BeatriceEncareu Edward, aguardando ansiosa por sua resposta. Estava genuinamente curiosa sobre o motivo que o trouxe até minha casa, considerando que ele não tinha obrigação alguma de prestar contas sobre as mulheres com quem saía, especialmente depois de um ano sem contato.— Você está certa, Beatrice — Edward concordou, parecendo visivelmente desconfortável — Não deveria ter vindo aqui hoje. Perdoe-me.Ele se levantou e se aproximou de mim, que havia escolhido uma posição estratégica o mais distante possível do lugar no sofá onde ele estava sentado.— Estou de partida — anunciou Edward — Mas antes, e por mais que você diga que não é necessário, volto a repetir que Louise e eu não temos qualquer envolvimento.Não consegui conter o riso cínico e desdenhoso que escapou dos meus lábios, considerando sua insistência no assunto, mesmo após reconhecer a veridade das minhas palavras.— Tudo bem, Edward — respondi, mantendo o sorriso irônico no rosto — Vou registrar essa informação. Fará al
BetriceDesde aquele encontro inesperado com Edward, minha mente havia se tornado uma bagunça de emoções conflitantes. Não consegui evitar confrontar a verdade, mesmo que isso fosse doloroso. Andrew e eu estávamos juntos há meses, mas, percebia que algo não estava certo.Eu precisava falar a verdade para Andrew e foi isso que pretendi fazer quando nos encontramos na minha casa na noite seguinte. Ele me olhou com preocupação, e a preocupação era justificada. Eu não sabia como abordar o assunto, mas sabia que precisava fazê-lo.— Andrew, precisamos conversar — comecei, escolhendo minhas palavras com cuidado. — Eu tenho pensado muito sobre nós e a nossa relação.Ele franziu a testa, claramente preocupado. A proximidade que construímos nos últimos meses não poderia ser ignorada. Andrew era um homem gentil, carinhoso, e me tratava com um respeito que eu nunca havia experimentado antes.— O que está acontecendo, Beatrice? — ele perguntou com a voz suave.Respirei fundo, tentando encontrar a
BeatriceA situação me pegou completamente de surpresa e acabei concordando com a sugestão, pois não queria decepcionar Timothy em um dia tão importante para ele. E nós fomos à escola de Timothy, onde ficamos um tempo extra para facilitar seu primeiro dia em uma escola inglesa, uma vez que ele era ucraniano e essa transição poderia ser desafiadora.Enquanto estávamos voltando para minha casa - Edward fez questão de me levar de volta - aproveitei para questionar Edward sobre o assunto que ele tinha evitado antes de irmos deixar Timothy na escola. Dessa vez, ele respondeu prontamente.— Eu não sabia que Abigail pretendia levar Timothy até nossa casa da primeira vez que ela o fez — ele começou a explicar. — Estava retornando de uma viagem à Escócia e não havia ido à empresa. Depois disso, decidi passar um tempo com Timothy.— Por quê? — perguntei.— Por quê? — ele repetiu minha pergunta, parecendo refletir sobre a resposta. — Porque eu gostei muito do garoto. Ele é incrível. Apesar de su
BeatriceQuando finalmente chegamos em frente à minha casa, o clima no carro já estava bem mais leve. Agradeço a Andrew pela carona e me preparo para sair rapidamente, ciente de que Edward está esperando, junto com Timothy. No entanto, Andrew segura minha mão, impedindo-me de sair. — Eu mereço um beijo da minha namorada? — Andrew perguntou com um sorriso terno.Sinto-me obrigada a atender o pedido do meu namorado, afinal, gosto sinceramente dele. O beijo entre nós é terno e apaixonado, e por um momento, consigo esquecer todas as confusões que envolvem minha vida.Quando o beijo finalmente se encerra, sinto meu coração aquecido e retribuo o sorriso que ilumina o rosto de Andrew. — Devo me preocupar com o fato de que o seu ex-marido está esperando por você na sua casa? — Andrew questiona.Apesar do sorriso ainda presente em seu rosto, a sobrancelha arqueada demonstra que essa é uma pergunta importante.— Não há mais nada entre Edward e eu. Também não há chance alguma de reatarmos a re
EdwardSem que ninguém precisasse explicitar, percebi como Beatrice tentava manter uma certa distância entre Timothy e eu, algo que se tornava mais evidente a cada dia.Compreendia que reacender nosso casamento seria uma tarefa árdua, repleta de palavras não ditas e silêncios que falavam por si mesmos. Especialmente considerando meu erro ao tentar reconquistá-la meses após nossa separação.Restava-me aceitar o que fosse possível, mesmo que fosse pouco, às vezes quase nada da parte dela. Qualquer coisa era melhor do que nada.Quando Beatrice passou a vir para casa todos os dias com Smith, algo que se tornou rotina desde o dia em que se atrasou, algo que não acontecia antes, estava claro que havia acontecido uma importante mudança na relação dos dois. Apesar de discordar de sua prática de deixar uma cópia da chave sempre no mesmo lugar, um local de fácil acesso, não protestei com a sua sugestão de aguardar dentro de casa com o Timothy. Era preferível ter Timothy em casa do que na rua,
BeatriceEu vivia um relacionamento aparentemente normal com um homem que deixava claro seu amor por mim. No entanto, a sensação de felicidade e realização me escapava. As razões para esse vazio me eram desconhecidas, e eu fazia o possível para evitar confrontá-las, adiando essa reflexão indefinidamente.Nem mesmo naquele momento, quando estava encerrando minhas atividades no escritório do jornal e me preparando para voltar para casa com o meu parceiro perfeito, era adequado abordar esses pensamentos. Tudo parecia perfeito, mas algo estava fora de sintonia.Uma batida discreta na porta indicou que Andrew estava à espera, pronto para irmos para casa juntos, como fazíamos sempre. — Oi, querida — Ele me cumprimentou, beijando os meus lábios rapidamente — Podemos ir?— Claro — concordei sem demora.Nós descemos pelo elevador até o subsolo e quando já estávamos dentro do carro, era chegada a hora de abordar um tópico delicado que sempre pairava entre nós, mas que, desta vez, se tornara in
BeatriceO jantar com os pais de Andrew transcorreu de forma tranquila, apesar de sempre me sentir um pouco desconfortável com a rigidez dos Smith. No entanto, não seria justo dizer que eles eram desagradáveis ou algo do tipo. Talvez meu desconforto se devesse ao fato de Joel Smith ser o dono do jornal e, consequentemente, meu chefe. De qualquer forma, ainda não havia nada que eu pudesse apontar com certeza.Quando estávamos prestes a ir embora, já que já passavam das vinte horas, um tópico de conversa chamou imediatamente minha atenção. Estávamos discutindo o almoço em comemoração ao aniversário de Andrew, marcado para o próximo fim de semana.— Espero que Justin não traga seu sobrinho desta vez — disse a senhora Thomas, me surpreendendo — Detesto quando trazem crianças para a minha casa.Justin era um grande amigo de Andrew, estudaram juntos e eu fiquei profundamente surpresa com essa afirmação, e, de maneira espontânea e incontrolável, olhei para ele. Não sabia ao certo se procurav
BeatriceAcordei mais tarde do que o normal, depois de um sonho em que nós três estávamos jogando tênis, parecendo uma família perfeita e feliz. Isso me deixou irritada. Não queria voltar ao passado, pois já estive lá e não foi agradável. Mesmo assim, tentei mais uma vez, insisti, e posso dizer que a tentativa foi quase tão terrível quanto a anterior.O toque insistente da campainha aumentou ainda mais o meu mau humor. Coloquei um penhoar sobre a minha camisola de seda preta e fui atender a porta, sentindo-me contrariada.Foi apenas quando cheguei ao hall que me ocorreu que a pessoa poderia ser Edward, vindo deixar Timothy. Um frio familiar na barriga e um aumento na batida do meu coração me fizeram parar um momento e respirar fundo. Eu precisava me acalmar e não deixar que meu ex-marido percebesse que, mesmo contra a minha própria sensatez e racionalidade, ele ainda conseguia me abalar.No entanto, minha preocupação foi infundada, pois quando olhei pelo visor da porta, vi um jovem en