Ceyas
Ergo-me da cama sentindo que toda a minha mente está prestes a fumegar. Não só ela, a minha pele também pinica, incomoda, como se o colchão não fosse confortável. Solto um suspiro irritado, pondo os pés com força contra o piso.
<NeamirLewyn se levanta ligeiro depois de pegar Éden em seus braços. Mantem o bebê protegido contra o seu peito, no entanto, o meu filho não deu nenhum sinal de estar com medo da pessoa que entrou no recinto.Nem deveria, porque não há nenhuma hostilidade sendo direcionada a nós. Ceyas— O que está propondo pode mudar a imagem que os caçadores têm da nossa alcateia — fala Miesla, é uma de nossos anciões mais velhos. Ela costuma pensar em tudo com seriedade e não ignora o que proponho.Porém, sempre tenta considerar o que é melhor para a alcateia, assim como eu fiz quando me livrei do meu pai por ter certeza de que ele acabaria nos levando a ruina. Todos concordaram comigo e me aceitaram como o regente qu42. Mudanças necessárias
Neamir— Esse rosto irritado não me assusta — aviso a Julien, enquanto continua trincando os dentes como se fosse me esmagar entre eles por não ter sido capaz de proteger a minha vida.— Deveria, posso morder você até arrancar a carne dos seus ossos — profere, aproximando-se, observa o bebê que tenho em meus braços antes de levar uma mão a minha nuca. — Então, o bastardo te recarregou — comenta, olhando para Rosian de lado.— Obrigado por me receber tão bem — articula Rosian, apenas entrando antes que Julien decida jogar alguma magia na cara dele. — Deixe os outros verem ela antes que sejam eles caçando o seu traseiro — avisa após subir os degraus da casa imensa que se tornou o refugiu para nós a algum tempo atrás.O lugar é grande o suficiente para que todos nós possamos conviver tranquilamente, independente das nossas diferenças de hábitos. Julien observa a pessoa do meu lado.— Ele é tão bonito quanto pensei que seria — murmura, sorrindo para o meu irmão.— Tira o olho — digo, ergue
Ceyas— Você parece um pouco mais estressado hoje — comenta Lugi, com uma expressão preocupada, já que os dias têm sido cada vez mais estranho.Vivo ocupado para organizar as mudanças da alcateia, no entanto, minha mente ainda se enche dela quando menos espero. Quero evitar que me atrapalhe, que pareça que eu só estou fazendo tudo por ela, por aquilo que pode ser uma necessidade dela, entretanto, aparentemente, é exatamente assim que parece.— Não sei se estou dormindo direito — articulo, apoio a minha cabeça no recosto do estofado, suspirando alto enquanto sinto os olhos dele queimando a minha pele.Não posso afirmar o que não tenho certeza, tipo a dúvida constante que martela em meu peito sobre ela ser ou não a minha lumeny. Fora o Éden. Em que momento considerei que sentiria tanta fala de um bebê? Ficamos muito pouco tempo juntos, no entanto, me pego pensando se consegue dormir bem sem que esteja por perto.— Tenho certeza de que você não está — pontua o meu amigo. — Estamos fazend
Neamir— Você pode parar de roubar o meu filho da cama? — pergunto a Rosian, me jogando ao seu lado na cama. Éden dorme ao seu lado, de um modo muito mais tranquilo do que quando estava comigo.Ele, silenciosamente, se vira de lado, colocando uma mão na minha cintura, me fazendo virar, até ficar de lado também. Deixa a sua magia correr por todo o meu corpo, devagar, de um modo que não me cause dor, apenas me relaxe.— Obrigado — murmuro, já que a sensação tira o incomodo que fica em meu peito após os breves segundos que me inunda. — Se um dia precisar de mim, você pode apenas me chamar, mas não roube o meu filho.O ouço rir, enquanto a penumbra do sono passa a me consumir, me arrastando para um descanso tranquilo, dessa vez, sabendo que o meu filho continua seguro do meu lado. Esse é um ambiente em que eu sei que o manterão a salvo.Para alguém o tirar daqui, precisará nadar em sangue.***— Bom dia — murmura a voz masculina em meu ouvido, dado um pequeno sorriso quando empurro seu ro
Neamir— Um demônio? — pergunta lewyn, com a voz dando uma leve falhada, dado que ainda parece meio incrédulo com o que acabou de dizer. Minhas palavras também não são o suficiente para que fique confiante no que ouviu.— Sim, um demônio — afirmo. — Enquanto buscava por outras espécies que gostaria de usar para os seus planos malucos, alguém mencionou a existência deles e nosso pai se dedicou a encontrar um ou a descobrir como invocá-los.— Mas isso é uma loucura — comenta Lewyn.— Nosso pai é louco, se perdeu na sua própria insanidade — lembro a ele.— Tudo bem, continue — articula, deixando mais do seu temor a mostra, embora, acredite que consiga pensar em quais seriam os planos dele após ter uma nova criatura em suas mãos.— Ele fez muitas tentativas, buscou várias formas de como resolver um problema recorrente que sempre ocorre quando se mistura um demônio com qualquer outra espécie — explico em detalhes mais grosseiros, já que as minucias são perigosas e amedrontadoras. Ele sabe
LewynEu soube, desde o momento em que tive certeza de que ela era na minha frente, que tudo aquilo que a vi enfrentar enquanto estávamos juntos não era nada em comparação com o que viveu enquanto não nos vimos.Eu já sabia, tinha isso cravado em minha mente, como um espinho que nunca conseguiria retirar, porque ele era feito da falta de informações, dos momentos em que não pude estar ao lado dela, pela minha inutilidade diante de tudo aquilo que ela sofria enquanto não a via.Vivi com arrependimento, com um desejo de vingança me consumindo, ansiando que as palavras de uma estranha pudessem valer algo para mim e no final o que eu encontrei foi o pedaço da minha alma sofrendo por não poder lidar com seus demônios sozinha.Agora preciso ouvir que nosso pai foi ainda mais inescrupuloso com ela.Isso é uma loucura. Todos esses anos e
Lewyn— Nosso pequeno bebê está tão tranquilo — comenta o bruxo se sentando do meu lado, observando-me como se quisesse ter certeza de que a conversa que tive com Neamir não mudou drasticamente o que desejo fazer.No entanto, não houve modificações que valham a pena ser mencionadas, uma vez que o meu interesse, as minhas vontades, continuam iguais. Preciso arranjar um jeito de acabar com a vida de nosso pai, somente assim nos livraremos dos temores que nos incomodam diariamente.— Ele acabou de acordar, então, está quietinho depois de comer — conto, porém, Éden não é um bebê que dá trabalho.Ele costumava chorar um pouco para dormir quando estávamos na casa de Ceyas, mas agora, passa a maior parte do tempo admirando o que os adultos querem lhe mostrar