Neamir— Você pode parar de roubar o meu filho da cama? — pergunto a Rosian, me jogando ao seu lado na cama. Éden dorme tranquilo ao seu lado, muito mais do que quando estava comigo.Ele, silenciosamente, se vira de lado, colocando uma mão na minha cintura e me puxando, até que eu fique deitada de lado também. Deixa sua magia correr por todo o meu corpo, devagar, de um jeito que não me causa dor, apenas relaxamento.— Obrigado — murmuro, já que a sensação alivia o incômodo no meu peito após os breves segundos que me consomem. — Se um dia precisar de mim, você pode apenas me chamar, mas não roube o meu filho.O ouço rir enquanto a penumbra do sono começa a me consumir, me arrastando para um descanso tranquilo. Desta vez, sei que o meu filho continua seguro ao meu lado. Este é um ambiente em que eu confio que o manterão a salvo.Para alguém tirá-lo daqui, precisará nadar em sangue.***— Bom dia — murmura a voz masculina em meu ouvido, dando um pequeno sorriso quando empurro seu rosto co
Neamir— Um demônio? — pergunta Lewyn, com a voz falhando levemente, ainda incrédulo com o que acabou de ouvir. Minhas palavras não são suficientes para deixá-lo confiante no que escutou.— Sim, um demônio — afirmo. — Enquanto buscava por outras espécies que gostaria de usar para os seus planos malucos, alguém mencionou a existência deles, e nosso pai se dedicou a encontrar um ou a descobrir como invocá-los.— Mas isso é uma loucura — comenta Lewyn.— Nosso pai é louco, se perdeu na própria insanidade — lembro a ele.— Tudo bem, continue — diz, deixando mais do seu temor à mostra, embora eu saiba que ele está começando a deduzir quais seriam os planos do nosso pai com uma nova criatura em suas mãos.— Ele fez muitas tentativas, buscou várias formas de resolver um problema recorrente que sempre ocorre quando se mistura um demônio com qualquer outra espécie — explico, de maneira mais grosseira, já que as minúcias são perigosas e amedrontadoras. Ele sabe disso.Conhece o tipo de monstro q
LewynEu sei, desde o momento em que tive certeza de que ela estava na minha frente, que tudo o que vi ela enfrentar enquanto estávamos juntos não era nada em comparação com o que viveu enquanto não nos vimos.Eu já sabia, tinha isso cravado em minha mente, como um espinho que nunca conseguirei retirar, porque ele é feito da falta de informações, dos momentos em que não pude estar ao lado dela, pela minha inutilidade diante de tudo o que ela sofria enquanto não a via.Vivo com arrependimento, com um desejo de vingança me consumindo, ansiando que as palavras de uma estranha pudessem valer algo para mim, e no final o que encontro é o pedaço da minha alma sofrendo por não poder lidar com seus demônios sozinha.Agora preciso ouvir que nosso pai foi ainda mais inescrupuloso com ela.Isso é uma loucura. Todos esses anos em que estive são uma loucura.Pude ficar em um bom lugar, ter um lugar para morar, consegui até conviver com outras pessoas, embora elas me olhassem de um modo estranho, com
Lewyn— Nosso pequeno bebê está tão tranquilo — comenta o bruxo, sentando-se ao meu lado, observando-me como se quisesse ter certeza de que a conversa que tive com Neamir não mudou drasticamente o que desejo fazer.No entanto, não houve modificações que valham a pena ser mencionadas, uma vez que o meu interesse, as minhas vontades, continuam iguais. Preciso arranjar um jeito de acabar com a vida de nosso pai, somente assim nos livraremos dos temores que nos incomodam diariamente.— Ele acabou de acordar, então está quietinho depois de comer — conto, porém, Éden não é um bebê que dá trabalho.Ele costumava chorar um pouco para dormir quando estávamos na casa de Ceyas, mas agora passa a maior parte do tempo admirando o que os adultos querem lhe mostrar, isso quando não engatinha pelo chão como uma minhoquinha fofa.Cresceu muito bem enquanto estávamos na estrada, no entanto, o seu desenvolvimento deu um grande salto desde que chegamos a esse lugar, como se aqui fosse o solo perfeito para
NeamirCom o beijo de Falout, sinto o peso da conversa se dispersar. Eles também experimentam o quanto esse momento é importante para nós. Não sou a única sentindo que há uma distância entre nós.A tensão que continuava pairando sempre que precisávamos conversar está se diluindo enquanto trocamos olhares. Sorrio para Falout e Rosian, uma tentativa de manter a leveza da situação.Eu sabia que essa ligação era mais forte do que qualquer coisa que eu pudesse querer ou evitar. Mas o que eu posso fazer quando o destino decide que somos parte de algo maior? Não posso fugir, mesmo que quisesse, minha alma não me permite esquecer.O que a deusa tinha em mente ao ligar almas dessa maneira?Cada vez que penso em Ceyas, o peso daquilo que nos une me torna mais consciente da minha vulnerabilidade.Não tenho certeza sobre a necessidade de carinho e proximidade que outras pessoas podem ter, mas, quando estou com eles, essas vontades ficam muito mais claras, mais fortes, porque meu corpo reage às dem
Ceyas— Quem é esse? — pergunto a Kanoi, sentindo a cada segundo que passa que não gosto desse cara. Essa expressão dele não é nada convincente. Fora que Kanoi não é do tipo de pessoa que anda com outra em seu bolso.Costuma trabalhar sozinha, tanto é que, apesar de ter uma boa relação com os bruxos que moram em Eldergrove, ela nunca quis criar um coven, embora eles a considerem capaz disso.Houve um período em que muitos comentários a respeito do que ela faria se espalharam pela cidade, no entanto, no fim, Kanoi decidiu seguir sozinha, sem se preocupar. Sempre que é necessário, briga pelo que pode ser bom para os bruxos, mas não toma a liderança.Isso não faz com que eles fiquem espalhados, mas a maioria, assim como ela, tende a ficar dentro de seus próprios covis, lidando com aquilo que desejam fazer, e, desde que não façam mal aos humanos, não tenho do que reclamar.— Ele é um amigo, tem mais capacidades envolvendo rastreio do que eu — explica, o que também é meio estranho, consider
NeamirEu olho para Éden, sorrindo com o coração aquecido.Vê-lo dessa maneira é o motivo de todas as minhas lutas diárias.Ele engatinha pelo tapete macio com uma graça que quase me faz esquecer de respirar. Meu filho tem crescido muito bem. É dessa forma que quero que continue. O menino sorri para mim, fazendo pequenos movimentos suaves, demonstrando a sua segurança, deixando nítido o quanto sabe o que faz.Éden, decididamente, tem se desenvolvido mais rápido que outras crianças não humanas.Cada movimento perfeito é feito com precisão e eu me pego admirando toda a sua concentração.Me agacho para ficar mais perto dele, tocando o chão com suavidade, esperando guiá-lo até mim; no entanto, não preciso. Ele é muito independente, como um pequeno explorador, descobrindo o mundo à sua maneira.Sabe que tem sempre alguém o observando, seja de perto ou de longe.— Você está indo muito bem, minha pequena lua — digo, minha voz se suavizando para corresponder ao sorriso molhado que ele me dá. E
NeamirSinto os braços de Rosian em cima de mim, mas sei que Falout continua no cômodo porque o seu cheiro esfrega-se embaixo da minha narina com força. Apesar de todo o esforço noturno, sinto-me renovada.Embora queira muito outro banho.— Ei, seus filhos da puta — murmuro, esticando o meu braço para acertar os dois. Falout dormiu agarrado a Rosian, e ele me manteve colada nele. — Vocês se aproveitam de eu ter cura acelerada — reclamo, acertando os dois mais uma vez.Falout segura minha mão, passando os dedos nos meus para impedir que eu continue atacando os dois. Solto um suspiro, mordendo o peitoral de Rosian, e o bastardo apenas ri.Acabei de falar sobre a minha cura, mas ainda sinto partes do meu corpo queimando, e é exatamente onde eles me morderam. Rosian sempre faz com que essas partes se curem devagar.— Você acordou bem agitada, mesmo que tenhamos te cansado bastante — murmura Rosian, passando a perna por cima de mim, me prendendo ainda mais.— Cura acelerada, sangue demoníac