Entrei no carro e bati a porta com mais força do que o necessário. Minhas mãos tremiam no volante, meu coração disparado como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. Droga. Eu não deveria ter vindo. Não deveria ter parado quando ouvi minha mão falar sobre ele. Não deveria ter me permitido sentir qualquer coisa quando nossos olhos se cruzaram. Mas, mais do que tudo, eu não deveria ter deixado ele me tocar. Olhei para minhas mãos, como se ainda sentisse o calor da pele dele nelas. Thomas Montserrat era um erro esperando para acontecer, e eu estava me aproximando demais desse desastre anunciado. Minha respiração estava irregular. Liguei o carro e saí dali, sentindo o olhar dele queimando minhas costas. Eu precisava esquecer isso. Esquecer como a voz dele soava rouca e baixa quando dizia meu nome. E em como sua proximidade fazia meu corpo inteiro reagir de um jeito que nunca aconteceu com ninguém. Esquecer que, por um momento, tudo dentro de mim implorou para que eu ficasse.
Estava irritado. Frustrado. E, pior do que tudo, perdido. Eu nunca me permiti esse tipo de vulnerabilidade. Sempre tive o controle de tudo, sempre soube o que fazer. Mas agora… agora eu me via refém de algo que nem conseguia explicar. Savannah. Ela estava na minha cabeça, no meu maldito sistema, e por mais que eu tentasse afastá-la, mais forte a presença dela se tornava. Eu precisava de um tempo. De um respiro. E, felizmente, uma viagem a negócios surgiu como a desculpa perfeita. Sentei no bar de sempre com Eric, observando o gelo girar dentro do meu copo antes de tomar um gole. — Você tá um pé no saco ultimamente — ele comentou, analisando meu semblante. — Obrigado pela observação — murmurei. Ele riu, balançando a cabeça. — Vai me dizer que não tem nada a ver com a sua obsessão recém-descoberta por Savannah? Lancei um olhar afiado para ele, mas não neguei. Porque negar seria inútil. — Eu vou viajar — disse, mudando de assunto. — Negócios. — Quando? — Amanhã.
Londres era o lugar perfeito para desaparecer. Três dias de reuniões intermináveis, jantares com investidores, drinks demais em bares que nem me lembrava o nome. E Eric, sempre arrastando-me para alguma distração quando percebia que eu estava pensando nela. Savannah. Eu queria esquecê-la. Juro que queria. Mas a cada maldito segundo livre, lá estava ela. Nos meus pensamentos, no silêncio entre uma conversa e outra, nos reflexos das vitrines enquanto eu passava pelas ruas iluminadas. Me perguntei se ela estava sentindo minha falta, se pensava em mim como eu pensava nela. Senti vontade de mandar uma mensagem. Mais de uma vez. Mas me segurei. Rejeição não era algo com que eu soubesse lidar. Não porque eu era um idiota mimado, mas porque simplesmente nunca aconteceu antes. Nunca precisei lidar com um "não" de uma mulher. E saber que Savannah não me queria… Isso me incomodava mais do que eu queria admitir. No segundo dia, Eric me arrastou para um evento, insistindo que eu precisava d
Eu não esperava vê-lo ali. Depois de três dias sem Thomas, uma parte de mim se sentia aliviada, como se finalmente pudesse respirar sem o peso de sua presença esmagadora. Mas outra parte... sentiu sua ausência de um jeito irritante, incômodo, como uma coceira que não passava. Mas eu jamais admitiria isso. Muito menos para ele. E agora, depois de desligar o telefone na cara dele, eu só queria sair dali antes que ele resolvesse insistir. Peguei minha bolsa e fui direto para o estacionamento, meu coração ainda acelerado pela raiva que senti ao ouvi-lo exigir minha atenção como se fosse um direito dele, ou uma obrigação minha. Mas quando cheguei ao meu carro, parei Thomas estava ali. De pé, ao lado do meu carro, como se estivesse me esperando. Meu corpo entrou em alerta na hora. Fingi não me abalar, ignorei sua presença e me concentrei em abrir a porta, mas minha mão tremia, e a chave escorregou dos meus dedos, caindo no chão.Merda. Antes que eu pudesse me abaixar, Thomas já tinha
O jantar foi uma tortura. Não porque Savannah estava ali comigo — isso, por si só, já era algo que me deixava absurdamente satisfeito. Mas porque, cada vez que ela erguia os olhos e me olhava daquele jeito meio desconfiado, meio irritado, eu sentia um desejo insano de puxá-la para perto e acabar com aquela distância absurda entre nós, e com a minha agonia. Então, como um idiota, fiz o que sabia fazer de melhor: provoquei. Joguei charme, fiz comentários afiados, a desafiei em pequenas doses. Mas era tudo fachada. A verdade é que eu estava um caos por dentro, um homem que passou três dias tentando se convencer de que não precisava dela e falhou miseravelmente. Eu queria que Savannah acreditasse que eu estava sendo sincero. Mas nem eu entendia completamente o que estava acontecendo comigo. Só sabia que, de todas as mulheres que já passaram pela minha vida, nenhuma mexeu comigo da forma que ela mexia. Nenhuma me deixou nesse estado de loucura e desejo incontrolável. Nenhuma me fez sent
Saí daquela sala como se o chão estivesse pegando fogo depois da reunião. Meu coração ainda batia forte demais, e eu odiava isso. Odiava o que Thomas fazia comigo, odiava como ele me fazia vacilar, odiava que, por um segundo — apenas um mísero segundo —, eu quase tivesse cedido.Passei direto pelo corredor, ignorando tudo e todos, indo até o banheiro feminino. Fechei a porta e me apoiei na pia, olhando meu reflexo no espelho. Eu estava transtornada. Minhas bochechas estavam coradas, meus olhos brilhavam demais, meu peito subia e descia rapidamente. Maldição.Borrifei um pouco de água no rosto, tentando me acalmar. Eu não podia deixar isso acontecer. Não podia deixar Thomas virar meu maior problema. Ele me encurralou naquela sala como se soubesse que eu não teria forças para mandá-lo para o inferno.Ele estava certo, porque eu não o mandei para o inferno.Eu deveria ter gritado, o empurrado, ameaçado jogá-lo na justiça por assédio, qualquer coisa. Mas não. Eu só fiquei ali, parada, sen
A noite estava quente, abafada, e o calor parecia ainda mais intenso quando saí do restaurante e vi Thomas encostado em seu carro, os braços cruzados sobre o peito, a expressão sombria e tensa. Ele me esperava. E eu sabia, pelo olhar carregado dele, que não seria uma conversa tranquila. — O que foi essa palhaçada, Savannah? — ele perguntou, sem rodeios, antes mesmo que eu pudesse me aproximar completamente. Eu o encarei, mantendo minha expressão impassível, mesmo que por dentro meu coração estivesse disparado. — Não faço ideia do que você está falando, Thomas. — Não? — Ele soltou uma risada seca, empurrando-se do carro e diminuindo a distância entre nós em um passo lento e predador. — Você quer me dizer que foi coincidência estar aqui, vestida desse jeito, com aquele babaca te devorando com os olhos? — E se for? — arqueei uma sobrancelha, sem recuar. — Desde quando eu preciso da sua permissão para sair, Thomas? Desde quando você tem esse direito? Os olhos dele arderam em
Eu saio com ele, claro. Porque eu não sou de recuar, e muito menos de perder um jogo.Thomas abre a porta do carro para mim, e eu entro, cruzando as pernas bem devagar, sabendo muito bem que ele está me observando.Quando ele dá a volta e senta ao volante, eu já sinto o ar pesado entre nós.— Para onde estamos indo? — pergunto, fingindo casualidade.Thomas me encara por um instante, um sorrisinho diabólico se formando no canto da boca.— Você confia em mim para descobrir?Não. Nem um pouco.Mas também não sou mulher de fugir do perigo.— Não. Mas isso não vai me impedir de ir.Ele ri, balançando a cabeça, e acelera o carro.Eu me encosto no banco, mantendo a expressão indiferente, porque esse homem não vai perceber que está começando a me afetar. Não ainda.Chegamos a um hotel. Um hotel luxuoso, discreto, digno de um Montserrat. Minha mente grita que eu deveria dizer alguma coisa. Perguntar por que viemos aqui e fingir surpresa. Mas Thomas apenas sai do carro, dá a volta e abre a porta