Quando Tereza chegou ali, A situação em si de Hanna parecia caótica. A herdeira chorava muito e estava tão difícil acalmá-la. A sorte da Sanches quanto a médica, fora que Tereza estava próxima aquela região. Sem perder tempo, a loira assumiu o prontuário de Hanna enquanto ouvia tudo que a médica plantonista dizia. Checava os parâmetros e a constatação de que, de fato, o trabalho de parto dela havia começado e estava em um estágio muito complexo e delicado para reverter. Recebia medicação intravenosa, enquanto era coletado material para exames. O cardiotoco era feito e tudo que poderia ser monitorado estava sendo, mas Hanna continuava naquele estado. Tereza entrou no quarto e a olhou nos olhos. Passou a mesma calma e confiança que sempre tivera quando se aproximou dela. — Vejo que alguém está muito apressado, hm? — E-eu não sei o que fazer, eu… é minha culpa e… — chorando de soluçar, Hanna sentia-se tão sozinha e desamparada. Estava assustada e se sentia covarde, mas também forte, e
Queria saber o que você está pensandoPalavras não vêm assim tão fácilPode ser que sejamos quebrados intencionalmenteEu não posso evitar como estou me sentindoCom medo das minhas próprias motivaçõesEu não quero desperdiçar seu tempo…Os olhos azuis pareciam apenas incapazes de desconectar daquela cena. Através do vidro que o separava da sessão da UTI-Neonatal, ele apenas apreciava em silêncio aquele pequeno pedacinho de milagre. Sua respiração estava tão calma e lenta se comparada aquele corpinho pequeno que recebia ajuda para respirar através do CPAP. Tão pequeno, tão frágil, mas tão forte e intenso… Bernardo fazia jus ao seu nome e chegou causando um rebuliço. Nicolas ainda sentia a mão ligeiramente tremula ao imaginar que a apenas algumas horas atrás ele ainda tocava a barriga de Hanna, e agora, aquele bebê, o filho deles, estava bem ali. Era tão surreal. De fato, ele nunca esteve preparado para tudo aquilo, mas isso não era ruim, só tornava as coisas ainda mais intensas e únic
Os olhos azuis analisavam a mulher que parecia dormir profundamente. Conversando baixinho com Samantha, ele via sua assistente, de forma tão prestativa e cuidadosa, organizar no armário da suíte hospitalar, as roupas e coisas de Hanna que ela havia pego a pouco na casa da Sanches. Falaram resumidamente de como fora aquele dia de trabalho na empresa, o que incluiu a reunião de despejo de Sara, que pareceu não lidar nada bem com a transferência para a unidade do norte. — Um problema a menos, certo? — ele balbuciou sem saber que, na verdade, Hanna havia despertado há algum tempo e apenas fingia dormir ouvindo a conversa dos dois. — Finalmente estou livre completamente dessa maluca. Samantha riu ouvindo um: “não tem graça” do chefe.— Então, acha que pode segurar as pontas por algum tempo? — indagou para a garota, ao se sentar um pouco. — Claro! O senhor pode estar remotamente, o que for urgente eu aviso e vamos tentar resolver. Então, como está a paternidade recém-ganha?Nicolas olhou
Ele reclinou-se contra a parede, enquanto cruzava os braços frente ao peito. Olhava-a com atenção enquanto ouvia o breve relato que Samantha o oferecia. Era uma questão da mais pura coincidência ele encontrar com a garota ali no hospital. Havia ido para ver como Nicolas estava, e como estava Hanna e o bebê, já que Samantha havia deixado o loiro a pouco, no apartamento médico onde a Sanches estava hospedada no hospital. Estava cansada e pronta para ir embora quando toparam-se no elevador, e era próximo deste, em um dos halls que conversavam. Samuel deslizou a mão pelos cabelos negros e lisos enquanto esboçava um sorriso miúdo de alívio e alegria com o que a garota lhe disse. — Eu imagino como ele deve ter surtado — comentou seguido de um longo suspiro — Muito obrigada, Samantha, por… estar sempre perto dele e ajudá-lo assim. Nicolas é praticamente um irmão para mim e fico feliz que ele tenha boas pessoas para contar e pedir ajuda. — Ele melhorou muito nesse quesito — ela sorriu, enq
— Shii... fique quietinha, querida, se chorar,o monstro do outro lado da porta pega você...A sensação estava lá tão vivida como nunca estivera. O medo que a fizera molhar as calças, os olhos arregalados e lacrimosos de medo enquanto seu urso lilás era apertado e agarrado com toda a sua força. Ela conseguia se lembrar perfeitamente do homem e sua cicatriz perto do olho e de seu cavanhaque. E foi mediante esse sentimento de medo, impotência e pânico, que Hanna abriu seus olhos sentido do canto deles escorrer as lagrimas finas. — Ei, está tudo bem, fique calma. – Ela finalmente se focou na mulher de voz baixa e mansa que a acariciava os cabelos, reconhecendo nessa a sua sogra que lhe sorria – Como está, minha menina? Hanna, no entanto, estava sem qualquer controle do seu emocional, e quando seus lábios abriram para falar, tudo que ela conseguiu foi chorar e o choro não era pelo pesadelo, ou pelas lembranças, muito menos por uma dor banal, mas sim pela lembrança que lhe atingia dolor
Katherine estava completamente deslumbrada com aquele pequeno ser na incubadora. Seu neto, seu primeiro neto, havia nascido. Tão pequeno, tão frágil e já tendo tantas lutas. Agora, com parte do desinchaço do parto complicado, ela conseguia reconhecer aqui e ali no pequeno, e quase careca, os traços misturados de Hanna e Nicolas. Os olhos? Eram um mistério completo para todos, afinal, Bernardo não fazia nada além de dormir e dormir dada a intubação. Claro que a chegada antecipada do pequeno garotinho, causara um verdadeiro caos. Àquela altura já havia vários tabloides os citando, enquanto haviam-se especulações demais, mas tudo que havia ali, era uma família como qualquer outra, que sofria, amava e sentia. Os olhos azuis maternais de Katherine não tiveram dificuldade, por exemplo, de notar que havia uma proximidade maior com antigas pitadas de companheirismo entre Hanna e Nicolas. Pareciam estar em um momento diferente. Claro que não pode deixar de notar uma grande e satisfatória mud
Quando aquelas palavras soaram para eles, a onda de alívio fora inexplicável, beirando o sublime. E fora justamente levado por esse êxtase e alegria de uma grande vitória em meio aquela guerra, que os lábios de Nicolas e Hanna se encontraram rápidos, intensos, profundamente conectados, e tudo isso junto em um abraço apertado de tensão, amor e paz... Bernardo ia ficar bem! Ele havia resistido as horas cirurgias e a primeira hora pós, no entanto, o aviso era claro, as primeiras quarenta e oito horas eram fundamentais, mas era uma grande vitória. Nicolas usou seus polegares, e com carinho secou as lagrimas grossas que escorriam no rosto bonito e delicado dela. Sorriam. — Ele vai ficar bem – ele balbuciou e beijou a ponta do seu nariz. — E quando poderemos vê-lo? – Katherine indagou. Chorava e sorria ao mesmo tempo sendo fielmente acalentada por seu marido Michael. — Em breve. Estão levando-o para a UTI. — Muito obrigado, doutor Albrecht. O homem de olhos castanhos-esverdeados sorr
Os olhos dos dois homens estavam fixos naquele serzinho pequeno com cuidados médicos intensos, e enquanto o sentimento de alívio estava ali, também havia receio e insegurança. Pai e filho conversavam sobre a vida, o cotidiano, os problemas e uma suposta reconciliação entre Nicolas e Hanna, o que certamente não vinha ao caso mas tinha tudo a ver com o futuro daquele bebê. A questão do susto passar, era como ficaria o depois, afinal, Nicolas havia se habituado a cuidar de mãe e filho, e claramente estava se apegando ao bebê muito, mas e quando a alta finalmente viesse, como ele ia lidar com essa separação de certo modo, arbitrária?— Converse com ela... aos poucos, nada... sufocante. Deveria deixá-la saber que quer fazer parte disso. – Michael orientou o filho que suspirou.— Eu sei... é só que... tenho medo o tempo todo. Estou me sentindo pisando em ovos. Hora ela está bem e na seguinte...— Eu notei – opina. Respirando fundo, ele coloca a mão sobre o ombro de Nicolas – só posso dizer