-Me desculpe, achei que te conhecia de algum lugar. Mas eu não estava exatamente te seguindo - Digo a minha última tentativa de desculpa, e se dessa vez não colar não sei mais o que poderia fazer pra não ter que dizer a verdade, estou ficando encurralada tanto no sentido literal quanto no figurado.
Ele levanta uma sobrancelha inquisidora. É claro que ele não tinha como acreditar nisso, o que eu estava pensando?
Como a bela adormecida conseguiu passar por uma coisa assim? Ela simplesmente sonhou com um cara, olhou pra ele na floresta e saíram os dois cantando como “Foi você o sonho bonito que sonhei”. Sem vergonhas, sem dores e sem reservas um contra o outro. Eu não era a bela adormecida, nem qualquer droga de princesa encantada. Isso estava indo de m
POV CEDRICDepois de ter se acalmado, ela limpa o que sobrou das lágrimas com a manga da camiseta.-Eu sinto..sinto muito por isso. -Ela fala, o nervosismo claro em sua voz por ter desabado assim na frente de um completo estranho, de ter perdido a linha e se deixado ser beijada dessa forma. O que ela não sabia, é que nunca mais beijaria mais ninguém, nunca mais seria tocada por ninguém além dele.-Não há o que se desculpar meu bem. Estou aqui por você.Ela levanta os olhos para Cedic, com um misto de curiosidade, surpresa e vergonha. Ele nunca teria pensado que ela faria o tipo que ficaria tímida depois de um beijo como aquele, depois de ter seguido ele por seja lá qual motivo que ela resolveu segui-lo.&nb
E ele apenas tinha virado as costas e ido embora, me deixando uma bagunça em pedaços sem saber o que fazer ou o que pensar. Minha pele ainda formigava onde ele tinha tocado, assim como meus lábios enquanto eu ainda sentia a sensação fantasma do beijo que havíamos dado. O calor de sua presença era aos poucos substituído por uma sensação fria, de vazio e solidão. Eu não deveria me sentir assim por alguém em tão pouco tempo, isso está tão errado. Mas ao mesmo tempo parece tão certo. Não sinto como se tivesse alguém com que falar sobre isso, um ombro amigo que eu pudesse só lançar todos os meus pensamentos sem ser julgada. Que quando eu fizesse aquela tão famigerada pergunta, “O que diabos tem de errado comigo?”, eu receberia uma resposta bem mais acolhedora do que uma lista que quando desenrolada virava a esquina.Eu nunca quis tanto que os terapeutas daqui servissem de alguma coisa, mas mesmo sendo “profissionais”, não confio em nenhum deles pra jogar o peso de meus pensamentos. Infe
Quando acordei na manhã seguinte, estava mais sonolenta do que quando fui dormir. Estava suada, com a cabeça dolorida e os olhos pesados. O pesadelo daquela noite parecia ter sido gravado a ferro quente sob as minhas pálpebras, ao ponto de que nos primeiros momentos da manhã eu ainda me sentia sonhando e via as imagens das chamas todas as vezes que fechava meus olhos. Resisti a vontade de colocá-los com fita adesiva de forma que continuassem abertos sem que eu pudesse nem piscar, para que eu pudesse sumir com aquelas imagens. Mesmo sem fazer isso, aos poucos essas sensações foram passando, e maior parte das lembranças de como tinha sido o sonho foram sumindo enquanto o dia ia tomando conta.Lavar meu rosto com a água gelada da torneira também ajudou bastante. Hoje eu teria que voltar para aquela droga de grupo de leitura, e eu nem sequer tinha conseguido passar das primeiras 20 páginas do livro dos ratos. Eu tinha lido mais do que o suficiente na minha concepção, e tinha resistido
Enquanto algumas pessoas têm o dom de chamarem atenção aonde forem, independente da situação, outras tem o incrível dom de segurarem a própria língua, controlar os próprios pensamentos e simplesmente não saírem por aí dizendo em voz alta as coisas que passam na cabeça. Eu definitivamente não tinha tido sorte pra vir com esse último dom.Eu iria me arrepender, sofreria com as consequências terríveis que outras pessoas de língua frouxa pelo mundo com certeza também já tinham sofrido em algum momento de suas histórias.Mas a questão era, alguma dessas pessoas tinha cruzado com uma Bridget durante suas vidas? Ou apenas eu era a sortuda?Com o olhar de fuzilam
No momento em que eu cruzo o corredor, seu sorriso maléfico parece aumentar, enquanto eu congelo no lugar. Ela se inclina e sussurra algo no ouvido de um dos enfermeiros, depois dá uma risadinha e uma lambidinha na orelha dele.O enfermeiro me olha dos pés à cabeça, sussurra algo de volta no ouvido de Bridget e depois acena com a cabeça para o segundo enfermeiro. Eu deveria ter começado a correr no momento em que vi ela ali. No mesmo momento que eu detectei suas intenções maliciosas emanando em ondas diretamente na minha direção, mas a porcaria do meu corpo tinha que travar, né? Tinha que me dar tempo de ter a certeza que aqueles enfermeiros estavam do lado dela seja para o que for que ela estava planejando. Apesar de ser muito óbvio o que ela estava planejando.Aquele homem era o cavaleiro de copas dela, totalmente armado e pronto para mandar o seu exército atrás de mim. Ela era sua rainha: Cruel, e que sabia muito bem fazer uso de seus dotes femininos para controlar homens como ele
Oliver dá um passo em minha direção, e eu poderia jurar que vejo seu sorriso fantasmagórico crescer ainda mais de um jeito até sobrenatural, deformando seu rosto em uma careta torta demais pra ser totalmente humana. Mas eu sabia que isso era só uma pegadinha da minha mente. Ele era totalmente humano, e esse era o problema. Eu sabia do que os humanos eram capazes. Ele se aproxima mais, meu coração estava batendo no meu peito como um martelo, talvez Oliver conseguisse ouvi-lo mesmo se estivesse do outro lado da sala. Isso era terrível, demonstrar medo era uma das piores coisas que meu corpo poderia fazer por mim agora. -Obrigado por me trazer no quarto. Agora vá embora. -Eu digo, querendo logo dispensá-lo da melhor maneira.-Oh, não foi nada. Uma pena que eu não consegui chegar a tempo pra te ajudar. - ele diz, mas a forma que ele fala estava carregada de ironia, e isso só faz aumentar toda aquela sensação ruim me rodeando. Uma das provas disso é que, por algum motivo, ele me trouxe
Odette correu e correu porta a fora, esperando conseguir sair de perto de todo aquele caos, esperando conseguir diminuir aquela sirene nos seus ouvidos e apagar da sua visão a lembrança da mão decepada do enfermeiro. Seu corpo doía pela surra que tinha levado a muito pouco tempo atrás, mas a adrenalina no seu sangue empurrava essa dor bem para o fundo, fazendo um efeito quase mágico que fazia essas dores desaparecerem por alguns momentos. Mas era troca, depois de tudo isso ela tinha certeza que tudo iria doer duas vezes mais.Estava perto da porta de saída quando se assustou com passos altos, se agachou atrás de uma das plantas decorativas do corredor e ficou em silêncio. Tudo parecia perigoso, e ela tinha passado de um coelho, pra rato assustado. Se surpreendeu quando viu Melody saindo correndo pela porta de entrada do jardim. Melody olhou de um lado para o outro e encostou a porta atrás de si, e depois seguiu pelo corredor.Eu outra ocasião, Odette estaria feliz por ver Melody e c
POV ODETTEO mundo se acabava em fogo, tanto do lado de fora quanto do meu lado de dentro. Estava quente e barulhento. Pessoas gritavam em algum lugar, mas eu não conseguia gritar e nem mexer, mas sentia o cheiro da fumaça, que entrava nos meus pulmões e fazia arder. Eu estava colapsando, totalmente sem controle da minha própria cabeça ou do meu próprio corpo. Eu devia estar chorando, mas como eu poderia ter certeza? Eu tinha nem mais certeza se eu estava viva, se meus pulmões estavam funcionando ou se eu tinha morrido e o inferno era realmente o que tanto dizem sobre ele: uma poça quente, fervente e terrível, com o grito dos desafortunados te acompanhando onde quer que você vá. Também não tinha aberto meus olhos, então pra mim era só escuro. Eu sempre imaginei o inferno como um lugar escuro.Talvez eu esteja em um buraco em que algum demônio tenha me jogado, e em pouco tempo sentirei as pontas de seu tridente me espetando cada vez mais fundo até sangrar. E passarei minha eternidade