apavorada pela primeira vez.As palavras do doutor me torturavam e eu não conseguia me concentrar na realidade. Bem... Quando peguei aquele bisturi, tudo foi apagado, mas ali, quando eu já estava sem ele, sentia-me vulnerável.— Você fica bem com essas roupas.Desviei meus olhos dos dele, que me fuzilavam. Eu não sabia ser eu mesma na sua frente, sabendo do que ele era capaz. Apesar de ser corajosa, não poderia passar do ponto. Logan não ameaçaria apenas a minha vida, mas também a da minha família, e com isso, eu não brincava.— Bem... — Pigarreei, esperando não gaguejar. — O procedimento foi um sucesso
LoganEu estava mais aliviado. Tinha passado as últimas duas horas assistindo ao meu pai ser aberto e costurado. Eu já havia visto homens sangrando até a morte, de diversas formas possíveis, e eu mesmo já havia dado cabo de vários. Mas, como era o meu pai deitado naquela maca, sendo aberto, com risco de morte, as coisas eram diferentes.Eu sabia que tinha sangue frio. Fui criado para isso. Meu pai me criou para ser o melhor assassino e líder da cidade. Porém, naquele momento, fraquejei, assim como em diversas situações antes dessa. Minha cabeça estava cheia. Óbvio que, depois de duas horas e de tudo ter dado certo, ele ainda corria o risco de não acordar ou de sofrer um infarto. Mas, pelo menos, não estava mais sangrando até a morte, e seu coração estava costurado. Eu esperava que tudo desse certo dessa vez.Entretanto, o meu problema não acabava por aí.Além de eu ter observado todo o procedimento, meus olhos não saíam daquela mulher. Ela estava me enlouquecendo. Eu nunca tinha
Ava— Por que me trouxe até aqui?Eu não fazia ideia do que aquele homem queria comigo. Fiz tudo que ele tinha me pedido, mas, naquele momento, eu me via em um lugar suspeito, vazio, longe de tudo, em frente a uma mesa para duas pessoas. Logan estava sério e silencioso. Não parava de me encarar, com aquele olhar perigoso que me deixava com o coração na mão.— Fiz o que me pediu. Já não posso voltar para a minha vida?— Como seria a sua vida depois disso?Franzi o cenho. Pensei e... Realmente, seria estranho e difícil de esquecer tudo que aconteceu. — Voltarei à minha rotina. Trabalho. Casa. Logan, ainda com a mesma expressão, cruzou as pernas e cruzou os dedos em frente ao corpo. — Tudo que aconteceu aqui, ficaria em segredo? — Levantou uma das sobrancelhas. — Esqueceria? Ou iria correr até a delegacia e dizer tudo que fez?Eu estava encolhida na cadeira. Pensei na resposta. Minha mente vagou, e as imagens das últimas horas que passei ali, com Logan e seu bando, voltaram e
AvaQuando passei pela porta do meu apartamento e a fechei, senti o peso de tudo que tinha acontecido cair sobre as minhas costas. As lágrimas, que eu havia impedido de cair por todo aquele tempo, simplesmente, saíram escorrendo pelo meu rosto.O desespero me destruía, forçando-me a quase deitar no chão. Eu ainda achava que tudo aquilo tinha sido um pesadelo.Em tão pouco tempo, minha vida inteira mudou completamente, e tudo por causa de uma pessoa. Ele sempre teve a intenção de acabar com a minha vida. Vi isso em seu rosto e no sorriso perverso de quem não tinha nenhum sentimento por nada.Eu apostava que Logan já havia matado muitas pessoas e que ainda iria matar. Eu não fazia ideia de quem era o seu inimigo, mas ele quase matou o seu pai.Estava desesperada, pois a única solução para a minha sobrevivência e a sobrevivência da minha família era eu me casar com ele. Como vou fazer isso?Eu ainda não fazia ideia do porquê ele escolheu isso, se, claramente, odiava quando eu o de
PovJá fazia meia hora que Ava estava sentada àquela mesa de restaurante, no centro de NY, com seus pais. Ela estava contente por vê-los, ainda mais depois do que tinha passado, mas não podia negar que, naquele momento, sua cabeça distante, enquanto ela mexia com o garfo no prato de comida, estava em Logan.A primeira coisa que Ava sentiu ao ver seus pais foi alívio. Ela os abraçou tão forte, que eles acharam estranho. Ela era amorosa e os amava, contudo, eles estranharam. Ela apenas justificou dizendo que era saudade.Ao se sentar à mesa, notou que algo estava esquisito. Era como se ela sentisse ou tivesse a impressão de que alguém a observava. O frio na espinha se intensificou. Ela coçou o pescoço e tentou disfarçar. Bebeu o vinho e sorriu. Mas, em nenhum instante, conseguiu tirar da mente a certeza de que estava sendo observada.“Logan”, ela pensou. Óbvio que ele a seguiria para todos os lugares. Bem, ele não, mas seus capangas, sim. Por isso, seu sangue gelou. Estar em perigo,
AvaEu estava me sentindo cansada, mas não por ter feito esforço físico, e sim por pensar no problema Logan, que chegou à minha vida como um furacão, sem me pedir permissão. Ele não se importava com os meus sentimentos, apenas queria me ferrar. Sempre foi o seu plano se livrar de mim, mas, de alguma forma, ele mudou de ideia.Eu gostaria de dizer que sentia total repulsa. Queria achar um motivo para não olhar em seus olhos e sentir nojo dele. Todavia, o homem estava, pouco a pouco, consumindo o meu ser e me fazendo desejá-lo, mesmo eu sabendo que não deveria sentir isso por ele.Depois do jantar, meus pais voltaram para o trailer, que estava estacionado em uma área calma da cidade. Nova Iorque é uma confusão, e eu admito que gostava disso às vezes, porém, depois que conheci Logan, passei a desejar estar a quilômetros desse lugar.Ao sair do elevador, senti minha cabeça pesar com as dúvidas que me deixavam ainda mais inquieta. Coloquei a chave na fechadura e abri a porta. Não estava
AvaEu não conseguia parar de pensar na noite passada. Jamais tinha imaginado que faria uma loucura daquela. Não planejei me envolver com um mafioso, ainda mais aquele mafioso.Awww! Eu odiava aquele homem, mas ele sabia como fazer uma mulher feliz. Pelo menos no sexo. E olha que foi apenas a nossa primeira vez.Deus... Eu estava realmente gostando da ideia de me casar com um bandido como aquele?Sim, eu estava. E pior, estava ansiosa para me encontrar com ele novamente, ignorando a moralidade. Droga! Logan era mesmo a minha perdição. Como eu podia gostar daquele homem e sonhar com ele? Um bandido, sem escrúpulos, que me forçou a aceitar o seu pedido de casamento.— Parece que suas “férias” foram bem proveitosas. — Mary chegou de repente, tirando-me dos meus pensamentos.Fiquei tímida, pois meus pensamentos estavam voltados ao passado, a quando Logan estava sobre mim naquele sofá.Mary era uma das pessoas mais especiais na minha vida, minha melhor amiga, então eu nunca a envol