EdwardTimothy estava visivelmente emocionado com o buquê de rosas, e não demorou para que ele começasse a chorar intensamente. Percebi a angústia no rosto de Beatrice e busquei uma explicação para o sofrimento do garoto naquele momento.Beatrice o abraçou e acariciou suas costas e cabelos, tentando consolá-lo da melhor maneira possível. Enquanto observava aquela cena, senti-me confuso e deslocado, como se fosse um intruso em meio àquela expressão intensa de emoção entre os dois.Contudo, tudo mudou quando Timothy abriu os olhos e me encarou com aquele olhar ainda marejado, enquanto enxugava as lágrimas com as costas da mão e sorria para mim, mesmo que estivesse claramente sofrendo. Fiquei completamente desconcertado com aquela expressão e não conseguia entender o que estava acontecendo.— A mamãe vendia rosas vermelhas para nos sustentar, Edward — ele explicou com simplicidade — Eu gosto muito de rosas vermelhas, e a Beatrice também. Ela costumava comprar as rosas da mamãe.Enquanto
BeatriceDesde o nosso longo e ardente beijo na cozinha, eu estava deliberadamente evitando Edward. Além de sentir culpa por ter traído o homem com quem estava em um relacionamento, eu havia me arriscado ao extremo, desviando-me por um caminho perigoso. Estava sendo covarde ao fugir, mas achei que era o melhor para todos nós. Já sabia onde aquilo nos levaria, e não estava disposta a passar novamente pelo sofrimento que isso causaria.A palavra que resumia meu sentimento era tentação. Edward sempre foi e ainda era meu ponto fraco. Não me permitiria ser arrastada pelas emoções a ponto de sofrer novamente por ele. Então, quando Timothy voltou à cozinha, suspirei aliviada e os deixei comendo seus sanduíches, enquanto eu retornava ao meu quarto. Antes de qualquer coisa, retirei todos os buquês de flores da sala, deixando apenas o de rosas vermelhas, aquele que tinha emocionado tanto Timothy. Pensei que ele poderia querer guardar essa lembrança da mãe. As outras flores eram um excesso estra
BeatriceDe certa forma, Andrew e eu acabamos encontrando um equilíbrio, embora tenha sido um caminho um tanto sinuoso para chegarmos lá. Ele evitava tocar no assunto delicado de seus pais, e eu decidi aceitar sua abordagem.Depois de muita reflexão, percebi que não poderia manter minha raiva de Andrew eternamente por algo que ele não fez. Ele insistiu em sua discordância com as visões de seus pais, e isso me deu algum conforto. Resolvi, então, dar uma nova chance ao nosso relacionamento. No entanto, se antes já estava cautelosa devido às minhas experiências passadas, agora estava ainda mais hesitante.Alguns dias depois, chegou o dia do casamento de Sebastian e Elizabeth, e fomos juntos para Kent, mais precisamente para Higham, onde a propriedade rural da família Maddock estava localizada. Era lá que todos se reuniriam para as festividades.A viagem para Higham foi rápida, e em menos de uma hora estacionamos na vasta e bem-cuidada propriedade dos pais de Elizabeth, que já estava repl
BeatriceAlgum tempo depois, quando retornamos ao jardim, diversas pessoas estavam aproveitando o clima ameno de verão do lado de fora da propriedade. Conversavam animadamente e observavam as crianças correndo e brincando.Mantive conversas com algumas pessoas que eu conhecia, a maioria delas parentes de Edward com quem cresci durante minha infância e adolescência. Também encontrei algumas antigas amigas, que o tempo e a distância tinham afastado.Logo, Sebastian se aproximou de onde eu estava, exibindo um largo sorriso ao me ver conversando com Maggie, a mãe de Abigail e Edward, enquanto Timothy brincava no jardim com outras crianças.— Olá, belas garotas! — ele nos cumprimentou com entusiasmo. — Como estão?— Sebastian! — respondi com animação. — Estou tão feliz que vai se casar!Após alguns abraços calorosos e cumprimentos animados, continuamos nossa conversa. Maggie, então, pediu licença para atender outros convidados, o que era compreensível.— Respondendo a pergunta que está est
EdwardSegurei com mais firmeza as rédeas do cavalo e trotei tranquilamente em direção ao campo gramado onde todos pareciam me aguardar para dar início a partida de polo amistoso.De longe pude observar o olhar duro no rosto de Beatrice e me questionei o motivo pelo qual ela me encarava com tanta animosidade, quando apenas alguns dias atrás nós estávamos nos entregando a um beijo tórrido e apaixonado na cozinha de sua casa.Estimulei meu cavalo a galopar pelo terreno verdejante e logo me juntei aos outros no campo gramado, finalmente me reunindo aos convidados do casamento de minha prima.Beatrice lançou um olhar questionador em minha direção e logo compreendi a razão de sua expressão interrogativa.— Olá a todos! — cumprimentei as pessoas ao nosso redor com um sorriso tranquilo.Recebi diversos cumprimentos, principalmente das pessoas com as quais ainda não havia interagido desde que cheguei à propriedade de meus tios em Higham. A exceção era Beatrice, que fingia se concentrar em sua
Beatrice Eu estava mais uma vez nos braços de Edward, completamente entregue aos seus beijos, derretendo-me com suas mãos passeando por todo o meu corpo. Maravilhoso tê-lo segurando-me com firmeza, pois não há certeza alguma de que as minhas pernas poderiam impedir a minha queda de maneira literal, diante de tamanha ânsia e paixão.Mas naquele exato momento, a realidade do que estávamos fazendo se insinuou através da névoa que estava turvando completamente os meus pensamentos, e com muito contragosto afastei os meus lábios dos seus.— Nós não podemos, Edward… — falei, mesmo que as nossas bocas ainda estivessem próximas demais uma da outra.— Não devemos — ele concordou, mas sua boca logo estava mais uma vez se apossando da minha.Eu gostaria de ser mais forte, mas o sorriso bobo de Edward antes de me beijar derrubou todas as minhas defesas. Se tornou impossível resistir quando suas mãos seguravam as laterais do meu rosto com extrema delicadeza, sua boca atacando a minha com ânsia. To
BeatriceA programação para a noite que antecedia o casamento era bastante informal e, ao mesmo tempo, estava sendo muito divertida. Conversava agora com o casal de noivos, que irradiava felicidade. Ao lembrar do meu próprio casamento, senti uma pontada no peito, mas decidi afastar aquele pensamento por ora.— Vamos dançar? — Elizabeth convidou Sebastian em determinado momento.Sebastian me lançou um olhar travesso e fingiu estar surpreso com o convite audacioso.— Já disse o quanto amo a minha noiva? — brincou.Eu poderia ter confirmado que sim, uma vez que meu primo já havia compartilhado comigo sua paixão por Elizabeth naquela mesma noite, mas antes que eu pudesse responder, Sebastian pegou na mão de Elizabeth, e o casal seguiu para a pista de dança instalada no meio do amplo jardim.Enquanto observava-os dançar com grande desenvoltura ao ritmo da música pop alegre que contagiava a todos, meu corpo se enrijeceu quando Andrew se aproximou de mim novamente naquela noite.Mas, se ante
AndrewTomei um drinque após o outro, tentando enterrar a minha frustração. Não era a primeira vez que eu a via partir daquela maneira, e isso me incomodava profundamente. Mesmo com todos os problemas que estávamos enfrentando, eu não deveria perdê-la de vista. Os meus olhos procuravam Abigail com frequência, algo que também me incomodava profundamente. Tentei me convencer de que o fato dela ser amiga de Beatrice e talvez pudesse ter uma pista sobre o paradeiro dela era o real motivo para tamanha insistência em buscá-la com o olhar. Mas esses pensamentos eram perigosos e errados. Eu namorava Beatrice, e independente dos desentendimentos entre nós, eu devia a ela respeito.Lembranças da tarde tumultuada de polo voltaram à minha mente. O momento em que o cavalo de Beatrice havia saído em disparada, deixando-a indefesa e notoriamente aterrorizada. Ainda que eu tivesse dado a entender que não sabia montar, subi em cima do primeiro cavalo que encontrei disponível e saí a galope para procu