Gálata estava mergulhada em seus pensamentos, alheia à conversa de sua amiga, não conseguia parar de pensar em Matteo, na noite maravilhosa que passaram juntos. Ela se recusava a acreditar que ele não sentia nada por ela. "É possível para um homem fingir dessa maneira ao fazer amor?" perguntou-se, sem conseguir controlar sua ansiedade, pois em sua mente tinha opiniões contraditórias. Tão absorvida em sua situação, nem percebeu a pergunta de sua amiga.—Gálata Antonella Ferrari Estrada! Quer que eu comece a jogar sinuca com as bolas que você está me deixando no vácuo? —perguntou a loira, sem esconder sua irritação.A exclamação exaltada fez Gálata reagir.—Ai, amiga! Desculpa mesmo, agora não sou boa companhia, tenho muita coisa na cabeça, o melhor seria eu voltar para casa —disse, sentindo-se envergonhada por sua própria atitude.—Não diga bobagem, Gálata. Não quero você deprimida, trancada em casa, lambendo suas feridas, esperando aquele idiota do Matteo aparecer, enquanto você não p
Matteo sentiu o medo voltar a agitar-se dentro dele. Não queria se divorciar de Gálata, muito menos perder sua família, pois não conseguia imaginar a vida sem eles. No entanto, as palavras de sua esposa foram contundentes; sua expressão era fria, sem o menor traço de sentimento, como se nada a magoasse ou importasse. Ela parecia indiferente.— O que você está dizendo, meu amor? Eu não quero me divorciar. Gálata, nós temos uma família! Por que você vem com essas ideias absurdas? Alguém colocou isso na sua cabeça? Você não pode estar falando sério! — perguntou ele, tentando se aproximar, com uma expressão de confusão, mas Gálata estendeu a mão para impedi-lo de se aproximar, mantendo-o à distância.— Nunca falei tão sério em toda minha vida. Que parte das minhas palavras você não entende? — perguntou em tom áspero. — Isso não é uma ideia absurda, é uma decisão bem pensada, tomada e irrevogável.— Muitas coisas aconteceram que me fizeram abrir os olhos para a verdade. Sim, porque eu semp
Matteo ficou sentado sem saber como reagir. Tudo parecia tão irreal, ele sentia como se tudo estivesse acontecendo com outra pessoa. Por um momento, uma ponta de descontrole tentou tomar conta dele, quase se desesperando, mas ele conseguiu conter esse sentimento. Levantou-se, caminhou até o bar e serviu-se um copo de whisky, que tomou de uma vez só. Ele nunca se permitia descontrolar, e não começaria agora.As palavras de Gálata continuaram ecoando em sua mente. Ele se recusava a acreditar que suas vidas tinham sido daquele jeito, mas, após alguns minutos de reflexão e relembrando o passado, chegou a uma dolorosa conclusão, algo que ele havia negado por muito tempo: talvez ela estivesse certa. Era inevitável evitar as lembranças que começaram a surgir."Chegou do trabalho depois de várias reuniões com os arquitetos, revisando os planos para a construção de um novo complexo hoteleiro. Assim que chegou, afrouxou a gravata e caminhou em direção à cozinha. Encontrou Gálata assando um peru
Gálata estava tão envergonhada que não veria problema se a terra se abrisse naquele momento, a engolisse e a vomitasse bem longe. No entanto, isso era pedir demais. Ela saiu do carro com medo, especialmente porque o dono daquele carro luxuoso devia estar muito bravo com o incidente. Fechou os olhos e contou mentalmente, esperando a explosão de raiva que certamente viria do condutor daquela maravilha — e não era para menos."Um, dois, três..." No entanto, mesmo após contar até três, não ouviu gritos nem reclamações. Abriu os olhos e, diante dela, quase tocando o seu rosto com a respiração, estava um homem de pele bronzeada, olhos verdes por trás de óculos e cabelos negros, exibindo um sorriso parecido com os de comerciais de pasta de dente.Ela abriu os olhos, desconcertada. Não conseguia acreditar que havia se enganado tanto em sua percepção. Esperava ver um homem muito irritado, difícil de controlar, e, em vez disso, estava diante de um verdadeiro galã, sorrindo como se tivessem cont
Gálata tremia de raiva, podia perdoar quase tudo, até mesmo o fato de Matteo agir como um bloco de gelo, mas ter dormido com Helena depois de ter estado intimamente com ela, isso nunca perdoaria, nem mesmo se ele se ajoelhasse por anos.— Maldito Matteo! Maldita a hora em que decidi construir uma vida com você — exclamou furiosa. No entanto, segundos depois, se arrependeu ao estender o olhar e ver o pequeno Xavier aconchegado na cama.Apesar de tudo, nem tudo foi ruim. Seus filhos eram o maior tesouro de sua vida, e eles vieram através de Matteo. Ela não conseguia imaginar sua vida sem aqueles dois pequeninos, que preenchiam sua existência de amor. Enquanto pensava, acariciava suavemente sua barriga. Eles eram o seu mundo. Ela se aproximou para sentir o aroma agradável de seu filho, o que lhe trazia tranquilidade, além de forças, algo que ela precisava muito naquele momento para enfrentar seu futuro.No dia anterior, quando chegou à casa dos Ferrari, começou a contar aos seus pais par
Gálata ficou pensativa e suspirou com nostalgia.— Sim, eu dizia que ia ser a ourives mais famosa do mundo. Naquela época, comecei a desenhar, confeccionar e criar joias — ela sorriu diante das lembranças.Viu sua mãe se levantar, caminhar até a cômoda e pegar uma pasta e uma caixa. Da primeira, tirou alguns esboços, e da segunda, começou a retirar uma série de brincos, pulseiras, colares e anéis, que correspondiam a cada um dos desenhos.Primeiro, retirou algumas pulseiras de couro, peças de cordas de tecido, fios elásticos, contas de cristal com engastes em branco, prata, bronze e, por último, em ouro Gold Filled. Em cada peça, via-se o progresso da artista. Nas primeiras, notava-se a inexperiência, mas, com o passar dos anos, os acabamentos iam melhorando, e cada trabalho demonstrava a paixão empregada na criação de cada uma das peças.Anabella as organizou cronologicamente, e um gemido escapou da boca de Gálata ao ver cada trabalho realizado por ela, desde os cinco anos até sua úl
Matteo segurava os desenhos contra o peito, as lágrimas rolavam sem controle enquanto seu corpo tremia por causa dos espasmos do choro. Sentia que as lágrimas formavam um nó grosso na garganta, a ponto de impedi-lo de engolir. Ele limpou o rosto com impaciência, estava muito irritado consigo mesmo, sem entender como pôde ter sido tão cego em relação ao seu casamento.Fechou os olhos, e de repente teve uma ideia. Abriu os olhos rapidamente, pegou o telefone e ligou para um de seus consultores financeiros, que atendeu no primeiro toque.— Gael, preciso que investigue as cinco maiores empresas de extração de esmeraldas, pedras preciosas e semipreciosas, metais preciosos. Compre todas! Mas use meus fundos pessoais, não importa o custo. E também as empresas mais destacadas na indústria de corte e polimento. Compre-as todas!» Quando localizar as empresas, chame o advogado para preparar os documentos de compra e venda. Só uma coisa: mantenha minha identidade em sigilo.Após dar a ordem, enc
Gálata havia saído cedo com sua mãe e já tinha encontrado o instituto onde cursaria seus estudos de design. Voltou para casa emocionada, mas, ao entrar, a assistente que cuidava de seu filho estava quase chorando junto com ele, que estava em um estado de histeria, e a expressão da moça não era muito diferente.— Quero o meu papai! — soluçava o pequeno, com tanto sentimento que comovia todos que o ouviam.Ele viu sua mãe e estendeu os braços em sua direção, sem parar de chorar, com uma expressão de tristeza em seu rostinho.— Calma, meu doce menino, não chore, senão vai ficar todo enrugadinho como uma uva passa — falou Gálata com carinho para acalmá-lo.— Se eu ficar adugadinho, posso ver meu papai? — perguntou o menino, cheio de esperança.— Logo você verá o seu papai, ele vai vir para ver seu menino lindo — respondeu ela, sem ter certeza se o que dizia era verdade. Subiu com ele para o quarto e o abraçou forte contra o peito.Menos de vinte minutos depois, sua mãe bateu à porta e ent