Do outro lado da cidade, o Scrudell estava largado no sofá encarando a tv enquanto Karin e Nathan discutiam sobre o preparo de algo no bar próximo a onde estava. Nicolas estava focado em trabalho, tal como Hanna, e era normal ele tirar pouco tempo para si, para outras atividades durante a semana, sempre trabalhando até tarde, sempre com a agenda ocupada, e agora, de olhou em uma boa oportunidade de negócios, sempre cheio de reuniões e avaliações financeiras e estáticas. Aquele era o primeiro dia em várias semanas que ele estava apenas… sem nada a fazer. como um cara normal, estava jogado ali enquanto passava os canais da tv procurando algum jogo, ou alguma programação que valesse sua atenção, no entanto, era na pequena Sanches que ele estava concentrado. De algum modo, Nicolas sabia que algo estava acontecendo, só não conseguia definir ainda se bom ou ruim, desde a estadia da mãe de seu filho no hospital. Hanna não fora hostil ou fugiu de si, e isso o estava impactando tanto. Não quer
A casquinha de mirtilo e baunilha era provada mais uma vez por ela enquanto caminhavam pela orla em um silêncio momentâneo. Não passavam de duas pessoas comuns e desapercebidas naquele momento. Um casal qualquer que caminhava em meio a noite de veraneio pela costa. Haviam tido um jantar divertido, leve, diferente como há muito tempo não tinham. não houve conversas duras, ou acusações, embora ora ou outra a mente de Hanna a levasse as mesmas questões e os porquês que tanto a movia nos últimos dias: por que Nicolas a traiu? o que havia de errado na relação deles? dentre outras questões mal resolvidas que ficou entre o casal.Como havia comentado antes, acabaram por comer em um antigo restaurante cuja especialidade eram seus mariscos e lagostas, e a Sanches, por um bom tempo, adorou aquele lugar. foi o primeiro restaurante que Nicolas a levou ainda no tempo que namoravam. Ela ainda se lembrava do quão duro ele era, um garoto com nada além de um sonho. no entanto, esforçado o bastante. me
Ele ainda sorria ligeiramente bobo, embora com um pouco mais de pé no chão. A felicidade do Scrudell estava nítida e cristalina, refletida em todo o seu ótimo humor naquela manhã na empresa. Talvez o que poucos ou ninguém soubesse era que tal felicidade era de certo modo frágil ainda. Seguindo as consultas com Melissa, ele abriu-se para a mulher falando sobre como se sentia em relação ao espaço novo surgido na relação com a ex esposa. Claro que a terapeuta notou isso como um avanço, e de certo modo, mérito a Nicolas que vinha seguindo os aconselhamentos da melhor forma possível.O homem ainda pensava nos dizeres da psicanalista que disse: “não deve pressioná-la, por mais que pense que avançaram, mantenha a relação na zona neutra e confortável, porque do contrário, podem entrar na zona de questionamentos antes de estare
Ela segurava entre os dedos esguio de unhas ligeiramente afiadas a gravata cinza chumbo, puxando e desordenando todo o arrumado do terno que ele usava, e embora o homem fosse muito mais alto, mais forte e potente que a garota que lhe encarava ameaçadoramente, ele suava frio diante da imponência que ela tinha. Na verdade, o controle que ela tinha não apenas sobre si. Ela era como uma versão aprimorada 2.0 da família. Ele conseguia sentir o rico perfume dela, enquanto o inalava, podia observar o reflexo de si em sua íris azul mais escura, podia sentir o hálito quente e adocicado dela enquanto o ameaçava e aquilo era fodidamente contraditório em seu corpo que respondia com temor e excitação.— I-isso é... complicado, Haley.Como uma serpente silabando suavemente para a presa, ela esboçou um sorriso ladino quando disse em seguida:— Então descomplica…
Escolheram um dos centers de compra exclusivos da qual seria muito mais sossegado para estarem juntos, tudo que não buscavam eram atenção desnecessária e julgamentos. Nicolas, por mais que gostasse de certos holofotes em nome da publicidade da própria marca, quando o assunto se tornou sua vida pessoal, ele passou a detestar tudo aquilo, principalmente quando viu estampado em tabloides sensacionalistas vezes de mais os motivos para seu casamento ter chegado ao fim. Era muita especulação e pouca verdade, embora uma ou outra tenha palpitado de forma certa, não era ele que iria publicamente assumir isso por mero entretenimento e diversão de outras pessoas. Era tão nojento pensar que a diversão de algumas pessoas era sapatear sobre o sofrimento e desgraça alheia, ignorando os sentimentos que haviam por trás daquilo. Não que Hanna não merecesse uma retratação, porque mere
Estava tão distraído no telão que não percebeu o par de olhos castanhos em sua direção.Sentada na sexta mesa junto de alguns amigos, a mulher reconheceu-o imediatamente, mesmo no estilo despojado longe dos ternos que costumava usar. Bem similar a última vez que o viu pessoalmente. Ela era ótima em ler expressões corporais, precisava ser, pois parte do seu trabalho pedia por isso, e claro, porque ela se tornou boa apenas pela prática.Sorriu distraidamente com uma piada a mesa para logo em seguida levar a boca sua caneca de cerveja rustica artesanal que era especialidade daquele lugar. A princípio, ela apenas o deixou de lado. Talvez se passasse por ele mais tarde dissesse um olá, no entanto, quando o Uckermann mandou encher a terceira caneca e ela notou o restante do brilho do olhar dele sumindo, ela soube que ele estava apenas sozinho bebendo o jogo naquele bar.— Sinto q
Qual foi a última vez que se tocaram pele contra pele? Quando ela sentiu o sabor e molhado do beijo dele antes de tudo ruir? Quando fora o último momento, aquele do adeus que nem imaginavam ter, aquele em seus corpos se uniram se fundindo em êxtase e prazer, terminando com ele mole em seus braços?Hanna mordeu levemente os lábios, enquanto seus dedos deslizavam pela madeira laqueada do berço enquanto nutria aqueles pensamentos cada vez mais fortes. Os olhos em sua visão periférica capturavam a figura máscula que se aproximava da janela do quarto infantil e fora aí que ela se praguejou mentalmente. Ela era uma pessoa sensível, e no sentido não apenas literal, mas figurativo. Conseguia enxergar beleza, arte, cores... profundidade em tantas coisas. Comovia-se com nuances e sutilezas complexas, mas lá estava ela no que deveria ser um quarto perfeito do seu primeiro – e em tese único – filho, sem sequer mergulhar profundamente com qualquer outra emoção senão aquelas que envolviam Nicolas.
Droga, ele se sentia tão nervoso e pisando em ovos. Sentia tão perto de si o calor do corpo pequeno feminino, aspirava o doce perfume que ela tinha e quase sentia roçar em si os fios de cabelos da qual ele sabia ser macios e sedosos, era como se pudesse fechar os olhos e sentir a fragrância dos cosméticos que ela sempre usava... sempre. Controlava-se no desejo febril de tocar a tez clara, de marcá-la outra vez. Sentia o desespero de provar do sabor dela, da boca, da pele, de alimentar-se da essência da qual era tão apaixonado. No entanto, ele havia estragado tudo e alguma coisa em si, dizia que ele sempre acharia um jeito de estragar e estragar. Era como se tocar Hanna fosse um pecado, se ele fosse sujo e indigno dela. Ele era a mácula no que ele sempre enxergaria como um casulo de perfeição.Melissa tinha razão, ele tinha questões muito mais severas para tratar, ele tinha travas que nem mesmo ele sabia que tinha, ele tinha medos, receios e muita, muita insegurança e não importava os