Florence saiu do escritório sem olhar para trás. Depois do episódio caótico envolvendo a família Avery, ela sabia que precisava se precaver contra Daphne. Quando ela ouviu Daphne choramingando ao telefone com Lucian, alegando ter sido caluniada, Florence entendeu que Daphne e Rosana estavam agindo juntas. Rosana sabia demais sobre ela, inclusive sobre seu diário. Depois de uma noite de paixão com Lucian, um suposto diário onde ela confessava ter drogado e seduzido Lucian apareceu online, expondo-a completamente. Florence não tinha dúvidas de que aquilo era obra de Rosana. Por isso, já havia trocado o diário por outro, de maneira discreta. Enquanto refletia sobre tudo isso, ouviu passos atrás de si. Era Rosana, que a seguia silenciosamente, com um olhar hesitante. Florence, no entanto, mantinha a calma. Nenhum traço de agitação podia ser percebido em seu rosto, apesar da traição recente. Só quando estavam quase chegando ao alojamento, Rosana finalmente cedeu à própria ansiedade
Quando o coração de Florence parecia prestes a saltar do peito, Lucian desviou o rosto e lançou um olhar para o casal atrás da árvore. — Algum problema? — Sua voz fria estava carregada de impaciência. Ao reconhecerem Lucian, os dois imediatamente baixaram a cabeça com respeito. — Desculpe-nos, Sr. Lucian. Já estamos indo. O casal saiu apressado, quase tropeçando nos próprios pés. Ao ouvir os passos se afastando, Florence soltou um pequeno suspiro de alívio, mas sua tranquilidade durou pouco. Ao tentar empurrar Lucian para se afastar, ele segurou seu pulso com firmeza. — Vá arrumar suas coisas. Cláudio está te esperando no estacionamento. Ele vai te levar para o apartamento. A voz baixa e autoritária não deixava espaço para discussão. Era uma ordem, não um pedido. Florence ficou imóvel, suas longas pestanas tremendo enquanto tentava controlar a onda de emoções que lhe corroía o peito. Para ele, ela não era uma pessoa, mas uma boneca obediente, algo que podia ser manipula
Ao perceber o olhar sobre si, Florence virou a cabeça de leve.Lucian trajava um austero terno preto, os longos dedos apoiados na têmpora. O anel vermelho que usava refletia a luz do sol, emanando um frio quase sanguinário. Ao seu lado, Daphne estava inclinada, aparentemente dizendo algo. Os dois estavam muito próximos, e a expressão de Lucian era suave, quase gentil.Florence desviou o olhar rapidamente, fingindo calma, e pousou a mão com tranquilidade.— Obrigada.— Não há de quê. — O homem ao seu lado seguiu seu olhar. — Aquele é o Sr. Lucian, não é? Parece bem dedicado à noiva, até a busca e leva pessoalmente.Qualquer um podia perceber o favoritismo de Lucian por Daphne. Exceto ela, em sua vida anterior, que, como uma tola, esperava por ele, amava-o, sem enxergar a verdade.Florence estava prestes a concordar, mas Lyra a puxou pelo braço.— Já que o encontrou, vá cumprimentar seu tio.— Não vou. — Florence soltou a mão dela e fez menção de se afastar.— Você...Lyra nem teve tempo
Gabriel puxou Florence para trás com força, e, quando a consciência dela começou a se turvar, ela cerrou os punhos com toda a força, cravando as unhas nas palmas. A dor aguda trouxe-a de volta à realidade: ela precisava se salvar.Apoiada na maçaneta da porta para manter o equilíbrio, Florence olhou ao redor, procurando algo que pudesse usar para se defender. Foi então que viu o enfeite de cristal sobre o painel. Aquilo era a sua chance. Mas, quando tentou alcançá-lo, faltava sempre um pouco para conseguir segurá-lo.Ela travou os dentes, resistindo à força de Gabriel, e esticou os dedos centímetro por centímetro até tocar o objeto. No momento em que conseguiu agarrá-lo e tirá-lo do tapete antiderrapante, girou o corpo com toda a força e o acertou contra a cabeça de Gabriel.Com um baque surdo, ele soltou um gemido de dor e afrouxou o aperto. Florence aproveitou o instante, apertou o botão de destravar a porta e, sem pensar duas vezes, jogou-se para fora do carro, quase caindo.O vento
Quando Florence acordou, viu, sentada ao lado da cama, uma policial de uniforme. A mulher abriu um leve sorriso, transmitindo uma tranquilidade inesperada.— Você acordou? Quer um pouco de água? — Perguntou a policial, levantando-se para servir um copo com cuidado. — Foram só ferimentos leves. Nada grave.— Obrigada.Florence se apoiou para pegar o copo, mas suas mãos ainda tremiam. O medo persistia, ecoando em cada batida de seu coração.A policial a observava em silêncio, sem pressioná-la. Somente quando Florence começou a se acalmar, ela finalmente prosseguiu.— O Gabriel também está bem, mas vocês dois estão apresentando versões diferentes. Por isso, preciso do seu depoimento.O movimento de Florence parou no meio do caminho. Ela encarou a policial, incrédula.— Versões diferentes? Como assim?Era absurdo. Como algo tão evidente poderia ser tratado como uma questão de versões?A policial respirou fundo, sem rodeios:— Gabriel disse que estava bêbado e que foi isso que o deixou agre
Theo já estava irritado, mas ver a falta de atitude do filho o deixou ainda mais furioso. Ele levantou a mão e quase enfiou o dedo na testa de Bryan.— Como é que eu criei um filho tão inútil? Não tem cérebro? Não tem coração? Deixa essa mulher te manipular como bem quer! Se você tivesse metade da inteligência do Lucian, nada disso teria acontecido hoje!Bryan ficou imóvel, o rosto cada vez mais vermelho de humilhação.Do outro lado da porta, Florence segurava a maçaneta. Quase abriu, mas parou. Se aparecesse agora, só tornaria as coisas mais difíceis para Bryan.Seu padrasto sempre fora bom para ela. Não podia expô-lo ainda mais.Nesse momento, uma voz fria e cortante interrompeu a conversa.Uma figura alta e imponente se aproximava, com passos firmes e controlados. O terno escuro ajustado ao corpo impecável refletia sua postura reservada. No rosto bonito e sem expressão, os olhos carregavam um brilho gelado que parecia atravessar tudo à sua volta.— Pai, o Gabriel já está bem. Ficar
A polícia agiu com eficiência. Assim que Florence concordou com a conciliação, não demorou para trazerem o documento. Entre os oficiais, estava a mesma policial que havia colhido o depoimento dela. Antes de entregar o papel, a mulher fez uma última tentativa: — Tem certeza de que pensou bem? Florence segurou a caneta com mãos trêmulas. Um sorriso amargo surgiu em seus lábios. — Já pensei, sim. Vamos acabar logo com isso. Afinal, o que ela era, senão uma formiga no meio de gigantes? Sem dar a si mesma tempo para se arrepender, Florence assinou rapidamente o documento. A policial suspirou, pegou os papéis e saiu. Logo em seguida, Lyra entrou no quarto com uma caixa térmica nas mãos. Os olhares das duas se cruzaram, e Lyra não conseguiu conter a culpa que inundou seus olhos, já avermelhados pelas lágrimas. — Flor… — Eu já sei de tudo. O tio está bem? — Perguntou Florence, com a voz cansada. Lyra enxugou os olhos, suspirando enquanto colocava a comida na pequena mesa
Na entrada da universidade, ainda vazia nas primeiras horas da manhã, Florence foi puxada para dentro do carro por Lucian. Não importava o quanto ela resistisse, a força dele sempre a trazia de volta.Ela ergueu os olhos, exausta, apenas para perceber que ele parecia se divertir com a situação. Era como se suas tentativas de se desvencilhar fossem um jogo para ele, um tipo de provocação que ele apreciava.Florence estava cansada demais. Seus braços, antes tensos, caíram ao lado do corpo.Lucian, no entanto, não parou. Puxou-a para mais perto, segurando-a pelo queixo e passando os dedos pela testa dela, que ainda estava vermelha pelo impacto.— Parece que você não aprende, né? Por que saiu do hospital?Ele falava com uma leveza inquietante, como se não fosse ele quem, do lado de fora da enfermaria, tivesse insistido na conciliação.Florence o encarava, tentando decifrá-lo. Era como se, mesmo depois de tanto tempo, ela ainda não conseguisse entender quem ele realmente era.Diante do silê