Ramiro— Eu sinto toda a dor da traição até hoje, mas conhecendo a Isabel, como acho que conheci, ela não diria isso no seu leito de morte para me atingir, nós nos amávamos, aliás, eu acho, ao menos penso que fomos felizes. — Por que ele mentiria para mim no seu leito de morte?— Não vejo uma lógica, por favor, fale a verdade, eu preciso entender onde errei com a minha mulher.— Eu preciso dessa verdade para ter paz!— Confessa karalho!— Eu não tenho o que confessar Ramiro!— Antes de me casar, me enfiei em muitas b0cetas, mas depois da Mirna, nunca mais fiquei com outra mulher, não surta cara, eu nunca enfiei o meu pau na sua mulher, Isabel se respeitava!— Isabel pode ter dito muitas coisas, Ramiro, mas isso... isso não é verdade, talvez estivesse confusa, ela sofreu muito, eram muitos remédios para controlar a dor!— Eu sofri pelo que ela passou, pela amiga, parceira, mas nunca sequer, beijei a sua mulher, quanto mais isso que você andou pensando.Liam parecia determinado agora,
RamiroPor anos, tratei minha filha com frieza, uma crueldade velada, deixando ela perceber que nunca seria suficiente, nunca seria digna do meu afeto.Eu a puni por algo que ela nem sabia existir.Ela não entendia por que eu a mantinha à distância, e eu fiz questão de nunca explicar. Em vez disso, a fiz crescer sob um teto de desconfiança, de olhares duros, de palavras contidas e sorrisos que nunca lhe ofereci. Quantas vezes ela deve ter se perguntado por que eu, o homem que deveria protegê-la, parecia vê-la como uma intrusa?Agora, tudo isso se revelava uma grande ilusão. E a verdade me atingia como um soco no estômago. Priscila era minha. Minha filha legítima, sem qualquer ligação com Liam, sem qualquer razão para que eu tivesse feito ela sofrer.Na minha cegueira, destruí tudo que era puro entre nós. Como vou poder encará-la depois disso?Minha mente não parava. A cada lembrança, a cada detalhe do passado, sentia o peso do que fiz e do que deixei de fazer. Não tinha como mudar o q
Priscila— Marcos, essa parte você resolve com a Luciana, capaz dela chegar no hospital e te por para fora, fiquei sabendo que ela esteve no hospital acompanhando a Beatriz e a pequena Giulia, enquanto o Rafel comandava as nossas missões, e pasmem, em plena maternidade, ela estava armada até os dentes!— Imagina com o marido ferido em combate, como ela vai estar?— Marcos, boa sorte, qualquer coisa, só chamar e se precisar, amanhã você vai para casa descansar que eu vou para o hospital.— Não Lucas, amanhã você terá muito o que fazer!A forma que Marcos responde deixa claro que ele sabe mais do que falou e com ele, não adianta tentar arrancar alguma informação.Eles trocam um aperto de mãos e o Lucas entra no carrao.Tobias e sua família ocupam o carro logo atrás do nosso, enquanto Lucas e eu trocamos olhares cúmplices. A missão ainda está em nossa mente, mas, por agora, a prioridade é garantir que todos cheguem em segurança.O trajeto até o condomínio é rápido, e a familiaridade do
Marcos A ambulância ainda tremia sob a velocidade constante enquanto o meu olhar permanecia fixo no veículo que transporta o meu parceiro de uma vida. Ele estava ali, adormecido, respirando com uma certa dificuldade, mas vivo. Precisava manter a calma.Sabia que aquela ambulância a minha frente transportava não só o meu parceiro, mas sim um grande amigo, nossa parceria iniciou no treinamento e aos poucos fomos fazendo várias missões juntos.Quando chegamos ao hospital, a equipe de emergência estava pronta, como se já soubessem da gravidade da situação. Eles foram rápidos, ágeis, organizados. André foi levado diretamente para a sala de atendimento, e eu segui logo atrás, insistindo para ficar por perto.Eles o deitaram na maca, cortaram o curativo antigo e começaram a trabalhar. A ferida foi reaberta, limpa e tratada com eficiência. Um dos enfermeiros coletava amostras de sangue enquanto outro ajustava o soro. Eu estava tenso, imóvel ao lado da porta, observando tudo, sem saber onde
LucianaAcordo com a cabeça pesada, como se tivesse passado por uma tempestade. A lembrança da noite anterior ainda me assombra, o nervosismo, a ansiedade... a dose generosa de tranquilizante que tomei para tentar silenciar os pensamentos. Mas agora estou aqui, ainda meio grogue, tentando juntar os pedaços.Arrasto-me até o banheiro e me jogo sob o chuveiro. A água quente escorre pelo meu corpo, mas não leva embora o aperto no meu peit0. Meu coração dói só de pensar nele. André. O meu marido. O amor da minha vida.As lágrimas vêm sem aviso, misturando-se à água que cai sobre o meu rosto. Ele está no hospital, ferido, e eu sequer pude estar ao lado dele. O medo toma conta de mim. E se...? Não, eu não posso pensar nisso. Preciso pensar positivo! Ele vai ficar bem. Ele tem que ficar bem.Respiro fundo, tentando controlar a torrente de emoções. A água está quente, mas meu corpo treme de ansiedade. Por mais que eu tente, não consigo afastar o medo de perdê-lo, minha vida sem o André não te
RafaelNo início da reunião, Priscila entra, com a postura firme, mas vejo a tensão em seus olhos. Sei que o passado dela pesa e que, para ela, se abrir e relatar a missão é como reviver pedaços de tudo aquilo de que quer distância. Mas é fundamental que cada detalhe seja esclarecido.Ela começa a relatar a missão de captura de Arkady. A cada palavra, percebo a precisão dela ao descrever os passos, os riscos calculados, e como lidou com a operação com um sangue frio raro. Acompanhei parte do plano, mas é diferente ouvir os detalhes diretamente dela, entender cada decisão que a trouxe até aqui. A lealdade de Priscila nunca esteve em questão, e agora, mais do que nunca, posso ver que ela entende a importância de cada ação.Quando a reunião começa a se encaminhar para o fim, chamo Ramiro. Ela tenta esconder a reação, mas noto a rigidez no seu rosto. Ele entra com aquele ar frio e controlado, que só se quebra ao cruzar o olhar comigo. Ramiro sabe que qualquer erro aqui vai custar caro, en
CesareSaio da reunião na minha construtora, satisfeito com os resultados. O projeto de um novo complexo residencial está avançando, e os números confirmam que é mais um acerto. Mas, como sempre, não tenho tempo para celebrar. O próximo compromisso me chama, na sede da máfia.Quando chego, o ambiente está como deveria, dentro do esperado, eficiência e precisão. Soldados entram e saem, carregando informações, cuidando das operações que mantêm tudo funcionando como uma máquina bem calibrada.Os meus olhos percorrem o salão principal até que os encontro: Gian Carlo e Lipe. Os meus filhos.Gian Carlo está concentrado em um monitor, apontando algo na tela enquanto Lipe revisa uma pilha de documentos ao lado. Eles conversam, gesticulando de forma precisa e coordenada. É claro que estão planejando uma operação, e a dinâmica entre eles é impecável. Gian tem o olhar analítico e frio que sempre admirei, enquanto Lipe exala a confiança e o comando que vêm com a experiência.Por dentro, sinto mui
Gian Carlo A sala está em silêncio após a saída do meu pai. Cesare Vassalo não é um homem que se abala facilmente, e vê-lo tão indignado reforça a gravidade da situação. Meu irmão Lipe permanece de braços cruzados, a expressão fechada enquanto absorve o que acabamos de ouvir.— O que acha disso? – pergunto, quebrando o silêncio.Ele me encara, os olhos apertados de concentração.— Acho que é o tipo de coisa que o nosso pai não vai deixar passar. E nem eu. Quem quer que esteja desviando, sabe exatamente onde mexer para causar danos.Concordo com um aceno. Nosso trabalho não é apenas descobrir quem está roubando, mas garantir que isso não volte a acontecer.Hora de traçar um plano!Abro o meu laptop e acesso o sistema financeiro da máfia. O pai tem razão, se há um desvio, ele está acontecendo dentro da estrutura. Isso significa que alguém com acesso às contas está manipulando os números.— Vamos começar pelos últimos três meses — sugiro. — Se for algo recente, as discrepâncias vão apar