Sinto o ar sendo solto dos seus pulmões com menos força do que antes. Continuamos abraçados por um tempo e a senhora Parker volta para onde estamos. Eu não a vejo, só sei que ela voltou porque escuto o seu tossir tão comumente usado pra chamar a atenção de alguém.— Com licença. Desculpem-me. — ela nos dá um pequeno sorriso quando nos soltamos — E então? O veredicto?Olho para Ellen pedindo para ela aceitar e depois de suspirar revirando os olhos, ela diz que sim com a cabeça.— McDonald’s? Sério? — Ellen me olha totalmente risonha quando paramos para comer.— Ué, me lembro de ter dito que por você eu viria e comeria essas porcarias, não é?— Não são porcarias. — ela sorri — Você parece a minha mãe.— Está aí uma coisa da qual eu nunca fui acusado.Sentamo-nos em uma das mesas que estão no pátio exterior da lanchonete e esperamos um pouco até que uma garçonete aparece para pegar os nossos pedidos. Não é novidade para mim quando ela começa a olhar demoradamente demais para o meu rosto
— Nick? Tudo bem?— Tá. — levanto a cabeça sorrindo — Tudo bem.— Como está o seu pescoço? Está melhor?— Sim, é claro. Você tem mãos de anjo Ellen, obrigada pela massagem. Daria uma ótima fisioterapeuta. Mas sabe, ainda incomoda um pouco. — minto — É por isso que estava com a cabeça baixa.Ela concorda com a testa franzida em sinal de que não acreditou muito. Dou-lhe um beijo no rosto e ela sorri um pouco. Enrola-se mais um pouco na toalha e sai do banheiro me deixando para terminar de tirar a barba.Quando acabo, saio e vou ao seu encontro no quarto. Ela já está devidamente vestida e agora penteando o cabelo. Que pena. Vou para o closet e rapidamente me visto, não quero perder nenhum tempo sem ela.Descemos juntos para a cozinha e após tomarmos café – o mais devagar que eu pude, diga-se de passagem – entramos no carro com suas poucas coisas para fazer a mudança para o seu novo apartamento.Quarenta e cinco minutos no trânsito e chegamos ao lugar. Sei plenamente que estou fazendo tud
Ela fecha a cara e dessa vez eu acho que falei mais do que deveria. Merda. Isso Nicholas, mostre cada vez mais a ela que grande filho da puta você é, seu imbecil.O silêncio que se instala na sala é tão grande que tenho certeza que ouvi um grilo cantar lá fora. Talvez não um grilo já que não existem muitos na zona urbana de Miami, mas com certeza eu ouviria se tivesse algum por perto.— Ellen? — pego sua mão com uma das minhas e om a outra eu puxo seu rosto para olhar para mim. — Desculpa por falar essas coisas. Eu não deveria supor que sei muito sobre você. Eu sou um filho da puta, eu sei.— Você não é um filho da puta. — ela mastiga um pouco os lábios — É só idiota mesmo.Sorrio e ela me acompanha em um sorriso pequeno.— Entenda é que... me corrói por dentro apenas o pensamento de você com outro.— Eu entendo. Também não gosto de pensar em você e meia Miami. Principalmente sabendo do seu bom gosto para mulheres, o que significa que todas as suas amantes são divas belíssimas. Eu me
Dirijo a mil pelas ruas de Miami até o apartamento dela e ao chegar, em dois minutos estou esmurrando sua porta. O porteiro me informou que ela chegou ás seis da tarde. Mas como pode ter chegado tão tarde se ela saiu ás quatro?— Ai Nick, calma eu estava no banho. — ela abre a porta só de toalha. É uma visão bonita, mas que ao mesmo tempo traz de volta algumas lembranças ruins na minha vida, devido á situação de agora — Entra.— Onde você estava? — pergunto entrando como um vento para dentro. Aproveito para olhar ao redor, mas tenho que me conter para não examinar seu quarto atrás de... de quê mesmo? Outro cara? E se Ellen estiver desde as quatro com outro cara? Porra, Nick pare com isso, homem. Ela não é a Ada.— Ok, meu primeiro dia de trabalho foi ótimo, obrigada por perguntar. — ela fecha a porta com um sorrisinho debochado — Como foi o seu? Acho que não muito bom. Pela sua cara, parece que chupou um limão.— Ellen, eu não estou brincando. — Me viro para ela e tento não gritar, ma
Sexta-feira. Sete e quarenta da noite. Dois dias sem nenhum contato com a Ellen. A não ser que dois telefonemas de três minutos ontem e hoje na hora do almoço e uma mensagem ontem antes de dormir contem. A verdade é que desde a conversa sobre contracepção, o clima entre a gente ficou estranho.Na manhã de quinta, depois que eu acordei, apenas lhe dei um beijo casto nos lábios e nem mesmo a esperei acordar antes de sair e ir pra casa me arrumar para o trabalho. Passei a manhã toda com o pensamento longe e apenas quando era quase uma da tarde e ela me ligou, foi que eu consegui relaxar um pouco. A tarde não foi muito diferente. Fiquei disperso e tive que pedir para os meus pacientes relatarem pelo menos duas vezes a mesma coisa para que eu conseguisse entender. Fiquei um pouco tranquilo, porém desapontado no fim da noite de ontem quando ela me mandou uma mensagem: Tive um bom dia, mas estou cansada agora. Durma bem.Tive uma noite péssima com sonhos péssimos e uma sensação de frio me in
Olho pra Ellen sacudindo os braços acima da cabeça em um ritmo lento e suave e sinto uma pontada no peito. Porra, eu não posso esperar mais para tomar posse dela do jeito que eu quero. Eu preciso dizer a ela que não está tudo bem sermos só amigos. Eu preciso dizer a ela que eu quero mais, que eu preciso de mais. A segunda música Secrets é uma contradição a o que eu penso em fazer agora. Um fim de semana. Só foi preciso um maldito fim de semana para que eu me apaixonasse de vez por ela. Suspeito que isso aconteceu no primeiro dia em que a vi na Casa da Rachel, mas é claro que como idiota que eu sou, eu não quis aceitar isso do jeito certo. É claro que pensei que ela era apenas um bom sexo e mais uma mulher em várias que eu já tive. Sorte a minha ela ser tão compreensiva e ter me dado a oportunidade de mostrar um pouco o que se passa pelo meu coração, mesmo que só com ações e não com palavras.Mas pensando nisso, eu talvez tenha que esperar um pouco mais. Ellen não quer que eu me abra
Ela vai passar a noite comigo? Ela vai passar a noite comigo. Eu não estraguei tudo afinal de contas. Vestimos nossas calças e nos recuperamos da nossa rapidinha antes de descermos. Ellen quer ficar na pista para terminar de curtir o show e pensando bem é uma ótima ideia. Se eu ficar com ela lá em cima eu não vou resistir a vontade de transar com ela de novo e mais uma vez depois.Ryan senta em um banquinho e começa a tocar a última música. Uma melodia no violão. Apenas ele. Sem outros instrumentos. Eu reconheço o toque ligeiramente, mas não me lembro de onde. As luzes estão todas apagadas e há apenas um holofote em cima do Ryan.Remember those walls I built?Well, baby they're tumbling downAnd they didn't even put up a fightThey didn't even make up a soundI found a way to let you inBut I never really had a doubtStandind in the light of your haloI got my angel now— Já tinha ouvido o Ryan cantar Halo? — ela pergunta.— Não, nunca. — enrolo os braços em torno dela.— É linda na v
Tomo um pouco de leite rapidamente no gargalo da garrafa mesmo por estar tão atrasado. Ellen ficou lá em cima tomando banho. Caramba, eu tenho que acomodar o meu tempo com essa garota ou vou acabar me atrasando pra tudo na minha vida.Jogo a garrafa de leite de volta na geladeira e praticamente corro pra porta. Quando abro me surpreendo ao ver o velho mais importante da minha vida parado com o punho cerrado prestes a bater na porta.— Vovô? — franzo as sobrancelhas.— Não parece ter ficado muito feliz em me ver. — ele diz sorrindo.— É claro que fiquei. — Só não esperava. — É que...— E então? Vai me deixar aqui fora até o Natal?— Entra. — digo sorrindo.Meu avô entra e põe a mala ao lado da porta. Olha ao redor e eu fico apreensivo. Apesar de o meu avô sempre me apoiar em tudo, toda vez que me visita, ele deixa clara a sua opinião sobre a minha vida e essa opinião nunca é a meu favor. Eu até entendo. Sei que ele sempre quis que eu parasse de ser um galinha filho da mãe e me aquietas