BeatriceA situação me pegou completamente de surpresa e acabei concordando com a sugestão, pois não queria decepcionar Timothy em um dia tão importante para ele. E nós fomos à escola de Timothy, onde ficamos um tempo extra para facilitar seu primeiro dia em uma escola inglesa, uma vez que ele era ucraniano e essa transição poderia ser desafiadora.Enquanto estávamos voltando para minha casa - Edward fez questão de me levar de volta - aproveitei para questionar Edward sobre o assunto que ele tinha evitado antes de irmos deixar Timothy na escola. Dessa vez, ele respondeu prontamente.— Eu não sabia que Abigail pretendia levar Timothy até nossa casa da primeira vez que ela o fez — ele começou a explicar. — Estava retornando de uma viagem à Escócia e não havia ido à empresa. Depois disso, decidi passar um tempo com Timothy.— Por quê? — perguntei.— Por quê? — ele repetiu minha pergunta, parecendo refletir sobre a resposta. — Porque eu gostei muito do garoto. Ele é incrível. Apesar de su
BeatriceQuando finalmente chegamos em frente à minha casa, o clima no carro já estava bem mais leve. Agradeço a Andrew pela carona e me preparo para sair rapidamente, ciente de que Edward está esperando, junto com Timothy. No entanto, Andrew segura minha mão, impedindo-me de sair. — Eu mereço um beijo da minha namorada? — Andrew perguntou com um sorriso terno.Sinto-me obrigada a atender o pedido do meu namorado, afinal, gosto sinceramente dele. O beijo entre nós é terno e apaixonado, e por um momento, consigo esquecer todas as confusões que envolvem minha vida.Quando o beijo finalmente se encerra, sinto meu coração aquecido e retribuo o sorriso que ilumina o rosto de Andrew. — Devo me preocupar com o fato de que o seu ex-marido está esperando por você na sua casa? — Andrew questiona.Apesar do sorriso ainda presente em seu rosto, a sobrancelha arqueada demonstra que essa é uma pergunta importante.— Não há mais nada entre Edward e eu. Também não há chance alguma de reatarmos a re
EdwardSem que ninguém precisasse explicitar, percebi como Beatrice tentava manter uma certa distância entre Timothy e eu, algo que se tornava mais evidente a cada dia.Compreendia que reacender nosso casamento seria uma tarefa árdua, repleta de palavras não ditas e silêncios que falavam por si mesmos. Especialmente considerando meu erro ao tentar reconquistá-la meses após nossa separação.Restava-me aceitar o que fosse possível, mesmo que fosse pouco, às vezes quase nada da parte dela. Qualquer coisa era melhor do que nada.Quando Beatrice passou a vir para casa todos os dias com Smith, algo que se tornou rotina desde o dia em que se atrasou, algo que não acontecia antes, estava claro que havia acontecido uma importante mudança na relação dos dois. Apesar de discordar de sua prática de deixar uma cópia da chave sempre no mesmo lugar, um local de fácil acesso, não protestei com a sua sugestão de aguardar dentro de casa com o Timothy. Era preferível ter Timothy em casa do que na rua,
BeatriceEu vivia um relacionamento aparentemente normal com um homem que deixava claro seu amor por mim. No entanto, a sensação de felicidade e realização me escapava. As razões para esse vazio me eram desconhecidas, e eu fazia o possível para evitar confrontá-las, adiando essa reflexão indefinidamente.Nem mesmo naquele momento, quando estava encerrando minhas atividades no escritório do jornal e me preparando para voltar para casa com o meu parceiro perfeito, era adequado abordar esses pensamentos. Tudo parecia perfeito, mas algo estava fora de sintonia.Uma batida discreta na porta indicou que Andrew estava à espera, pronto para irmos para casa juntos, como fazíamos sempre. — Oi, querida — Ele me cumprimentou, beijando os meus lábios rapidamente — Podemos ir?— Claro — concordei sem demora.Nós descemos pelo elevador até o subsolo e quando já estávamos dentro do carro, era chegada a hora de abordar um tópico delicado que sempre pairava entre nós, mas que, desta vez, se tornara in
BeatriceO jantar com os pais de Andrew transcorreu de forma tranquila, apesar de sempre me sentir um pouco desconfortável com a rigidez dos Smith. No entanto, não seria justo dizer que eles eram desagradáveis ou algo do tipo. Talvez meu desconforto se devesse ao fato de Joel Smith ser o dono do jornal e, consequentemente, meu chefe. De qualquer forma, ainda não havia nada que eu pudesse apontar com certeza.Quando estávamos prestes a ir embora, já que já passavam das vinte horas, um tópico de conversa chamou imediatamente minha atenção. Estávamos discutindo o almoço em comemoração ao aniversário de Andrew, marcado para o próximo fim de semana.— Espero que Justin não traga seu sobrinho desta vez — disse a senhora Thomas, me surpreendendo — Detesto quando trazem crianças para a minha casa.Justin era um grande amigo de Andrew, estudaram juntos e eu fiquei profundamente surpresa com essa afirmação, e, de maneira espontânea e incontrolável, olhei para ele. Não sabia ao certo se procurav
BeatriceAcordei mais tarde do que o normal, depois de um sonho em que nós três estávamos jogando tênis, parecendo uma família perfeita e feliz. Isso me deixou irritada. Não queria voltar ao passado, pois já estive lá e não foi agradável. Mesmo assim, tentei mais uma vez, insisti, e posso dizer que a tentativa foi quase tão terrível quanto a anterior.O toque insistente da campainha aumentou ainda mais o meu mau humor. Coloquei um penhoar sobre a minha camisola de seda preta e fui atender a porta, sentindo-me contrariada.Foi apenas quando cheguei ao hall que me ocorreu que a pessoa poderia ser Edward, vindo deixar Timothy. Um frio familiar na barriga e um aumento na batida do meu coração me fizeram parar um momento e respirar fundo. Eu precisava me acalmar e não deixar que meu ex-marido percebesse que, mesmo contra a minha própria sensatez e racionalidade, ele ainda conseguia me abalar.No entanto, minha preocupação foi infundada, pois quando olhei pelo visor da porta, vi um jovem en
EdwardTimothy estava visivelmente emocionado com o buquê de rosas, e não demorou para que ele começasse a chorar intensamente. Percebi a angústia no rosto de Beatrice e busquei uma explicação para o sofrimento do garoto naquele momento.Beatrice o abraçou e acariciou suas costas e cabelos, tentando consolá-lo da melhor maneira possível. Enquanto observava aquela cena, senti-me confuso e deslocado, como se fosse um intruso em meio àquela expressão intensa de emoção entre os dois.Contudo, tudo mudou quando Timothy abriu os olhos e me encarou com aquele olhar ainda marejado, enquanto enxugava as lágrimas com as costas da mão e sorria para mim, mesmo que estivesse claramente sofrendo. Fiquei completamente desconcertado com aquela expressão e não conseguia entender o que estava acontecendo.— A mamãe vendia rosas vermelhas para nos sustentar, Edward — ele explicou com simplicidade — Eu gosto muito de rosas vermelhas, e a Beatrice também. Ela costumava comprar as rosas da mamãe.Enquanto
BeatriceDesde o nosso longo e ardente beijo na cozinha, eu estava deliberadamente evitando Edward. Além de sentir culpa por ter traído o homem com quem estava em um relacionamento, eu havia me arriscado ao extremo, desviando-me por um caminho perigoso. Estava sendo covarde ao fugir, mas achei que era o melhor para todos nós. Já sabia onde aquilo nos levaria, e não estava disposta a passar novamente pelo sofrimento que isso causaria.A palavra que resumia meu sentimento era tentação. Edward sempre foi e ainda era meu ponto fraco. Não me permitiria ser arrastada pelas emoções a ponto de sofrer novamente por ele. Então, quando Timothy voltou à cozinha, suspirei aliviada e os deixei comendo seus sanduíches, enquanto eu retornava ao meu quarto. Antes de qualquer coisa, retirei todos os buquês de flores da sala, deixando apenas o de rosas vermelhas, aquele que tinha emocionado tanto Timothy. Pensei que ele poderia querer guardar essa lembrança da mãe. As outras flores eram um excesso estra