5

Ava

Ao acordar, senti que mal conseguiria ficar de pé.

Não era como se eu estivesse em um hotel qualquer, eu tinha sido levada quando saía do trabalho. Um bruto me sequestrou para que eu salvasse a vida do seu pai.

Como poderia ficar calma com tudo isso?

O pior era que eu temia que tudo desse errado.

Orgulho-me quando penso que, ao entrar na sala de cirurgia, eu deixava todos os meus problemas do lado de fora e fazia o meu trabalho com maestria. Contudo, daquela vez era caso de vida ou morte. E não estou falando apenas do meu paciente.

Não nego que eu estava com medo. Aquele homem teve sangue frio para me sequestrar; por que não teria para me matar?

Claro que sim. E olha que eu nem conhecia o desgraçado.

Naquele momento, eu estava batendo os pés no chão enquanto pensava em tudo que estava acontecendo.

Como tudo isso irá terminar?

Será que Logan realmente vai cumprir com o que prometeu e me libertar?

Bem, eu esperava que sim.

Então, ouvi passos vindo para o quarto, o som da chave na maçaneta e a porta se abrindo. Meu coração foi à boca. Olhei para ele, que estava tão lindo quanto na noite anterior, e senti que falhou uma batida no meu peito. Não posso negar que Logan era um desgraçado, mas também lindo e sexy.

Como eu poderia me manter firme, tendo uma tentação dessa bem ao meu lado?

— Pronta para irmos? — Ele me olhou dos pés à cabeça.

Era difícil não me sentir atraída por esse bandido. Como eu podia sentir isso?

— Quer a minha resposta sincera? — Semicerrei os olhos. — Estou ansiosa para sair daqui, me ver livre de você, então, vamos logo com isso.

Logan, parado no meio do enorme quarto, observou-me. Ele não parecia ofendido dessa vez, entretanto, não deixou de me dar um olhar apavorante. Eu ainda não sabia como podia falar tudo isso na cara desse criminoso.

— Sabe, florzinha... — Ele deu passos em minha direção. No mesmo instante, senti meu sangue gelar. Lembrei-me bem da força que ele usou no meu pescoço, na noite passada, mas nem isso me fez criar juízo. — Se estivéssemos em outra situação...

— Me mataria antes que eu abrisse a boca? — antecipei.

Ele sorriu. Um belo sorriso.

— Eu usaria essa sua língua para outra coisa. — Fiquei surpresa e quase arregalei os olhos. Contudo, ele saberia que me atingiu, e não foi da pior forma. Acredito que era realmente o que eu estava pensando. — Todas as vezes que você abre essa sua boca... — A cada palavra dele, seu corpo ficava mais próximo do meu. Dei passos para trás, tentando evitar isso, porém logo senti a cama batendo em minha perna e acabei me sentando sem querer. Logan usou essa situação para ficar bem perto de mim, e eu fiquei hipnotizada, ainda mais quando o desgraçado pegou em meus cabelos e exerceu uma enorme força, puxando-os, só que não o bastante para me causar dor ou me fazer levantar. Na verdade, ele me queria naquela posição: eu o olhando de baixo. — Sinto uma imensa vontade de calá-la. Sinto vontade de pôr meu pau nela e a fazer engoli-lo até você perder o ar.

— Isso nunca vai acontecer — falei quase em um sussurro. O que o fez rir ainda mais.

— Não está em uma posição que seja favorável, doutora.

— Acredite, posso arrancar seu pau apenas com meus dentes.

Um misto de raiva e desejo me confundia. Não posso negar que me senti excitada ao ouvir aquelas palavras saindo da sua boca. E o pior era que ele sabia disso.

— Eu sei que sim, mas não faria isso. — Dessa vez, ele me puxou para que eu me levantasse e ficasse ainda mais perto do seu rosto. Então continuou, sussurrando: — Aposto que deseja que isso aconteça. Acredito também que está molhada, pensando nessa possibilidade e imaginando como seria se eu te fodesse aqui e agora. — Foi a primeira vez que Logan conseguiu me calar. Não consegui raciocinar direito depois do que ele falou, e o idiota adorou me ver assim. Em seguida, soltou-me e me mostrou uma fita vermelha. Eu estava perdida em meus pensamentos. — Seda, para não machucar suas belas mãos.

Sem insistência, apenas estendi os braços para que ele me prendesse. Prestei atenção em cada coisa: nas mãos grossas e cheias de veias expostas, nos pelos grossos, no perfume que ele estava usando e até na camisa com alguns botões abertos.

Nada disso, Ava. Reprima. Apenas esqueça esse idiota. Ele não presta. Ele te sequestrou.

Espera! Ele me sequestrou. As pessoas estavam atrás de mim.

— Um momento — chamei a sua atenção. — Sei que você pode não estar preocupado com isso, mas... eu tenho uma vida lá fora. Tem pessoas à minha procura, e aposto que chamaram a polícia.

— E daí?

Logan não parecia preocupado.

— Como assim “e daí”? Eu tenho família. As pessoas podem ligar para mim, podem ir à minha casa. Tenho trabalho, sabia?

— Não me importo com nada disso. Tudo o que quero é que salve o meu pai.

— Certo. E depois, você me deixará ir? — Era a minha esperança.

Logan não respondeu, deixando-me ansiosa. Na verdade, ele pegou uma fita preta e colocou na minha boca.

— É incrível como uma coisa tão simples pode solucionar um grande problema. — Eu não precisava da minha língua para dizer o quanto estava com raiva dele. — Fique tranquila. Vamos sair daqui e você fará o seu trabalho. Depois disso, não vai mais ter que se preocupar comigo.

De fato, isso me agradava.

***

Depois que Logan colocou uma espécie de capuz preto na minha cabeça, eu só conseguia ouvir e sentir as coisas. Não queria manter mentalmente aquele trajeto. Depois que resolvesse isso, nunca mais pensaria em nada daquilo nem naquele homem.

Ouvi vozes depois que ele, praticamente, arrastou-me para fora do carro. Passávamos por corredores e eu sentia as pessoas passando por nós, mas era óbvio que ninguém nos pararia. Então, ele abriu uma porta e entramos. Havia alguém lá.

Logan arrancou o capuz da minha cabeça, bagunçando os meus cabelos, e logo os meus olhos vasculharam o lugar. Era uma sala de hospital e tinha um médico em minha frente.

— Você enlouqueceu? — o homem de meia-idade indagou, quase desesperado. Óbvio, eu estava sequestrada. — Sabe quem é essa mulher?

Logan não se importava com o desespero do senhor calvo. Ele me olhou e sorriu.

— Doutora Steven, cardiologista. Era o que queria, não era?

— Eu disse que precisávamos de um cirurgião cardiologista, não para você sequestrar uma.

Bem... Pensei que esse daí, com certeza, não fazia parte do bando, ou era um colaborador deles. Pelo desespero, ele sabia da gravidade das coisas.

— O que queria que eu fizesse? Pedisse “por favor”? — o tom rude deixou o homem calvo assustado. — Ela está aqui e aceitou fazer a cirurgia. Não é, doutora?

Balancei a cabeça, confirmando. Ainda não podia falar porque a fita preta estava na minha boca, e minhas mãos estavam presas.

— Logan, seu pai está entre a vida e a morte — explicou o médico, que suava. — Quando as pessoas começarem a sentir a falta dela...

— Cuidarei disso, doutor. Agora, ajude a florzinha com o procedimento. — Sendo assim, ele arrancou a fita da minha boca e me libertou. Doeu quando a puxou de uma vez só. — Tenho certeza de que dará conta.

— Por que é tão bruto? — perguntei. — Não sabe ser delicado com as pessoas.

— Ah, é, doutor... — Ele me encarou enquanto tirava a fita dos meus pulsos. — Ela tem a língua solta. Deve preparar os seus ouvidos.

O sangue que corria em minhas veias estava fervendo. Eu não podia acreditar que existia alguém tão mal-educado assim. Mas, também, o que esperar de um criminoso?

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