Eu me abaixo e ela pula no meu pescoço quase me sufocando. Liv é uma garotinha de oito anos muito esperta. Há dois, foi diagnosticada com paralisia cerebral e desde então, começou a ser atendida aqui, já que sua família não tem condições de procurar um profissional particular.— Oi Liv. — digo afastando-a um pouco para poder olhar no seu rosto — Como você está hoje, pequena?— Bem, tio Nick. — ela responde sorridente. Observo que ela tem uma pequena ferida nos dois cotovelos.— O que houve com você Liv? Por que está machucada?— Foi aquele menino chato que me derrubou do balanço. — diz ela cruzando os bracinhos emburrada e eu logo sei que ela se refere ao Matthew.— Você e o Matt brigaram de novo? O que eu já falei sobre isso?— Ele é muito chato, tio Nick. Eu estava brincando no balanço e aí ele pediu pra brincar também, mas eu não deixei. Depois ele me derrubou.— E por que você não deixou ele brincar um pouquinho também? Você sabe que deve compartilhar.— Por que eu ainda não tinha
— Caramba, Nicholas, isso é roupa demais. — diz Ellen quando saímos da Zara repletos de sacolas — Não acho que tenho muitos lugares onde usar tudo isso.— Agora não, talvez, mas logo terá. — coloco as sacolas no porta-malas — Quando começar a trabalhar e a fazer o que quer que você veio fazer aqui em Miami.Ela me olha com o cenho franzido. Eu sorrio.— Ora, esqueceu que você me disse que tinha um propósito a cumprir quando resolveu vir para Miami?— Você levou a sério?— Claro. Tudo o que você fala eu levo a sério.Entramos no carro e voltamos para a minha casa. Passa das seis da tarde quando chegamos a Miami Beach. Estaciono a minha BMW Z4 preta ao lado dos meus outros veículos e vejo como ela olha embasbacada pra eles. Acho que em termos de meios de transportes estou bem abastecido. Créditos devidos ao meu avô Oliver. Se não fosse por ele e se dependesse do meu pai, eu estaria morando nas ruas com nem mesmo uma bicicleta para me locomover.— Uau. — Ellen assobia alto quando saímos
Ela tenta pegar um pedaço de frango e depois de muita dificuldade, finalmente o encaixa entre os hashis. Quando ela está levando até a boca, ela deve ter feito mais pressão que o necessário, por que o frango literalmente voa do palito e vem descansar perto da minha boca, em cima do lábio superior, antes de cair no chão.— Ai meu Deus. — ela ri — Deculpa, Nick. Foi totalmente sem querer.— Ah eu acredito. — digo sorrindo também.Ela deixa os dois hashis na bandeja de comida e limpa meu lábio com o dedo. Em seguida, ela coloca o dedo na boca para limpá-lo. Essa visão pode parece não ser nada demais para outro qualquer, mas para mim foi quente como o inferno. Puta que pariu. Como eu posso não pensar em sexo se ela faz isso?— Pronto. Está bem... — ela passa o dedo de novo no meu lábio —... Limpinho.— Sabe, eu tenho guardanapos ali na cozinha. — digo lambendo o lugar onde ela passou o dedo.— Está com nojo de mim? — ela pergunta séria, mas sei que ela não está perguntando isso pra valer.
É isso. É ela. Tenho uma mulher na minha casa depois de tanto tempo. Estou abrindo espaço para uma mulher entrar na minha vida de novo. É muita coincidência os sentimentos voltarem juntamente com lembranças e sonhos depois da chegada dela no meu mundo? Não. Definitivamente não é uma coincidência. Depois da Ada, eu nunca pensei em ter a companhia de alguém para nada, como já me peguei pensando em ter alguém ao meu lado enquanto olhava o céu. Isso está errado. Ela não deveria estar aqui. Que porra eu estou fazendo?— Nick? — ela chama de novo.— Mas que porra Ellen. Eu já disse que está tudo bem.Sinto seus dedos se tencionarem um pouco antes dela me soltar. Sem uma única palavra ela sai do meu lado e volta para o quarto, mas não antes que eu possa ver a expressão de choque e de... Dor?Legal, Nicholas. Belo cara bacana você é.Fecho os olhos com força e respiro fundo. Ela não tem culpa das coisas que se passam dentro de mim. Ada é culpada por isso. Embora... Ela é mulher. Não são todas
— Porque você se esconde dos sentimentos?— Por muitos motivos, mas voltando às prostitutas, — eu digo sorrindo e ela suspira visivelmente decepcionada por não ter conseguido arrancar nada de mim em relação a isso — gosto de ir lá porque, por exemplo, eu conheço uma, fico com ela e não preciso me preocupar em ter que evitá-la depois.— As meninas me contaram essa parte. Elas disseram que você só transa com uma garota de lá uma vez, ou no máximo duas.— Isso é verdade. Eu chamo de regra de três.— Regra de três?— Isso. — ela balança a cabeça confusa — Olha, eu explico. Se eu saio com uma garota uma vez, tudo bem. Ela não vai ficar no meu pé e depois do sexo eu posso simplesmente ir embora e pronto acabou.— Entendi.— Se eu saio com a mesma garota uma segunda vez, eu posso levá-la a algum lugar legal e depois partir pra transa no fim da noite e apesar de ela esperar que eu ligue no dia seguinte, ela não vai encanar nisso.Ela não move um músculo, ouvindo atentamente e me olhando com os
— Posso te propor uma coisa? — pergunto olhando para cima, para onde seus olhos olham para mim de cima para baixo.— É claro. — ela boceja.— Ora, parece que alguém está com sono. — sorrio já perdendo o foco ao ver minha nova visão favorita de novo em seus lábios.— Fala Nicholas, estou querendo voltar para o sonho maravilhoso antes de você me acordar gritando no meio da noite.— Com o que você estava sonhando? — pergunto erguendo uma sobrancelha.— Com nada que eu possa te contar. — ela cora — Agora fala, o que você quer propor pra mim?— O que era mesmo? — penso e me lembro — Ah sim. Eu estava dizendo, antes de você me interromper, que você deve me achar um pouco estranho... — ela começa a abrir a boca pra rebater isso, mas eu emendo logo — Tá bom, muito estranho, — ela concorda sorrindo — por causa de como eu tenho agido desde que nos conhecemos, não é?— É.— Mas você vai ver que isso é só porque você não me conhece, e provavelmente eu também te acho meio louca por que eu não te co
— Agora você vai ver. — Que barulho é esse? — Toma seu desgraçado.Acordo assustado com esse barulho que vem... de onde mesmo? Da varanda?— Miserável.Ellen. Levanto a toda velocidade seguindo o barulho que vem lá de fora. Da minha academia, na verdade. Angustiado com o que pode estar acontecendo eu me enrosco no lençol quando fico de pé e meu dedão vai diretamente na quina da cama.— Porra. — Me vejo grunhindo. Mas é outro barulho que me causa mais dor.— Ai porra, minha perna. — Ela se machucou?Alguém entrou aqui e está machucando Ellen? Se for isso, eu vou matar o desgraçado. Eu juro que eu mato. E nunca me perdoarei por estar dormindo enquanto ela luta com um bandido.— Ellen? Baby, você está bem?Baby? Nick qual o seu problema?Ela não responde. Ouço um barulho como de alguma coisa caindo no chão e corro mais rápido mesmo mancando um pouco até chegar à academia, temendo ser seu corpo que tenha sido derrubado.— Ellen? Você está aqui? — vejo a situação e paro tentando assimilar
Ela se senta no tatame no meio da academia e eu me sento de frente para ela em posição de sacerdote budista.— Acho que devo começar pelo início.— Por favor.— Minha mãe morreu há dois anos e eu fiquei apenas com o meu padrasto no rancho que a gente morava no interior da Califórnia. Ele sempre foi um cara legal, sempre me tratou como filha e seu único vício era apostar em corridas de cavalos, mas não era nada demais até ficarmos só nós dois em casa. Depois que ela morreu ele começou a apostar cada vez mais e penhorar objetos valiosos que a gente tinha e até mesmo coisas de família.— Isso é horrível. — ponho minha mão no seu joelho e dou um leve aperto — Sinto muito pela sua mãe. Deve ter sido terrível pra você.— Foi sim. Eu sei que pode parecer clichê, mas ela era a melhor mãe do mundo, sabe. — ela põe a sua mão na minha e depois a tira para continuar — Ela me deu o meu cavalo. Meu melhor amigo, como eu te disse ontem. O nome dele é Tyler.— Entendo. Imagino que seja por isso você