Parte 107...Elena— Você acha que pode simplesmente ir embora, agora que Mikhail descobriu quem você realmente é? Ergui a cabeça pra olhar pra ele, meus olhos se suavizando por um breve segundo.— E o que você quer que eu faça, Vlad? - minha voz saiu baixa. — Por que você se importa com isso? — Porque... - ele molhou os lábios ressecados com a ponta da língua.— É só me deixar ir, junto com a Vicky. Ele nem vai saber que você me ajudou... Por favor!— Eu não quero que você vá!Isso me deixou travada. A voz dele ficou rouca. Não sei se entendo o que ele sente.— O que está tentando me dizer, Vlad? - minha voz ficou baixa, mais do que eu gostaria.Ele me soltou e passou a mão pelos cabelos, como se estivesse frustrado, com hesitação, meio que segurando as palavras.— Eu sempre achei que sentimentos eram fraqueza. Algo que poderia ser usado contra mim... E talvez ainda pense assim. Mas com você... - ele parou por um momento, como se estivesse lutando com o que sentia. — Com você é dif
Parte 108...ElenaEu estava sentada no chão do quarto, abraçando meus joelhos, o telefone apertado contra o ouvido como se ele pudesse me salvar do que estava acontecendo. As paredes da cobertura pareciam sufocantes, como se estivessem se fechando ao meu redor. O silêncio que caía sobre o ambiente era perturbador, apenas interrompido pelo som de minha respiração descompassada. Vlad tinha saído.O peso da revelação dele ainda estava sobre mim como uma sombra, e eu não conseguia parar de tremer.Disquei o número de Vicky com mãos trêmulas. Ela atendeu no segundo toque, sua voz despreocupada.— Alô? Elena? Tá tudo bem?— Vicky... Você pode falar? - minha voz saiu como um sussurro quebrado, e eu senti o nó na minha garganta ficar ainda mais apertado. Mas eu tinha que contar a ela — A gente precisa ir embora... O mais rápido que der.— O quê? - a voz dela se tornou séria imediatamente. — Elena, o que está acontecendo?— Vlad descobriu que eu sou irmã de Mikhail... E Anton foi quem revelo
Parte 109...ElenaHesitei por alguns instantes, olhando para o telefone em minha mão. Minha única chance real de fuga parecia ser alguém que, até pouco tempo atrás, eu nem sabia que existia. Tinha mesmo que ser a Marta. Ela conhecia o submundo como ninguém, sabia como as coisas funcionavam. Se alguém podia me ajudar a escapar, era ela. Sei que ela disse que vai bolar algo pra mim e pra Vicky, mas me sinto tão apertada, com uma sensação esquisita. Acho que não vai fazer mal se eu insistir pra que me ajude.Ela já fez isso antes, de vontade própria e suas dicas para usar com Vlad deram certo.Com mãos trêmulas, disquei o número de Marta. O telefone tocou duas vezes antes de sua voz surgir, suave, mas carregada de uma frieza que me fez tremer.— Elena? - a voz dela soou curiosa, mas havia um tom calculado. — Marta... Desculpe ligar de novo... Mas eu preciso de ajuda. - minha voz saiu falhada, quase um sussurro. Eu estava bem preocupada e ela podia sentir isso. — Preciso sair daqui, fu
Parte 110...Elena— Você foi a primeira pessoa que conseguiu me fazer sentir algo. Algo que eu nem sabia que era possível. — Ele se aproximou, e a intensidade nos olhos dele me prendeu no lugar. Até engoli em seco — E isso me apavora. Mas também me faz querer te manter por perto. Eu não vou mentir, Elena... Eu nunca senti isso por ninguém antes. E essa... É a verdade.O silêncio entre nós era espesso, denso. O coração acelerado no meu peito e a respiração pesada eram as únicas coisas que me mantinham ancorada. Ele estava me dizendo que eu, de todas as pessoas, havia quebrado as barreiras dele?— Vlad... - murmurei, a voz tremendo levemente, dividida entre o que sentia e o medo que me rondava.— Eu sei que você quer fugir. - ele soltou, de repente, suas palavras me pegando de surpresa. — Eu sei que você e Vicky estão planejando sair daqui. - ele se afastou, o rosto de volta à frieza calculada. — Mas, antes que tome essa decisão... Só te peço uma coisa: não faça nada agora. Não até re
Parte 111...ElenaEu não gosto dele. Não posso gostar. Pensei, sentindo o calor da culpa tomar conta de mim. Eu estava me apaixonando por um homem perigoso, um mafioso que tinha nas mãos a vida de tantas pessoas, inclusive a minha. Era errado. Não deveria estar acontecendo, mas quanto mais tempo passava ao lado dele, mais eu me via envolvida nesse redemoinho de emoções. Vlad era um mistério que eu não sei se queria decifrar, mesmo sabendo que isso me colocava em risco. Quando paramos em frente ao apartamento, Vlad desligou o motor e ficou em silêncio por alguns segundos, sem me olhar. Eu sabia que ele sentia a mesma preocupação que eu, embora não admita.— Pense no que eu te disse. - ele finalmente quebrou o silêncio, a voz mais suave do que eu estava acostumada.Assenti, incapaz de formar palavras. Eu não sabia o que responder. Ele esperava que eu ficasse, que confiasse nele, mas eu estava mais confusa do que nunca. Quando saí do carro, senti o vento frio da noite bater no meu r
Parte 112...ElenaConcordei com a fuga, ainda hesitante, enquanto colocava a roupa que Vlad havia escolhido para mim. Cada passo em direção ao ponto de encontro com Marta, fazia meu coração bater mais rápido, como se a qualquer momento algo fosse desmoronar.Quando finalmente cheguei ao café que Marta havia sugerido, ela já estava lá, sentada em uma das mesas próximas à janela, com um sorriso descontraído no rosto. Aquilo só aumentava meu desconforto. Havia algo de errado, algo que eu não conseguia nomear, mas que me corroía por dentro.— Pronta para a aventura? - ela brincou, levantando a xícara de café com um brilho nos olhos que me pareceu forçado. Tentei sorrir de volta, mas a inquietação dentro de mim crescia a cada segundo.— E a Vicky? - perguntei, tentando esconder o nervosismo na voz. Ela era parte essencial do plano, minha aliada nessa fuga. Não fazia sentido estarmos aqui sem ela. — Eu só peguei o que interessa, mas estou sem documentos, perdi quase tudo no trailer.— A
Parte 113...Elena— Elena, para com isso! - Marta gritou, sua voz cortante e cheia de frustração. — Você não tem escolha!— Eu tenho escolha sim! - gritei de volta, minha garganta ardendo. Eu corri, sem pensar, apenas movida pelo puro instinto de sobrevivência. O som dos meus pés fazia barulho pelas paredes do beco enquanto os passos pesados dos homens me seguiam de perto. O pavor me consumia, mas eu não ia me deixar ser capturada. Dessa vez não. Já bastava o que essa gente tinha me feito antes e para a Vicky também.Meus pulmões queimavam com o esforço, o ar entrando e saindo de forma irregular enquanto eu me jogava para fora do beco, finalmente alcançando a rua do outro lado. E então eu os vi. Vlad e seus homens. Estavam ali, vindo na direção contrária, como sombras ameaçadoras, esperando... Por mim.O alívio misturado à dúvida me preencheu. Vlad sabia de tudo isso. Ele havia me vigiado o tempo todo. Seria ele meu salvador mais uma vez. Ainda bem!— Elena! - ele me chamou, a voz
Parte 114...ElenaAssim que entramos na cobertura, Vlad chutou uma cadeira, o que me fez dar uma travada no lugar, mas ele soltou sua raiva e frustração em outros lugares, ainda bem.— Sabe o que eu acho pior? - ele passou a mão no cabelo — É que você continua querendo me enganar... Mesmo depois que eu revelei um lado meu que nunca mostrei a ninguém.— Tudo o que eu vi de você, foi um homem manipulador - estou cheia de adrenalina e só por isso, permiti soltar minha verdade.— Porra! Eu venho dizendo a você, mais de uma vez, Elena... Não tente fugir! - bateu as mãos com força — E é só eu virar de costas e o que você faz? - abriu os braços — Você tenta algo e ainda achando pouco, caiu na conversa de Marta... Puta merda!— Eu sempre vou tentar fugir de você, Vlad! - gritei com estresse, cansaço, tristeza, tudo junto — Eu não vou ficar aqui só porque você cismou comigo... Eu quero viver!— Sim, você quer viver... - ele aumentou os olhos, gesticulando forte — Mas não pode ignorar os perigo