Eu não sou ciumenta. Nunca fui. Não sou o tipo de mulher que surta porque outra se joga pra cima do cara com quem eu… trabalho. Porque era isso. Trabalho.Mentira, Savannah. E você sabe.Mas quando vi aquela mulher—toda feita de perfume caro e intenções veladas—sentada na sala com ele, com aquela mãozinha no braço dele, rindo como se ele tivesse contado a piada mais genial do século… Eu travei. E quando voltei e ouvi ele dizendo que não misturava “negócios e prazer”…Argh.Desci pro andar executivo, respirei fundo no elevador como se estivesse fugindo de um incêndio. Mas o incêndio estava dentro de mim. E aí, claro, ele veio atrás. Com aqueles olhos que me decifram e despem ao mesmo tempo.E quando ele jogou aquelas palavras?"Você impôs as regras, Savannah."Eu perdi o ar por dois segundos. Mas não deixei transparecer.Porque se tem uma coisa que eu sei fazer, é manter a compostura enquanto meu mundo interno ruge como um leão ferido.— Você quer isso, Savannah? Regras? — ele sussurro
Já tive muitas mulheres na minha vida. Muitas delas não se importaram de irem embora cedo da minha cama, outras queriam mais do que uma noite bem aproveitada ao meu lado, ou queriam algo mais sério. E, sempre pensei que meu nome e sobrenome fosse a causa desse fenômeno. Com o tempo, entendi que a maioria das mulheres ansiavam para serem amadas e bem cuidadas, mas eu não estava pronto para nenhuma delas. Nem mesmo para mim mesmo. Eu só tinha tempo para o trabalho, as viagens de negócios que meu pai insistia em me colocar. O pouco de tempo que me restava, Eric sempre dava um jeito de encontrar alguém para me ajudar a relaxar. Esse tempo acabou, desde que conheci Savannah. Desde que ela entrou na minha vida com o seu gênio forte e profissionalismo, me tirando completamente do eixo e da minha zona de conforto. Ela me impressionou desde o primeiro instante em que meus olhos pousou nela. E, desde então, minha vida deu uma virada de cabeça para baixo, e ainda estou tentando voltar à órbita
Ela me beijou.Savannah me beijou.E agora eu tenho um gosto agridoce na boca: o dela… e o maldito autocontrole.Porque Savannah sai da minha sala como se não tivesse acabado de incendiar meu mundo. Como se não tivesse me colocado de joelhos com um beijo que nem devia ter acontecido. E como se não soubesse que a partir dali, eu não aceito menos do que tudo.19h42.Minha sala tá vazia, mas minha cabeça, não. Eu olho a câmera de segurança do andar — e sim, eu mandei instalar uma só para o corredor do setor dela. Infantilidade da minha parte, eu sei. Ela saiu há cinco minutos. Sozinha.Perfeito.Pego o telefone.— Charles.— Senhor?— Prepare o carro. E ligue para o restaurante Cielo di Sapori, na cobertura. Quero a melhor mesa. Vista para a cidade.— Devo chamar a senhorita Harper?Eu sorrio.— Não. Só prepare. Eu cuido da caça.20h17.Savannah está saindo do prédio quando sou "casualmente" apareço na frente dela, encostado no carro com uma rosa vermelha nas mãos.— Achei que sua agend
Acordei com o travesseiro quente ainda da noite anterior. O sol invadindo o quarto, e a mente... turbilhão.Eu deveria estar aliviada por ele não ter avançado. Deveria estar feliz por ter sido respeitada, ou sei lá… grata pela maturidade. Mas não. Eu estou… Assustada. Porque não é esse Thomas que eu conheço. O Thomas que me persegue, que me invade, que me provoca com olhares e falas afiadas... sumiu.No lugar dele, estava um homem calmo, paciente, com olhos de quem vê a minha dor e não foge dela. E isso... me desarma mais do que qualquer beijo roubado ou toque proibido.Deitei com o corpo intacto e a alma virada do avesso. E agora? O que eu faço com isso? Com essa gentileza que me tirou o chão? Com essa vontade de correr dele e, ao mesmo tempo, correr pra ele? Com esse beijo na testa que me fez querer gritar?Dane-se. Ele me virou do avesso com chá inglês e conversa sobre infância. Isso é quase crime emocional.Eu me levantei, ainda tonta, e fui até o espelho.Olhei nos meus próprios
Era pra ser um jantar casual. Foi o que ele disse. Um simples jantar. “Nada demais.”Claro que com Thomas Montserrat, nada é só nada.O motorista me buscou às 19h30. Vestido preto, salto discreto, maquiagem leve. Eu estava pronta pro tipo de evento que ele costuma brilhar — uma noite cara, com gente importante e taças de espumante intermináveis.Mas o carro não foi pra nenhum restaurante badalado, nem mesmo hotel de luxo. Fomos para o centro da cidade. Um antigo teatro restaurado, com uma faixa grande na entrada: "Noite Pela Esperança — Leilão Beneficente em Prol das Comunidades Vulneráveis de São Lázaro."Esperei ele aparecer. E quando Thomas surgiu…Terno preto clássico. Gravata borboleta. E aquele sorriso torto de quem já sabia o que tava fazendo comigo.— Surpresa? — ele perguntou, estendendo a mão.— Um pouco. — respondi, aceitando o toque dele, sentindo meus dedos formigarem. — “Você não é exatamente conhecido por… caridade.”Ele sorriu. Um sorriso calmo. Quase triste.— É. E es
O que mais me tira o sono nesses últimos dias não é a ausência dela. É a presença.Savannah está mais perto do que nunca… e, ao mesmo tempo, parece me escapar por entre os dedos. Cada gesto dela é calculado, cada olhar carrega segundas intenções, cada toque é como uma armadilha deliciosamente armada. Ela está testando, jogando comigo. E Deus do céu… como eu amo o jogo.Hoje, quando ela entrou na minha sala com aquele vestido azul-marinho que moldava suas curvas como se tivesse sido costurado na pele, eu soube. Era mais um round.— Harry quer os relatórios da nova campanha até amanhã de manhã — ela disse, colocando os papéis na minha mesa com mais força do que o necessário.— Você tem planos hoje à noite?Ela arqueou uma sobrancelha.— Tenho. Um encontro.Engoli em seco. Continuei encarando os papéis. Uma linha tremia sob meus olhos.— Com o Leon? — perguntei, tentando soar casual. Soei como um homem prestes a cometer um crime passional.Ela sorriu. Um sorriso pequeno. Inofensivo na su
Eu não estava respirando.Era isso. Não tinha outro motivo pro meu corpo inteiro estar em alerta, a pele em brasa, o sangue latejando nas têmporas e a razão pendurada por um fio.Ela se aproximava com passos lentos, quase preguiçosos, e aquele maldito sorriso pintado nos lábios. O sorriso de quem sabe o que causa. O sorriso de quem sabe o quanto eu quero.Estávamos no meu apartamento. Ela tinha vindo “pra conversar”, depois de mais um dia onde passamos tempo demais tentando fingir que éramos apenas dois colegas de trabalho. A conversa tinha virado vinho. O vinho virou riso. O riso virou silêncio.E agora ela estava na minha frente, olhando pra mim daquele jeito.— Você tá quieto — ela disse, parando a um palmo de mim.Eu a encarei cada centímetro dela, dos olhos brilhantes ao jeito como ela mordia o canto da boca.— Tô tentando me controlar.— Por quê?— Porque eu te amo, Savannah. E porque eu sei que, por mais que você me deseje… você ainda não confia totalmente em mim.Ela piscou. F
A luz entrava pelas frestas das cortinas, dourada e suave, como se o universo tivesse finalmente entendido o que era paz e tivesse decidido me entregar um pedacinho dela naquela manhã.Me movi devagar entre os lençóis ainda bagunçados, sentindo a textura fina contra minha pele nua. A brisa fresca da serra entrava pela janela entreaberta, carregando o cheiro de terra úmida e folhas molhadas. Era um cheiro de recomeço, de algo limpo, puro… novo. Como se o mundo lá fora ainda estivesse em silêncio por respeito ao que tinha acontecido ali dentro. Ao que a gente tinha sido.Virei o rosto no travesseiro e encontrei Thomas ali, deitado de lado, me observando. Os cabelos bagunçados, a barba por fazer realçando ainda mais os traços marcantes daquele rosto que antes me assustava e agora... era abrigo.Ele não disse nada. Só passou o dedo devagar pela linha do meu maxilar, descendo até minha clavícula, e depois pousou a mão na curva da minha cintura como se fosse o lugar mais natural do mundo pr