Parte 109...ElenaHesitei por alguns instantes, olhando para o telefone em minha mão. Minha única chance real de fuga parecia ser alguém que, até pouco tempo atrás, eu nem sabia que existia. Tinha mesmo que ser a Marta. Ela conhecia o submundo como ninguém, sabia como as coisas funcionavam. Se alguém podia me ajudar a escapar, era ela. Sei que ela disse que vai bolar algo pra mim e pra Vicky, mas me sinto tão apertada, com uma sensação esquisita. Acho que não vai fazer mal se eu insistir pra que me ajude.Ela já fez isso antes, de vontade própria e suas dicas para usar com Vlad deram certo.Com mãos trêmulas, disquei o número de Marta. O telefone tocou duas vezes antes de sua voz surgir, suave, mas carregada de uma frieza que me fez tremer.— Elena? - a voz dela soou curiosa, mas havia um tom calculado. — Marta... Desculpe ligar de novo... Mas eu preciso de ajuda. - minha voz saiu falhada, quase um sussurro. Eu estava bem preocupada e ela podia sentir isso. — Preciso sair daqui, fu
Parte 110...Elena— Você foi a primeira pessoa que conseguiu me fazer sentir algo. Algo que eu nem sabia que era possível. — Ele se aproximou, e a intensidade nos olhos dele me prendeu no lugar. Até engoli em seco — E isso me apavora. Mas também me faz querer te manter por perto. Eu não vou mentir, Elena... Eu nunca senti isso por ninguém antes. E essa... É a verdade.O silêncio entre nós era espesso, denso. O coração acelerado no meu peito e a respiração pesada eram as únicas coisas que me mantinham ancorada. Ele estava me dizendo que eu, de todas as pessoas, havia quebrado as barreiras dele?— Vlad... - murmurei, a voz tremendo levemente, dividida entre o que sentia e o medo que me rondava.— Eu sei que você quer fugir. - ele soltou, de repente, suas palavras me pegando de surpresa. — Eu sei que você e Vicky estão planejando sair daqui. - ele se afastou, o rosto de volta à frieza calculada. — Mas, antes que tome essa decisão... Só te peço uma coisa: não faça nada agora. Não até re
Parte 111...ElenaEu não gosto dele. Não posso gostar. Pensei, sentindo o calor da culpa tomar conta de mim. Eu estava me apaixonando por um homem perigoso, um mafioso que tinha nas mãos a vida de tantas pessoas, inclusive a minha. Era errado. Não deveria estar acontecendo, mas quanto mais tempo passava ao lado dele, mais eu me via envolvida nesse redemoinho de emoções. Vlad era um mistério que eu não sei se queria decifrar, mesmo sabendo que isso me colocava em risco. Quando paramos em frente ao apartamento, Vlad desligou o motor e ficou em silêncio por alguns segundos, sem me olhar. Eu sabia que ele sentia a mesma preocupação que eu, embora não admita.— Pense no que eu te disse. - ele finalmente quebrou o silêncio, a voz mais suave do que eu estava acostumada.Assenti, incapaz de formar palavras. Eu não sabia o que responder. Ele esperava que eu ficasse, que confiasse nele, mas eu estava mais confusa do que nunca. Quando saí do carro, senti o vento frio da noite bater no meu r
Parte 112...ElenaConcordei com a fuga, ainda hesitante, enquanto colocava a roupa que Vlad havia escolhido para mim. Cada passo em direção ao ponto de encontro com Marta, fazia meu coração bater mais rápido, como se a qualquer momento algo fosse desmoronar.Quando finalmente cheguei ao café que Marta havia sugerido, ela já estava lá, sentada em uma das mesas próximas à janela, com um sorriso descontraído no rosto. Aquilo só aumentava meu desconforto. Havia algo de errado, algo que eu não conseguia nomear, mas que me corroía por dentro.— Pronta para a aventura? - ela brincou, levantando a xícara de café com um brilho nos olhos que me pareceu forçado. Tentei sorrir de volta, mas a inquietação dentro de mim crescia a cada segundo.— E a Vicky? - perguntei, tentando esconder o nervosismo na voz. Ela era parte essencial do plano, minha aliada nessa fuga. Não fazia sentido estarmos aqui sem ela. — Eu só peguei o que interessa, mas estou sem documentos, perdi quase tudo no trailer.— A
Parte 113...Elena— Elena, para com isso! - Marta gritou, sua voz cortante e cheia de frustração. — Você não tem escolha!— Eu tenho escolha sim! - gritei de volta, minha garganta ardendo. Eu corri, sem pensar, apenas movida pelo puro instinto de sobrevivência. O som dos meus pés fazia barulho pelas paredes do beco enquanto os passos pesados dos homens me seguiam de perto. O pavor me consumia, mas eu não ia me deixar ser capturada. Dessa vez não. Já bastava o que essa gente tinha me feito antes e para a Vicky também.Meus pulmões queimavam com o esforço, o ar entrando e saindo de forma irregular enquanto eu me jogava para fora do beco, finalmente alcançando a rua do outro lado. E então eu os vi. Vlad e seus homens. Estavam ali, vindo na direção contrária, como sombras ameaçadoras, esperando... Por mim.O alívio misturado à dúvida me preencheu. Vlad sabia de tudo isso. Ele havia me vigiado o tempo todo. Seria ele meu salvador mais uma vez. Ainda bem!— Elena! - ele me chamou, a voz
Parte 114...ElenaAssim que entramos na cobertura, Vlad chutou uma cadeira, o que me fez dar uma travada no lugar, mas ele soltou sua raiva e frustração em outros lugares, ainda bem.— Sabe o que eu acho pior? - ele passou a mão no cabelo — É que você continua querendo me enganar... Mesmo depois que eu revelei um lado meu que nunca mostrei a ninguém.— Tudo o que eu vi de você, foi um homem manipulador - estou cheia de adrenalina e só por isso, permiti soltar minha verdade.— Porra! Eu venho dizendo a você, mais de uma vez, Elena... Não tente fugir! - bateu as mãos com força — E é só eu virar de costas e o que você faz? - abriu os braços — Você tenta algo e ainda achando pouco, caiu na conversa de Marta... Puta merda!— Eu sempre vou tentar fugir de você, Vlad! - gritei com estresse, cansaço, tristeza, tudo junto — Eu não vou ficar aqui só porque você cismou comigo... Eu quero viver!— Sim, você quer viver... - ele aumentou os olhos, gesticulando forte — Mas não pode ignorar os perigo
Parte 115...VladFiquei um instante calado. Nunca tive uma relação antes, eram todas passageiras. E mesmo que não seja de verdade uma relação e sim um domínio que eu tenho sobre ela, ainda assim, eu fico nervoso que ela nunca pare de tentar fugir de mim. Que nunca queira descobrir se podemos dar certo ou não.— Eu sei que te prendi, mas isso foi um erro... Peço desculpas - ela apertou os olhos — Eu não vou dizer que mudei, não é nada disso. Continuo o mesmo e não acho que vá mudar.— Então o que...— Eu sempre controlei tudo em minha vida e não vai ser agora que vou mudar isso - subi e desci os olhos por ela — Poder é a maneira que eu fui criado e minha chance de sobreviver. Meu irmão também sabe como é essa sensação.— Mas não pode fazer isso com todo mundo, Vlad... Não é certo - ela fez uma cara de tristeza — Eu não te escolhi... Você não me deu alternativa.Eu sei que foi exatamente isso, mas não tem como mudar agora, já aconteceu.— Não tenho remorso de como tratei você, seria me
Parte 116...SorinEla desabou. O corpo inteiro tremia, e as palavras saíam aos soluços. — Por favor... Me deixem ir... Por favor, Sorin...— Você me conhece bem, Marta... Não deveria esperar perdão de minha parte... Ainda mais quando você deixou que eu pensasse que era Elena quem estava nos enganando.— Não... Eu só não...— Você me deixou pensar que ela tinha feito algo no escritório de Vlad... De propósito... Enquanto se fazia de amiga dela, dando conselhos, para que ela caísse na mão de Mikhail.Mas não havia piedade ali. Eu me afastei um pouco, deixando que o silêncio sufocante tomasse conta do ambiente. Eu podia ver em seus olhos que ela já sabia como isso ia acabar.— A única saída para você é pela morte. - eu disse, me aproximando, minha voz baixa e letal. — Você traiu a pessoa errada. Vlad vai querer saber de tudo isso. E você não vai sair daqui viva.Marta sabia que não havia mais nada a fazer. Seu rosto estava manchado de sangue e lágrimas, e a última faísca de vida estava