Capítulo Oito

Theo clicou no dispositivo acoplado á parede que ativava o isolamento acústico nos quatro cantos do cômodo. Agindo conforme o medo e o instinto ela travou uma luta corporal contra ele para fugir no momento, ciente que a força dele era bem superior a sua.

— Quer se machucar? Eu não me importo.

Ele impediu o ataque dela justamente nas partes íntimas. Viu a tempo quando o joelho dobrou-se pronto para desferir o golpe. As unhas longas arrastaram pela extensão de seu peitoral desnudo fazendo-o grunhir de dor. Jogando-a na cama, a dominou completamente, um pouco incomodado pelo desespero da mesma. Imobilizada, ela tentava afastá-lo por meio das súplicas.

— Eu não gosto de agredir mulheres, Valentina. — Disse, furioso. — Mas se levantar sua mão para mim novamente eu mesmo vou quebrá-la.

— Foi culpa sua! Por ter me tratado como prostituta.

As íris dos olhos dele escureceram de forma instantânea. A fixação profusa das gemas azuis manteve-se no par de safiras avermelhados pelas lágrimas.

— Você acha que eu te tratei como uma prostituta? — Repetiu lentamente. Prendeu os pulsos dela com sua mão forte e com a outra livre desceu até o busto do vestido. — Vou te mostrar como prostitutas são tratadas.

O barulho do vestido rasgando acometeu a pobre moça numa espécime de convulsão emocional. O pranto dela pareceu insuportável aos olhos de Theo que já havia retirado sua peça íntima.  Ele que nunca se importou com empatia ou senso, vê-la daquela forma fez estremecer a terra em cima do caixão dentro de si. Uma fagulha de calor perscrutou pelo labirinto cerebral, enviando descargas mistas para o coração pulsante.

— Não! Não! — Ela repetia chorando.

Aos poucos ele a soltou, afastando-se completamente aturdido. Desde quando alguém o fazia mudar de decisão? Contemplar a angústia dela era como se olhar no espelho décadas atrás.

— Droga! — Praguejou, saindo do quarto pressurosamente.

O sono fugiu dele naquela madrugada fria. Estava petrificado demais se questionando o quanto se tornava volúvel perto da jovem. Dirigiu-se para a garagem e apanhou a Ferrari 458 italia, acelerando o motor, na tentativa de dispersar as lembranças.

O painel do carro indicava as horas. Três e meia da manhã. Ligar o som e deixar qualquer música rodar não seria uma boa opção. Nem ele sabia para onde iria — a ansiedade de tentar esquecer o medo e a dor estampada no rosto de Valentina o martirizava — sentia-se um monstro. Apertou o botão verde para sintonizar em qualquer estação de rádio, quando ficou simplesmente paralisado pelas palavras daquele homem.

"Você pode correr de seus atos, mas jamais escapará das consequências. No livro de Romanos, há uma passagem bem clara a respeito disso. O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna. Na bíblia diz que a todos quanto o receberam e creram em teu nome, deu-lhes o direito de serem chamados filhos. Ele é Pai.”

Na agilidade de desligar o aparelho, bateu o punho no volante mas não impediu cada palavra penetrar no coração.

"Pai...que merda de pai?" Uma torrente de lágrimas embaçou o campo de visão e ele foi obrigado a estacionar o veículo próximo á um beco escuro.

— Mãe, porque papai nunca vem no culto com a gente? — O garotinho de olhos graúdos de cores tão límpidas quanto o céu questionou.

— Não sei, filho. — A resposta soou sussurrante, a tristeza provocava a perca de brilho no olhar da mulher abatida.

— Ele não gosta de Deus e nem da gente.

— Não diga isso, amor. É claro que ele nos ama.

Esperto, nenhum detalhe escapava-lhe à vista. As marcas arroxeadas visíveis nos braços dela, contradiziam suas palavras.

— Então, por que ele bate na gente?

Theo debruçou no volante do veículo, enxugando as lágrimas que há tanto tempo não derramava. O ódio falava mais alto. A raiva. Vingança. O poço de sentimentos sangrentos sufocaram-no por completo.

— Não vou chorar. — Grunhiu ele, voltando a ser sério e de postura rígida. Apalpou o interior do porta-luvas e segurou no cabo daquele "brinquedinho."

De repente, o vidro da janela do lado se quebra com um estrondo. Ele assustou por causa do impacto alucinante, então, manteve-se imóvel diante da lâmina apontada para o pescoço.

— Desce, agora. — Ordenou um rapaz segurando uma faca e escondendo o rosto por detrás da touca ninja. O companheiro ao lado portava uma arma calibre 38.

— Tudo bem, só espere eu pegar os documentos e vocês ficam com o dinheiro e o carro. — Theo não estava com medo. Já passou antes por situação semelhante, e quem demonstrava insegurança eram os próprios ladrões.

— Anda rápido, filho da p***. — Gritou o outro, exasperado. Aquele xingamento fez o sangue de Theo ferver. O cara poderia falar dele, exceto de sua mãe.

Num reflexo furioso, ele puxou a arma do porta-luvas e sem pensar duas vezes, disparou fatalmente contra os dois assaltantes. Foi tudo muito rápido e ambos não puderam reagir. Certamente, o barulho acordaria a vizinhança, por isso, nem esperou para ver os corpos inertes no chão e já acelerou às pressas.

— Rafael. — Ligou para o mercenário e chofer de fachada. — Reúna-se junto com Felipe no meu escritório amanhã. Precisamos apagar todas as provas incriminatórias.

Desligou após a confirmação do outro enquanto dirigia de volta para a casa. Mandaria alguém de confiança repor o vidro quebrado, dessa vez, blindaria todas as partes do veículo. Recordou desse alguém que há meses encontrava-se desativado.

....

— Bom dia, Dulce. — Valentina sorriu fraco, assentada à mesa.

— Bom dia, menina linda. — Disse a simpática senhora. — Deveria descansar mais um pouco, não?

— Ah, não... — As lembranças daquela noite apertaram seu coração, fazendo-a perder o sono. Esteve tão aflita que sentia ter esquecido de algo importante. — Perdi o sono e estou com uma baita fome.

Dulce sorriu, desconfiando que algo poderia ter acontecido, mas não podia interferir — pois, aquele palacete era vigiado em todos os parâmetros.

— Só você e o Dramaturgo trabalham aqui? É muito grande para limpar. — Indagou Valentina, curiosa.

— De natureza, sim. Mas a faxina é realizada por faxineiros que não moram aqui.

Ela franziu o cenho, parando de beber o chá adocicado.

— Como assim de natureza?

Dulce enxugou as mãos num pano, direcionando um olhar insistente no umbral da porta.

Seguindo a atenção dela, deparou-se com um rapaz alto, corpulento e de olhar frio esmaecido. Este, encarava a moça fixamente. Quase a xícara espatifa no chão — ela nunca havia visto aquela figura bela.

— Oi. — Pronunciou Valentina. — Quem é você?

— Zeta. — Falou, entonando sua voz grossa.

— Zeta? — Repetiu ela, achando o nome cômico. — Que nome peculiar.

O rapaz exibiu um sorriso amistoso, aproximando-se da mesa.

— Ontem eu fui reativado para os serviços. — Avisou, categórico. — Cuidarei de sua segurança também.

Valentina arregalou os olhos, engasgando-se com o líquido que bebia. A sucessão de tosses cessou devido um tapa forte nas costas. Imediatamente ela sobressaltou da cadeira, sentindo uma ardência alastrar pelo corpo.

— Você quer me desmontar, Zeta? — Exasperou ela, furiosa.

Zeta permanecia com a mesma expressão inalterável.

— Perdoe-me, senhora Maldonaro. — Falou. — Isso não irá acontecer novamente. Irei limpar seu quarto.

— Não precisa. — Desesperou-se Valentina, lembrando que o deixou bagunçado. — Você vai ficar exausto. O que Theo tem na cabeça para te fazer trabalhar igual um condenado?

— Esse é meu dever, senhora Maldonaro. Ainda tenho muita energia e se acabar eu recarrego sozinho.

Dito isso, saiu pisando fundo sob a expressão incrédula da jovem.

— O quê...

— Ainda não percebeu? — Dulce suspirou fundo.

— O que eu perdi?

— Zeta não é humano. Ele é um robô.

Valentina ocupou o último assento da sala, assombrada por ter um robô dentro da própria casa — pior, o físico dele era perfeitamente à de um humano. Theo deve ter gastado uma fortuna ao comprar aquele objeto ambulante. Inimaginável. Estava tão distraída que nem notou as amigas chegarem.

— Val. — Chamou Jacqueline, arqueando a sobrancelha.

Ela levou um susto, em seguida sorriu.

— Meninas, desculpem pela minha distração. — Retribuiu o abraço coletivo. — Estão animadas para mais uma aula?

— Nem me conte. — Clarice revirou os olhos pra cima. — Mas diga aí o porque de estar tão distraída.

O coração dela gelou na hora. Detestava mentir, porém, sua vida precisava ser totalmente sigilosa.

— Er... — Refletiu durante alguns segundos. — Vocês estarão ocupadas depois da faculdade?

As duas entreolharam-se, dando de ombros.

— Não... — Respondeu Jacqueline. — Fui demitida do emprego há dois dias mesmo.

 — Eu ainda nem consegui um. — Clarice comentou.

— Ah, meninas, irei dar um jeito nisso. —  Sorriu Valentina. — Me desculpem por ter esquecido disso, é que estava muito cansada. Me passem seus currículos depois que os enviarei para meu marido.

— Sério? — Animaram-se, eufóricas.

— Claro! Por isso, estou convidando vocês para almoçarem lá em casa e depois passeamos e vamos direto para a igreja. É claro que...nem sempre vou tomar tempo de vocês...apenas...hoje. — Valentina queria ficar fora de casa o dia todo. Ainda, sentia calafrios por causa de Theo mesmo ele estando na empresa.

— Ah, eu topo. — Responderam em uníssono.

— Então, está combinado. — A jovem saltitou de alegria, internamente. Silenciou-se quando o professor entrou na sala para iniciar a aula.

Na saída as garotas comentavam sobre o bonito chofer encostado no carro chamativo. Quando Valentina e suas amigas foram decepcionadas pelo rapaz, mais burburinhos surgiram.

— Detesto chamar atenção. — A moça rapidamente entrou dentro do veículo.

— Estão com inveja. — Disse Clarice, ocupando o assento do meio. — Aposto que estão inventando fofoca.

— Não vale a pena focar em futilidades. — Aconselhou Jacqueline. — A opinião dos outros será sempre a opinião dos outros.

— Só Jesus para abrir a visão dessas garotas. — Comentou Clarice sem considerar o chofer. — Elas acham que beleza é tudo. Não podem ver um homem bonito que querem entreter. Quantos homens assim são sádicos...

Valentina engoliu em seco. Ela sempre comentava de uma forma que sempre acertava o gol no meio do escuro.  Jacqueline a cutucou, apontando a cabeça na direção do motorista.

— Oh, claro que nem todos são assim. — Riu nervosa. — Sem ofensas...é...

— Zeta. — Respondeu ele prontamente.

— Sim...Zeta?!

Jacqueline e Valentina controlaram o riso devido a transparência dela. Se tinha algo que combinava com Clarice era sua sinceridade. Ela não disfarçava o que sentia ou pensava.

O andróide assentiu.

— Nossa, seus pais deviam ser fãs do desenho de robô Zeta. — Continuou. — Eu também gosto desde criança.

— Pais? — Repetiu Zeta.

— Oh, você não os conheceu? — Jacqueline ficou curiosa.

— Meu pai é o doutor Jacob Ying.

As três arregalaram os olhos.

— Jacob Ying? Aquele mestre da robótica?

Valentina interveio antes que ele dissesse mais alguma coisa.

— Ah, ele gosta desse campo de pesquisa.

— Mas Jacob Ying não tem filhos. — Observou Jacqueline.

— Não me diga que ele é...

A jovem respirou fundo, encarando o olhar perplexo das duas.

— Prometem guardar essa informação? Zeta realmente é um robô.

Houve um minuto de silêncio, o único ruído era o externo provocado por buzinas. O próprio Zeta olhou pelo retrovisor para as garotas petrificadas.

— Vocês...estão com medo? — Perguntou Valentina.

— Medo? — Clarice estendeu a mão para tocar o cabelo macio do motorista.— Isso é demais. Eu sempre quis conhecer um robô. Veja Jac, o cabelo dele é tão macio.

A loira também tocou os fios da cor de caramelo.

— É mesmo. Parece muito com um humano. Não se preocupe, Val. Ninguém mais saberá desse segredo.

O trajeto inteiro elas mexeram com Zeta, testando seu armazenamento interno com perguntas.

— Zeta, qual ano originou-se a teoria do Big Bang?

— É verdade que Albert Einstein abandonou seu filho doente em um hospital psiquiátrico?

Presenciar aquilo deixou Valentina descontraída.

....

Anoitecia, e as três já haviam passeado aquela tarde inteira. Fizeram uma pausa na cafeteria menos movimentada. Zeta ficou dentro do veículo vigiando cada movimento ao redor.

— Meninas, já está na hora de irmos para o culto. — Ela pagou a conta e conferiu as horas no relógio de pulso. — Seis e quinze. Espero que não tenham ficado chateadas comigo...nem vai dar tempo de trocarmos de roupa.

— Deixa de bobagem, Val. — Clarice meneou a cabeça. — Deveríamos fazer isso mais vezes.

— Concordo. Colocamos nosso papo em dia e conhecemos Dulce. Eu realmente gostei dela. — Apoiou Jacqueline.

Valentina esboçou um sorriso, contente por ter amigas daquele jeito. Prestes a chamar o Zeta, ela deu um salto pra trás quando um carro lustroso freou bruscamente na frente delas, impedindo-as de andar. Alarmada, as três gritaram de susto, observando o vidro ser abaixado e um rosto enfurecido emanar indignação pelo olhar.

— O que deu em você, Valentina? — Bradou ele, abrindo a porta do veículo.

— Ei, não precisa gritar. — Disse ela, percebendo a expressão assustada das amigas. — Eu só queria passear.

— Eu fiquei preocupado. — Falou num tom de voz mais calmo. Mas ela sabia que era encenação. Sempre em público ele agia feito um anjo. — Se não fosse pelo Zeta eu estaria te procurando até agora.

— Dramático.

Rafael e Felipe assistiam à cena dentro do veículo. Embora, seus olhares estivessem impregnados nas duas acompanhantes de Valentina.

— Você poderia ter me ligado, Val. — Ele ignorou a parte do robô e continuou encenando, disfarçando a raiva que sentia naquele momento.

— Desculpa, amor. — Valentina sorriu azeda, enlaçando o pescoço dele e depositando um selinho nos lábios. — Eu e as meninas estamos indo para a igreja. Quer vir junto com seus amigos?

A raiva outrora borbulhada nas veias, desapareceu pelo toque da mulher. Admitia que ela aprendeu a disfarçar muito bem — todos acreditavam no suposto amor do casal, exceto os envolvidos. Somente então, as garotas lançaram um olhar curioso na direção dos rapazes. Estes, piscaram para elas, fazendo-as recordar do casório. Eram eles as testemunhas que ficaram encarando-as mas em nenhum momento dirigiram palavra alguma.

— Queria ir, meu anjo. — As palavras saíram automaticamente, e algo novo remexia dentro de seu interior. Seu coração disparava freneticamente ao encará-la e tocá-la. É só atração. Pensamentos paralelos pareciam zombar dele enquanto formavam círculos dançantes no ar. — Mas eu e os garotos temos um trabalho urgente para resolvermos hoje. Aceitam carona?

— Nossa, você nem parece ser o famoso monstro do lago Ness. — Soltou Clarice desconfiada.

Theo soltou uma risada baixa, olhando para a jovem invocada.

— As pessoas gostam de falar demais. — Respondeu, enfático.

— Por que te apelidaram assim? — Questionou Clarice, nitidamente curiosa.

— Porque sou rígido e sistemático em meus negócios. Seis encarregados demitidos espalharam boatos na internet sobre mim e fiquei conhecido por esse apelido asqueroso.

"Mas você é a asquerosidade em pessoa." Pensou Valentina, cansada daquela peça teatral.

— Amor, estamos em seis e seu carro não poderá nos comportar.

Theo meneou a cabeça, sorrindo. Dispensou Zeta que permanecia no mesmo lugar presenciando toda a cena.

— É uma limusine, querida.

“Eu sei. Só queria não entrar.” Resmungou em pensamento.

Valentina deu de ombros, mal avaliando o carro luxuoso. Chamou as amigas para aceitarem a carona e chegarem rápido no culto. De primeira, embasbacou pelo estilo incomum, mas achou incrível a criatividade dos criadores.

“Se eu ficar séria demais elas vão desconfiar.” Valentina mordiscou o lábio inferior, antes de reunir coragem e segurar na mão dele. Surpreso, Theo a olhou.

— Hã...minhas amigas estão cursando no mesmo período que eu. Você pode contratá-las, por favor?

Ele encarou as duas furtivamente, lançando atenção sobre os rapazes no banco da frente.

— Tudo o que minha boneca desejar. — Sorriu, envolvendo os ombros dela para trazê-la mais perto. — Você pode cuidar disso, Felipe?

— Claro. — Virando o pescoço para trás, o intenso par de olhos azul celeste fixaram na loira. — Amanhã mesmo vocês podem comparecer lá a partir das oito horas.

— Isso é sério? — Clarice olhou para Valentina que sorriu.

— Quem sabe vocês duas acabam trabalhando no mesmo setor. — Manifestou Rafael, observando a jovem de cabelos amadeirado pelo retrovisor. Não acreditava em amor a primeira vista...bem, até agora. Tudo nela o atraía desde a personalidade contagiante até sua beleza que a própria não reconhecia.

Ele quase ultrapassa o sinal vermelho quando ela o encarou. Recebeu uma cotovelada de Felipe que exibia o maldito sorriso reprimidor de riso.

— Cale a boca. — Sibilou, esperando que a brisa espairecesse seus devaneios.

....

Zeta estacionou o veículo na garagem, reparando na pressa que a jovem estava ao sair do carro. Ela correu para dentro de casa, recordando do sermão pregado. O pastor falara acerca do perdão...mas Valentina não compreendia o porquê de estar passando por aquela situação. Seus questionamentos quase aparentavam ser uma possível raiva de Deus — não, não podia permitir tais sementes serem plantadas.

Cumprimentou Dramaturgo ao passar pela sala e subiu as escadas, decidida a dormir em outro quarto de hospedes. Estranhou a ausência de Theo; esperava que ele fosse sair pelas portas e iniciar uma nova discussão pelo fato estar atrasada por quase vinte minutos. Mas o pessoal da Igreja quis conversar um pouco e acabou passando o tempo.

O silêncio predominava. Supôs que ainda não havia chegado, seria mais fácil ter tranquilidade naquela noite. Subindo as escadas do terceiro andar,  avistou uma porta entreaberta no final do corredor. As luzes acesas indicavam a presença de alguém no ambiente. Dizem que a curiosidade matou o gato; esse era um dos defeitos dela. Ser curiosa. Cuidadosamente, aproximou-se do lugar, pensativa se voltava atrás ou não. Poderia ser Theo ali dentro, talvez.

Empurrou a porta lentamente, suspirando aliviada por haver somente ela. Vários objetos espalhados em cima da mesa chamou sua atenção. Franziu a testa, enquanto os batimentos cardíacos aceleravam. Um pequeno notebook jazia aberto junto com algumas fotos e caixas pretas de aço tamanho médio. Na tela, um vídeo na mídia estava pausado. Mas percebia-se que era Theo. Mordendo o lábio inferior, clicou play, arregalando os olhos a seguir. As cenas eram fortes. Rafael e Felipe executavam um grupo engravatado inteiro. Isso porquê Theo conduzia á tortura antes.

Ela desviou os olhos para as fotos que revelavam vários rostos diferentes marcados com "x." Provavelmente, dos mortos. Valentina jamais imaginara tamanha crueldade do rapaz. O medo a possuiu completamente. Era isso que fariam com seus pais, inclusive com ela? Degolar pescoços e divertirem-se vendo sangue esguichar e ouvirem gritos de socorro?

Abafando os soluços, ela virou-se para sair dali. Porém, a colisão num corpo musculoso a impediu.

— Por que você veio aqui?

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