— Emily, você é linda... — ele murmura, a voz rouca, vibrando no meu ouvido como uma melodia proibida. — Como não nos permitir sentir isso? Como estar ao seu lado e ignorar o desejo que sinto por você? Explique-me, pois, eu não consigo entender.Ele captura uma das minhas mãos com delicadeza e a leva aos lábios. Seus beijos quentes na minha pele fazem meu coração falhar uma batida.— Amo suas mãos, de unhas delicadas, eu as quero correndo pelo meu corpo, sentindo todos os meus músculos...— diz ele, rouco, quase um sussurro.Um arrepio percorre minha espinha e meu corpo todo responde a ele, latejando com um desejo que mal consigo conter. Aperto-o mais contra mim, sentindo o peso de sua masculinidade dura e latejante pressionando minha barriga. A consciência desse contato me deixa fora de mim. Tudo ao meu redor desaparece. Só existe ele, esse homem que me consome.Num movimento impetuoso, ele começa a tirar minha blusa, e eu, sem pensar, tiro minha calça apressadamente. Suas mãos desliz
Suas mãos deslizam pelos meus cabelos, como se fossem feitas para me acalmar, e ele beija o meu rosto devagar, com cuidado. Como um homem que ama uma mulher faria. Esse carinho me atordoa mais do que qualquer beijo ou toque apaixonado. Meu cérebro não consegue processar a doçura do gesto, e, ainda assim, meu corpo se rende mais uma vez.Logo, eu me perco. Vou sendo levada como uma musicista hipnotizada por sua própria melodia, entrando lentamente naquela bolha de novo. Agora, tudo é doce, quente e envolvente. Seus beijos molhados percorrem a minha pele, cada um um sussurro silencioso de adoração. Seu nariz desliza, aspirando meu cheiro, como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo.Palavras em turco escapam de seus lábios quando ele beija meu rosto, e elas soam tão belas, tão íntimas, que eu estremeço. Não entendo o significado, mas permito-me acreditar que são palavras de amor.Gemo baixinho, minha respiração entrecortada, os lençóis se prendem em meus dedos, meus pés se enroscam
— Acho melhor você ir. O que está fazendo ainda no quarto?Ele não se move. Permanece deitado, olhando para o teto, como se estivesse tentando encontrar respostas ali.— Pare de bancar a durona, Emily. Sei que está tão abalada quanto eu. — Sua voz sai grave, quase rouca. — Está arrependida?Minha respiração se agita. Arrependida? Ele está falando dele mesmo. É ele quem está arrependido.Não. Eu não me arrependo. Estou triste, sim, mas não arrependida. Estou destruída por saber que, para ele, nada mais pode evoluir.Com o orgulho me sustentando, aproximo-me dele e o encaro. Okan se senta na cama, os olhos atentos percorrendo meu rosto, buscando algo.— Por que estaria arrependida? — digo com firmeza, erguendo o queixo. — Cedemos ao prazer. Foi o que nossos corpos pediram. Não se sinta culpado.Ele parece confuso agora, estudando meu rosto. Sei o que ele está vendo. Sem maquiagem, meu rosto denuncia minha idade, minha juventude. Meus lábios ainda tremem. Meus olhos, lavados pelas lágrim
OkanEla era virgem. Não a garota ousada que, teimosamente, eu quis acreditar que fosse.Agora, a culpa me devora, corrói meu estômago, e a sensação de crápula que me persegue não me dá trégua.Passo a mão pelos olhos, como se pudesse apagar o que aconteceu.Allah, perdoe-me!Nunca permiti que emoções complicassem minha vida. Não podia. Meus costumes, minhas tradições, a promessa que fiz ao meu pai — casar-me com uma mulher do nosso povo — sempre foram minhas âncoras. Evitar envolvimentos emocionais foi uma decisão consciente. Simples. Racional.Até agora.Emily... ela abalou tudo. Minhas certezas, minhas defesas, o muro que construí em torno de mim. Agora sou um idiota confuso, perdido entre o desejo que me consome e a culpa que me dilacera.Levo as mãos ao rosto mais uma vez, frustrado.Ter Emily nos braços foi como encontrar algo que nem sabia estar procurando. O encaixe perfeito de duas almas. Não foi só sexo. Não foi apenas desejo. Foi uma conexão. Algo tão profundo que quase me
EmilyA claridade do quarto me desperta, os raios de sol atravessando a janela como um lembrete de que o tempo melhorou.Meus olhos encontram o rádio-relógio: Dez horas.— Nossa, dormi bastante... — murmuro, sem ânimo.Uma sensação de mal-estar me atinge como um soco no estômago. Okan. Cada momento daquela noite se repete na minha mente. Não dormi quase nada, passei horas revirando na cama, pensando nele. Em nós.Ele não sabe, mas eu não me entreguei por mera luxúria. Não foi um capricho ou uma aventura. Algo dentro de mim me levou até ele. Dei muito mais do que meu corpo naquela noite.Se fosse apenas desejo, por que me sinto assim? Por que a rejeição que vi em seus olhos me machuca tanto?Seria mais fácil se eu tivesse negado tudo. Se tivesse virado as costas ao desejo. Mas agora estou aqui, vazia. Triste.Deus, ainda vejo aquela expressão de culpa no rosto dele, como se não soubesse o que fazer com a revelação da minha entrega. E, de alguma forma absurda, isso só me fez gostar mais
OkanIbrahim Krishman, um homem que um dia foi reverenciado no mundo dos negócios hoteleiros, agora repousa em sua enorme cama, solitário desde que mamãe morreu. Seu semblante está pálido, e a vitalidade que um dia lhe pertenceu parece escorrer pelas rugas do rosto cansado. Aos setenta e três anos, o coração fraco teima em vencê-lo pouco a pouco.Sento-me ao lado dele, tentando esconder o aperto no peito.— Baba — murmuro, tomando sua mão.Ele abre os olhos devagar, como se cada movimento exigisse um esforço imenso. Seu olhar sem vida encontra o meu e, ainda assim, há algo reconfortante naquele gesto.— Oğul — ele responde com a voz fraca.Engulo em seco, tentando afastar a angústia.— Pai, chamei o doutor Braun para dar uma olhada no senhor. Como está se sentindo?Ele sorri de leve, um gesto quase imperceptível.— Estou melhor.Minto para mim mesmo que isso me consola. Mas vejo o cansaço marcado em cada respiração que ele puxa.— O senhor abusou do sal ontem, eu vi. — Tento soar repr
EmilyEstou na cozinha, tomando meu café da manhã sozinha. A cadeira ao meu lado ainda está empurrada para trás, a lembrança silenciosa de Kayra, que até minutos atrás me fazia companhia. Ela foi ver o pai assim que o médico chegou, deixando no ar o rastro pesado de nossa conversa.Falávamos sobre a cultura turca e sobre os homens de lá. Palavras que soaram quase como advertências, mas que, de alguma forma, ecoaram dentro de mim com um sabor amargo.“Na Turquia, o sexo é tabu. As mulheres se cobrem da cabeça aos pés. Os homens olham para estrangeiras como diversão passageira, mas para casar, escolhem uma turca.”As frases ainda ressoam, como uma flecha cravada onde mais dói. Kayra falava com naturalidade, mas o peso das palavras me atingiu. Não é para você, Emily, ecoava uma voz fria na minha mente. Você sabia disso desde o início.Mas isso me fez bem? Não. Eu me sinto miserável, e não sei por quê. Meu coração o escolheu mesmo quando a lógica dizia não. Escolheu alguém que carrega um
EmilyAbaixo a cabeça, sentindo o peso de uma verdade que me golpeia o coração. Meus pensamentos giram, e a única coisa que consigo digerir é: Okan é turco.As imagens dele surgem na minha mente como um filme impossível de parar. Ele ao piano, tocando com uma intensidade que transbordava pela música. Suas mãos deslizando pelas teclas com uma paixão que só alguém como ele poderia ter. Okan é um homem apaixonante, mas também perigoso... porque quanto mais eu tento escapar de suas teias, mais enredada fico.Eu preciso ir embora. Urgentemente. Hoje mesmo.Sem fome, afasto a cadeira, o som do arrasto ecoando como um aviso. Pego meu casaco no hall de entrada. Ele está no mesmo lugar desde o dia em que cheguei aqui, sem saber que sairia dessa casa tão diferente. Agora, uma mulher — mas com um vazio no peito que parece insuportável. Algo falta. E talvez o único que possa preencher esse espaço seja ele.Respiro fundo, tentando buscar uma força otimista. O tempo será meu aliado, sussurro para m