Chegamos à minha clínica um pouco antes da duas da tarde. No caminho do Sunrise até aqui, Ellen não para de falar nem um minuto sobre seu novo trabalho e em como está empolgada. Ela também distribui beijos pelo meu rosto e boca a todo tempo como sinal de agradecimento, gesto esse que me deixa duro. É claro. Uma única linha de tristeza cruza seus olhos quando ela me fala sobre seu bom amigo Tyler. Segundo ela, o blog do tal Will está fora do ar e ela não conseguiu encontrá-lo, o que para ela significa que ela perdeu seu companheiro. Para mim, só significa que eu terei um pouco mais de trabalho para cumprir minha promessa de trazê-lo de volta para ela. A distância ou o não conhecimento da localização do tal sujeito não serão um empecilho no meu caminho. Eu sei a quem recorrer para pedir ajuda em encontrar alguém.Quando colocamos os pés fora do carro na frente da clínica, o queixo de Ellen quase bate no chão de concreto do estacionamento, totalmente embasbacada com a visão á sua frente.
Olho no meu relógio e vejo que já passou da hora de sair. São quase sete e meia e eu tenho um compromisso com a minha menina e uma senhorinha.— Bom Rob, eu tenho um compromisso com a Ellen agora. — digo sorrindo e abrindo a porta — É melhor irmos. — faço uma careta ao passar as mãos pelo pescoço.— Claro. O que há com o seu pescoço? — ele pergunta com as sobrancelhas franzidas, mas um toque de sarcasmo na voz e no olhar.— Dia puxado meu amigo, dia puxado. — ele sai sorrindo e eu o sigo.— O que acha de jantarmos em um lugar bem legal para comemorar seu novo emprego? — pergunto a Ellen assim que tiro o carro do estacionamento.— Não acho que esteja vestida de acordo para um jantar em um lugar legal. — ergo a sobrancelha questionando e ela vira os olhos — Te conhecendo, provavelmente você vai querer ir a um restaurante fino e não há nada de errado com sua camisa de marca e seu jeans caríssimo, eu por outro lado não estou tão bem com uma regata e um short que só cobre metade da minha c
Sinto o ar sendo solto dos seus pulmões com menos força do que antes. Continuamos abraçados por um tempo e a senhora Parker volta para onde estamos. Eu não a vejo, só sei que ela voltou porque escuto o seu tossir tão comumente usado pra chamar a atenção de alguém.— Com licença. Desculpem-me. — ela nos dá um pequeno sorriso quando nos soltamos — E então? O veredicto?Olho para Ellen pedindo para ela aceitar e depois de suspirar revirando os olhos, ela diz que sim com a cabeça.— McDonald’s? Sério? — Ellen me olha totalmente risonha quando paramos para comer.— Ué, me lembro de ter dito que por você eu viria e comeria essas porcarias, não é?— Não são porcarias. — ela sorri — Você parece a minha mãe.— Está aí uma coisa da qual eu nunca fui acusado.Sentamo-nos em uma das mesas que estão no pátio exterior da lanchonete e esperamos um pouco até que uma garçonete aparece para pegar os nossos pedidos. Não é novidade para mim quando ela começa a olhar demoradamente demais para o meu rosto
— Nick? Tudo bem?— Tá. — levanto a cabeça sorrindo — Tudo bem.— Como está o seu pescoço? Está melhor?— Sim, é claro. Você tem mãos de anjo Ellen, obrigada pela massagem. Daria uma ótima fisioterapeuta. Mas sabe, ainda incomoda um pouco. — minto — É por isso que estava com a cabeça baixa.Ela concorda com a testa franzida em sinal de que não acreditou muito. Dou-lhe um beijo no rosto e ela sorri um pouco. Enrola-se mais um pouco na toalha e sai do banheiro me deixando para terminar de tirar a barba.Quando acabo, saio e vou ao seu encontro no quarto. Ela já está devidamente vestida e agora penteando o cabelo. Que pena. Vou para o closet e rapidamente me visto, não quero perder nenhum tempo sem ela.Descemos juntos para a cozinha e após tomarmos café – o mais devagar que eu pude, diga-se de passagem – entramos no carro com suas poucas coisas para fazer a mudança para o seu novo apartamento.Quarenta e cinco minutos no trânsito e chegamos ao lugar. Sei plenamente que estou fazendo tud
Ela fecha a cara e dessa vez eu acho que falei mais do que deveria. Merda. Isso Nicholas, mostre cada vez mais a ela que grande filho da puta você é, seu imbecil.O silêncio que se instala na sala é tão grande que tenho certeza que ouvi um grilo cantar lá fora. Talvez não um grilo já que não existem muitos na zona urbana de Miami, mas com certeza eu ouviria se tivesse algum por perto.— Ellen? — pego sua mão com uma das minhas e om a outra eu puxo seu rosto para olhar para mim. — Desculpa por falar essas coisas. Eu não deveria supor que sei muito sobre você. Eu sou um filho da puta, eu sei.— Você não é um filho da puta. — ela mastiga um pouco os lábios — É só idiota mesmo.Sorrio e ela me acompanha em um sorriso pequeno.— Entenda é que... me corrói por dentro apenas o pensamento de você com outro.— Eu entendo. Também não gosto de pensar em você e meia Miami. Principalmente sabendo do seu bom gosto para mulheres, o que significa que todas as suas amantes são divas belíssimas. Eu me
Dirijo a mil pelas ruas de Miami até o apartamento dela e ao chegar, em dois minutos estou esmurrando sua porta. O porteiro me informou que ela chegou ás seis da tarde. Mas como pode ter chegado tão tarde se ela saiu ás quatro?— Ai Nick, calma eu estava no banho. — ela abre a porta só de toalha. É uma visão bonita, mas que ao mesmo tempo traz de volta algumas lembranças ruins na minha vida, devido á situação de agora — Entra.— Onde você estava? — pergunto entrando como um vento para dentro. Aproveito para olhar ao redor, mas tenho que me conter para não examinar seu quarto atrás de... de quê mesmo? Outro cara? E se Ellen estiver desde as quatro com outro cara? Porra, Nick pare com isso, homem. Ela não é a Ada.— Ok, meu primeiro dia de trabalho foi ótimo, obrigada por perguntar. — ela fecha a porta com um sorrisinho debochado — Como foi o seu? Acho que não muito bom. Pela sua cara, parece que chupou um limão.— Ellen, eu não estou brincando. — Me viro para ela e tento não gritar, ma
Sexta-feira. Sete e quarenta da noite. Dois dias sem nenhum contato com a Ellen. A não ser que dois telefonemas de três minutos ontem e hoje na hora do almoço e uma mensagem ontem antes de dormir contem. A verdade é que desde a conversa sobre contracepção, o clima entre a gente ficou estranho.Na manhã de quinta, depois que eu acordei, apenas lhe dei um beijo casto nos lábios e nem mesmo a esperei acordar antes de sair e ir pra casa me arrumar para o trabalho. Passei a manhã toda com o pensamento longe e apenas quando era quase uma da tarde e ela me ligou, foi que eu consegui relaxar um pouco. A tarde não foi muito diferente. Fiquei disperso e tive que pedir para os meus pacientes relatarem pelo menos duas vezes a mesma coisa para que eu conseguisse entender. Fiquei um pouco tranquilo, porém desapontado no fim da noite de ontem quando ela me mandou uma mensagem: Tive um bom dia, mas estou cansada agora. Durma bem.Tive uma noite péssima com sonhos péssimos e uma sensação de frio me in
Olho pra Ellen sacudindo os braços acima da cabeça em um ritmo lento e suave e sinto uma pontada no peito. Porra, eu não posso esperar mais para tomar posse dela do jeito que eu quero. Eu preciso dizer a ela que não está tudo bem sermos só amigos. Eu preciso dizer a ela que eu quero mais, que eu preciso de mais. A segunda música Secrets é uma contradição a o que eu penso em fazer agora. Um fim de semana. Só foi preciso um maldito fim de semana para que eu me apaixonasse de vez por ela. Suspeito que isso aconteceu no primeiro dia em que a vi na Casa da Rachel, mas é claro que como idiota que eu sou, eu não quis aceitar isso do jeito certo. É claro que pensei que ela era apenas um bom sexo e mais uma mulher em várias que eu já tive. Sorte a minha ela ser tão compreensiva e ter me dado a oportunidade de mostrar um pouco o que se passa pelo meu coração, mesmo que só com ações e não com palavras.Mas pensando nisso, eu talvez tenha que esperar um pouco mais. Ellen não quer que eu me abra