Ao saírem da casa de Bard e Mirella, se dão conta de que já anoiteceu. Com a fúria contida de seus lobos, os gêmeos sentiram uma necessidade urgente de se transformar. A transformação começou como um murmúrio na brisa da noite, uma canção que anunciava o início de algo extraordinário. Um arrepio percorreu suas peles, como se o vento noturno sussurrasse segredos ancestrais em seus ouvidos, segredos que os gêmeos não entendiam. Seguido desse arrepio, veio uma sensação de calor intenso que brotou de dentro deles, irradiando coragem e determinação.
Seus corpos se curvaram e se contorceram, músculos se flexionando e ossos se reajustando, enquanto suas roupas eram rasgadas pela crescente forma animal. Cada músculo, cada osso, encontrou seu lugar perfeito na transformação, e os gêmeos se sentiram vivos de uma maneira que quando se transformaram sentiam.
A transformação era um espetáculo impressionante. Caio e Carlos se tornaram dois enormes lobos, com pelagens negras como a noite e olhos vermelhos como o sangue. Seus lobos eram assustadoramente grandes e fortes, imponentes e dignos de respeito. A pelagem escura brilhava à luz fraca da floresta, revelando a elegância de suas criaturas. Cada detalhe de suas formas, das garras afiadas às orelhas pontiagudas, mostrava a perfeição da natureza em seu estado mais puro.
Os lobos se lançaram pela floresta, correndo velozmente em busca de um alívio para a tensão que os consumia. Os galhos das árvores se afastavam como cortinas diante de uma cena grandiosa, revelando a majestade das criaturas selvagens que cruzavam por entre elas. Seus músculos poderosos impulsionavam-nos com graciosidade, e a terra parecia ceder sob seus pés, como se a própria floresta reconhecesse sua autoridade.
Em suas mentes, Caio e Carlos tentaram questionar seus lobos sobre a razão da fúria e da tensão que sentiam, mas a resposta que obtiveram foram rosnados furiosos e ininteligíveis. Era como se seus lobos, poderosos e orgulhosos, estivessem reagindo a algo que nem mesmo os gêmeos compreendiam completamente. Era como se a própria floresta tivesse sussurrado segredos ancestrais em seus ouvidos, segredos que só os lobos podiam decifrar.
A corrida pela floresta era a única forma que encontraram para liberar a fúria contida, permitindo que seus lobos se expressassem livremente, mesmo que não compreendessem totalmente a causa de sua agitação. Os sons da noite se uniram à sinfonia de seus passos velozes, criando uma música selvagem que reverberava pela floresta. As árvores sussurravam elogios, os riachos murmuravam em reconhecimento e as estrelas brilhavam mais intensamente, como se aplaudissem a majestade dos lobos que cruzavam sob o manto noturno.
E, enquanto corriam, a floresta testemunhava a majestade e a fúria desses dois lobos protetores da noite. Era um espetáculo de força e liberdade, uma dança primal sob o luar. E, à medida que os gêmeos avançavam, a misteriosa causa de sua agitação começou a se revelar nas sombras da floresta, sussurrando promessas de desafios e revelações que os levariam ao cerne de sua existência como lobos guardiões, mas quando estavam chegando próximos de entender, era como se tudo se apagasse, era como perseguir o vento.
De repente, os lobos mudaram de direção, deixando a densa floresta para trás e seguindo em direção a uma ampla planície. Lá, pararam à beira de um precipício, o mesmo lugar onde Maya havia se jogado anos atrás.
Caio e Carlos voltaram à sua forma humana, seus rostos marcados pela expressão séria e melancólica. Foi Carlos quem quebrou o silêncio, dizendo:
"Acho que até Atos e Pegasus estão chateados com o que fizemos com Maya."
Caio fixou os olhos na beira do precipício, por um momento vendo a imagem da garotinha frágil e delicada que se jogou dali. Ele suspirou e admitiu:
"Como vamos trazê-la de volta? Ela com certeza nos odeia tanto quanto queremos evitá-la."
Carlos, irritado com a situação, disse com determinação: "Não vamos pedir, vamos apenas mandar."
Caio sabia que essa abordagem só tornaria Maya mais furiosa, mas, naquele momento, ele pouco se importava com o que ela pensava. Ambos os gêmeos tinham sentimentos perturbadores em relação a Maya, e eles viam isso como uma fraqueza que preferiam evitar. Eles eram os Supremos Rei Alfas, com influência e poder para fazer sua vontade prevalecer. Com esse pensamento em mente, concordaram que usariam sua autoridade para trazer a híbrida de volta para casa, quer ela gostasse ou não.
Muito longe dali, em uma pequena aldeia no sul da França, uma vampira de beleza excepcional corria velozmente entre as árvores. Tudo nela era perfeito e delicado, como se fosse esculpida pela própria natureza. Seus cabelos castanhos-dourados eram longos e ondulados, voando soltos ao vento, enfatizando sua velocidade sobrenatural. Seu corpo pequeno e curvilíneo dava-lhe uma aparência frágil e delicada, mas escondia uma força extraordinária que poucos suspeitavam.
O que mais chamava a atenção eram seus olhos, diferentes dos outros vampiros. Eles não eram vermelhos, âmbar ou até mesmo negros, como é comum entre sua espécie. Em vez disso, eram dourados, um amarelo tão profundo que pareciam chamas congeladas.
Essa vampira extraordinária era Maya, a híbrida nascida da união de uma vampira e um lobo. Sua busca por uma solução para seu destino a levava por entre as árvores, correndo com uma determinação que ultrapassava qualquer desafio. Maya não queria aceitar um companheiro predestinado; ela ansiava pelo controle de seu próprio destino. Por isso, estava em busca da bruxa que poderia ajudá-la a moldar o futuro de acordo com sua vontade. Maya estava decidida a ser a senhora de seu próprio destino, e não hesitaria em percorrer o mundo para alcançar esse objetivo.
Maya continuou sua corrida pela densa floresta do sul da França, onde a mata era tão fechada que o brilho do sol mal conseguia penetrar pela densa vegetação. Ela estava a ponto de desistir de sua busca quando, entre as árvores, avistou uma cabana que parecia ser parte da própria vegetação.A cabana era uma visão única, antiga e misteriosa. Sua estrutura de madeira estava parcialmente oculta por trepadeiras e musgo, o que dava a ela a aparência de ter sido integrada à floresta ao longo dos séculos. O telhado era coberto por folhas e galhos, tornando-a quase invisível para olhos não treinados.Maya sabia que a bruxa que vivia naquela cabana era poderosa, e a cautela era essencial ao se aproximar. Ela não estava ali para ameaçar a bruxa, mas sim para buscar sua ajuda. Com passos silenciosos e respeitosos, ela se aproximou da cabana, deixando claro, com gestos sutis, que estava buscando assistência, não conflito. Seu olhar dourado, brilhando como joias preciosas, transmitia determinação,
Maya fez o longo caminho de volta à civilização, seu coração cheio de esperanças e incertezas em relação ao colar que Andreza lhe deu. Caminhava lentamente, permitindo que sua mente divagasse pelo passado recente. Havia apenas um mês que um médico chamado Justin havia sido transferido para o hospital em que Maya trabalhava. A situação era rara, uma vez que ele era um humano, e o hospital geralmente atendia seres sobrenaturais. Embora a maioria dessas criaturas fosse praticamente imortal, havia exceções, e o hospital era especializado em casos únicos que envolviam seres sobrenaturais.Maya se especializara em ajudar a tratar essas condições raras e, até aquele momento, evitava qualquer envolvimento pessoal com homens. Sua beleza não passava despercebida, mas sua insegurança a impedia de se relacionar. No entanto, Justin foi paciente, aproximando-se dela pouco a pouco. Sua compreensão e conhecimento sobre o mundo sobrenatural a intrigaram.Maya continuou sua caminhada, perdida em pensam
A vida é uma caixinha de surpresa, ainda mais no mundo sobrenatural, onde o real e normal se misturam com o mágico e o sobrenatural. E a Deusa da Lua mostraria que seus laços não podiam ser ignorados ou quebrados sem muita luta e dor no processo.Maya, dois dias depois do seu encontro com Andreza, a bruxa da floresta, se encontra ansiosa para reencontrar Justin, pois, depois da última conversa tensa que tiveram, ele mandou uma mensagem avisando que sairia em viagem e só voltaria três dias depois. Justin era meio misterioso com respeito a essas viagens. Quando Maya perguntou da última vez, ele disse que ia visitar o túmulo dos pais, mas, quando Maya se ofereceu para ir junto, ele recusou terminantemente, dizendo ser algo que gostava de fazer sozinho. Sua amiga Mia não confiava em Justin, mas Maya achava que era implicância por ele ser humano.Maya está entretida mandando uma mensagem que tenta escrever para Justin desde o dia anterior, mas não sabe bem o que escrever. Afinal, ela não p
No dia seguinte, Caio e Carlos estavam sentados em seu escritório, encarando Logan, o seu melhor amigo e Beta de confiança. Logan os olhava como se tivessem enlouquecido. A ligação entre os gêmeos e Logan era profunda, eles eram inseparáveis desde a infância, e desde cedo ficou evidente o forte vínculo entre eles. Os três tinham a mesma idade, com vinte e seis anos. Logan, porém, era negro, com um corpo musculoso e bem definido, e intensos olhos verdes. O lobo de Logan se chamava Teo.Carlos acabara de perguntar a Logan sobre a ideia de marcarem Tiffany como a sua companheira, e a reação do Beta não era o que esperavam.Logan riu da proposta, como se achasse aquilo uma piada. Ele olhou para os gêmeos e disse:"Qual é, vocês enlouqueceram?"Caio respondeu:"Ela é uma loba forte, bonita..."Logan interrompeu, ainda rindo:"Insuportável e mimada. Olha, não importa o quanto vocês gostem de 'se enfiar dentro dela', ela seria uma péssima Luna. Quase ninguém suporta a garota. Sua mãe é a pro
Maya recordava o quanto era bom viver no meio da floresta em Forks. Desde sempre, sentia uma conexão profunda com a natureza que a rodeava. A pequena cidade era rodeada por densas florestas, árvores majestosas, e o murmúrio constante do rio Quileute, que serpenteava pelas proximidades. Ela passava horas explorando a floresta, observando os pássaros e os animais selvagens que compartilhavam aquele santuário natural. Era lá, entre as árvores antigas, que Maya encontrava paz e refúgio de suas próprias inseguranças.Naquela época, ela era uma garotinha tímida, delicada e incrivelmente linda. Seus cabelos castanhos escuros caíam em cachos ondulados sobre os ombros, e seus olhos dourados como o sol encantavam a todos que a conheciam. No entanto, sua beleza era ofuscada por sua timidez. Ela se escondia atrás de seu cabelo, evitando o contato visual sempre que possível.Desde criança, Maya via os gêmeos Caio e Carlos como uma espécie de sonho inalcançável. Eles eram os filhos do Supremo do re
Maya terminou de empacotar suas coisas, sabendo que o relógio não esperaria por ela. Se perdesse o voo, Mia, sua amiga temperamental, ficaria furiosa. Olhando para o celular, Maya notou que Justin não havia respondido à sua mensagem, e um sentimento de tristeza a invadiu. Com um suspiro resignado, ela sussurrou: "Melhor assim. Seria muito difícil manter um relacionamento à distância".Maya olhou mais uma vez para o pequeno apartamento que havia sido seu lar por anos, sentindo-se melancólica antes de sair e fechar a porta atrás de si. O som metálico do trinco fechando-se ecoou como um encerramento de um capítulo de sua vida. Ela estava deixando para trás a segurança e a rotina da cidade que lhe acolheu, para voltar à sua cidade natal para buscar novos horizontes naquele lugar distante. Era assustador, mas também emocionante.No aeroporto, Mia estava impaciente e irritada com o atraso da amiga. Ela nunca fora boa em esconder suas emoções e seu temperamento forte estava à mostra naquele
O avião pousou no aeroporto de Seattle, e Mia estava mais ansiosa do que nunca. Sua loba estava agitada e irracional, pronta para enfrentar qualquer ameaça. Ela olhou para Maya, que parecia mais pálida do que um papel, e uma preocupação imediata tomou conta dela:"Está tudo bem?" ela perguntou com suavidade, mesmo que o turbilhão de emoções dentro dela fosse o oposto.Maya respondeu, sua voz trêmula:"Minha mãe acabou de me avisar que Logan veio com eles ao aeroporto."Ao ouvir esse nome, a loba de Mia, Trix, se remexeu furiosamente dentro dela. Mia não conseguiu esconder a raiva que sentia, e seus olhos faiscaram de fúria. Ela perguntou, com os dentes cerrados:"Ele é um dos gêmeos capeta?"Maya negou com um aceno de cabeça:"Não, mas era o melhor amigo deles. Ele participou de cada uma das torturas pelas quais passei."Mia sentiu uma onda de raiva e sede de vingança percorrer seu corpo. Ela mal podia esperar para colocar os olhos nesse lobo desgraçado e fazê-lo se arrepender de tudo
Brad puxou Maya para um abraço protetor, seus braços fortes envolvendo a filha com carinho paterno. Ela se deixou afundar nos braços de seu pai enquanto dizia:"Senti saudades, papai."Mirella abraçou o marido e a filha, com lágrimas nos olhos, e disse:"Finalmente, nossa família está reunida."Os três seguiram para o carro onde Logan já estava sentado ao volante, usando óculos escuros e mantendo a mandíbula apertada. Seus olhos estavam fixos à frente, e ele não precisava se virar para saber que sua companheira não estava entre as pessoas que entraram no carro. Ele permaneceu firme e, assim que Brad se sentou ao seu lado, ele ligou o carro.Maya, no entanto, hesitou. Ela não sabia como reagir à presença de Logan, o lobo que havia feito parte do passado sombrio de sua adolescência. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Logan freou o carro abruptamente e, com a mandíbula tensa, começou a falar. Suas palavras eram carregadas de sinceridade e arrependimento.Ele disse:"Não queria é