“— Estou chegando de Karento hoje,pensei que talvez pudéssemos jantar essa noite,se quiser, é claro.”Os olhos azuis tinham um estranho e diferente brilho diante da mensagem que lia naquela manhã. A expressão ligeiramente indiferente não representava o todo que sentia. Havia conversado com Susan no café e aquilo impulsionou toda a sua segurança com relação a Nicolas por água a baixo, como um banho de água gelada. Agora, carregada de paranoias, ela tornava a pensar no que ele pudesse estar fazendo, ou se culpando por permitir a recaída com o ex marido de modo tão fácil e vergonhoso.Um tímido sorriso, no entanto, ganhou espaço, e ela suspirou. Droga, eles precisavam conversar, mas aquele lado tão seguro dela que dizia estar pronta finalmente para entender os porquês dele, esmorecia agora
Os olhos azuis percorriam rapidamente a tela do notebook enquanto dados e mais dados eram acumulados em um pequeno dispositivo de armazenamento. Um acumulado totalmente organizado cronologicamente que convergia como uma verdadeira faxina para a trazer a luz toda aquela sujeira, que era coberta por um mero tapete corrupto do grupo Sanches. Coisas interessantes, assustadoras, coisas verdadeiramente nojentas e antiéticas. Não importava o que, ou quem, o Grupo Sanches sempre teve o que queria, não importava quantas vidas pudessem arruinar pelo caminho, e agora, diante de tantas verdades, David temia. Se soubessem o que ele fazia, se o firmware do grupo o rastreasse, se qualquer coisa saísse do plano original, ele estava fodido, era isso. Desde que havia presenciado o acidente de Fernanda, sua chave havia virado, porque não era difícil somar as coisas que havia descoberto sobre Sara e seu verdadeiro trabalho.Deveria Hanna saber que estava as portas do maior golpe da sua vida?Bom, por mai
Quando Tereza chegou ali, A situação em si de Hanna parecia caótica. A herdeira chorava muito e estava tão difícil acalmá-la. A sorte da Sanches quanto a médica, fora que Tereza estava próxima aquela região. Sem perder tempo, a loira assumiu o prontuário de Hanna enquanto ouvia tudo que a médica plantonista dizia. Checava os parâmetros e a constatação de que, de fato, o trabalho de parto dela havia começado e estava em um estágio muito complexo e delicado para reverter. Recebia medicação intravenosa, enquanto era coletado material para exames. O cardiotoco era feito e tudo que poderia ser monitorado estava sendo, mas Hanna continuava naquele estado. Tereza entrou no quarto e a olhou nos olhos. Passou a mesma calma e confiança que sempre tivera quando se aproximou dela. — Vejo que alguém está muito apressado, hm? — E-eu não sei o que fazer, eu… é minha culpa e… — chorando de soluçar, Hanna sentia-se tão sozinha e desamparada. Estava assustada e se sentia covarde, mas também forte, e
Queria saber o que você está pensandoPalavras não vêm assim tão fácilPode ser que sejamos quebrados intencionalmenteEu não posso evitar como estou me sentindoCom medo das minhas próprias motivaçõesEu não quero desperdiçar seu tempo…Os olhos azuis pareciam apenas incapazes de desconectar daquela cena. Através do vidro que o separava da sessão da UTI-Neonatal, ele apenas apreciava em silêncio aquele pequeno pedacinho de milagre. Sua respiração estava tão calma e lenta se comparada aquele corpinho pequeno que recebia ajuda para respirar através do CPAP. Tão pequeno, tão frágil, mas tão forte e intenso… Bernardo fazia jus ao seu nome e chegou causando um rebuliço. Nicolas ainda sentia a mão ligeiramente tremula ao imaginar que a apenas algumas horas atrás ele ainda tocava a barriga de Hanna, e agora, aquele bebê, o filho deles, estava bem ali. Era tão surreal. De fato, ele nunca esteve preparado para tudo aquilo, mas isso não era ruim, só tornava as coisas ainda mais intensas e únic
Os olhos azuis analisavam a mulher que parecia dormir profundamente. Conversando baixinho com Samantha, ele via sua assistente, de forma tão prestativa e cuidadosa, organizar no armário da suíte hospitalar, as roupas e coisas de Hanna que ela havia pego a pouco na casa da Sanches. Falaram resumidamente de como fora aquele dia de trabalho na empresa, o que incluiu a reunião de despejo de Sara, que pareceu não lidar nada bem com a transferência para a unidade do norte. — Um problema a menos, certo? — ele balbuciou sem saber que, na verdade, Hanna havia despertado há algum tempo e apenas fingia dormir ouvindo a conversa dos dois. — Finalmente estou livre completamente dessa maluca. Samantha riu ouvindo um: “não tem graça” do chefe.— Então, acha que pode segurar as pontas por algum tempo? — indagou para a garota, ao se sentar um pouco. — Claro! O senhor pode estar remotamente, o que for urgente eu aviso e vamos tentar resolver. Então, como está a paternidade recém-ganha?Nicolas olhou
Ele reclinou-se contra a parede, enquanto cruzava os braços frente ao peito. Olhava-a com atenção enquanto ouvia o breve relato que Samantha o oferecia. Era uma questão da mais pura coincidência ele encontrar com a garota ali no hospital. Havia ido para ver como Nicolas estava, e como estava Hanna e o bebê, já que Samantha havia deixado o loiro a pouco, no apartamento médico onde a Sanches estava hospedada no hospital. Estava cansada e pronta para ir embora quando toparam-se no elevador, e era próximo deste, em um dos halls que conversavam. Samuel deslizou a mão pelos cabelos negros e lisos enquanto esboçava um sorriso miúdo de alívio e alegria com o que a garota lhe disse. — Eu imagino como ele deve ter surtado — comentou seguido de um longo suspiro — Muito obrigada, Samantha, por… estar sempre perto dele e ajudá-lo assim. Nicolas é praticamente um irmão para mim e fico feliz que ele tenha boas pessoas para contar e pedir ajuda. — Ele melhorou muito nesse quesito — ela sorriu, enq
— Shii... fique quietinha, querida, se chorar,o monstro do outro lado da porta pega você...A sensação estava lá tão vivida como nunca estivera. O medo que a fizera molhar as calças, os olhos arregalados e lacrimosos de medo enquanto seu urso lilás era apertado e agarrado com toda a sua força. Ela conseguia se lembrar perfeitamente do homem e sua cicatriz perto do olho e de seu cavanhaque. E foi mediante esse sentimento de medo, impotência e pânico, que Hanna abriu seus olhos sentido do canto deles escorrer as lagrimas finas. — Ei, está tudo bem, fique calma. – Ela finalmente se focou na mulher de voz baixa e mansa que a acariciava os cabelos, reconhecendo nessa a sua sogra que lhe sorria – Como está, minha menina? Hanna, no entanto, estava sem qualquer controle do seu emocional, e quando seus lábios abriram para falar, tudo que ela conseguiu foi chorar e o choro não era pelo pesadelo, ou pelas lembranças, muito menos por uma dor banal, mas sim pela lembrança que lhe atingia dolor
Katherine estava completamente deslumbrada com aquele pequeno ser na incubadora. Seu neto, seu primeiro neto, havia nascido. Tão pequeno, tão frágil e já tendo tantas lutas. Agora, com parte do desinchaço do parto complicado, ela conseguia reconhecer aqui e ali no pequeno, e quase careca, os traços misturados de Hanna e Nicolas. Os olhos? Eram um mistério completo para todos, afinal, Bernardo não fazia nada além de dormir e dormir dada a intubação. Claro que a chegada antecipada do pequeno garotinho, causara um verdadeiro caos. Àquela altura já havia vários tabloides os citando, enquanto haviam-se especulações demais, mas tudo que havia ali, era uma família como qualquer outra, que sofria, amava e sentia. Os olhos azuis maternais de Katherine não tiveram dificuldade, por exemplo, de notar que havia uma proximidade maior com antigas pitadas de companheirismo entre Hanna e Nicolas. Pareciam estar em um momento diferente. Claro que não pode deixar de notar uma grande e satisfatória mud