Eu nunca fui um cara que aceitava perder. Nem nos negócios, nem na vida. Mas ali estava eu, encarando Savannah, tentando convencê-la de algo que eu nunca precisei convencer ninguém antes.Eu sabia que ela sentia o mesmo. Estava nos olhos dela, na forma como me olhava quando achava que eu não percebia. Estava na forma como o corpo dela respondia ao meu toque, como cada beijo que trocamos era cheio de desejo, e mais do que isso... necessidade. Mas, de alguma forma, ela ainda insistia em lutar contra isso. Contra mim.Ela me olhava, eu via a indecisão e a resistência no olhar, como se estivesse travando uma guerra interna. Eu queria entender. Mas, mais do que isso, queria derrubar as barreiras dela, queria que ela simplesmente aceitasse o que estava acontecendo entre nós.— Você não pode simplesmente me descartar desse jeito, Savannah. — Minha voz, carregava toda a frustração que eu sentia.Ela suspirou, passando as mãos pelos cabelos, claramente exausta dessa conversa.— Eu não estou te
Enchi minha taça até a metade e dei um gole longo, sentindo o calor do vinho deslizar pela minha garganta. Eu precisava disso. O dia tinha sido longo. A noite, ainda mais exaustiva. E minha cabeça estava explodindo numa dor alucinante. Isabelle estava no quarto. Trocamos apenas um "oi" quando cheguei, e então cada uma seguiu para o seu próprio espaço. Ela estava chateada comigo. E, honestamente, eu não podia culpá-la. Suspirei, encostando a cabeça na cabeceira da cama e fechando os olhos. A imagem de Thomas veio na minha mente sem permissão. Ele sempre fazia isso. Era insistente. Intenso. Avassalador. E, de alguma forma, eu sempre acabava cedendo, mas não dessa vez. Dessa vez, eu faria o que era certo.Antes que eu me perdesse em mais pensamentos, a campainha tocou. Pisquei algumas vezes, surpresa. Não esperava ninguém. E, pelo visto, Isabelle também não, porque demorou alguns segundos antes de ouvi-la se movendo pela casa. Pensei em sair para ver quem era, mas a voz dela abafada na
Eu nunca fui de fugir, mas, pela primeira vez na minha vida, não queria encarar a realidade. Não queria encarar ela. Então cancelei tudo. Todas as reuniões, todos os compromissos, todo o inferno corporativo que eu geralmente dominava com uma mão amarrada nas costas, e me afundei em uísque barato num bar decadente.Eu não deveria estar surpreso. Afinal, eu fiz isso comigo mesmo. A resistência de Savannah finalmente fazia sentido. Era por causa de Isabelle. E, para piorar, ela estava certa em me rejeitar.Eu nunca me senti tão fodidamente miserável.— Já vi você de todas as formas possíveis, Thomas. — a voz de Eric soou ao meu lado, carregada de sarcasmo. — Mas essa é nova.Não levantei a cabeça.— Vai embora, Eric.— Nah. — Ele se jogou no banco ao meu lado e fez sinal para o barman. — Eu gosto de ver você sofrer.Soltei um riso amargo.— Ótimo. Então aproveita o show.Ele virou o drink de uma vez e me estudou de soslaio.— Agora fala.Balancei a cabeça, encarando o líquido âmbar no me
Eu estava sentada no sofá, girando a taça de vinho entre os dedos, os olhos fixos no nada. Minha mente estava longe, repassando a conversa que tive com Harry Montserrat. Se eu saísse Montserrat Enterprises, ele a venderia. E Thomas perderia tudo. Eu deveria simplesmente ignorar isso? Ficar alheia? O problema era que, mesmo que eu quisesse, não conseguia.A porta se abriu, e Isabelle entrou, deixando a bolsa no aparador antes de soltar um suspiro cansado.— Oi. — Ela disse, sem muito ânimo.— Oi.Ela foi até a cozinha, pegou uma garrafa de água e voltou, me observando enquanto dava um gole.— Você está quieta.Eu soltei um riso nasalado.— Você percebeu.Ela arqueou uma sobrancelha, puxando uma cadeira e se sentando de frente para mim.— Aconteceu alguma coisa?Eu sabia exatamente o que ela queria dizer.Apertei os lábios, respirando fundo antes de responder.— Eu ia me desligar da Montserrat Enterprises. Ela franziu o cenho.— Ia? No passado?— Harry me chamou e me fez uma proposta.
Assim que voltei para casa, algo pareceu errado. O silêncio estava pesado, diferente do habitual.Deixei a bolsa sobre o aparador e fui até a sala, onde encontrei Isabelle sentada no sofá, os olhos perdidos, a respiração curta e acelerada. Suas mãos tremiam tanto que pareciam incapazes de se segurar em qualquer coisa.— Izzy? — me aproximei, preocupada. — O que houve?Ela não respondeu. Apenas continuou encarando o nada, como se estivesse presa em algum pensamento aterrorizante.— Isabelle! — chamei mais alto, agachando-me à sua frente e segurando suas mãos geladas. — Ei, olha pra mim! O que aconteceu?Ela começou a hiperventilar. Eu reconhecia aquilo. O medo tomou conta de mim.— Droga, Izzy! Respira! — tentei guiá-la, mas seus olhos estavam desfocados, perdidos.Foi quando percebi que era igual à última vez. Foi naquela época que tudo começou, quando ela terminou com Thomas, e todas as vezes que ouvia o nome dele, ou lia algo sobre ele, acionava o gatilho.Meu coração acelerou, mas
Savannah não respondeu.Eu sabia que não responderia. Ela estava confusa, lutando contra algo que já a consumia. Eu via nos olhos dela. O mesmo desejo. A mesma hesitação. A mesma maldita barreira que ela erguia entre nós.— Vai dizer alguma coisa? Ou pode me deixar sozinho. — Minha voz saiu mais baixa, mais intensa do que eu pretendia.Savannah respirou fundo, mas continuou em silêncio.— É isso, então? Você pode me provocar, me deixar louco, me usar para seus joguinhos, mas quando a coisa fica séria, você age assim?Ela me lançou um olhar furioso.— Eu não estou agindo "assim". — Não? Então o que é isso?Ela cerrou os punhos. Eu vi sua respiração acelerar, mas ela não disse nada.Maldição.Eu passei a mão pelos cabelos, tentando controlar a frustração que subia como fogo em minhas veias. Eu queria agarrá-la pelos ombros e sacudi-la até que admitisse o que estava acontecendo entre nós. Mas eu também sabia que forçar Savannah só a faria recuar ainda mais. Eu precisava dar um passo par
— Você precisa ir para casa. — A voz de Eric soou próxima, mas parecia distante demais para mim.Minha atenção estava fixada na mulher deitada na cama, conectada a fios e monitores. Savannah estava ali, tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe.— Eu não vou a lugar nenhum — murmurei, sem desviar os olhos dela.Eric suspirou e se aproximou mais, cruzando os braços.— Thomas… ela está sedada. Nem vai saber que você está aqui. Vá para casa, tome um banho, coma alguma coisa. Depois, você volta.— Não.Minha voz saiu firme, intransigente. Não havia a menor chance de eu sair dali.Eric passou as mãos pelo rosto, exasperado.— Cara, você está se torturando.— E não deveria? — Minha risada foi amarga. — Eu a ignorei, Eric. Se eu tivesse simplesmente... Se eu tivesse dado a ela uma chance de falar comigo… ela não teria pegado o carro daquele jeito.Minha garganta apertou.— Ela poderia ter morrido — completei. O peso dessas palavras caiu sobre mim como uma maldição. Meus dedos se fecharam cont
Eu queria rir. Rir de nervoso. Rir do absurdo. Porque era absurdo.Thomas não tinha mudado, e parecia que isso jamais aconteceria. Ele continuava sendo um homem egoísta. E ainda implorava para ser escutado, para ser aceito, mas era incapaz de aceitar a realidade que me afetava. As suas súplicas eram egoístas demais para serem ignoradas. Era uma súplica velada, coberta pelo orgulho e pela arrogância que ele usava como armadura, mas ainda assim, uma súplica.O silêncio no quarto do hospital parecia mais alto do que qualquer grito. Thomas tinha ido embora. Eu tinha pedido. Implorei, na verdade, porque ele não mudaria. Porque ele não era o certo para mim.Porque Isabelle estava certa.Mas se tudo isso era verdade… por que doía tanto?Minha cabeça latejava, mas não tanto quanto o nó sufocante no meu peito. Me afundei mais na cama, tentando ignorar o vazio que a ausência dele tinha deixado no quarto, mas era impossível. O cheiro dele ainda estava aqui. A lembrança do calor das mãos dele ai