Beatrice
De maneira surpreendente, consegui rapidamente encontrar uma oportunidade excelente de trabalho. Eu tinha enviado vários currículos e entrado em contato com amigos com os quais estudei durante a universidade, então, quando recebi uma ligação me convidando para uma entrevista em um jornal de alcance em toda a Grã-Bretanha, eu fiquei muito feliz por ter meu esforço recompensado de maneira tão rápida.
Ficar em casa não era uma opção, principalmente quando os meus amigos estavam juntos. Janet e Charles, o seu marido, estavam juntos, eu me sentia afetada pelo amor demonstrado entre eles. É difícil entender o motivo do meu próprio casamento ter saido tão errado. Então, quando fui selecionada para o cargo no Diário de Notícias, eu vibrei, não apenas pelo trabalho, mas também pela ótima proposta que recebi.
Apenas cinco dias após pedir o divórcio, eu estava iniciando o trabalho no Diário de Notícias. Eu trabalhava na coluna de fofocas do jornal, na sessão de entretenimento, algo que precisaria me adaptar bastante.
Apesar de não gostar exatamente dos assuntos relacionados às pessoas famosas, eu precisava daquele trabalho para conseguir sair da melancolia em que estava, e não me importava o fato de que eu não estivesse no mesmo cargo que sempre sonhei em ter, enquanto eu ainda era uma estudando de Jornalismo. Eu sonhava em ser correspondente internacional.
Aquele seria o meu primeiro trabalho efetivo, porém, eu já tinha atuado como estagiária antes, em um outro jornal, bem menor que o Diário de Noticias, e foi um pouco complicado me adaptar a
É difícil pegar o ritmo, ainda mais quando os meus pensamentos insistem em sempre voltar para o Edward, os seus olhos azuis cristalinos me deixando ansiosa para o ver novamente, por mais errado que isso fosse.
— Esquece isso, garota! — eu me repreendo em voz alta.
Volto a minha tarefa, digitando vagarosamente um artigo para a edição que seria lançada no dia seguinte, e ouço alguém bater à porta do meu escritório.
— Pode entrar. — autorizo, curiosa para saber de quem se tratava.
Um belíssimo homem entra em minha nova sala e me encara com um sorriso simpático, assim como ele também parecia ser.
— Olá, sou Andrew Smith. — ele se apresenta de maneira cordial. — Você deve ser a nova contratada aqui do jornal, estou certo?
— Sim, isso mesmo. — confirmo, também sorrindo. — Sou Beatrice Pagett.
Nós trocamos um aperto breve de mãos, mas ainda assim, posso afirmar que gostei bastante do meu novo colega de trabalho.
— Seja bem-vinda! — ele me saúda, de modo educado — Fico muito feliz em tê-la conosco, Beatrice.
— Obrigada, Andrew. — agradeci, desviando os olhos, um pouco tímida pela situação.
— Pediram-me para te entregar isso. — explica, me entregando uma pasta de arquivos.
Andrew Smith é um belo homem de cabelos castanhos e sorriso contagiante, bem mais alto que eu, e assim como com Edward, eu também preciso olhar para cima, para conseguir encarar o seu rosto. Mas, por estar me sentindo um pouco envergonhada, eu não o faço e apenas me contento em olhar para qualquer outro lugar, menos para os bonitos olhos verdes claros do Andrew.
— Se precisar de qualquer coisa, é só chamar, que estamos aqui para ajudar uns aos outros. — ele oferece.
— Eu agradeço bastante por sua oferta e vou me lembrar dela, quando me sentir em dúvida sobre qualquer coisa. — eu respondi, em tom divertido. — Nunca escrevi para a coluna de fofocas e estou me sentindo um pouco perdida.
Eu realmente estava me sentindo insegura sobre o meu novo trabalho e, nessas circunstâncias, toda e qualquer ajuda será bem-vinda.
— Então você pode contar comigo. — reforça a sua oferta. — Estou aqui na sala ao lado, só é preciso avisar que tem alguma dúvida.
Depois que Andrew deixou a sala, redirecionei minha atenção para as tarefas em mãos, tentando terminar pelo menos um artigo naquele dia. No entanto, meus pensamentos continuavam voltando ao meu ex-marido e ao nosso casamento fracassado, onde meu amor foi abundante, mas fui profundamente ferida pela rejeição de Edward.
Logo, eu me esforcei para afastar esses pensamentos e recordei as palavras de minha amiga, que me fez perceber que era necessário olhar para o futuro e tentar recomeçar minha vida, desvinculada de Edward, buscando construir minha própria felicidade daqui em diante.
Quando o expediente finalmente encerrou, retornei à minha residência temporária, onde Janet e seu marido, Charles, me receberam para o jantar. Essa atenção calorosa me trouxe uma grande dose de alegria, já que era exatamente o que eu precisava.
— Como foi seu primeiro dia de trabalho? — Charles perguntou, genuinamente interessado em minha resposta.
— Senti um pouco de insegurança em algumas situações, mas, no geral, correu bem — compartilhei com eles. — Estou contente por ter conseguido o emprego no jornal. Eu me senti à vontade trabalhando lá.
— Ficamos felizes em saber que está gostando, Beatrice — Janet expressou sua alegria. — É bom manter a mente ocupada com atividades produtivas.
— Certamente preciso me ocupar. Afinal, a vida segue em frente, não é mesmo?
Claro, a vida segue em frente, apesar dos desafios que encontramos ao longo do caminho. Janet e Charles assentiram em concordância enquanto continuávamos desfrutando do jantar.
Naquela noite, enquanto me preparava para dormir, refleti sobre o meu primeiro dia no jornal. A amabilidade de Andrew e o apoio de Janet e Charles me deram uma sensação reconfortante de pertencimento e esperança. Era uma oportunidade para me reerguer e descobrir uma nova fase da minha vida.
Os próximos dias no jornal passaram voando. Com o auxílio de Andrew e outros colegas, comecei a me sentir mais à vontade na minha nova função. A coluna de fofocas era desafiadora, mas a cada artigo que escrevia, ganhava confiança em minhas habilidades.
A minha amizade com o Andrew foi algo que me ajudou a ir me fortalecendo cada vez mais, nos tornamos mais próximos um do outro, e o fato dele estar em um cargo hierarquicamente melhor que o meu, nunca interferiu de maneira negativa em nossa relação.
Na verdade, Andrew estava sempre elogiando o meu trabalho, o que me estimulava a melhorar cada dia mais e eu estava progredindo bastante na minha nova função, conseguindo escrever boas matérias e conseguindo realizar entrevistas interessantes, que conseguiam cativar ao público. Conversávamos também sobre diversos assuntos, desde trabalho até nossos interesses pessoais.
Como eu sempre repetia para Janet e Charles, a vida está seguindo.
Andrew Desde o momento em que Beatrice ingressou no jornal de propriedade de meu pai, do qual sou o único herdeiro, sua dificuldade em acompanhar o ritmo frenético das notícias da alta sociedade e a abordagem usada para atrair leitores dessa coluna era evidente. No entanto, a cada dia, ela se adaptava melhor, florescendo em todas as direções, superando até mesmo as minhas expectativas. Sua habilidade em fazer perguntas, de maneira não invasiva, cativava aqueles que estava entrevistando.Mas, desde o primeiro momento em que pus os olhos em Beatrice, fui encantado por sua timidez, que a fazia ficar ruborizada quando ofereci minha ajuda, caso ela se sentisse perdida em seu novo trabalho no jornal. Seus olhos cinzentos desviavam dos meus, enquanto eu tentava admirar sua beleza estonteante, completamente hipnotizado pela mais nova integrante da equipe.Com o tempo, percebi o quão naturalmente tímida e reservada ela era. Deduzi que havia sido criada de maneira tradicional. À medida que nos
BeatriceAgora que me encontrava no salão de festas, uma forte suspeita pairava sobre mim: os olhares direcionados na minha direção pareciam cheios de especulações, centrando-se principalmente na minha companhia, Andrew. O arrependimento começou a se insinuar, gerando desconforto crescente.Ponderava seriamente a ideia de retroceder e partir o mais rapidamente possível. No entanto, Andrew teve a sensibilidade de perceber o meu receio. Com um simples olhar na minha direção, ele dissipou minhas preocupações. Estava ao meu lado, e isso era o que verdadeiramente importava.Aquela mensagem transmita em nossa troca de olhares me encheu de coragem para prosseguir, encarando os olhares curiosos ao nosso redor. Caminhamos juntos, nossas mãos entrelaçadas, e Andrew cumprimentou diversas pessoas ao longo do caminho. O modo como as pessoas o tratavam deixava claro que seu respeito e a busca por sua atenção não eram simplesmente decorrentes de sua riqueza e herança, mas também de sua gentileza e c
BeatriceQuando chegamos em frente à casa dos meus amigos, Andrew deu a volta no carro e abriu a porta para mim, demonstrando mais uma vez sua gentileza. Não conseguia ficar com raiva dele, afinal, ele havia me levado à festa com as melhores intenções.— Obrigada por tudo, Andrew — agradeci, já do lado de fora do carro.Ele limpou a garganta, indicando que desejava dizer algo, mas estava claramente envergonhado. Aguardei em expectativa.— Eu... hum-hum! — Andrew começou, tentando encontrar as palavras. — Você está linda, Beatrice.Fiquei surpresa ao perceber o que ele queria dizer.— Oh! &mda
EdwardSenti o maxilar rigido pela frustração ao olhar pela janela do meu escritório e lembrar da noite do baile de gala. As lembranças da noite de sábado ainda estavam muito frescas em minha memória. Naquela noite, eu estava acompanhado de Mila Durant, uma bela modelo francesa que havia conhecido recentemente. Estávamos envoltos em um clima de luxo e sofisticação, cercados por uma multidão de rostos conhecidos da alta sociedade. Mas, entre todos aqueles semblantes familiares, havia um que eu não esperava ver: o de Beatrice.Revivi mais uma vez todos os sentimentos que me invadiram ao avistar Beatrice no baile. O meu coração chegou a dar um salto desagradável. A última vez que a tinha visto antes disso, havia sido quando o nosso casamento estava desmoronando, e pensar que na festa ela estava radiante, elegantemente vestida e simplesmente deslumbrante. Ela estava na companhia do filho de Joel Smith, o influente dono do jornal em que minha ex-esposa agora trabalha.Senti um desconforto
BeatriceNo dia seguinte, já próximo do final do expediente, Andrew me mandou uma mensagem avisando que precisaria se ausentar de Londres para resolver alguns negócios importantes e teve que desmarcar nosso encontro.— Não posso acreditar que ele vai desmarcar o nosso compromisso assim de última hora! — murmurei para mim mesma, a indignação me fazendo suspirar contrariada.Parecia que Andrew e Edward eram semelhantes, priorizando seus negócios importantes e resumindo, eu não sou prioridade na vida do meu novo pretendente.Estava perdida nesses pensamentos quando saia do jornal e demorei a reconhecer o homem parado ao lado do carro luxuoso na mesma rua em que eu caminhava agora. — Edward! — digo.— Como está, Beatrice? — ele pergunta de maneira extremamente cínica, um sorriso no canto da boca. — Espero que esteja bem.— O que faz aqui? — Eu não respondo a sua pergunta, pois me sinto perdida. O que o Edward estava fazendo ali? Ele também não responde aos meus questionamentos e se ap
AndrewDevido alguns negócios urgentes, acabei por desmarcar o meu encontro com Beatrice e após retornar para Londres, constatei que ela estava chateada comigo, provavelmente por esse mesmo motivo.Tentei ligar para ela, como também enviei mensagens, mas Beatrice não me atendeu em nenhuma das vezes e tampouco respondeu as minhas mensagens. Estava me sentindo preocupado, pois eu estava realmente apreciando a sua companhia e sentia que a nossa relação estava se fortalecendo um pouco mais a cada dia que passava.Agora, tudo mudou e parece que voltamos ao primeiro nível.No sábado à noite, acabo então por aceitar sair para jantar com um antigo amigo, com quem tenho grande amizade e quando chego ao restaurante, vejo o ex-marido da Beatrice, Edward Maddock. Aquilo consegue piorar ainda mais o meu humor, que já não estava dos melhores.— Conhece o Maddock pessoalmente? — Justin Campbell, com quem cursei a faculdade em Oxford, pergunta.Sua preocupação não é infundada, afinal, Maddock não con
BeatriceSaí do trabalho bem mais tarde do que o habitual, mergulhada em pensamentos tumultuados. Mais cedo eu tinha recusador a carona que Andrew havia gentilmente oferecido. Afinal, não era mais segredo que algo estranho acontecia entre nós, e eu não queria misturar ainda mais as coisas.Andrew era um homem incrível, gentil, atencioso e sempre disposto a me apoiar. Mas havia Edward, meu ex-marido, ainda oficialmente casado comigo. Aquela situação criava um nó em minha cabeça, uma confusão de sentimentos que me impedia de seguir com minha vida como eu desejava.Resolvi que precisava de uma resposta legal para essa bagunça emocional. No dia seguinte, eu buscaria um advogado e daria início ao processo de divórcio mais uma vez. Era uma
Edward A pergunta de Beatrice era completamente válida. Passei um ano ao lado dela, mas optei por permanecer preso ao ressentimento e à amargura que senti quando a vi com Sebastian em seu aniversário de dezoito anos, exatamente no momento em que planejava pedi-la em namoro. Contudo, depois de tentar me envolver com outras mulheres e fingir que estava me divertindo, cheguei à conclusão de que nenhuma delas se compara a Beatrice, a única que sempre amei.— Eu não sei — Foi tudo o que consegui dizer.Eu ainda amo Beatrice, mas é difícil admitir esse sentimento até mesmo para mim. O fato é que revê-la nos braços de outro homem causou um mal-estar terrível. A simples ideia de Beatrice com outro me era insuportável. Acredito que só consegui me manter longe durante três anos porque estava em outro país, me envolvendo com todas as mulheres que encontrava, tentando fugir da tumultuada mistura de sentimentos que me assolava: raiva, decepção, desilusão, amor... Esses sentimentos nunca me abando