Dez anos atrás

Quando Caio e Carlos escutaram a voz furiosa de sua mãe ecoando pelo andar de baixo, eles se afastaram de Tiffany imediatamente. Embora os gêmeos não fossem mais crianças, Ella parecia se esquecer disso com frequência. No entanto, havia uma linha que Caio e Carlos nunca ousariam cruzar, e essa linha era sua mãe, Ella.

Os olhares preocupados que eles trocaram comunicavam um entendimento mútuo de que enfrentar a fúria de Ella não era uma opção. Tiffany, embora com medo pois Ella furiosa era capaz de usar os elementos a seu favor, estava igualmente tentada a usar a situação a seu favor. Ela estava ocupada procurando suas roupas que estavam espalhadas pelo quarto, vestindo-as às pressas enquanto murmurava suas tentativas de pressionar os gêmeos a assumi-la:

"Se vocês me marcassem como sua companheira, ou pelo menos um de vocês o fizesse, ela não poderia me tratar assim, porque eu me tornaria a Suprema Luna," disse Tiffany, sua voz carregada de ansiedade e desejo.

Caio, enquanto se vestia, revirou os olhos, transmitindo claramente sua irritação. Ele e Carlos não tinham dúvidas de que, se tivessem uma companheira, ela seria a mesma para ambos. Além de compartilharem uma predileção pela devassidão, seus sentimentos eram tão interligados que eles tinham certeza de que se fosse para amar alguém, seria a mesma mulher.

Carlos, o mais cínico e impulsivo dos dois, não hesitou em responder:

"Não começa, Tiffany. E, se fosse você, sairia pela janela. Da última vez, ela tacou fogo pelas mãos, e você ficou careca por uns quinze dias."

Caio fez um esforço para não rir ao se lembrar da cena. Ella era tempestuosa, uma mãe dedicada, mas irracional em alguns assuntos. A ligação entre ela e seus gêmeos era forte, e essa ligação também se estendia a suas reações emocionais. Tiffany estava descobrindo da maneira mais difícil que desafiar a fúria de Ella não era apenas perigoso, mas também um convite para a demonstração de seu poder sobrenatural.

Enquanto o trio se preparava para descer e enfrentar o furacão que era Ella, Tiffany se lembrou de que talvez fosse melhor considerar a sabedoria da sugestão de Carlos e sair pela janela. Por mais apaixonada que fosse por Caio e Carlos, a ideia de ficar careca novamente não era atraente.

Depois de pensar melhor, Tiffany não perdeu tempo ao ouvir a sugestão de Carlos. Ela se apressou em sair pela janela e se afastar do caminho da ira de Ella. Os gêmeos, enquanto a observavam, não podiam negar que ela era uma loba extremamente habilidosa, bonita e forte.

"Talvez um dia ela realmente seja a Suprema Luna, afinal", disse Carlos.

Caio apenas assentiu. Ele era o mais compenetrado e sério dos dois, tirando Carlos, que geralmente sentia tudo o que ele sentia. Era muito difícil saber o que se passava em sua mente, e por isso ele era tido como o mais cruel dos dois. Mas ele concordava com o irmão que, dadas as candidatas que eles tinham, Tiffany era realmente a melhor opção.

"É sua vez", disse Caio para Carlos, em um tom que deixava claro que não cederia ao irmão que era apenas dez minutos mais novo que ele.

Carlos bufou, expressando sua relutância:

"Ah, cara, fala sério, ela vai me esfolar vivo."

Os gêmeos tinham um acordo tácito entre eles. Toda vez que se metiam em encrenca com a mãe, um deles assumiria a culpa. Dessa vez, era a vez de Carlos enfrentar a fúria de Ella. Caio, apesar de seu temperamento mais sério, sabia que essa era a melhor maneira de manter a paz em casa e evitar confrontos inúteis com sua mãe. Não que isso fizesse alguma diferença, pois ambos tinham o mesmo poder. Seus lobos eram igualmente fortes e sanguinários e ficavam pior a cada dia, pois ansiavam por sua companheira, que parecia não existir nesse mundo.

Atos, o lobo de Caio, controlava com perfeição fogo e ar, além dos poderes de um lobo normal. E Pegasus, o lobo de Carlos, controlava com maestria água e terra. Esses poderes eles herdaram por serem filhos da última filha da lua, e a força extraordinária do seu pai, Nolan.

Com um último suspiro de preparação, Carlos se encaminhou para enfrentar a tempestade no andar de baixo.

Os gêmeos desceram as escadas com cautela, encontrando Nolan e Ella no hall de entrada. Nolan, ao vê-los, balançou a cabeça negativamente em um sinal silencioso de que Ella estava muito mais brava do que o normal. Era uma advertência para os gêmeos, um aviso de que enfrentar a fúria de sua mãe não seria uma tarefa fácil.

Ella os encarou com olhos brilhando em um tom de púrpura, sinalizando que sua loba interna, Skay, estava à beira de emergir. O que era um presságio do caos iminente. Os gêmeos, por meio de seu vínculo mental, decidiram que a melhor estratégia era permitir que ela falasse primeiro. Eles pararam a uma distância segura, orando para a Deusa para que sua mãe não destruísse sua casa recém-construída.

Ella manteve seu olhar fixo na escada, deixando claro que estava à espera de Tiffany para despejar sua fúria sobre a moça. Carlos se amaldiçoou por permitir que Tiffany escapasse pela janela, o que certamente aumentaria a raiva de Ella. No entanto, para surpresa dos gêmeos, sua mãe desviou o olhar da escada como se desistisse de Tiffany e gritou:

"Que porra vocês fizeram com Maya há dez anos atrás?"

Os gêmeos trocaram olhares confusos. Maya? Dez anos atrás? Essas palavras eram como um soco no estômago. Eles não podiam acreditar que Ella estava trazendo esse assunto à tona agora, especialmente quando eles estavam prestes a enfrentar sua fúria por conta da festa destruída.

Caio tentou encontrar palavras para responder, mas Carlos interveio com uma voz trêmula:

"Nós podemos explicar, mãe. É uma história longa, e..."

Antes que ele pudesse terminar, Ella levantou uma mão, sinalizando que queria ouvir a explicação completa. A tensão no ar era palpável, e os gêmeos sabiam que estavam prestes a enfrentar não apenas a fúria de Ella, mas também o seu passado sombrio que parecia ter ressurgido.

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