Neamir— Merda — xingo, agradecendo por Lewyn segurar minhas pernas, mantendo-as abertas, porque a dor está me enlouquecendo. A sombra amarra meus braços, garantindo que eu não machuque Lewyn por engano, só porque perdi a noção.Depois de todos os comentários de Lewyn sobre não ser razoável deixar algo que tem a capacidade de pensar e agir sozinho sem um nome, decidi que deveria nomeá-la e agora, ela se chama Lira.— Neamir, juro para você que não tenho certeza do que estou fazendo aqui — fala, com a voz desesperada, e eu posso entender, de verdade. Contudo, a dor faz com que meus órgãos sejam esmagados.— Já está fazendo, não consegue sentir? — pergunto a ele.— Não, eu não posso, porra — reclama, apertando os locais onde segura. — Não consigo usar a nossa ligação, eu não posso…Vejo o seu rosto assustado depois de ser chutado por mim.— Se não estivesse compartilhando a minha dor com você, eu já teria desmaiado — grito, porque a dor arranca meu juízo. Se Lira não segurasse meus braço
Neamir— Que porra, eu sabia que vocês viriam até aqui, mas não acham que é um pouco demais? Acabei de ter um bebê — profiro, apoiando uma das minhas mãos na parede enquanto ouço os gritos do lado de fora causados pela Sombra.Faminta como está, não deixará que ninguém saia vivo. Contudo, eles mandaram muitas pessoas e, apesar de ter deixado guardas, Ceyas não sabia com o que teria que lidar.O grupo de cinco pessoas na minha frente parece indeciso sobre o que devem fazer, dado que, certamente, receberam a missão de me levar viva para o seu chefe. Quem sabe Uvtrian queira passar a perna em meu pai após perceber que ele é um safado que passará a perna em qualquer um?— Por que você não para de uma vez? Vamos levar você e a criança — fala um dos sujeitos, sendo o primeiro a dar um passo à frente, embora veja os corpos espalhados pelo corredor da mansão.O que Ceyas achará da nova decoração?— Não vão levar nada daqui, nem a sua vida — atesto, movendo o meu pescoço, sentindo que a rigidez
Neamir— Quão temerosos vocês estão? Ou será que não sabem que qualquer coisa que pareça sagrada é um risco? — inquiro, ainda sem sentir muito bem os músculos das minhas pernas, já que o calor é abrasivo e perturbador.Se eu não estivesse sofrendo com as dores antes, seria bem mais fácil.— Lance logo o próximo feitiço antes que ela consiga usar aquilo de novo — manda o homem. As mulheres passam a proferir suas sentenças rapidamente, apressando-se mais, dado o aviso deles.— Não a chame assim, ela fica magoada — profiro, ouvindo o grito do homem ao meu lado. No entanto, me surpreendo por não ver a Lira arrancando o seu coração, mas sim a mão de Ceyas perfurando-o até que a sua vida se vá.— Finalmente esse incômodo parou — murmura ele, jogando o corpo do sujeito de lado, partindo para cima do outro homem que ainda segura o meu braço para impedir que eu me mova mais.— Por que não param de falar enquanto ainda estou pedindo razoavelmente? — indago, apoiando-me nos meus joelhos, observan
Ceyas“O que diabos está acontecendo na minha casa desde que essa mulher chegou na minha vida?” me pergunto, vendo que tudo está uma completa bagunça e ela tem apenas um objetivo, o que compreendo, dado que nossas vidas ficaram em jogo e o seu filho é precioso.No entanto, o que acabei de ver? O que era aquela coisa? O que ele fez a Neamir… parecia íntimo demais para dizer o mínimo. Ainda assim, ela não se importou.Por que minhas considerações me levam por esse caminho?Tenho que focar primeiro em saber o que aconteceu com os meus lobos. Os deixei aqui para vigiarem a casa e assegurar a segurança dela, no entanto, o que aconteceu… esses bruxos eram muito poderosos.No entanto, passando por cima desse desejo, quero segui-la enquanto ela sobe as escadas e, a cada passo dado para longe de mim, aquele sentimento estranho no meu peito volta a me incomodar.— Que merda — profiro, decidindo por segui-la no final das contas.Subindo os degraus, saltando uma grande parte deles, vejo-a de costa
Ceyas— Ele não dorme? — pergunto, vendo-a balançando o bebê com calma. A agitação na mansão, com corpos sendo retirados e pessoas arrumando a bagunça, parece deixá-lo ainda mais inquieto.— Ele mamou, mas não foi o bastante para acalmá-lo — me diz, a contragosto. Consigo ver em seu rosto que esperava que seu irmão fosse aquele adentrando pela porta do seu novo quarto.Senti que ficou ainda mais irritada após perceber que o seu cômodo fica do lado do meu. No entanto, enquanto ponderava sobre o que fazer com ela, só experimentei um pouco de alívio quando pensei em colocá-la aqui, perto dos meus olhos. Durante a noite, consigo ouvir claramente os seus batimentos e os dele. Faz cinco dias desde o ataque e minha casa continua de pernas para o ar.— Me deixe tentar — peço, aproximando-me, mas ela recua, como se não quisesse que tivesse contato demais com o bebê, o que é bem diferente do momento em que o entregou a mim. Claro, as situações eram diferentes, dado que precisava vomitar, o que a
Ceyas— O que é essa sua cara? — pergunto para Lugi.Continua me olhando meio de lado quando viro o bebê em meus braços.O que posso fazer se ele deixa de chorar quando eu o seguro?Não tenho como evitar, sempre que noto que Neamir sofre um pouco para o colocar para dormir ou até para dar de mamar, tento ajudar. Meu corpo simplesmente se move e eu faço a tarefa como se alguém estivesse me controlando.— Nada, você combina com um bebê — fala o meu amigo, ri em seguida. Mudando um pouco a sua posição quando outra pessoa entra na cozinha. Viro-me, porque, sem nem olhar, sei que é ela.— Precisa de algo? — questiona Lugi a ela.Em silêncio, a mulher apenas se aproxima de mim, verificando o seu bebê, ignorando o que meu amigo di
NeamirPor que os meus planos parecem estar indo ladeira abaixo?Eu já devia estar fora dessa casa, bem longe daqui com o meu filho. No entanto, Éden continua pedindo por Ceyas. Quando tento fazer com que os dois fiquem distantes, ele chora.— O que foi? — pergunta Lewyn, sentando-se do meu lado. Sua saída hoje foi para conseguir um berço para meu filho, dado que Ceyas comentou sobre não ser bom para o bebê dormir entre nós.Arfo com raiva, porque não acredito que divido uma mesma cama com ele. Contudo, não posso simplesmente fugir e deixá-lo com meu filho. O menino sempre se sente muito à vontade com ele. Talvez seja carma. Sei tudo o que pode acontecer comigo e com Lewyn se sairmos desse lugar. No entanto, quero escapar.Ceyas pode achar que o que aconteceu foi uma loucura, mas tudo apenas piorará quanto mais tempo ficarmos aqui, porque nosso pai enviará cada vez mais pessoas, e elas serão mais fortes do que as anteriores. Essa também é a forma dele me testar.— Como você se sente so
Ceyas— Não acha que eles estão estranhos? — pergunto a Lugi, enquanto observamos Neamir e Lewyn de longe. Ele está treinando arremesso de facas no meu quintal como se fosse a coisa mais normal do mundo, embora tenhamos salas específicas para isso.Pregou um alvo em uma árvore e não erra uma.— Eles são estranhos — responde Lugi sem hesitar.Antes que possa dizer mais, Éden me olha com aqueles olhinhos brilhantes. Às vezes, parece até que ele tenta sorrir. Está crescendo rápido, mais do que o esperado para uma criança lupina. Nem preciso medi-lo para saber. Quando o pego nos braços, a diferença no peso é perceptível.Recuo quase instintivamente quando uma adaga voa em nossa direção. Mas Neamir a intercepta no ar com precisão antes que chegue a poucos metros de nós.— Quer competir comigo? — desafia Lewyn, lançando a adaga que segurava direto no alvo, sem piscar. — Fui eu que te ensinei.— Eu sei — responde ele com um sorriso. — Só queria testar se você estava atenta.Será que esse é o