Os olhos femininos estavam focados do lado de fora da sua suíte. Olhavam com atenção, enquanto a porta estava entreaberta, seu ex marido conversando com uma mulher de cabelos medianos negros e jaleco branco, que carregava consigo um tablet e parecia tão, mais tão atenciosa e gentil que embrulhava o estomago de Hanna. A mulher parecia bem mais velha que eles, era notável, ainda assim, era uma mulher bonita, carismática... ela não julgaria Nicolas por aquele nervosismo perto dela. Ela tentava reconhecer padrões daquela interação, mesmo a distância, mas falhava miseravelmente. Tornou-se uma completa incógnita para a Sanches quando Nicolas parecia ainda mais nervoso e negava algo, e Hanna sabia que de fato ele estava muito nervoso pelo gesto de passar ambas as mãos pelos fios loiros e suspirar longamente como se estivesse se afogando. Mas quando ele finalmente consentiu e olhou em direção a porta, Hanna sentiu seu coração acelerar, mas seu corpo parecia apenas não querer reagir. Seus olho
Sua chamada está sendo encaminhada para caixa de mensagens...Ela desligou o celular ciente de que naquele momento era aquela a mensagem repetida eletronicamente para Samuel. Sentada em uma das salas de descanso do staff médico, Susan encarava o teto enquanto sua mão estava firmemente agarrada ao copo térmico de café. Aquela ultima discussão latejava em sua mente e sua casa que deveria ser seu descanso e refugio estava obscura, pesada e por isso ela fugia para o seu segundo lugar seguro: seu trabalho. A mão ergueu revelando o vago do anelar esquerdo, o que a fez suspirar. A sensação de vazio que a ausência de uma peça tão boba poderia causar era inexplicável. Os olhos verdes desviaram para a porta que abriu-se revelando o homem de pele negra e olhos castanhos-esverdeados entrando. Ele abriu a geladeira pegando dessa uma embalagem de comida e a colocou para reaquecer. Em silencio pareciam se ignorar, mesmo que de fato não estavam. — Algum paciente? - Ele perguntou enquanto pegava sua
— Vejam só se não é o senhor zangadinho, que mundo pequeno, hein? — Samuel deixou escapar um sorriso breve enquanto, por um momento, sua mente divagava, pensando nas chances de algo assim acontecer. Ajeitou sua bolsa de mão no bagageiro do avião e sentou-se ao lado daquela mulher.— É... pequeno demais, pelo visto — disse ele. Os dedos se apertaram ansiosos enquanto a olhava de soslaio, notando os óculos de leitura e o grosso livro em suas mãos, que, na sua opinião, parecia ser de autoajuda. Questões filosóficas definitivamente não estavam entre suas leituras favoritas.Ela sorriu ao notar a careta dele.— Prefere livros de esportes?— O quê?— Livros.— Ah, não, não. Eu... — ele franziu o cenho — leio outra coisa.— Posso chutar? — ela o observou de esgueira, analisando-o brevemente. Notou a ausência da aliança marcada no dedo, os sinais de ansiedade e nervosismo, o olhar distante de alguém que queria ficar em silêncio, mas, ao mesmo tempo, suplicava por uma distração.— Claro... só
Conseguir tirá-la daquele quarto foi um feito absurdo, e ele sabia disso. Chegou até a comemorar internamente. Montar uma mesa de jantar em um espaço no jardim da cobertura, que era restrito, exigiu mais do que esforço; também precisou de um leve suborno e uma doação ao hospital. Ainda assim, para ele, valeu cada centavo quando Hanna aceitou sentar-se ali para jantar. Talvez a medicação estivesse começando a fazer efeito, e o fato de ela ter aceitado falar com Isabelle em algumas ocasiões poderia ajudá-la a se reerguer emocionalmente. Nicolas tinha muito a comemorar.Hanna notou a mesa delicada e o cantinho reservado para eles. Embora o ambiente sugerisse um clima romântico, ela sabia que não era essa a intenção de Nicolas. Sentiu os cabelos serem agitados pela brisa fresca, deleitou-se por alguns
Os olhos de Nolan corriam rapidamente pela tela do notebook. Uma gota de suor escorria pelo pescoço enquanto ele sentia as pulsações rápidas de seu coração. Aquilo não tinha precedentes, e era apenas a ponta do iceberg. Nolan estava assustado com a dimensão dos documentos que havia recebido por e-mail, de um remetente que, ao procurar, simplesmente não mais existia. Ainda perplexo, ele se afastou da tela, recostando o corpo na poltrona, passando os dedos pelos fios castanhos. Suspirou longamente enquanto assimilava tudo. O caminho era terrivelmente assustador.— Ela vai nos arruinar! — balbuciou, sentindo a adrenalina e o pânico tomarem conta. Haley era diabólica, e o pensamento do quanto havia confiado e amado aquela mulher fria lhe causava asco....Sara andava de um lado para o outro em seu pequeno apartamento, a
Apenas me dê um motivoSó um pequeno já bastaSó um segundo, não estamos quebrados, só tortosE podemos aprender a amar novamenteEstá nas estrelasEstá escrito nas cicatrizes dos nossos coraçõesQue não estamos quebrados, só tortosE podemos aprender a amar novamente — Tudo era uma questão de controle ou de equilíbrio? — Ela se agarrou mais ao travesseiro da cama de visitas enquanto colocava a caneca de chocolate quente sobre o criado-mudo. Sua mãe sentou-se na beirada da cama e, com gentileza, apertou seu pé, suspirando. — Os papéis estão tão certinhos e perfeitos. Tudo entre linhas tão justas e conscientes... E eu fico pensando quantos dias ele passou olhando para eles, preparando, validando ou tentando. Ele preparou um jantar, e nem sei dizer se era para fazer as pazes ou para me entregar isso. — Ela segurava as lágrimas. — No fim, ele me abandonou, não foi? Eu estava certa.Mendi sorriu tristemente e balançou a cabeça, negando.— Eu gosto do Sam. E sinto que ele gostava muito de
O som da porta se abrindo não a fez reagir. Haley manteve-se no mesmo lugar, despreocupada, levando a long neck aos lábios e tomando um gole, os olhos ainda fixos na fotografia entre seus dedos. A figura masculina que apareceu à sua frente a observava em silêncio, mas ela não se deu ao trabalho de reconhecê-lo de imediato. Só depois de alguns segundos ela permitiu que o olhar seguisse até ele. Aquele homem alto, de físico imponente, permanecia imóvel, as mangas da camisa chumbo arregaçadas, o que lhe conferia uma aparência rude, quase selvagem. O maxilar tenso o tornava ainda mais atraente, como um predador à espreita de sua presa.Ela sabia que, com um simples olhar dele, o desejo poderia consumi-la. Sua calcinha já estaria molhada, e isso não era algo que ela fingiria ou negaria para si mesma. Ela sentia
Ele mal conseguia respirar ao chegar àquele hospital, a urgência escorrendo pelos corredores brancos e frios, enquanto seus seguranças o cercavam como sombras silenciosas. Havia rostos que ele não reconhecia, mas que estavam ali por seu status, observando à distância, rostos que certamente estariam atrelados aquela circunstância até o fim de seus dias. No canto, quase despercebida, estava Amélia, a mãe de Loretta, que era prima de sua esposa, Helena.O cheiro forte de desinfetante, o brilho opaco das luzes artificiais… tudo era abafado, como se ele estivesse submerso. As palavras de Stefano, seu homem de confiança, pareciam vindas de longe, arrastadas pelo vento de um pesadelo, enquanto a angústia era tudo que o cercava junto ao cheiro de morte e ferro.— Senhor Hector… — hesitante e cauteloso, Stefano pesava bem a notícia a ser dada, afinal, aquela era a segunda falha grave que cometia desde que a pequena Hanna havia sido sequestrada a Pouco mais de um ano e meio. O homem de cabelos