Depois da fala sobre sua mãe, Roman sentiu o peito pesado e o corpo letárgico, aquilo sempre acontecia ao falar dela, afinal, era sua mãe, como não se sentir mal ao falar da morte trágica e precoce que ela teve? Apesar de se esforçar para não demonstrar, seu incômodo era visível, por isso, ele inspirou e mexeu os ombros, afastando-se de Selena e cruzando os braços sobre o peito forte. — Preciso fazer algumas coisas agora… Nos vemos mais tarde? — ele perguntou, torcendo para que ela não insistisse em ficar. — Claro! Não se preocupe comigo, tenho algumas coisas para organizar também! — Sel falou, dando um passo para trás e suspirando levemente. — Nos vemos depois, Roman — ela completou, antes de dar alguns passos em direção a ele e deixar um selinho em seus lábios, saindo do escritório. Sel fechou a porta e caminhou pelo corredor até atravessar a mansão, passando pelo lance de escadas, mas seguindo em direção ao seu quarto, que ficava do lado oposto ao escritório de Roman. A ruiva ab
A ruiva seguiu pelo grande corredor, sabia que ali haviam os quartos de hóspedes, por isso o seu próprio ficava naquele local, mas também sabia que, pouco acima, no próximo andar, haviam os quartos pessoais de Henry e Roman. Por isso seguindo até o final do corredor, que estava a meia luz, iluminado apenas pela luz da lua que entrava pela enorme janela na parede, ela encontrou uma escada. Sel subiu os degraus lentamente, pisando na ponta dos pés para não fazer barulho. Os empregados já haviam se recolhido, a governanta também provavelmente, já era madrugada e ela acreditava que Roman também estaria dormindo a essa altura, apesar de torcer para que ele ainda estivesse no escritório, já que este cômodo era do outro lado da mansão e as chances dele pegá-la no flagra eram mínimas. Quando chegou ao andar de cima, a ruiva colocou apenas parte da cabeça no corredor checando se havia alguém ali, encontrando apenas o corredor. Quando concluiu que tudo estava vazio, ela voltou a caminhar. Se
Sel tirou de cima dele o tecido que o cobria e viu que ele tinha três gavetas, então, decidiu começar por ali. Puxou a primeira, abrindo e encontrando ali uma caixa de jóias e alguns enfeites para cabelo. Elas mexeu cuidadosamente na gaveta, mas não encontrou nada que a ajudasse. Na segunda gaveta haviam papéis, muitos deles, recibos da empresa, contratos velhos, até algumas folhas de jornais jogadas. Tudo parecia uma bagunça naquela gaveta e ela se sentiu até um pouco decepcionada, afinal, não havia nada de novo. No entanto, antes de partir para a próxima gaveta, Sel tirou alguns papéis de dentro e, no fundo da gaveta, encontrou uma foto. Claramente era uma foto medianamente antiga, nela havia Loretta e, ao seu lado, segurando sua cintura e deixando um beijop em seu rosto, um homem negro que tinha uma feição familiar. Sel virou a carta e viu uma escrita nela: “O amor é o que me faz lutar, luto por nós dois, para que um dia possamos sair das sombras.”A letra era a mesma da foto que
— Sele… O que estava fazendo lá em cima? — a voz de Roman era rouca, quase arrastada, seus olhos negros estavam fixos nela. Roman deu alguns passos para frente, caminhando até Sel, que deu dois passos para a lateral, se encostando na parede enquanto pensava numa desculpa. Mas que desculpa melhor do que usar ele mesmo para isso?— Eu… Eu estava procurando você… — ela começou, baixando os olhos levemente enquanto Roman se aproximava ainda mais. — Não o ouvi passar pelo corredor e achei que pudesse estar em seu quarto, mas quando bati na porta ninguém atendeu. — Por que estava me procurando? — Roman perguntou. Agora, ele estava na frente dela e se aproximou o suficiente para que Sel precisasse colar suas costas na parede. Os olhos afiados do homem se fixaram no rosto dela, mas isso apenas por um momento, já que os orbes negros desceram lentamente de seus lábios carnudos até o decote da camisola de seda. — Eu queria ver você — ela falou, inspirando profundamente, sabia que precisaria
Quando ele se foi, ela respirou aliviada, ainda sentia a pele quente, o meio das pernas molhado e o rosto corado, mas sabia que, por mais que tivesse muitos defeitos, Roman era um gentleman romântico e, certamente, jamais a pressionaria, por mais que isso não fizesse diferença alguma agora, afinal, apesar de estar no seu corpo de jovem de 19 anos, já era uma mulher de 21, não pensava mais em se casar com o homem rico que era tão galante ou pensava em perder a virgindade. Aquelas coisas ficaram para trás. Mas ainda poderiam ser usadas como desculpas para situações como aquelas. Sel arrumou o robe e conferiu se as cartas ainda estavam ali, quando confirmou isso, ela foi para o seu quarto, trancando a porta e correndo até sua cama. A ruiva jogou a carta sobre a cama, acendeu o abajur e apagou a luz central do quarto, para simular que estava dormindo. Então, virou todas as cartas e olhou as datas de cada uma delas, depois disso, pegou a mais antiga e abriu, vendo uma folha meio amarel
No dia seguinte, Roman acordou cedo, com a ausência de seu avô, suas responsabilidades triplicaram então, o dia começava muito mais cedo para ele. Quando desceu as escadas, já vestido em seu terno cinza e com a gravata bem posicionada, ele encontrou a mesa do café posta e duas empregadas paradas uma em cada extremo da casa esperando por qualquer ordem que viesse dele. Certamente preferia tomar seu café longe dos olhares curiosos da criadagem da casa mas haviam formalidades que ele foi ensinado a manter, os cafés a mesa era uma delas, mesmo que estivesse sozinho. “Quem sabe eu não esteja tão sozinho em breve…”, ele pensou, suspirando levemente e se sentando, se servindo de café puro e pegando uma torrada. Enquanto bebia um gole do café, tirou seu celular do bolso, desbloqueou a tela e decidiu navegar um pouco por seu twitter, não costumava ser muito ativo nas redes sociais, mas vez ou outra tentava passar o tempo vagando pelo aplicativo azul e esquecendo de suas obrigações afinal, t
— O que deu nele? — ela se perguntou, unindo as sobrancelhas ao ler a mensagem, afinal, ele parecia… irritado?Por um momento, ela o imaginou enciumado, mas logo empurrou esse pensamento para longe, afinal, não fazia sentido que ele sentisse ciúmes dela, já que os sentimentos que ela sentia sempre foram platônicos. Ao menos era o que a ruiva pensa.a A mensagem seguinte era um pouco mais afoita:“Não vai me responder? Estou começando a ficar preocupado!”Mais uma vez, as sobrancelhas dela se uniram e Selena sentiu o coração levemente acelerado, ele estava mesmo preocupado? “Ele está mesmo preocupado comigo?”, ela se perguntou. “Se não der sinal até amanhã pela manhã, vou invadir essa porra de mansão!” A última mensagem havia sido enviada segundos depois da penúltima e a fez rir, ele realmente parecia irritado e preocupado, o que chegou a deixá-la feliz. Aproveitando-se da ausência de Roman e também da descoberta de novas informações, Sel digitou uma mensagem rápida e se levantou d
Longe dos subúrbios, numa cobertura num dos melhores bairros da cidade, Roman se sentava no sofá com um copo de whisky em mãos. Sua expressão era séria e seus olhos negros estavam grudados na grande janela que ia do chão ao teto, dando visão para os belos arranha-ceus ilçuminados pelas luzes noturnas. Ele não estava de bom humor, na verdade ainda estava muito relutante quanto a sua presença ali, mas precisava dar um ponto final naquela história, e que ponto final melhor que uma boa despedida? Certo que, provavelmente aquilo não facilitaria a vida da pessoa de quem estava se despedindo, mas não era como se ele se importasse de fato com isso. “Carina sempre estará aqui… Sempre, não importa o que aconteça”, ele suspirou, bebendo um grande gole do liquido em seu copo. Talvez essa disposição quase devocional que tornasse as coisas entediantes para ele. Claro, era bom saber que havia alguém pronto para satisfazer todos os seus desejos, até os mais sujos, mas não se comparava ao inalcanç