Neamir— Pode parar naquele hotel — digo para meu irmão, vendo o layout conhecido do lugar. Estive aqui antes, e os hotéis na beira das estradas também costumam ter um ambiente parecido, meio degradado, daqueles que afastam as pessoas que não querem problemas.— Parece pior do que o último — murmura Lewyn, observando-o enquanto procura um lugar para estacionar. — Você andou procurando os piores lugares possíveis? — pergunta, verificando o tablet que tenho em mãos.— Tenho dinheiro para irmos a lugares maiores, mas chamaria a atenção se houver bruxas por perto — explico. — Lugares menores são menos propensos a ter bruxas por perto.— Ainda não me disse como consegue fazer essas magias — diz, ficando satisfeito por conseguir estacionar bem. — Me dá ele — pede, inclinando a cabeça um pouco para ver o rostinho de Éden. Passo meu filho para meu irmão, saindo do veículo e pegando as duas mochilas onde pomos o básico para passar uma noite.Sem dar a resposta para aquilo que o incomoda, chegam
CeyasErgo-me da cama sentindo que toda a minha mente está prestes a fumegar. Não só ela, a minha pele também pinica, incomoda, como se o colchão não fosse confortável. Solto um suspiro irritado, pondo os pés com força contra o piso.É apenas uma noite, uma porra de noite, e não consigo dormir na minha própria cama. Bufando, caminho para o quarto que sequer tem os mesmos resquícios da mulher, no entanto, apenas entrar nele me deixa mais calmo, abranda a confusão quente que fez o meu cérebro me despertar.Jogo-me na cama e solto uma nova lufada de ar frustrada. “O que diabos está acontecendo comigo?”, me questiono, ponderando sobre o que o meu amigo disse, não foi o único. Kanoi também agiu como se eu devesse observar melhor os meus arredores.Viro-me ficando de lado, já que o pensamento me incomoda.Não quero considerar que a possibilidade mencionada seja verdade, porque, se for, nós dois agimos como idiotas. Pelo que dizem, deveríamos saber automaticamente que a pessoa que encontramos
NeamirLewyn se levanta ligeiro depois de pegar Éden em seus braços. Mantem o bebê protegido contra o seu peito, no entanto, o meu filho não deu nenhum sinal de estar com medo da pessoa que entrou no recinto.Nem deveria, porque não há nenhuma hostilidade sendo direcionada a nós. 42. Mudanças necessáriasCeyasMerda, esta é mais uma noite em que não consigo dormir.Algo me incomoda muito mais nela.O calor da noite me envolve, mas a inquietude me impede de relaxar. Eu me viro na cama, os lençóis amontoados ao meu redor, tentando encontrar algum conforto, algum alívio. Mas não há paz. Só o peso das palavras, daquela m*****a profecia.“A chama que não se apaga, acenderá três luzes...”Eu sou a chama, a chama que não se apaga, eu sei disso.Há uma força dentro de mim que não pode ser apagada, um fogo ancestral, algo que pulsa, algo que me conecta a tudo ao meu redor. Mas três luzes? As palavras se repetem na minha mente, um eco que eu não posso ignorar.Três... Por que três? Eu só sei que uma delas possivelmente é Neamir. Minha lumeny. Me irrita sempre que ouço a voz de Lugi brincando com isso. Talvez porque existam tantas incertezas no momento.Não sei se o que sinto é um pressentimento, uma certeza, ou simplesmente o desejo de que seja verdade. Mas as palavras d42. Mudanças necessárias
Neamir— Esse rosto irritado não me assusta — aviso a Julien, enquanto continua trincando os dentes como se fosse me esmagar entre eles por não ter sido capaz de proteger a minha vida.— Deveria, posso morder você até arrancar a carne dos seus ossos — profere, aproximando-se, observa o bebê que tenho em meus braços antes de levar uma mão à minha nuca. — Então, o bastardo te recarregou — comenta, olhando para Rosian de lado.— Obrigado por me receber tão bem — articula Rosian, apenas entrando antes que Julien decida jogar alguma magia na cara dele. — Deixe os outros verem ela antes que sejam eles caçando o seu traseiro — avisa, após subir os degraus da casa imensa que se tornou o refúgio para nós há algum tempo.O lugar é grande o suficiente para que todos nós possamos conviver tranquilamente, independente das nossas diferenças de hábitos. Julien observa a pessoa do meu lado.— Ele é tão bonito quanto pensei que seria — murmura, sorrindo para o meu irmão.— Tira o olho — digo, erguendo
Ceyas— Você parece um pouco mais estressado hoje — comenta Lugi, com uma expressão preocupada. Os dias têm sido cada vez mais estranhos.Vivo ocupado organizando as mudanças da alcateia, no entanto, minha mente ainda se enche dela quando menos espero. Quero evitar que isso me atrapalhe, que pareça que só estou fazendo tudo por Neamir, por aquilo que pode ser uma necessidade dela. Entretanto, aparentemente, é exatamente assim que parece.— Não sei se estou dormindo direito — articulo, apoiando a cabeça no recosto do estofado, suspirando alto enquanto sinto os olhos dele queimando minha pele.Não posso afirmar o que não tenho certeza, como a dúvida constante que martela no meu peito sobre ela ser ou não a minha lumeny. Fora o Éden. Em que momento considerei que sentiria tanta falta de um bebê? Ficamos muito pouco tempo juntos, no entanto, me pego pensando se ele consegue dormir bem sem que eu esteja por perto.— Tenho certeza de que você não está — pontua meu amigo. — Estamos fazendo o
Neamir— Você pode parar de roubar o meu filho da cama? — pergunto a Rosian, me jogando ao seu lado na cama. Éden dorme tranquilo ao seu lado, muito mais do que quando estava comigo.Ele, silenciosamente, se vira de lado, colocando uma mão na minha cintura e me puxando, até que eu fique deitada de lado também. Deixa sua magia correr por todo o meu corpo, devagar, de um jeito que não me causa dor, apenas relaxamento.— Obrigado — murmuro, já que a sensação alivia o incômodo no meu peito após os breves segundos que me consomem. — Se um dia precisar de mim, você pode apenas me chamar, mas não roube o meu filho.O ouço rir enquanto a penumbra do sono começa a me consumir, me arrastando para um descanso tranquilo. Desta vez, sei que o meu filho continua seguro ao meu lado. Este é um ambiente em que eu confio que o manterão a salvo.Para alguém tirá-lo daqui, precisará nadar em sangue.***— Bom dia — murmura a voz masculina em meu ouvido, dando um pequeno sorriso quando empurro seu rosto co
Neamir— Um demônio? — pergunta Lewyn, com a voz falhando levemente, ainda incrédulo com o que acabou de ouvir. Minhas palavras não são suficientes para deixá-lo confiante no que escutou.— Sim, um demônio — afirmo. — Enquanto buscava por outras espécies que gostaria de usar para os seus planos malucos, alguém mencionou a existência deles, e nosso pai se dedicou a encontrar um ou a descobrir como invocá-los.— Mas isso é uma loucura — comenta Lewyn.— Nosso pai é louco, se perdeu na própria insanidade — lembro a ele.— Tudo bem, continue — diz, deixando mais do seu temor à mostra, embora eu saiba que ele está começando a deduzir quais seriam os planos do nosso pai com uma nova criatura em suas mãos.— Ele fez muitas tentativas, buscou várias formas de resolver um problema recorrente que sempre ocorre quando se mistura um demônio com qualquer outra espécie — explico, de maneira mais grosseira, já que as minúcias são perigosas e amedrontadoras. Ele sabe disso.Conhece o tipo de monstro q