Quando saíram do restaurante, Sel se sentia anestesiada. Não havia outro caminho, mas sentir o peso daquele anel em seu dedo novamente era como sentir que estava se colocando na mesma posição que se colocou em sua primeira vida, e aquilo a deixava nervosa e ansiosa, afinal, aquele foi o começo de seu inferno. As lembranças de seu passado encheram sua mente e fizeram sua cabeça doer, lembranças de uma vida que, ao menos ali, não havia existido a atormentavam de uma forma extrema. A violência e o desprezo de Roman, as humilhações de Carina e a frustração de ter sua vida destruída por alguém que ela acreditava que a amava. O caminho de volta foi silencioso, tanto Sel quanto Roman estavam presos em seus próprios pensamentos, em suas próprias dúvidas e em seus próprios medos. Aquele foi um passo importante para ambos, mas que guardava um significado singular para cada um deles. Para Roman, era um importante passo para atingir seu maior objetivo, para Sel, a primeira contagem final de se
Quando o dia raiou, Selena pulou da cama com euforia, as palavras lidas nas cartas ainda estavam em sua mente e ela sequer havia dormido, como dormir diante de todas as revelações que teve? E agora já não haviam mais cartas, como ela iria proceder? Ainda não sabia, mas não podia simplesmente ficar parada esperando a morte chegar e levá-la novamente. Por isso tomou um bom banho e saiu do quarto pronta para sair da mansão e ir até um destino certo, ao menos até onde poderia encontrar o que procurava. Quando a ruiva deixou seu quarto, usava um vestido florido soltinho que a deixava com aspecto ainda mais jovem, seus cabelos estavam soltos e seus olhos estavam viajando pelos corredores com desconfiança, afinal, uma aparição repentina de Roman atrapalharia seus planos para o dia. Por sorte ele já não estava em casa e, desse modo, a ruiva conseguiu se esgueirar para fora longe da vista dos empregados. Sabia que teria que ser mais cuidadosa agora, Roman estava de olho nela, ainda mais dep
Quando Roman chegou à mansão, encontrou Selena sentada à mesa de jantar, comendo tranquilamente. Ela não o encarou e ele também não fez menção de falar com ela. A insatisfação era latente em seu rosto e seus ombros estavam tensos completamente rigidos enquanto ele caminhava. Certamente aquela não era a vida que desejou se sentia preso a um propósito que não era seu, mas o que poderia fazer? Aquela era sua única opção se quisesse herdar tudo o que por direito era seu, sem a interferência de um bastardo ou de qualquer outra pessoa. Passou direto pela ruiva e a deixou sozinha na sala, subindo as longas escadas e dobrando o corredor em direção ao seu escritório, procurando um lugar da casa onde não se sentisse absurdamente sufocado, ou com muita raiva. Nunca soube controlar bem seus sentimentos e sabia que Selena não toleraria seus rompantes, não enquanto pudesse fugir dele, ela não era Carina, não era devota como Carina , nem submissa. Isso o forçava a esconder sua verdadeira personal
Selena estava envolvida pelos braços quentes de Anthony, e setia-se tão bem nesse momento, tão completa, seu coração estava aquecido e seu corpo relaxado como nunca antes. Mas, no fundo, bem no fundo, ela sabia que não podia ficar tão relaxada, sabia que não podia esquecer o que precisava fazer. Um leve suspiro a tirou de seus pensamentos. — Eu posso ouvir as engrenagens do seu cérebro trabalhando, sabia? — a voz sonolenta de Anthony ecoou pelo lugar e ela sorriu, se aconchegando um pouco mais a ele. Ele não disse nada por um tempo, ficou em silêncio apenas com o rosto escondido entre os cabelos avermelhados dela, sentindo o cheiro gostoso que os fios macios exalavam. Pensou muito naquilo, desejou muito aquele momento em dias anteriores, Selene sempre lhe chamou atenção, mas sempre acreditou que ela não merecia o fardo de estar envolvida na família dele, sempre achou que as merdas que seu sobrenome guardavam acabariam respingando nela. A última coisa que ele queria era vê-la mach
A lembrança encheu o coração de Selene de ódio, principalmente quando o viu se erguer de forma arrogante e enfurecida, caminhando até ela e segurando um de seus braços com certa força. — Onde estava? — Roman perguntou, olhando-a nos olhos. Certamente seu rosto era uma casca belíssima para o espírito cruel e maldoso que habitava dentro dele. Os olhos negros eram como a noite mais escura,semlua ou estrelas, e eram belos. Céus, como Selina achava aqueles olhos bonitos… Mas nem toda a beleza do mundo poderia fazer com que Roman fosse atraente para ela novamente. Não mais. A ruiva puxou seu braço, soltando-se dele e erguendo o nariz de forma altiva, recusando-se a ser passiva nesse momento. Precisava jogar com as armas que tinha, e sabia que, se Roman pensasse que ela estava chateada, certamente precisaria amenizar a situação, afinal, iriam se casar em breve. — Não estou entendendo porque está me olhando assim, Sr. Campbell — ela disse, se afastando dele e indo em direção às escadas.
No dia seguinte, Selene ficou em seu quarto durante toda a manhã, se recusando a tomar café. Sentado a mesa, Roman acreditou fielmente que a recusa da ruiva a aparecer ali era apenas porque ele estava presente, adicionando um pouco mais de angústia a seu coração, afinal, o que faria se Selene resolvesse não se casar mais? Aquele era um risco que ele não poderia correr, sabia que precisava aprender a controlar melhor seu gênio. Enquanto bebia um café amargo, ouviu a cadeira na outra ponta da mesa se arrastar. Quando Roman ergueu os olhos, percebeu seu avô o encarando de forma severa, como sempre. Os olhos de Henry percorreram toda a mesa e depois focaram no neto novamente, então ele estalou a língua, impaciente. — Não vejo minha nora à mesa — o senhor disse, se servindo de uma xícara de café. — Por que ela não está aqui? O que você fez?— Selena não se sente bem — Roman mentiu, fazendo Henry revirar os olhos. — Vocês se casarão em poucos dias, será que não consegue sequer manter uma
Já passava do meio dia quando Selene ouviu batidas em sua porta, seus olhos se estreitaram por um momento e ela respirou fundo. Mal dormira aquela noite, pensar em tudo o que lei fazia seu corpo estremecer e embrulhava seu estômago. Aquilo mudava tudo, e agora ela precisava abrir aquele maldito cofre. A porta se abriu, fazendo-a encolher-se na cama. A ruiva achou que era um dos empregados levando comida para ela, mas surpreendeu-se ao ver Henry entrando com uma bandeja com o almoço do dia e um copo de suco de laranja. O senhor lhe sorriu gentil, mas, depois de saber de tudo, a única coisa que conseguia sentir por ele era nojo, nojo e raiva. Ele a havia enganado com aquele rosto gentil, mas,agora, ela tinha certeza que ele sabia de tudo o que Roman lhe fizera na sua antiga vida, ele não era inocente. — Querida… Por que ainda está aqui? Estou preocupado com você — enquanto dizia isso, o senhor se aproximava, sentando-se ao pé da cama de Selene, que se encolheu levemente embaixo das c
Quando o dia amanheceu, Selena sentiu o peso despencar sobre seus ombros mais uma vez. Ela se levantou assim que uma das empregadas a intimou para isso de forma delicada, aquele não era um dia para dormir até tarde, na verdade, era um dia em que ela teria muito o que fazer. Era seu dia. O dia em que se amarraria a Roman, o homem que ela desconfiava ser responsável por sua morte. Havia conversado com Anthony no dia anterior e imaginou que ele não falaria com ela hoje, afinal, não estava nada satisfeito com a decisão dela. LEMBRANÇA ATUALO rosto de Anthony estava retorcido numa carranca sem humor algum enquanto ele ouvia Selena, que estava deitada sobre seu peito, ouvindo o som retumbante do coração dele, que parecia bater cada vez mais rápido. — Não faz isso… Sel, você não precisa fazer isso — ele tentou convencê-la, mesmo que soubesse que Selena jamais desistiria de seus próprios planos. — Não tem outro jeito, Thony… Se eu esperar,pode ser que eu não consiga mudar nada… E se eu