Matteo passava as mãos pela cabeça em um gesto de frustração enquanto conversava com seu amigo Leandro.
— Você sabe as razões pelas quais me casei com Gálata, foi por despeito. Eu acreditava que Helena tinha me traído com outro homem, e naquele momento eu só queria tirá-la da minha mente e do meu coração. Mas agora que ela voltou, que nos escrevemos e falamos por telefone, e esclarecemos muitos mal-entendidos, percebi que nada mudou entre nós.
— Suspeito que ainda a amo. Por um lado, quero vê-la para descobrir a verdade e verificar se meus sentimentos por ela continuam os mesmos de quando a conheci há mais de quinze anos — ele fez uma pausa, pensativo —, na verdade, nunca consegui tirá-la da minha mente. Sempre a lembro, e às vezes sinto ansiedade em tê-la de novo diante de mim — admitiu, sentindo-se miserável por seu comportamento, mas não podia mandar no coração nem se forçar a amar outra pessoa.
— O que você vai fazer em relação aos seus sentimentos? E se você descobrir que realmente ainda a ama, o que fará com essa verdade? — perguntou um de seus melhores amigos.
Matteo pareceu refletir por um longo momento antes de responder.
— Realmente, não sei. Não posso deixar Gálata, ainda mais agora, temos um filho e ela está grávida! Seria cruel da minha parte fazer isso com a minha família — respondeu sem esconder sua tristeza. — Tenho que me conformar. Parece que nem todos nascemos para ser felizes. Devo esquecer Helena definitivamente, e assim eu a informei.
— Você não pode fazer isso. Como vai se prender a ela por causa dos filhos, se você não a ama? Não é sua culpa, você não escolhe a quem amar. Você tem o direito de buscar sua felicidade. Se Helena te ama e você a ama, deve ser corajoso e contar a verdade a Gálata.
Gálata recuou, como se tivesse levado uma facada. Sentiu-se tonta. Já tinha ouvido o suficiente. Tapou a boca com uma das mãos para conter o choro, enquanto sentia seu coração se despedaçar ao ouvir as palavras de seu marido. E, sem poder evitar, lembrou-se de como sua história com Matteo havia começado.
*****
Nove anos antes
"— Paula, você está vendo como ele é lindo? Ele é tão masculino, elegante, sério, eu o adoro, ele é o amor da minha vida. Assim que eu fizer dezoito anos, vou confessar meus sentimentos e nos casaremos — suspirou Gálata, apaixonada, sentindo o coração bater forte em seu peito.
Sua amiga a olhou com tristeza, pois também amava Matteo desde a primeira vez que o viu, três anos atrás. Atraente, elegante, com aqueles cabelos dourados como o trigo, olhos verdes como a azeitona, nariz grego, e longos cílios que realçavam ainda mais seus olhos.
— Paula! — exclamou Gálata, dando um tapa na amiga. — Terra chamando Paula. Não me diga que não acha o meu Matiu atraente? — perguntou com uma mistura de surpresa e ilusão.
Paula olhou para ela, envergonhada, e assentiu.
— Sim, amiga, ele é muito bonito, sempre te disse isso — respondeu com aparente tranquilidade.
No entanto, ela se sentia uma traidora só de sentir atração pelo rapaz. Precisava se afastar de Matteo, pois jamais faria algo que prejudicasse sua amizade com Gálata, sua única amiga desde que tinha catorze anos. Ela era muito tímida para fazer novas amigas, e nenhuma outra se comparava à sua amiga de alma.
— Vamos nos aproximar deles. Quero vê-lo de perto — propôs Gálata, tirando a outra garota de seus pensamentos.
As duas se aproximaram devagar da parte do jardim onde os adultos conversavam. Mas pararam quando viram uma mulher linda, loira, com curvas bem proporcionadas, vestindo um macacão preto que realçava suas formas perfeitas, o que causou desconforto nas duas.
Elas observaram enquanto Matteo pegava a mão da mulher e a beijava apaixonadamente com um sorriso. Depois, ele acariciou o rosto dela, beijou-lhe o nariz e a levantou, girando-a com ele, sem parar de mostrar a alegria em seu olhar. Gálata sentiu seu coração encolher no peito, o ar faltou. Ela tinha a impressão de que seus pulmões não tinham oxigênio suficiente. Lágrimas escorreram por seu rosto, e ela teria caído no chão se Paula não a tivesse segurado.
Embora Paula também tivesse o coração partido, pois doía vê-lo com outra mulher, sabia que a dor de sua melhor amiga era maior, já que Gálata o carregava em seu coração desde muito cedo.
— Vamos, Gálata, é melhor sairmos daqui. Não vale a pena ficar neste lugar. Vamos para a minha casa brincar com os trigêmeos, isso sempre nos faz sentir melhor — a jovem assentiu, sem forças, deixando-se levar pela amiga, sentindo-se como uma morta-viva, como se seu mundo tivesse desabado de repente.
Quando estavam a caminho do carro, o pai delas apareceu, mas as meninas estavam tão afetadas pelo que acabara de acontecer que não perceberam sua presença até ele se colocar à frente delas.
— O que aconteceu, Gálata? Por que você está chorando? Quem te machucou? — indagou Sebastian, sem esconder sua expressão de raiva.
— Ninguém me machucou, papai — respondeu, limpando as lágrimas que haviam começado a escorrer sem que ela percebesse. — Fui eu mesma, coloquei minhas expectativas acima das minhas possibilidades, e é doloroso perceber isso."
*****
Voltando ao presente, ela percebeu o quão relevantes suas palavras ainda eram e quanta clareza tinha tido quando era apenas uma jovem de dezessete anos. Ela havia se deixado deslumbrar pelo que sempre quis, e agora, aos quase vinte e seis anos, com um bebê de três anos e outro a caminho, recebia o maior golpe que uma mulher apaixonada pode sofrer: descobrir que seu marido, com quem viveu por mais de sete anos, ama outra e só se casou com você para esquecer o amor da juventude. Aquilo doía demais, era pior do que sofrer centenas de facadas no peito.
Gálata havia levado uma bandeja para o escritório de seu marido, contendo café e biscoitos para Leandro e seu esposo, mas ao ouvi-los conversando, não pôde evitar tentar escutar. Foi nesse momento que entendeu o significado do ditado "a curiosidade matou o gato", pois foi exatamente o que aconteceu, em sentido figurado. Sentiu como facas afiadas perfurando seu coração, destroçando-o. Teve que respirar pela boca para recuperar o fôlego.Ela nunca foi uma mulher impulsiva, pelo contrário, aprendeu a se calar quando algo não lhe agradava para manter a harmonia em seu lar. Nunca discutia com Matteo, fazia de tudo para agradá-lo, pensando que, dessa forma, ele sempre estaria ao seu lado.Pensar nisso lhe causava um profundo pesar. Quando olhava para o passado, percebia que deixou de ser a jovem extrovertida, decidida e divertida. Agora era apenas uma sombra pobre do passado, não dava um passo sem a autorização de Matteo, e sua vida girava em torno dele.Por mais que tentasse disfarçar que
Pela primeira vez, Gálata enfrentou uma negativa tão contundente de seu pai, e também pela primeira vez sentiu medo. Nunca haviam discordado, ele sempre a apoiava em tudo, mas, aparentemente, desta vez seria a exceção. Ela o olhava não apenas com surpresa, mas também com um vislumbre de tristeza e até de aborrecimento.— Papai, por que você está agindo assim? Por que você desgosta tanto de Matteo? Ele é filho do seu melhor amigo, do tio Nick. Por que ele não seria o homem certo para mim? — perguntou, sem esconder sua contrariedade diante da postura de seu pai.— Porque não! Eu não gosto dele para você — disse o homem com firmeza, enquanto continuava discutindo com a filha no salão, chamando a atenção de alguns dos presentes.— Papai, quem tem que gostar dele sou eu, não você. Quem vai se casar com ele sou eu — respondeu decidida.— Casar? Como assim casar? Você está louca? Se eu não gosto da ideia de um relacionamento amoroso entre vocês, muito menos a de casamento.— Ele é um homem,
Matteo ouviu a voz do outro lado da linha e seu coração começou a bater descontroladamente, como se fossem tambores rufando. Um suor frio percorreu sua espinha, ele tentou falar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta.— Matteo, você está aí? Você me ouve? — perguntou a mulher em um tom de angústia.O homem pigarreou e finalmente encontrou sua voz.— Helena… estou aqui — suspirou, pressentindo que as palavras que viriam a seguir seriam difíceis de dizer, e assim foi. — No entanto, achei que tudo havia ficado muito claro entre nós da última vez. Eu te pedi para não me ligar mais. Por que você insiste? — Sua primeira intenção era não ter qualquer aproximação com ela, mas agora, com ela tão próxima, ele se sentia tentado.Do outro lado da linha, ouviu-se um soluço, seguido de silêncio. Matteo travava uma luta interna consigo mesmo. Uma parte dele o impelia a encerrar a chamada, enquanto a outra o incentivava a ouvi-la, pois só o som da voz dela trazia de volta memórias maravilhos
Quando Matteo sentiu os lábios de Helena nos seus, um leve gemido de surpresa escapou de sua boca, o que ela aproveitou para ter acesso à sua cavidade bucal. Matteo sentiu seu coração bater ainda mais forte, e uma corrente fria percorreu seu corpo dos pés à cabeça. As sensações eram intensas. Por alguns segundos, ele deixou que ela o beijasse e até retribuiu o beijo.Helena se inflamou, estava excitada, emocionada por estar com o amor da sua vida. Começou a percorrer os músculos do peito dele, tentando abrir sua camisa para acariciar diretamente sua pele. Conseguiu desabotoar alguns botões e o desejo borbulhou dentro dela com a força de um vulcão. Ela ansiava por ser dele novamente, não se importava que ele fosse um homem casado, pois, em seu coração, ele ainda era seu.As respirações dos dois se aceleraram. Matteo sentia o calor das mãos dela em seu corpo, e as emoções, tanto tempo reprimidas, ameaçavam transbordar. Ela se aproximou ainda mais, esfregando-se como um animal em cio con
— Ela? — Matteo assentiu. — A irmã dos gêmeos? Sempre a vi te admirando, mas nunca fiquei com ciúmes, porque a achava muito jovem para competir comigo... ironias da vida — disse com um sorriso sarcástico.» Meu segundo pedido é: me dê um beijo, apenas um, para que eu possa guardá-lo para sempre no meu coração — talvez estivesse sendo egoísta, mas precisava sentir os lábios dele pelo menos uma vez mais.Matteo a olhou surpreso. Por um momento, sua mente ficou em branco, mas, no fim, ele cedeu.— Tudo bem — disse ele, aproximando seus lábios dos dela e os pousando suavemente em sua boca. Helena respondeu com mais intensidade do que o necessário, invadindo novamente sua boca, mas se afastou logo em seguida.— Muito obrigada. Se algum dia Gálata decidir te deixar, eu continuarei esperando por você — ela o abraçou mais uma vez, e ele logo se afastou, saindo apressadamente para não cair em tentação.Helena o viu partir, observando-o até entrar no elevador. Ela entrou em seu quarto, escorreg
Matteo a observou por um momento, incapaz de evitar o desejo de percorrer seu corpo de cima a baixo. Ela parecia angelical, etérea, mais linda do que nunca. Sua boca entreaberta o convidava a saboreá-la, e ele não conseguiu resistir. Aproximou-se e sugou seu lábio inferior como alguém sedento, percorrendo o contorno de sua boca com a língua. Mais uma vez, ele sussurrou com voz rouca: "Minha doce Gálata!"Introduziu sua língua úmida, quente e ansiosa em sua boca, encontrando a dela, que timidamente se movia. Juntas, suas línguas dançavam uma dança erótica ao ritmo marcado pelo desejo que borbulhava em seu interior, com a força avassaladora de um vulcão.Ao soltar sua boca, Matteo deslizou pelos ombros de Gálata, lambendo suavemente seu pescoço. O gosto de sua pele era mais embriagante do que qualquer vinho fino. Doce, delicioso, intenso e explosivo, ele sentiu sua respiração acelerar enquanto ondas de prazer percorriam seu corpo. Gálata soltou um leve gemido quando sentiu a língua dele
A ligação de Leandro deu a Gálata uma sensação de desconforto. Ela sentiu uma rajada gelada congelar seus ossos, e, apesar de não querer ser grosseira, não gostava da ideia de recebê-lo, muito menos de encontrá-lo. Havia algo que a fazia querer mantê-lo afastado.— Leandro, que surpresa sua ligação! Embora suas palavras me deixem confusa. Por que eu precisaria de você? Nem somos tão próximos assim — mencionou ela, desconcertada.— Desculpe, Gálata! Minha intenção não é te incomodar. Eu te considero tão amiga quanto sou de Matteo e acho que você precisa de mim agora, porque talvez esteja sufocando com a volta de Helena. É bom desabafar com alguém, não é bom reprimir essas emoções, isso pode te fazer mal, te adoecer — manifestou Leandro, com tom de preocupação.— Muito obrigada pela oferta, mas prefiro não te incomodar — declarou Gálata, tentando evitá-lo e se perguntando: "Como ele sabe que eu sei sobre a volta de Helena?". No entanto, ela afastou esses pensamentos e continuou prestand
Leandro ficou olhando para Paula com raiva, apertando as mãos ao lado do corpo, fechou os olhos e em seguida a golpeou com força no rosto, fazendo-a rolar no chão. Um fio de sangue começou a escorrer de sua boca.—Vadia! Quem te chamou para se meter onde não deve?! —disse, apertando os dentes, e aproveitando a postura da jovem no chão, começou a chutá-la sem parar.—Leandro! Deixa-a! Você ficou maluco? —gritou Gálata, horrorizada ao ver a atitude selvagem do homem.—Leandro! —exclamou novamente.Quando Leandro ouviu a voz de Gálata chamando-o, saiu de seu devaneio, tudo não passava de sua imaginação. Não pôde evitar olhar para Paula e, embora não pudesse agir como havia imaginado, não perdeu a oportunidade de plantar sua semente de veneno.—Paula, que surpresa te ver aqui. Certamente essas palavras que você disse são baseadas em sua própria experiência... acabei de me lembrar, anos atrás você estava perdidamente apaixonada por Matteo, defende-o porque ainda o ama?—Isso é alta traição