O celular toca, interrompendo meus pensamentos. Atendo, é mamãe. Após desejarmos um feliz ano-novo, começamos a conversar:— Que boa filha que você ficou. Nós também estamos presos aqui.Eu suspiro, observando a neve caindo do outro lado da janela.— Não venha, mamãe. — Minha voz é calma, mas carregada de preocupação. O mundo lá fora está todo embranquecido, os flocos de neve dançam no ar. — Está nevando muito.— E você e Kayra? Como estão indo? Ela é tão legal quanto sempre pareceu?Engulo em seco. Kayra não é o problema aqui.— Ela é ótima, muito receptiva. — Respondo, tentando desviar do assunto.— E a família dela? Te aceitaram bem?— Sim, muito bem. — Digo, mudando rapidamente o rumo da conversa. — E tia Olga?— Ela está aqui do meu lado. Vou passar o telefone para ela. Depois seu pai quer falar com você também.Falo com minha tia, suas palavras afetuosas me enchem de saudade. Me faz pensar que talvez eu devesse ter ido com meus pais. Papai, por sua vez, não se alonga. Ele não go
Suspiro, frustrada. O calor do quarto havia me dado a falsa sensação de que o tempo lá fora estava mais ameno.Saio do quarto. A casa está em completo silêncio. Todos ainda dormem. Minha atenção é atraída pelo piano na sala, como se ele me chamasse. A tentação é grande demais para resistir.Retiro o protetor das teclas e me sento na banqueta. As partituras que havia escolhido com Ômer ainda estão ali. Meus olhos pousam em Still Loving You, e começo a tocar a melodia hipnotizante do Scorpions.Kayra entra na sala e sorri para mim. Respondo com um breve sorriso, sem interromper a música. Pouco depois, Ômer aparece e se debruça sobre o piano, me observando. Nossos olhares se encontram por um instante. Sorrio, mas logo volto a me concentrar nas notas.Então, a porta se abre com força. O vento frio invade a sala, e Ômer segura rapidamente as folhas das partituras. Meu coração dispara. Não preciso olhar para saber quem é.É Okan.Minha postura se mantém, mas não consigo ignorar sua presença
Okan— Acompanhe-me.Passo por ele sem me preocupar em verificar se me segue. Sei que está logo atrás, mesmo sem olhar. Meu caminhar é decidido, com passos firmes em direção à biblioteca. Entro, seguro a maçaneta da porta e espero. Assim que ele entra, fecho a porta atrás de nós.Ômer se volta para mim, com a expressão de quem já tem respostas prontas, ainda que não saiba a pergunta.— Bem, estou aqui. O que você gostaria de falar comigo? Que assunto de negócios é tão urgente que não podia esperar? Ou será que aconteceu algo com o tio? — Ele dá uma pausa e sorri com desdém. — Ou será que precisava mesmo era interromper meu momento com uma mulher linda e maravilhosa?Ignoro a provocação. Caminho até ele, mantendo uma distância controlada, e resolvo ir direto ao ponto:— Não quero que se envolva com Emily.Ele pisca, surpreso, como se não tivesse entendido. E então, ri.Meu sangue ferve, mas me mantenho impassível.— Como é que é? Posso saber por quê?— É exatamente o que ouviu. Não te
EmilyDecido não sair mais do quarto. Após um banho vigoroso, visto um moletom confortável e me deito. O silêncio do ambiente contrasta com o tumulto dentro de mim. Fico quieta, repassando tudo o que aconteceu.Okan, com certeza, percebeu o interesse claro de Ômer. Até então, ele parecia apenas um bom amigo. Mas aquele olhar que me lançou... Foi diferente. Surpreendente.Será que Okan me expôs? Contou a Ômer o que pensa sobre mim, deixando subentendido o “tipo de mulher” que ele acha que sou?Uma raiva crescente toma conta de mim. Nunca tive tanta vontade de socar alguém quanto agora. Se ele usou esse golpe baixo, acho que não me controlaria. E esmurrar aquele nariz perfeito seria quase terapêutico.A porta do quarto se abre, interrompendo meus pensamentos. Meu coração dispara, e eu já me preparo para enfrentar Okan. Mas, ao ver Kayra, respiro aliviada. Atrás dela, Odila empurra um carrinho com meu jantar.Que gentileza...— Melhorou?— Sim, obrigada. — Tento sorrir para disfarçar min
Solto um riso amargo, balançando a cabeça diante de tanta prepotência.— Falou muito mal de mim para Ômer?A mudança em sua expressão é instantânea. A arrogância dá lugar à fúria ao ouvir o nome do primo.— É isso, então? Estraguei a festinha de vocês dois? Por isso está chateada? O que há entre vocês?Sinto meu corpo inteiro esquentar de raiva.— Não há nada! Para sua informação, Ômer é apenas uma companhia agradável. Um amigo. Sua mente é que está poluída.Ele avança pelo quarto, e eu instintivamente fico em alerta. Seus olhos me prendem, intensos, como se pudessem enxergar até minha alma. Ele para a poucos passos de mim, sua presença esmagadora.— Você conhecia meu primo antes de vê-lo aqui?Ignoro sua pergunta, cruzando os braços.— Eu não te devo explicações. Quem você pensa que é para ficar me questionando?Seus olhos se estreitam, frios e implacáveis.— Por que está fugindo da minha pergunta, Emily?— Fugindo?— Sim. Você conheceu Ômer fora daqui? Já se falaram antes? No banco
O fogo da paixão corre em minhas veias no auge do desejo. A emoção toma conta de mim e me faz entender que muito mais que luxúria eu sinto por esse homem. Há algo nele que mexe comigo.Esquecida do resto do mundo fico entregue a sensação maravilhosa que as carícias dele me provocavam, juntamente com o prazer de senti-lo trêmulo e ofegante enquanto ele me tem em seus braços. — Quero você Emily, como nunca quis outra mulher em minha vida. Hoje eu me esforcei para ficar longe de você, do seu quarto, mas é impossível. Eu te quero Emily, te quero tanto. —Ele diz rouco no meu ouvido me causando arrepios e me aquecendo com suas falas. Oh Deus! A barreira que ergui contra ele já está baixa agora e está para ruir completamente.Ele empurra meus cabelos para as minhas costas e mordisca meu pescoço. Eu aperto os olhos soltando um pequeno gemido.— Eu queria as minhas mãos em você, bem assim naquela noite, mas me contive. Você é linda demais para eu ter metade de você. Eu quero você por inteiro
— Emily, você é linda... — ele murmura, a voz rouca, vibrando no meu ouvido como uma melodia proibida. — Como não nos permitir sentir isso? Como estar ao seu lado e ignorar o desejo que sinto por você? Explique-me, pois, eu não consigo entender.Ele captura uma das minhas mãos com delicadeza e a leva aos lábios. Seus beijos quentes na minha pele fazem meu coração falhar uma batida.— Amo suas mãos, de unhas delicadas, eu as quero correndo pelo meu corpo, sentindo todos os meus músculos...— diz ele, rouco, quase um sussurro.Um arrepio percorre minha espinha e meu corpo todo responde a ele, latejando com um desejo que mal consigo conter. Aperto-o mais contra mim, sentindo o peso de sua masculinidade dura e latejante pressionando minha barriga. A consciência desse contato me deixa fora de mim. Tudo ao meu redor desaparece. Só existe ele, esse homem que me consome.Num movimento impetuoso, ele começa a tirar minha blusa, e eu, sem pensar, tiro minha calça apressadamente. Suas mãos desliz
Suas mãos deslizam pelos meus cabelos, como se fossem feitas para me acalmar, e ele beija o meu rosto devagar, com cuidado. Como um homem que ama uma mulher faria. Esse carinho me atordoa mais do que qualquer beijo ou toque apaixonado. Meu cérebro não consegue processar a doçura do gesto, e, ainda assim, meu corpo se rende mais uma vez.Logo, eu me perco. Vou sendo levada como uma musicista hipnotizada por sua própria melodia, entrando lentamente naquela bolha de novo. Agora, tudo é doce, quente e envolvente. Seus beijos molhados percorrem a minha pele, cada um um sussurro silencioso de adoração. Seu nariz desliza, aspirando meu cheiro, como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo.Palavras em turco escapam de seus lábios quando ele beija meu rosto, e elas soam tão belas, tão íntimas, que eu estremeço. Não entendo o significado, mas permito-me acreditar que são palavras de amor.Gemo baixinho, minha respiração entrecortada, os lençóis se prendem em meus dedos, meus pés se enroscam