Beatrice
Saí do trabalho bem mais tarde do que o habitual, mergulhada em pensamentos tumultuados. Mais cedo eu tinha recusador a carona que Andrew havia gentilmente oferecido. Afinal, não era mais segredo que algo estranho acontecia entre nós, e eu não queria misturar ainda mais as coisas.
Andrew era um homem incrível, gentil, atencioso e sempre disposto a me apoiar. Mas havia Edward, meu ex-marido, ainda oficialmente casado comigo. Aquela situação criava um nó em minha cabeça, uma confusão de sentimentos que me impedia de seguir com minha vida como eu desejava.
Resolvi que precisava de uma resposta legal para essa bagunça emocional. No dia seguinte, eu buscaria um advogado e daria início ao processo de divórcio mais uma vez. Era uma
Edward A pergunta de Beatrice era completamente válida. Passei um ano ao lado dela, mas optei por permanecer preso ao ressentimento e à amargura que senti quando a vi com Sebastian em seu aniversário de dezoito anos, exatamente no momento em que planejava pedi-la em namoro. Contudo, depois de tentar me envolver com outras mulheres e fingir que estava me divertindo, cheguei à conclusão de que nenhuma delas se compara a Beatrice, a única que sempre amei.— Eu não sei — Foi tudo o que consegui dizer.Eu ainda amo Beatrice, mas é difícil admitir esse sentimento até mesmo para mim. O fato é que revê-la nos braços de outro homem causou um mal-estar terrível. A simples ideia de Beatrice com outro me era insuportável. Acredito que só consegui me manter longe durante três anos porque estava em outro país, me envolvendo com todas as mulheres que encontrava, tentando fugir da tumultuada mistura de sentimentos que me assolava: raiva, decepção, desilusão, amor... Esses sentimentos nunca me abando
Beatrice Como o tempo é curto, pois tenho apenas trinta minutos para estar no escritório do Edward, eu passo na minha sala apenas o tempo necessário para buscar a minha bolsa e ao chegar em frente ao prédio do jornal onde trabalho, eu aceno para o primeiro táxi que passa na minha frente e por sorte, ele está livre.O percurso até a empresa do Edward é relativamente rápido, pois não fica tão distante e o trânsito está tranquilo ainda naquele horário. Quando o táxi para em frente ao prédio imponente e de designer moderno, com vários andares a perder de vista, eu desço, sentindo as minhas pernas como se fossem gelatina, de tão nervosa que estou.Estar em frente ao prédio onde o Edward dirige os seus negócios me deixa triste, pois logo várias lembranças do tempo em que éramos casados me assola, me deprimindo ao recordar das vezes em que já estive ali e de como sempre fui tratada por ele.O Edward sempre foi gentil e frio comigo, como se eu fosse apenas uma estranha para ele, e isso era a
BeatriceEdward sorri com gentileza, seus olhos parecem brilhar e eu não posso resistir ao charme avassalador do meu ex-marido.— Mas eu quero falar sobre nós, Beatrice. — Edward insiste.— E a nossa entrevista? Foi para isso que eu vim até aqui, Edward.— Eu tenho uma boa proposta para fazer.Edward solta a minha mão, que ainda estava segurando e sai de sua cadeira, agora sentando-se na que estava ao lado da minha e me encara com redobrada atenção.Eu fiquei indecisa se iria realmente querer ou não saber da tal proposta. A última que recebi foi para estar ali, e eu ainda não tinha cer
BeatriceO vestido que escolhi para o jantar daquela noite é um dos modelos que a Janet fez questão de que eu comprasse, em uma das vezes em que saímos juntas. Janet costumava reclamar muito sobre a forma como eu me vestia, que segundo ela, era muito discreta e sem graça. Apesar de discordar completamente dela, acabei por seguir as suas orientações e mudei todo o meu guarda-roupa.Resolvi então ousar naquela noite, ao escolher um modelo justo, que apesar de chegar até os joelhos, tinha um decote muito bem elaborado, com bastante transparência tanto em meu colo, como também na parte de trás da peça.Fiz uma maquiagem discreta, para diminuir o impacto da roupa, e calcei sandálias de saltos altíssimos, na mesma cor do vestido, preta com detalhes dourados, assim como também tinha na peça de roupa.Quando já estava pronta, me olhei mais uma vez no espelho do closet e depois de alguns segundos parada lá, apenas refletindo sobre o jantar no qual eu estaria frente a frente com Edward mais uma
EdwardOlhei com grande admiração para a bela mulher a minha frente, minha esposa Beatrice e sorri junto com ela, ao lembrarmos de um episódio de nossa infância.— Ah, Edward! — ela reclamou, sorridente — Você sempre conseguia convencer a todos da sua inocência, mesmo quando tinha sido você o responsável pelas nossas peraltices.Beatrice soltou uma sonora gargalhada, olhou em torno do pub, já bastante vazio àquela hora e me encarou com o cenho franzido.— Acho que já passou da hora de irmos embora, Edward. — ela apontou, tentando uma expressão de seriedade que não combinava com o bonito sorriso em seu rosto.Olho em torno, constatando que além de nós dois, havia apenas mais uma mesa ocupada por um outro casal e concluí queela tinha razão.O fato é que a conversa estava bastante agradável e eu não percebi o tempo passar. Agora já deveria ser tarde e confirmo no relógio em meu pulso que já são quase meia noite.— Tem razão, querida. — digo, ainda olhando ao redor do pub, mas não tenho n
BeatriceCheguei ao jornal na manhã seguinte ao meu jantar com o Edward me sentindo terrivelmente culpada, pois não haveria matéria alguma para publicar, afinal, eu me deixei levar pelo charme do meu ex-marido e esqueci totalmente do real motivo para estarmos juntos.Agora, quando o senhor Smith me chamasse até a sua sala, algo que eu tenho absoluta certeza de que ele fará mais cedo ou mais tarde, como eu vou explicar que não há nada? Nem mesmo uma única resposta para todas as perguntas que a mídia está levantando nos últimos dias.Dizer que eu me sentia péssima não definia o estado em que eu estava naquele momento, ao entrar na minha sala no jornal e jogar a minha bolsa sobre a cadeira em frente à minha mesa.Liguei o computador, a todo momento aguardando uma ligação da Lucy, a secretária do senhor Smith, para avisar que ele está me chamando em sua sala, o nervosismo tomando conta de todo o meu ser.Os segundos foram passando, se tornando minutos e depois horas, enquanto eu tentava t
EdwardO almoço com Beatrice não transcorreu exatamente conforme minhas expectativas. Lamentei a maneira como ela se afastava cada dia mais de mim, sem que eu conseguisse conquistar seu coração.O jantar da noite anterior não foi um completo fracasso, mas também não ocorreu como eu esperava. Depois de sair da casa dela extremamente irritado com a recusa da minha esposa em conversar, consegui acalmar minha mente e reconsiderar minha posição inflexível.Refleti calmamente sobre como poderia me aproximar novamente de Beatrice, preferencialmente sem dar a ela a chance de se afastar, como costumava fazer. Lembrei que a entrevista ainda não havia ocorrido. Por esse motivo, naquela manhã, fui até o jornal para falar pessoalmente com Joel Smi
BeatriceSuspirei resignada, algo que fazia com bastante frequência nos últimos dias, e continuei a digitar a matéria para o jornal, com a entrevista exclusiva com o meu ex-marido.Aquilo parecia uma piada de mau-gosto, mas é a minha realidade e eu precisava fingir que estava tudo bem e seguir com a minha vida, mesmo que sentisse que nada estava realmente como eu gostaria.Eu estava tentando viver sem o Edward, superar o grande amor que sempre senti por ele, mas isso se tornava muito difícil quando o universo parecia conspirar contra mim, e até o meu chefe me dava uma tarefa como a que eu tinha realizado naquele dia.De maneira otimista, acredito que aquela tenha sido a última vez que eu precisei estar com o Edward. Eu tinha deixado claro que era tarde demais para tentar novamente, quando não há mais volta.Naquele instante, senti uma leve tontura se apossar de mim e me mantive quietinha no mesmo lugar, aguardando que o mal-estar fosse embora.Que coisa estranha! Eu me alimento bem e