Quando aquelas palavras soaram para eles, a onda de alívio fora inexplicável, beirando o sublime. E fora justamente levado por esse êxtase e alegria de uma grande vitória em meio aquela guerra, que os lábios de Nicolas e Hanna se encontraram rápidos, intensos, profundamente conectados, e tudo isso junto em um abraço apertado de tensão, amor e paz... Bernardo ia ficar bem! Ele havia resistido as horas cirurgias e a primeira hora pós, no entanto, o aviso era claro, as primeiras quarenta e oito horas eram fundamentais, mas era uma grande vitória. Nicolas usou seus polegares, e com carinho secou as lagrimas grossas que escorriam no rosto bonito e delicado dela. Sorriam. — Ele vai ficar bem – ele balbuciou e beijou a ponta do seu nariz. — E quando poderemos vê-lo? – Katherine indagou. Chorava e sorria ao mesmo tempo sendo fielmente acalentada por seu marido Michael. — Em breve. Estão levando-o para a UTI. — Muito obrigado, doutor Albrecht. O homem de olhos castanhos-esverdeados sorr
Os olhos dos dois homens estavam fixos naquele serzinho pequeno com cuidados médicos intensos, e enquanto o sentimento de alívio estava ali, também havia receio e insegurança. Pai e filho conversavam sobre a vida, o cotidiano, os problemas e uma suposta reconciliação entre Nicolas e Hanna, o que certamente não vinha ao caso mas tinha tudo a ver com o futuro daquele bebê. A questão do susto passar, era como ficaria o depois, afinal, Nicolas havia se habituado a cuidar de mãe e filho, e claramente estava se apegando ao bebê muito, mas e quando a alta finalmente viesse, como ele ia lidar com essa separação de certo modo, arbitrária?— Converse com ela... aos poucos, nada... sufocante. Deveria deixá-la saber que quer fazer parte disso. – Michael orientou o filho que suspirou.— Eu sei... é só que... tenho medo o tempo todo. Estou me sentindo pisando em ovos. Hora ela está bem e na seguinte...— Eu notei – opina. Respirando fundo, ele coloca a mão sobre o ombro de Nicolas – só posso dizer
Os lábios sopravam ritmicamente enquanto os olhos estavam totalmente concentrados na corrida que fazia na pista em frente ao lago. Aproveitava um raro bom dia, esse com um céu azul e sol, mas também aquela brisa fresca do amanhecer. Precisava ocupar sua mente, precisava desesperadamente não surtar como de fato achava que poderia, porque apenas não sabia como lidar com aquilo que atingiu o seu limite, e a única pessoa da qual ele poderia conversar, que era Nicolas, estava com problemas muito maiores que o seu e a última coisa que Samuel queria, era encher seu melhor amigo com toda a sua merda. A exatos três dias ele não via Susan, desde que discutiram pela ultima vez. Ele fez diferente da ultima vez, ele não a ligou, ou mandou mensagem ou sequer se preocupou com o fato da sua mulher não estar voltando para casa, pois estava se forçando a pegar plantões atrás de plantões apenas para fugir, como ela sempre o fez. Quando Susan tivesse achado que tudo estava bem, ela voltaria e fingiria n
Uma mesa posta de um só lugar o fizera sentar e beber aproveitando aquilo, aquele momento, a clareza se dando conta de que era isso que precisava naquele momento, naquele instante: um tempo. Não só de forma egoísta, não era isso, mas Samuel pensou que talvez fosse isso que eles precisavam: um tempo. Não daqueles absurdos, mas um saudável quando você realmente pensava na sua vida, nas coisas que são importantes, quando você tenta enxergar o máximo, mas também o mínimo fazendo uma análise de si e do que vale a pena lutar, mudar, ou desistir e ele sabia que Susan também precisava disso: se reavaliar e... respirar. Estavam sufocando um ao outro e aquela relação. Ele terminou sua refeição, colocou os pratos na lava-louças, e assistiu um pouco de tv, e quando finalmente parte do horário se foi, ele tornou a subir as escadas para ir trabalhar um pouco no seu quarto. O celular tocou o fazendo esboçar um sorriso ao ver quem estava o ligando: seu irmão Ian. — Oi titio! – o grito dos gêmeos at
Os olhos femininos estavam focados do lado de fora da sua suíte. Olhavam com atenção, enquanto a porta estava entreaberta, seu ex marido conversando com uma mulher de cabelos medianos negros e jaleco branco, que carregava consigo um tablet e parecia tão, mais tão atenciosa e gentil que embrulhava o estomago de Hanna. A mulher parecia bem mais velha que eles, era notável, ainda assim, era uma mulher bonita, carismática... ela não julgaria Nicolas por aquele nervosismo perto dela. Ela tentava reconhecer padrões daquela interação, mesmo a distância, mas falhava miseravelmente. Tornou-se uma completa incógnita para a Sanches quando Nicolas parecia ainda mais nervoso e negava algo, e Hanna sabia que de fato ele estava muito nervoso pelo gesto de passar ambas as mãos pelos fios loiros e suspirar longamente como se estivesse se afogando. Mas quando ele finalmente consentiu e olhou em direção a porta, Hanna sentiu seu coração acelerar, mas seu corpo parecia apenas não querer reagir. Seus olho
Sua chamada está sendo encaminhada para caixa de mensagens...Ela desligou o celular ciente de que naquele momento era aquela a mensagem repetida eletronicamente para Samuel. Sentada em uma das salas de descanso do staff médico, Susan encarava o teto enquanto sua mão estava firmemente agarrada ao copo térmico de café. Aquela ultima discussão latejava em sua mente e sua casa que deveria ser seu descanso e refugio estava obscura, pesada e por isso ela fugia para o seu segundo lugar seguro: seu trabalho. A mão ergueu revelando o vago do anelar esquerdo, o que a fez suspirar. A sensação de vazio que a ausência de uma peça tão boba poderia causar era inexplicável. Os olhos verdes desviaram para a porta que abriu-se revelando o homem de pele negra e olhos castanhos-esverdeados entrando. Ele abriu a geladeira pegando dessa uma embalagem de comida e a colocou para reaquecer. Em silencio pareciam se ignorar, mesmo que de fato não estavam. — Algum paciente? - Ele perguntou enquanto pegava sua
— Vejam só se não é o senhor zangadinho, que mundo pequeno, hein? — Samuel deixou escapar um sorriso breve enquanto, por um momento, sua mente divagava, pensando nas chances de algo assim acontecer. Ajeitou sua bolsa de mão no bagageiro do avião e sentou-se ao lado daquela mulher.— É... pequeno demais, pelo visto — disse ele. Os dedos se apertaram ansiosos enquanto a olhava de soslaio, notando os óculos de leitura e o grosso livro em suas mãos, que, na sua opinião, parecia ser de autoajuda. Questões filosóficas definitivamente não estavam entre suas leituras favoritas.Ela sorriu ao notar a careta dele.— Prefere livros de esportes?— O quê?— Livros.— Ah, não, não. Eu... — ele franziu o cenho — leio outra coisa.— Posso chutar? — ela o observou de esgueira, analisando-o brevemente. Notou a ausência da aliança marcada no dedo, os sinais de ansiedade e nervosismo, o olhar distante de alguém que queria ficar em silêncio, mas, ao mesmo tempo, suplicava por uma distração.— Claro... só
Conseguir tirá-la daquele quarto foi um feito absurdo, e ele sabia disso. Chegou até a comemorar internamente. Montar uma mesa de jantar em um espaço no jardim da cobertura, que era restrito, exigiu mais do que esforço; também precisou de um leve suborno e uma doação ao hospital. Ainda assim, para ele, valeu cada centavo quando Hanna aceitou sentar-se ali para jantar. Talvez a medicação estivesse começando a fazer efeito, e o fato de ela ter aceitado falar com Isabelle em algumas ocasiões poderia ajudá-la a se reerguer emocionalmente. Nicolas tinha muito a comemorar.Hanna notou a mesa delicada e o cantinho reservado para eles. Embora o ambiente sugerisse um clima romântico, ela sabia que não era essa a intenção de Nicolas. Sentiu os cabelos serem agitados pela brisa fresca, deleitou-se por alguns