RafaelAs palavras dele me atingem como um soco no estômago, mas de um jeito bom. Seguro, removível. Palavras que eu esperava ouvir há tanto tempo. — E o que vocês recomendam daqui pra frente?— pergunto, tentando manter a voz firme.— Continue o tratamento do Brasil, ele está funcionando! — responde ele. — Mas agora, com a cirurgia sendo uma opção viável, sugerimos que você agende o procedimento. Depois disso, apenas acompanhamentos anuais aqui em Denver para garantir que tudo continue estável.Ramiro me dá um tapinha no ombro, um gesto raro, mas reconfortante. — Parece que o destino te deu mais tempo, Rafael.Minha mente já começa a correr. Mais tempo com Beatriz. Mais tempo com Rafinha e Giulia. Mais tempo para viver a vida que sempre desejei. Sinto uma onda de gratidão, e também de alívio, mesmo sabendo que ainda há um caminho pela frente.Othon se aproxima e diz, com seu tom sério de sempre: — Nós cuidamos dos nossos. O centro médico está à sua disposição para o que precisar.
Beatriz Chegamos ao hotel no final da tarde e evidentemente que todos nós estávamos exaustos, assim peguei a Giulia, o Rafa e fomos para nossa suíte, sabia o quanto os meus filhos estavam cansados! Assim que entramos na suíte nos dirigimos para o banheiro, se eu demorasse com a higiene, os dois iriam pegar no sono. Enquanto preparava o banho, pedi que fosse servido a refeição no quarto.Assim me dediquei a cuidar das crianças. Após hidratar a pele massageando levemente para evitar qualquer incômodo, a Giulia vesti com uma camisolinha leve, enquanto coloquei um pijaminha no Rafa, nesse momento o serviço de quarto bate a porta. Vou em direção a porta para recebê-lo, com a nossa refeição e qual não é minha surpresa ao ver que ele não se encontra sozinho, Felipe também está a porta.Faço o sinal para que eles entrem, espero que arrumem a refeição na mesa existente na suíte, e peço a Felipe que se sente. Giulia se aproxima coçando os olhos.— Mamãe eu estou com muito sono, posso dormi
Felipe VassaloEspero por Lívia no ponto de encontro que marcamos. Ela aparece pontualmente, vestida para impressionar, com aquele sorriso que ela acha irresistível. Mal sabe que o jogo hoje não é o que ela imagina.— Felipe. — diz ela, inclinando-se para me cumprimentar. — Sempre tão charmoso. Para onde vamos?— Surpresa! — respondo, jogando um sorriso calculado. Seguro a porta para ela entrar no carro, e o charme dela parece escorrer como mel. Mas por dentro, estou frio como gelo. Hoje, não há espaço para distrações.Dirijo com calma. Ela fala sobre trivialidades no caminho, tentando captar minha atenção com risadas e olhares sugestivos. Quando chegamos à sede, ela ainda não percebe a gravidade da situação. Acompanha-me pelo corredor principal, olhando ao redor com curiosidade.—Que lugar é esse? — pergunta, dando uma risadinha. — Você está ficando cada vez mais criativo, Felipe.— Tenho algo especial para mostrar. — digo, abrindo a porta que leva ao porão. A escada de concreto é
CesareEntro na sede da máfia ao lado de Gian, apressadamente, sentindo o peso habitual das responsabilidades que carrego. Gian caminha ao meu lado em silêncio, sempre atento, com uma postura inabalável. No momento em que passamos pela entrada principal, um dos homens da segurança se aproxima rapidamente e murmura algo que imediatamente me deixa alerta.— Felipe está no porão de tortura. — ele diz, quase sussurrando. — Com uma mulher.Eu e Gian nos entreolhamos, trocando um olhar cheio de entendimento e desconfiança. Não era o tipo de informação que podíamos ignorar. Sem dizer uma palavra, seguimos pelos corredores da sede, descendo as escadas até o porão. O ambiente frio e sombrio parece intensificar a tensão que sinto crescendo dentro de mim.Quando chegamos, a porta está entreaberta. Entro e, à primeira vista, vejo Felipe, parado diante de uma mulher que reconheço instantaneamente, a Lívia. A mente trabalha rápido, e as peças do quebra-cabeça começam a se encaixar. Ele descobriu.
Cesare— Apenas acordos, ela me ajudou. — admito, suspirando. — Mas, antes de tudo, preciso saber até onde ele descobriu. Talvez não seja tão grave quanto parece.— Você acha? — Gian arqueia uma sobrancelha, cético. — O Felipe não estaria assim se fosse algo pequeno. E ele é esperto. Se chegou até a Lívia, já sabe mais do que deveria.Essa verdade me atinge como um soco no estômago. Gian está certo. Felipe não opera por instinto; ele segue pistas, conecta pontos. Ele é metódico, mesmo quando parece descontrolado.— O que me preocupa é o que ele fará com essa informação. Se ele descobrir que eu estava por trás de tudo, que trabalhei com Lívia para afastá-lo de Beatriz...— Pai, dessa vez você foi longe demais, ele ainda sofre a ausência dela, Lipe a ama. Ele vai considerar isso uma traição. — Gian completa.A palavra pesa no ar. Traição. Para alguém como Felipe, isso não é algo que se perdoa facilmente, mesmo que venha do próprio pai.Gian me observa em silêncio por um momento antes
FelipeEntro no meu apartamento e fecho a porta com força, ainda sentindo o calor da raiva que pulsa em cada fibra do meu corpo. A cena de Cesare puxando o gatilho e acabando com a vida de Lívia não sai da minha cabeça. Ele não teve nem a decência de deixar que eu terminasse o que comecei. Não. Ele resolveu que tinha o direito de interferir, de silenciar a única pessoa que poderia me dar todas as respostas que eu precisava.Jogo a jaqueta no sofá e vou direto para o computador. Tiro o pen drive do bolso, aquele que contém a única prova do que aconteceu no porão. Meu pai pode ter matado Lívia, mas ele não pode apagar o que ela disse antes disso.Conecto o dispositivo e abro o arquivo de vídeo. As imagens aparecem na tela, cruas e brutais. Lá está ela, desesperada, enquanto eu pressionava, exigindo respostas. As palavras dela ecoam na minha mente.— Eu dop... eu te dopei— No seu suco… Respiro fundo. A verdade está ali, nua e crua. Ela admitiu, a armação, o golpe sujo para separar Beat
Felipe— Sei que ele é membro da máfia americana. E sei que isso tem tudo a ver com o fato de você estar aqui.Ela me encara, surpresa e, por um breve momento, parece que vai responder. Mas, então, sua expressão endurece novamente.— Felipe, você está delirando. Não sei de onde tirou essas ideias, mas…— Não minta para mim, Beatriz! — minha voz sai mais alta do que eu pretendia, mas não consigo evitar. — Eu só quero a verdade. Sobre tudo.— Mas antes preciso te confessar que eu sou um membr0 da máfia italiana, então não adianta negar sobre isso.Ela recua um passo, os braços caindo ao lado do corpo, e por um momento, parece hesitar.— Felipe… — ela começa, mas a voz falha. Então, fecha os olhos, como se estivesse reunindo coragem.— Se você quer respostas. — ela finalmente diz, abrindo os olhos para me encarar diretamente.— Então está na hora de você me ouvir também. Porque tem coisas que você não sabe. Coisas que vão mudar tudo.E, naquele instante, sinto que estou à beira de desco
BeatrizFelipe me encara, a expressão tensa enquanto conto a ele palavra por palavra da conversa que tive com Cesare. É doloroso revisitar aquele momento, mas sei que preciso ser honesta. Respiro fundo antes de continuar, mesmo sentindo o peso de cada frase.— Ele apareceu no meu apartamento sem avisar. Assim que abri a porta, já percebi que algo estava errado. A forma como ele me olhou... como se eu fosse uma intrusa, um problema a ser eliminado.As mãos de Felipe se fecham em punhos ao meu lado, mas ele permanece em silêncio, me incentivando a continuar.— Ele disse: "Meu nome é Cesare Vassalo. Sou pai de Felipe, o homem cuja cama você tem aquecido." Tento imitar o tom gelado dele, mas minha voz treme ao relembrar.— Eu tentei manter a compostura, Lipe. Disse que não sabia do que ele estava falando, mas ele... ele foi direto. Disse que eu era uma golpista, que tinha um cheiro característico, e que estava impregnado no apartamento…Vejo os olhos de Felipe se estreitarem, o maxilar de