A lembrança encheu o coração de Selene de ódio, principalmente quando o viu se erguer de forma arrogante e enfurecida, caminhando até ela e segurando um de seus braços com certa força. — Onde estava? — Roman perguntou, olhando-a nos olhos. Certamente seu rosto era uma casca belíssima para o espírito cruel e maldoso que habitava dentro dele. Os olhos negros eram como a noite mais escura,semlua ou estrelas, e eram belos. Céus, como Selina achava aqueles olhos bonitos… Mas nem toda a beleza do mundo poderia fazer com que Roman fosse atraente para ela novamente. Não mais. A ruiva puxou seu braço, soltando-se dele e erguendo o nariz de forma altiva, recusando-se a ser passiva nesse momento. Precisava jogar com as armas que tinha, e sabia que, se Roman pensasse que ela estava chateada, certamente precisaria amenizar a situação, afinal, iriam se casar em breve. — Não estou entendendo porque está me olhando assim, Sr. Campbell — ela disse, se afastando dele e indo em direção às escadas.
No dia seguinte, Selene ficou em seu quarto durante toda a manhã, se recusando a tomar café. Sentado a mesa, Roman acreditou fielmente que a recusa da ruiva a aparecer ali era apenas porque ele estava presente, adicionando um pouco mais de angústia a seu coração, afinal, o que faria se Selene resolvesse não se casar mais? Aquele era um risco que ele não poderia correr, sabia que precisava aprender a controlar melhor seu gênio. Enquanto bebia um café amargo, ouviu a cadeira na outra ponta da mesa se arrastar. Quando Roman ergueu os olhos, percebeu seu avô o encarando de forma severa, como sempre. Os olhos de Henry percorreram toda a mesa e depois focaram no neto novamente, então ele estalou a língua, impaciente. — Não vejo minha nora à mesa — o senhor disse, se servindo de uma xícara de café. — Por que ela não está aqui? O que você fez?— Selena não se sente bem — Roman mentiu, fazendo Henry revirar os olhos. — Vocês se casarão em poucos dias, será que não consegue sequer manter uma
Já passava do meio dia quando Selene ouviu batidas em sua porta, seus olhos se estreitaram por um momento e ela respirou fundo. Mal dormira aquela noite, pensar em tudo o que lei fazia seu corpo estremecer e embrulhava seu estômago. Aquilo mudava tudo, e agora ela precisava abrir aquele maldito cofre. A porta se abriu, fazendo-a encolher-se na cama. A ruiva achou que era um dos empregados levando comida para ela, mas surpreendeu-se ao ver Henry entrando com uma bandeja com o almoço do dia e um copo de suco de laranja. O senhor lhe sorriu gentil, mas, depois de saber de tudo, a única coisa que conseguia sentir por ele era nojo, nojo e raiva. Ele a havia enganado com aquele rosto gentil, mas,agora, ela tinha certeza que ele sabia de tudo o que Roman lhe fizera na sua antiga vida, ele não era inocente. — Querida… Por que ainda está aqui? Estou preocupado com você — enquanto dizia isso, o senhor se aproximava, sentando-se ao pé da cama de Selene, que se encolheu levemente embaixo das c
Quando o dia amanheceu, Selena sentiu o peso despencar sobre seus ombros mais uma vez. Ela se levantou assim que uma das empregadas a intimou para isso de forma delicada, aquele não era um dia para dormir até tarde, na verdade, era um dia em que ela teria muito o que fazer. Era seu dia. O dia em que se amarraria a Roman, o homem que ela desconfiava ser responsável por sua morte. Havia conversado com Anthony no dia anterior e imaginou que ele não falaria com ela hoje, afinal, não estava nada satisfeito com a decisão dela. LEMBRANÇA ATUALO rosto de Anthony estava retorcido numa carranca sem humor algum enquanto ele ouvia Selena, que estava deitada sobre seu peito, ouvindo o som retumbante do coração dele, que parecia bater cada vez mais rápido. — Não faz isso… Sel, você não precisa fazer isso — ele tentou convencê-la, mesmo que soubesse que Selena jamais desistiria de seus próprios planos. — Não tem outro jeito, Thony… Se eu esperar,pode ser que eu não consiga mudar nada… E se eu
— Está na hora, querida — Henry disse, saindo primeiro e, em seguida, abrindo a porta de Selena, lhe oferecendo a mão. A ruiva aceitou de pronto, colocando um grande sorriso no rosto e saindo do carro. De onde estava, já podia ouvir a marcha nupcial começando a tocar, haviam muitos fotógrafos ao redor e os flashes a deixaram momentaneamente confusa. Os Campbells eram uma família influente, era de se imaginar que o casamento relâmpago do único herdeiro geraria muito alvoroço na cidade. E ela precisava parecer uma noiva feliz e apaixonada, por mais que não fosse.Então, quando as portas duplas de madeira se abriram e ela o viu, no altar, sua visão embaçou e Selena achou que estava prestes a desmaiar. Roman estava lindo,lindo como na primeira vez em que ela viveu aquele momento, lindo como ele sempre foi, olhando-a como se ela fosse um prêmio que ele acabara de conquistar. E talvez ela fosse mesmo. Enquanto caminhava, ela se perguntava como fora tão ingênua em sua primeira vida, aqui
Quando finalmente deixaram a capela, Roman sentiu uma sensação de alivio imensa, seus ombros relaxaram assim que eles entraram na limusine e ele olhou para Selena com um sorriso breve, tentando não demonstrar quaisquer sentimentos que pudessem assustá-la. Estava decidido a manter sua fachada pelos próximos dias, afinal, um casamento pode ser facilmente anulado. Precisava ser cauteloso e estár com ela nçao era um sacrificio tam grande, afinal, ela era uma mulher bonita. Agora que haviam trocado alianças, tinha certeza que seu avô iria abrandar um pouco suas criticas, afinal, Roman estava seguindo fielmente o que Henry havia mandado, se continuar suprindo as vontades de seu avô, e breve as coisas se resolveriam. Eles estariam livres, ricos e sem nenhuma outra obrigação imposta por um maldito papel. Selena, por sua voz, olhava para Roman com um sorriso fingido, que não chegava aos seus olhos, não sabia o que ele estava pensando, não sabia sobre os planos de Roman para o futuro que ela
19 de abril de 2025Selena sentia seu peito ardendo e seus pés estavam completamente doloridos, ela não aguentava mais correr. A escuridão a impedia de saber ao certo para onde estava indo, mas não podia parar, mesmo que quisesse, se parasse, provavelmente, perderia sua vida.Mesmo correndo como louca, ela podia ouvir os passos atrás de si, tão rápidos quanto os dela, a perseguindo no meio da mata escura desde que ela havia saído da mansão Campbell.Essa noite não podia ser mais trágica, na verdade, sua vida não conseguia ser mais trágica. Seu casamento era um fracasso, ela havia sido expulsa de casa após uma armação e, agora, algum maluco a estava perseguindo no meio da mata desde que havia saído da mansão, desesperada e assustada. Já estava rouca de tanto gritar por socorro, mas não havia ninguém para ajudá-la, ao menos era o que acreditava. Nunca houve ninguém para ajudá-la em sua vida, isso só se provava ali. Mais uma vez, estava sozinha para enfrentar seus problemas, ninguém ir
— Não tenho mais tempo pra esse tipo de situação! — Selena falou, ofegante, correndo de volta até o guarda-roupas e abrindo as portas, arrancando de lá a primeira roupa que viu pela frente. Naquela época ela ainda morava na casa de Anthony Campbell , patrão de seu pai. George Carinard era motorista de Anthony e, junto com sua contratação, Anthony os chamou para morar na pequena casinha que havia nos fundos da mansão, destinada aos empregados. No começo George não queria aceitar, pois, desde muito novo, sempre foi um homem um pouco orgulhoso, mas, como estava passando por uma situação financeira difícil com sua filha e depois de um pouco de insistência de Anthony, ele acabou cedendo. Assim, a Família Carinard ganhou uma casa e Anthony um motorista e amigo em tempo integral, já que George insistia que estaria disponível para o patrão sempre que ele precisasse, pois sentia que estava devendo um favor a este homem durante muito tempo, por lhe dar um emprego tão bom e ainda uma casa para