Ceyas“O que diabos está acontecendo na minha casa desde que essa mulher chegou na minha vida?” me pergunto, vendo que tudo está uma completa bagunça e ela tem apenas um objetivo, o que compreendo, dado que nossas vidas ficaram em jogo e o seu filho é precioso.No entanto, o que acabei de ver? O que era aquela coisa? O que ele fez a Neamir… parecia íntimo demais para dizer o mínimo. Ainda assim, ela não se importou.Por que minhas considerações me levam por esse caminho?Tenho que focar primeiro em saber o que aconteceu com os meus lobos. Os deixei aqui para vigiarem a casa e assegurar a segurança dela, no entanto, o que aconteceu… esses bruxos eram muito poderosos.No entanto, passando por cima desse desejo, quero segui-la enquanto ela sobe as escadas e, a cada passo dado para longe de mim, aquele sentimento estranho no meu peito volta a me incomodar.— Que merda — profiro, decidindo por segui-la no final das contas.Subindo os degraus, saltando uma grande parte deles, vejo-a de costa
Ceyas— Ele não dorme? — pergunto, vendo-a balançando o bebê com calma. A agitação na mansão, com corpos sendo retirados e pessoas arrumando a bagunça, parece deixá-lo ainda mais inquieto.— Ele mamou, mas não foi o bastante para acalmá-lo — me diz, a contragosto. Consigo ver em seu rosto que esperava que seu irmão fosse aquele adentrando pela porta do seu novo quarto.Senti que ficou ainda mais irritada após perceber que o seu cômodo fica do lado do meu. No entanto, enquanto ponderava sobre o que fazer com ela, só experimentei um pouco de alívio quando pensei em colocá-la aqui, perto dos meus olhos. Durante a noite, consigo ouvir claramente os seus batimentos e os dele. Faz cinco dias desde o ataque e minha casa continua de pernas para o ar.— Me deixe tentar — peço, aproximando-me, mas ela recua, como se não quisesse que tivesse contato demais com o bebê, o que é bem diferente do momento em que o entregou a mim. Claro, as situações eram diferentes, dado que precisava vomitar, o que a
Ceyas— O que é essa sua cara? — pergunto para Lugi.Continua me olhando meio de lado quando viro o bebê em meus braços.O que posso fazer se ele deixa de chorar quando eu o seguro?Não tenho como evitar, sempre que noto que Neamir sofre um pouco para o colocar para dormir ou até para dar de mamar, tento ajudar. Meu corpo simplesmente se move e eu faço a tarefa como se alguém estivesse me controlando.— Nada, você combina com um bebê — fala o meu amigo, ri em seguida. Mudando um pouco a sua posição quando outra pessoa entra na cozinha. Viro-me, porque, sem nem olhar, sei que é ela.— Precisa de algo? — questiona Lugi a ela.Em silêncio, a mulher apenas se aproxima de mim, verificando o seu bebê, ignorando o que meu amigo di
NeamirPor que os meus planos parecem estar indo ladeira abaixo?Eu já devia estar fora dessa casa, bem longe daqui com o meu filho. No entanto, Éden continua pedindo por Ceyas. Quando tento fazer com que os dois fiquem distantes, ele chora.— O que foi? — pergunta Lewyn, sentando-se do meu lado. Sua saída hoje foi para conseguir um berço para meu filho, dado que Ceyas comentou sobre não ser bom para o bebê dormir entre nós.Arfo com raiva, porque não acredito que divido uma mesma cama com ele. Contudo, não posso simplesmente fugir e deixá-lo com meu filho. O menino sempre se sente muito à vontade com ele. Talvez seja carma. Sei tudo o que pode acontecer comigo e com Lewyn se sairmos desse lugar. No entanto, quero escapar.Ceyas pode achar que o que aconteceu foi uma loucura, mas tudo apenas piorará quanto mais tempo ficarmos aqui, porque nosso pai enviará cada vez mais pessoas, e elas serão mais fortes do que as anteriores. Essa também é a forma dele me testar.— Como você se sente so
Ceyas— Não acha que eles estão estranhos? — pergunto a Lugi, enquanto observamos Neamir e Lewyn de longe. Ele está treinando arremesso de facas no meu quintal como se fosse a coisa mais normal do mundo, embora tenhamos salas específicas para isso.Pregou um alvo em uma árvore e não erra uma.— Eles são estranhos — responde Lugi sem hesitar.Antes que possa dizer mais, Éden me olha com aqueles olhinhos brilhantes. Às vezes, parece até que ele tenta sorrir. Está crescendo rápido, mais do que o esperado para uma criança lupina. Nem preciso medi-lo para saber. Quando o pego nos braços, a diferença no peso é perceptível.Recuo quase instintivamente quando uma adaga voa em nossa direção. Mas Neamir a intercepta no ar com precisão antes que chegue a poucos metros de nós.— Quer competir comigo? — desafia Lewyn, lançando a adaga que segurava direto no alvo, sem piscar. — Fui eu que te ensinei.— Eu sei — responde ele com um sorriso. — Só queria testar se você estava atenta.Será que esse é o
Neamir— Ele está bem — garanto para o meu irmão, mantendo Éden dormindo apoiado contra o meu peito. Diferente do que pensei, ele não chorou quando percebeu estarmos nos afastando da mansão.Quem sabe até ele saiba que é muito mais seguro para nós se ficarmos longe desse lugar. Quanto mais pessoas estiverem ao nosso redor, mais delas poderão falecer. Não quero carregar o peso da vida delas em meus ombros.— Isso é o bastante para afastar o nosso cheiro? — pergunta, vendo o incenso que coloquei no carro.— Sim, aprendi com uma pessoa bem confiável — declaro.Fiz vários desses com tudo o que pedi para que trouxesse para mim sempre que escapulia para fora da mansão. Sei que Ceyas percebeu haver algo errado, mas estava muito focado em Éden para se questionar acerca daquilo que tramei.— Não precisamos esconder o nosso cheiro para sempre, apenas por um tempo, até que estejamos distantes o suficiente para não poderem mais seguir os nossos rastros — explico, fazendo carinho na cabeça do meu b
Ceyas— Merda, sinto como se meu coração tivesse sido arrancado — reclama Lugi. Do lado de fora, posso ouvir as pessoas que começam a acordar, se sentindo perdidas, porque não identificam o que as derrubou. — O que foi isso?— Eu não sei — murmuro, porque realmente não consigo identificar quem era aquele sujeito, no entanto, ele deixou bem claras suas intenções. Se Neamir não tivesse ido embora, ele teria conseguido pegá-la, e essa reflexão me irrita muito.Porque acabei de ver o quanto fui inútil diante dele. Não consegui ter nenhuma reação, ainda que estivesse dando tantos indícios de estar atrás de alguém que acolhi e decidi proteger.— O que faremos agora? — pergunta, denotando em seu rosto o quanto se sente mal, mesmo que o afastamento de Lewyn não tenha sido prolongado. Ele está furioso, e sinto sua raiva se somando à minha, embora não saiba se nossas raivas têm as mesmas raízes.— Primeiro, temos que ter certeza de que o que aconteceu aqui não se espalhe — profiro, porque será m
NeamirEstamos há três dias sem parar na estrada e, embora ele não perceba, Lewyn tem ficado mais irritado a cada dia que se passa. Depois de ter passado tanto tempo perto de Lugi, seria estranho se seu corpo não reagisse a isso de alguma maneira, e é esperado que seja de um modo ruim.— Corra um pouco — digo para o meu irmão depois de pedir que parássemos na beirada da estrada. Em três dias, percorremos um caminho que uma pessoa comum levaria pelo menos uma semana.Já percorremos mais da metade de um estado. Se formos um pouco mais longe, encontraremos aqueles que podem nos ajudar. Com eles do nosso lado, meu irmão também terá mais liberdade para liberar o seu lobo sem medo.Sento-me no assento do passageiro do carro, com as pernas viradas para fora dele, enquanto amamento Éden. Meu filho tem realmente ficado quietinho, como se entendesse que não podemos chamar muita atenção.— Não posso me afastar de vocês — pontua Lewyn. No entanto, fazer com que o seu lobo fique mais irritado não n