Daphne Gonçalves era filha de uma família tradicional, mas em decadência.Três anos atrás, Lucian surpreendeu a todos ao anunciar publicamente seu relacionamento com ela. Mesmo sob forte oposição de Theo, ele organizou um luxuoso jantar de noivado.Daphne, de um dia para o outro, tornou-se a mulher mais invejada de Cidade do Sol. Todos a admiravam: uma mulher linda, bondosa e elegante.Mas Florence sabia a verdade. Daphne não era nada disso. Se não fosse designer, certamente seria uma atriz de primeira linha. Ela era a melhor quando o assunto era fingir.E Daphne, com toda a sua esperteza, sabia exatamente o que Florence queria dizer ao apontar o dedo para ela. O casamento com Lucian já havia sido adiado por três anos, e Daphne não podia mais esperar para oficializar a união.Como esperado, Daphne deu um passo à frente. Sem hesitar, ajoelhou-se na mesma posição em que Florence estava antes e curvou a cabeça em uma demonstração teatral de humildade.— Vovô, fui eu! — Disse Daphne, com a
Sob o olhar gélido de Lucian, Florence apertou os lábios com força, tentando se manter calma. Mas, ao lembrar-se dos oito anos de sofrimento em sua vida passada, seus dedos começaram a tremer involuntariamente, e ela virou o rosto com esforço, tentando esconder sua fragilidade.Lucian desviou o olhar, a voz carregada de desdém:— Está planejando engravidar às escondidas?Florence franziu a testa profundamente, lançando um olhar rápido para Lyra. O remédio havia sido comprado por sua mãe. Será que ela ainda não desistira da ideia de casá-la com Lucian? Mas Lyra, diante do olhar frio de Lucian, tremia como uma folha ao vento. Comparada a Theo, Lyra tinha ainda mais medo de Lucian. Ela jamais teria coragem de agir sob os olhos dele.Então, o que estava acontecendo?Florence ergueu os olhos, sentindo-se cercada por olhares de todos os lados. Entre eles, havia um especialmente afiado: Daphne. Seus lábios esboçavam um sorriso ambíguo, que imediatamente trouxe à tona memórias desagradáveis
O salão era amplo, mas o ar ao redor de Lucian parecia congelado, sufocando todos ali presentes. Ele permanecia em silêncio, mas ninguém tinha dúvidas: estava furioso.Lucian tirou do bolso uma caixa de cigarros, acendeu um deles e soltou uma nuvem de fumaça que envolveu seu rosto. Ele olhava para Florence através da névoa, com um olhar indecifrável.— Saia.Logo em seguida, Theo, visivelmente irritado, fez um gesto de desdém com a mão.Lyra se aproximou para ajudar Florence a se levantar, mas ela afastou a mão da mãe e ficou de pé, ereta, no meio do salão. Sua voz soou firme, carregada de determinação:— Já que minha presença aqui é tão inconveniente, vou me mudar imediatamente. Obrigada, vovô Theo, por todos esses anos de cuidado.Se era para sair, que fosse com dignidade. Sem hesitação. Nunca mais ela se curvaria como antes, apavorada e submissa.Sem esperar qualquer resposta, Florence se virou e saiu.Mas, enquanto ela se afastava, sentiu o peso de um olhar frio e perigoso cravado
— Ontem à noite? — Florence repetiu, sua voz quase inaudível. De fato, ela havia dito muitas coisas.Ela não teve coragem de vê-lo, drogado com afrodisíacos, suportando tanta dor. Foi por isso que cedeu e se entregou a ele. No auge daquele momento, enquanto tentava suportar o toque quase torturante de Lucian, Florence se abriu, revelando seus sentimentos mais profundos:— Sr. Lucian, eu gosto de você. — Eu gosto de você há muito tempo. Desde o dia em que entrei na família Avery e você me defendeu... Naquele instante, comecei a observar você em silêncio.— Eu sei que você não liga para mim, mas eu... Eu realmente... Amo você.Naquele momento, ela pensou que talvez, no dia seguinte, Lucian nem se lembrasse do que aconteceu. Mas ela lembraria. Guardaria em sua memória cada detalhe. Afinal, pelo menos uma vez, ela esteve tão perto dele.Florence entrou na família Avery com dezesseis anos. Lyra a arrumou como se fosse uma boneca de porcelana para ser exibida. Naquela época, Lyra não sab
Ela vomitou no terno novo de Lucian, que imediatamente franziu a testa. Já sem forças, Florence encostou-se no carro enquanto seu corpo estremecia, agora vomitando apenas ácido gástrico. Cláudio aproximou-se rapidamente e estendeu a mão: — Sr. Lucian, deixe-me ajudar a Srta. Florence. Lucian tirou o paletó sem hesitar: — Não precisa. Ele lançou um olhar de desprezo para Florence, mas, mesmo assim, pegou-a no colo e a levou para dentro da casa. Sem cerimônias, ele a colocou diretamente no banheiro. Assim que a sentou sobre a bancada, começou a tirar suas roupas sujas de vômito. — Não! Não! — Florence tentou empurrá-lo, mas sua fraqueza era evidente; não tinha a menor chance contra ele. Lucian, com a expressão impassível, despiu-a completamente. Sob a luz do banheiro, os vestígios da noite anterior ficaram expostos em sua pele. Florence sentiu uma onda de vergonha avassaladora. Tentou cobrir o corpo, mas Lucian segurou seus pulsos com firmeza. Quando levantou o rosto
Florence mal havia chegado em frente ao prédio do dormitório quando sentiu um toque em seu ombro. Ao se virar, viu uma colega de classe, ofegante, apontando na direção do prédio principal. — Florence, a professora Cecília pediu para você ir imediatamente à sala do diretor. — Tudo bem. Sem perder tempo, Florence virou-se e começou a caminhar em direção ao prédio principal. No caminho, percebeu que várias pessoas a observavam, cochichando entre si. Os olhares eram carregados de maldade. Ela sabia que algo estava por vir. E não seria coisa boa. … Na sala do diretor, Florence entrou e viu que, além da professora Cecília, estavam também Lucian e Daphne. Assim que os olhos de Lucian encontraram os dela, Florence sentiu o corpo gelar. Os olhos dele, frios e penetrantes como os de uma cobra negra, pareciam capazes de matá-la com um único olhar. Ela prendeu a respiração por um instante e cerrou os punhos para manter a compostura. Mas o olhar de Lucian não se desviava. Foi en
Florence saiu do escritório sem olhar para trás. Depois do episódio caótico envolvendo a família Avery, ela sabia que precisava se precaver contra Daphne. Quando ela ouviu Daphne choramingando ao telefone com Lucian, alegando ter sido caluniada, Florence entendeu que Daphne e Rosana estavam agindo juntas. Rosana sabia demais sobre ela, inclusive sobre seu diário. Depois de uma noite de paixão com Lucian, um suposto diário onde ela confessava ter drogado e seduzido Lucian apareceu online, expondo-a completamente. Florence não tinha dúvidas de que aquilo era obra de Rosana. Por isso, já havia trocado o diário por outro, de maneira discreta. Enquanto refletia sobre tudo isso, ouviu passos atrás de si. Era Rosana, que a seguia silenciosamente, com um olhar hesitante. Florence, no entanto, mantinha a calma. Nenhum traço de agitação podia ser percebido em seu rosto, apesar da traição recente. Só quando estavam quase chegando ao alojamento, Rosana finalmente cedeu à própria ansiedade
Quando o coração de Florence parecia prestes a saltar do peito, Lucian desviou o rosto e lançou um olhar para o casal atrás da árvore. — Algum problema? — Sua voz fria estava carregada de impaciência. Ao reconhecerem Lucian, os dois imediatamente baixaram a cabeça com respeito. — Desculpe-nos, Sr. Lucian. Já estamos indo. O casal saiu apressado, quase tropeçando nos próprios pés. Ao ouvir os passos se afastando, Florence soltou um pequeno suspiro de alívio, mas sua tranquilidade durou pouco. Ao tentar empurrar Lucian para se afastar, ele segurou seu pulso com firmeza. — Vá arrumar suas coisas. Cláudio está te esperando no estacionamento. Ele vai te levar para o apartamento. A voz baixa e autoritária não deixava espaço para discussão. Era uma ordem, não um pedido. Florence ficou imóvel, suas longas pestanas tremendo enquanto tentava controlar a onda de emoções que lhe corroía o peito. Para ele, ela não era uma pessoa, mas uma boneca obediente, algo que podia ser manipula